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O CORRESPONDENTE

Os melhores textos dos jornalistas livres do Brasil. As melhores charges. Compartilhe

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O CORRESPONDENTE

07
Abr23

Lawfare e a manipulação política da condenação de Jesus de Nazaré

Talis Andrade
 
 
 
O povo condena Jesus
 

 

por Marcelo Aith /ConJur

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Semana Santa, período introspectivo para os cristãos, é uma oportunidade em que se relembra as atrocidades feitas contra Jesus, que culminaram com sua morte de cruz. Também não há como deixar de considerar que foi uma condenação de fundo eminentemente político, imposta pelos detentores do poder, que tinham receio da ascensão de Cristo como um novo líder dos judeus. Teria sido uma típica aplicação do lawfare?

Lawfare, em poucas palavras, é o uso estratégico do direito com o objetivo de aniquilar um inimigo ou adversário político. Busca-se, em síntese, a morte política daquele que se apresenta como oposição ao setor defendido pelos grupos que detém o poder.

Para entendermos a aplicação do lawfare na condenação de Jesus, há que se contextualizar o momento histórico que os fatos se passaram. Naquela época os judeus estavam vivendo sob a dominação do Império Romano. Embora tivessem alguma autonomia em suas questões religiosas e culturais, eram dirigidos por governadores romanos e obrigados a pagar impostos ao império. Jesus histórico viveu exatamente nessa época. Em um momento em que os judeus estavam subjugados aos romanos, porém alguns poucos ainda gozavam de certa superioridade política e religiosa em relação à grande massa dos excluídos.

Os líderes políticos judeus eram os saduceus, os doutores da lei e os fariseus. O grupo dos saduceus era formado pelos grandes proprietários rurais (detentores do domínio econômico) e pela elite sacerdotal: tinham o poder nas mãos e controlavam a administração da justiça no Tribunal Supremo (Sinédrio). O grupo dos doutores da lei eram os responsáveis pela interpretação das Escrituras (juristas da época). Já os fariseus eram os que dirigiam a vontade do povo, na medida em que impunham a eles os rigores das Escrituras e com isso ditavam as regras de comportamento.

Jesus¸ nos três anos de sua vida pública, colocou o dedo nas feridas causadas pelas mazelas impostas pelos líderes políticos judeus, contestando suas leis e formas de aplicação, bem como suas tradições e o modo segregacionista que tratavam os outros povos, como, por exemplo, os samaritanos. Os samaritanos eram um grupo étnico-religioso que habitava a região montanhosa central de Israel, entre a Judeia e a Galileia. Por terem cultura e tradições distintas dos judeus, eram frequentemente considerados impuros e hereges.

Jesus pregava uma vida mais igualitária, com a diminuição das desigualdades sociais, criticando, fortemente, o fato de que muitos líderes religiosos da época excluíam os marginalizados da sociedade, como os pobres, os doentes e as mulheres. Seus discursos enalteciam a misericórdia e o amor, o perdão e a compaixão. Jesus arrastava multidões por onde passava e isso começou a incomodar, enormemente, os grupos políticos-religiosos da época.

Os referidos líderes judeus temiam que o aumento da popularidade de Jesus pudesse abalar as suas estruturas de poder, já que muitos consideravam Jesus o "Messias esperado". A gota d'água para esses líderes foi a entrada triunfal de Jesus em Jerusalém no "Domingo de Ramos". Explica-se.

Conforme se extrai dos evangelistas, no domingo anterior ao da Páscoa, Jesus, acompanhado dos seus discípulos (os apóstolos e demais seguidores), foi recepcionado pelos judeus de Jerusalém como rei. Isso mesmo, como rei dos judeus. Ao entrar na cidade muitas pessoas estenderam ao chão seus mantos para Jesus passar e outros o saudaram com ramos, prática usada para recepcionar os líderes políticos, conforme se extrai do livro do Reis (um dos livros da Bíblia que está no Velho Testamento). Esse gesto simbólico era uma forma de honrar a chegada do rei messiânico prometido, que muitos acreditavam que iria libertar o povo judeu do domínio romano.

Jesus, em síntese, ao ingressar como rei dos Judeus (Messias) confronta com o centro político da sociedade judaica simbolizada por Jerusalém e pelo Templo, sede do poder econômico, político, ideológico e religioso. Jesus traz consigo a inversão de um sistema de sociedade apoiado na violência da força militar que defende os privilegiados. O povo o aclamou como aquele que trazia o reino da verdadeira justiça e a notícia se espalhou por toda a cidade. Este fato gerou nos líderes políticos (saduceus, os doutores da lei e os fariseus) a necessidade imperiosa de sufocar a ascensão de um novo líder.

Com receio do grande apoio que Jesus teve do povo judeu, os líderes se reuniram e tramaram para prendê-lo e condená-lo. Para tanto manipularam as leis, desrespeitando os procedimentos legais e os direitos do acusado, previstos na "lei mosaica" (nítida aplicação do lawfare). Cooptaram um dos apóstolos, oferecendo propina para entregar Jesus. 

Há que se lembrar que Ele foi preso à noite, no Jardim do Getsêmani, também conhecido como Monte das Oliveiras, e levado a presença do Sumo Sacerdote (Caifás), que fez alguns questionamentos sobre seus seguidores e sua doutrina. Em resposta aos questionamentos, Jesus pontuou: "Eu falei abertamente ao mundo; eu sempre ensinei na sinagoga e no templo, onde todos os judeus se ajuntam, e nada disse em oculto. Para que perguntas a mim? Pergunta aos que ouviram o que é que lhes ensinei; eis que eles sabem o que eu lhes tenho dito". Ao responder dessa forma agiu nos exatos limites previstos da lei judaica, a qual estabelecia que todo prisioneiro, em julgamento, tinha o direito de ser confrontado com seus acusadores, fato que não foi facultado a Jesus.

Nessa mesma noite, ao arrepio do regramento da Lei Mosaica (Lei de Moisés), que vedava a realização de julgamento a noite, Jesus foi sentenciado pelos integrantes do Sinédrio (Tribunal Supremo). Depois de uma busca incessante para achar testemunhas de acusação (os delatores daquela época), duas apareceram e apontaram como suposto crime o fato de Jesus ter dito que poderia derrubar o Templo e reconstruí-lo em três dias. Templo na verdade era uma metáfora, uma vez que Jesus se referia seria a sua ressureição no terceiro dia após sua morte. Seria crime, nos termos da lei de Moisés, fazer tal afirmação? Por certo que não.

Durante o julgamento, tendo em vista a fragilidade abissal da tese acusatória, Jesus fez uso do direito ao silêncio. Então Caifás, violando a proibição legal de exigir de alguém que testificasse em seu próprio caso, o que era permitido apenas quando o acusado desejasse fazê-lo voluntariamente e, de sua livre iniciativa, pediu uma resposta de Jesus e, também, exercendo a potente prerrogativa de seu ofício de Sumo Sacerdote, para colocar o acusado sob juramento, como se fosse uma verdadeira testemunha diante do tribunal sacerdotal. 

Uma manipulação atroz contra seu suposto inimigo político (lawfare), conforme se extrai da seguinte passagem bíblica, na qual Caifás pergunta se Jesus é filho de Deus e obtém a seguinte resposta: "Tu o disseste; digo-vos, porém, que vereis em breve o Filho do Homem assentado à direita do Poder, e vindo sobre as nuvens do céu. (...) Eu sou o que tu disseste". Diante da resposta o evangelista Lucas relata: "Então o Sumo Sacerdote rasgou as suas vestes, dizendo: Blasfemou; para que precisamos ainda de testemunhas? Eis que bem ouvistes agora a sua blasfêmia! Que vos parece? E eles, respondendo, disseram: É réu de morte". Uma manipulação odiosa das leis com escopo de atingir e aniquilar um "inimigo" político.

Não se pode olvidar, que nos casos criminais, a Lei Mosaica previa a pena de morte para crimes como assassinato, adultério e blasfêmia. No entanto, a lei exigia que o julgamento fosse justo e imparcial e que o acusado tivesse a oportunidade de apresentar sua defesa. Além disso, a lei exigia que duas testemunhas concordassem em suas acusações para que alguém pudesse ser condenado à morte. No caso de Jesus, não houve um julgamento justo e imparcial, pelo contrário, houve uma nefasta manipulação das leis e dos fatos, que vão desde a prisão de Jesus durante a noite, sem uma acusação clara e sem permitir que ele apresentasse uma defesa adequada, até a condenação à morte com base em testemunhos falsos e acusações de blasfêmia.

Embora a Lei Mosaica permitisse a imposição da pena de morte pela blasfêmia, o Sumo Sacerdote não tinha autoridade para condenar alguém à morte, dependendo da autorização do governador romano, razão a qual levou Jesus à presença de Pilatos, com escopo de obter a permissão para executá-lo. O restante dessa trágica história todos sabemos.

Jesus Cristo ("Rei dos Judeus") foi condenado e morto não por ter cometido um crime ou até mesmo uma blasfêmia contra o Deus dos judeus, mas sim por representar um risco para a establishment político. Os líderes políticos manipularam a lei para condená-lo sem provas com o objetivo de aniquilá-lo como uma nova liderança. Ou seja, os líderes judeus fizeram uso indevido dos recursos jurídicos para fins de perseguição política (lawfare).

Qualquer semelhança com alguns julgamentos contemporâneos na história recente do Brasil não são meras coincidências, o que demonstra a faceta obscura, perigosa, antidemocrática do idealismo que impera nas agências estatais de controle social do delito. Será que os integrantes dessas agências põem a cabeça no travesseiro e dormem tranquilamente após manipular os processos para condenar pessoas?

 

27
Abr19

'Nunca vi presidente ficar batendo continência para a bandeira dos EUA': 12 frases da entrevista de Lula

Talis Andrade

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Opera Mundi - A entrevista do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva à Folha de S.Paulo e ao jornal El País, concedida na última sexta-feira (26/04), teve momentos marcantes, como as críticas ao governo Jair Bolsonaro, ao processo que o levou à cadeia e críticas à política externa da atual administração.

Veja 12 das melhores frases do ex-presidente durante a conversa com os jornalistas:

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Complexo de vira-lata
“Lamento profundamente o desastre que está acontecendo neste país, e é por isso que eu me mantenho em pé. No dia que eu sair daqui –eles sabem--, eu estarei com o pé na estrada para, junto com este povo, levantar a cabeça e não deixar entregar o Brasil para os americanos. Acabar com esse complexo de vira-lata! Eu nunca vi um presidente ficar batendo continência para a bandeira norte-americana. Eu nunca vi um presidente ficar dizendo: ‘Eu amo os Estados Unidos!” Alguém acha que os Estados Unidos vão favorecer o Brasil?”

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Americano pensa em americano
“Americano pensa em americano em primeiro lugar, pensa em americano em segundo lugar, pensa em americano em terceiro lugar (...) e, se sobrar tempo, pensa em americano. E ficam os lacaios brasileiros achando que os americanos achando que os americanos vão fazer alguma coisa por nós. Quem tem de fazer por nós somos nós!”

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FHC nunca aceitou meu sucesso
“O Fernando Henrique Cardoso não tem jogado no papel o que o nome dele deveria merecer. Ele fala muito sobre quase tudo desnecessariamente. Eu sinceramente acho que ele poderia ter um papel de grandeza para quem já foi presidente da República, para quem já foi chamado de príncipe da sociologia. Ele poderia ter um papel mais respeitoso com ele mesmo, não comigo. O problema do Fernando Henrique Cardoso é que ele nunca aceitou o meu sucesso.”

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Sem lideranças
“Sinceramente acho que o mundo está precisando de lideranças. E nós não temos lideranças mundiais. Não temos. Então precisamos tentar, no campo da política, dizer o seguinte: quem vai resolver o problema do mundo é você ter uma classe política séria, com partidos sérios, organizados seriamente, para poder consertar o país.”

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Situação do Brasil
“Eu fico preocupado é com a situação do Brasil. Não consigo imaginar os sonhos que eu tive para esse país, quando a gente descobriu o pré-sal, para fazer esse país virar gigante. Eu tenho orgulho e sonhei grande, porque passei a ser um presidente muito respeitado. Aqui na América do Sul, o Brasil era referência.”

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Avacalhação
“Fui o único presidente a ser chamado para todas as reuniões do G8. Eu digo eu porque eu era o presidente, mas o Brasil foi muito importante no G20. Tudo isso desmanchou. Agora o prefeito de Nova York não quer fazer um jantar com o presidente do Brasil. O dono do restaurante se recusa. A que ponto chegamos? Que avacalhação! “

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Planos para quando sair da prisão
“Adoraria poder um dia fazer um debate em uma universidade com Moro e Dallagnol juntos. Adoraria um debate. Eles levando as milhares de páginas que contaram mentiras e eu levando a minha verdade. Eu adoraria. Com a cara boa, tranquila, bonitão como eu tô hoje. Para discutir. Mas na verdade eu [quando sair da prisão] quero comer um churrasco, uma bela de uma picanha, uma panceta bem passadinha e tomar um, como diria o José Alencar, um golo.”

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Obsessão
“Eu tenho tanta obsessão de desmascarar o [Sergio] Moro, em desmascarar o [Deltan] Dallagnol e a sua turma e aqueles que me condenaram, que eu ficarei preso cem anos, mas eu não trocarei a minha dignidade pela minha liberdade. Eu quero provar a farsa montada. Eu quero provar. Montada aqui dentro, no departamento de Justiça dos Estados Unidos com depoimento de procuradores com filme gravado e agora mais agravado com a criação da Fundação Criança Esperança do Dallagnol, pegando 2,5 bilhões de reais da Petrobras para criar uma fundação para ele. Fora 6,8 bilhões da Odebrecht e fora não sei quantas outras coisas.”

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Consciência tranquila
"Eu tenho certeza que eu durmo todo dia com a minha consciência tranquila. Tenho certeza que o Dallagnol não dorme e que o Moro não dorme. E aqueles juízes do TRF-4 que nem leram a sentença. Fizeram um acordo lá, era melhor que um só tivesse lido e falado 'todo mundo aqui vota igual'."

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Não vou me entregar
"Quem tem 73 anos de idade, quem construiu a vida que eu construí neste país, quem estabeleceu as relações que eu estabeleci, quem fez o governo que eu fiz neste país, quem recuperou o orgulho e autoestima do povo brasileiro como eu, não vou me entregar. Eles sabem que tem aqui um pernambucano teimoso. Eu digo sempre, quem nasceu em Pernambuco e não morreu de fome até os cinco anos de idade não se curva mais a nada."

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Preocupação só com a Justiça
“Haverá um dia em que as pessoas que irão me julgar estarão preocupados com os autos do processo, com as provas contidas no processo e não com a manchete do Jornal Nacional, com as capas das revistas, não com as mentiras do fake news. As pessoas se comportarão como juízes supremos de uma Corte, que é a única coisa que a gente não pode recorrer. (…) Só quero, pelo amor de Deus, que as pessoas julguem em funções das provas. Eu tenho certeza, o Moro tem certeza. Se as pessoas não confessarem agora, no dia da extrema unção vão confessar. Ele tem certeza que eu sou inocente. O Dallagnol tem certeza que é mentiroso. E mentiu a meu respeito.”

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Regulamentação da mídia
“Eu, por exemplo, acho que tive um erro grave. Eu poderia ter feito a regulamentação dos meios de comunicação. Fizemos um Congresso em 2009, só participou a Bandeirantes e a Rede TV se não me falha a memória, sabe, nenhuma outra TV participou, muitas rádios participaram, e em junho de 2010 nós preparamos uma regulamentação dos meios de comunicação. Ao invés de dar entrada no Congresso porque iria ter eleição eu pensei ‘não, vou deixar para o novo governo’. A razão pela qual a Dilma não entrou não sei. Então essa é uma autocrítica que eu faço.”

 

19
Abr19

Suicídio no Peru: quem comanda o mecanismo da Lava Jato que arruinou o continente?

Talis Andrade

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Por Ricardo Kotscho

no Balaio do Kotscho 

De que era acusado Alan Garcia, o ex-presidente do Peru, que se matou com um tiro na cabeça ao ser preso pela Lava Jato local?

“O único benefício pessoal, ainda investigado pela procuradoria, seria o pagamento de US$ 100 mil por uma palestra que ele efetivamente deu na brasileira Fiesp. A ação foi delatada por um advogado terceirizado da Odebrecht”, informa a coluna de Mônica Bergamo na Folha.

Ao ler esta notícia me lembrei que o ex-presidente Lula foi condenado e preso sem provas, há mais de um ano, acusado de receber de propina um “triplex” no Guarujá que não é dele.

São os dois casos mais emblemáticos, até agora, do imenso mecanismo lançado há cinco anos, por um juiz de primeira instância, em Curitiba, com o nome de Operação Lava Jato, que abriria filiais nos principais países da América do Sul em nome do combate à corrupção.

Mas será que foi ele mesmo, por sua conta e risco ?

Pelas demonstrações de total falta de competência que deu até agora como ministro da Justiça do governo Bolsonaro, é óbvio que não é o tosco Sergio Moro quem comanda esta operação que destrói tudo o que encontra pela frente: a política, os partidos, as lideranças políticas, as empresas, os empregos e degrada o Judiciário dos países em que atua.

Por onde passa, esse mecanismo de destruição em massa só deixou terra arrasada.

Com que objetivos?

Se foi criado só para combater a corrupção, fracassou, com as novas denúncias e delações diárias, num processo sem fim que quer se eternizar.

Para que serviu, então, depois de fazer tanto estardalhaço com apoio das mídias e das elites locais?

Pela dimensão que ganhou, a Lava Jato mudou as relações de poder e a própria geopolítica do continente, que havia se livrado do secular jugo do Grande Irmão do Norte, e agora volta a ser um quintal dos interesses americanos, com governantes submissos e populações amedrontadas.

Após o ciclo das ditaduras militares aliadas dos EUA nos anos 60 a 80 do século passado, esta pobre região do mundo havia reconquistado a democracia e a dignidade, agora novamente ameaçadas pela ofensiva conservadora que saiu do armário.

O que está em jogo, do Brasil à Venezuela, são os interesses das grandes indústrias petrolíferas e de armamentos, que constituem o verdadeiro poder americano.

Na marcha batida do retrocesso institucional, voltaremos apenas a ser colonias exportadoras de matéria prima barata e importadores de tecnologias e manufaturados do império.

Alan Garcia pode ter sido apenas a primeira vítima fatal desta guerra sem quartel entre quem manda e quem obedece.

Cabe lembrar aqui um áspero diálogo entre o grande empresário José Alencar e o grande banqueiro Olavo Setubal, pouco antes das eleições presidenciais de 2002 que deram a vitória a Lula.

Durante um jantar no apartamento do banqueiro, Lula e Alencar começaram a falar dos seus planos de governo para incrementar o mercado interno com distribuição de renda, quando começaram a ser interrompidos a toda hora por Setubal, com sua voz de trovão:

“Mas isso o império não vai deixar! Não vai dar certo!”

Na décima vez em que ouviu a advertência, Alencar reagiu:

“Que império não vai deixar? Nós não somos um país livre e independente?”

Não tinha jeito. Sem precisar nominar o império a que se referia, o banqueiro insistiu na sua tese, e o empresário perdeu a paciência.

“Pois fique sabendo, doutor Setubal, que se o império não deixar nós vamos pegar em armas!”

Até Lula se assustou com o radicalismo de seu parceiro de chapa e a conversa terminou sem acordo.

Pode agora até parecer engraçado e ingênuo este diálogo, mas ele resume bem a divisão da nossa elite entre quem produz e quem se submete ao deus mercado.

Em 2018, para evitar a volta do PT ao governo, o mercado se uniria a outros setores empresariais para apoiar e bancar financeiramente o capitão reformado, que eles mal conheciam.

O resto, tudo o que estamos vendo agora, é apenas consequência do cumprimento do cronograma estabelecido a partir de março de 2014, certamente não apenas por operadores brasileiros, que aqui levou os militares de volta ao poder e se alastrou por todo o continente.

Nas economias em crise, nos sistemas políticos dizimados, nas instituições em frangalhos, pode-se sempre encontrar as digitais da Lava Jato, o nome de fantasia criado em Curitiba que mudou radicalmente a cara da América do Sul em tão pouco tempo.

Neste cenário, a batalha jurídica de Lula para se livrar da prisão será no futuro apenas uma nota de rodapé na verdadeira história a ser contada daqui a 30 anos, quando o Pentágono liberar seus documentos secretos.

A palestra de Alan Garcia na Fiesp e o “triplex” de Lula ficarão como símbolos folclóricos de um tempo em que as togas se uniram às fardas para impedir que o povo escolha livremente seus governantes _ um tempo de trevas, de terra sem lei, de arbítrio, de idiotas desfilando pelas redes sociais, de destruição da Educação e da Cultura e de todas as conquistas sociais das últimas décadas.

O buraco é mais embaixo. É bom a gente abrir os olhos antes que seja tarde demais.

Brasileiros como José Alencar saíram de moda.

Vida que segue.

 

13
Jul18

CANDIDATOS PEDEM BÊNÇÃO AO EMBAIXADOR DOS EUA E AO COMANDANTE DO EXÉRCITO

Talis Andrade

Com o país de joelhos depois do golpe, o Brasil é surpreendido com notícia da fila do beija-mão dos presidenciáveis ao representante do poder do império no Brasil, o embaixador dos EUA, Peter Michael McKinley.

 

O pedido de bênção ao representante do poder militar, o comandante do Exército, já era conhecido.

 

A romaria ao representante dos Estados Unidos e de Trump foi revelada com a notícia da visita sigilosa de Bolsonaro, duas semanas atrás

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247 - Com o país de joelhos depois do golpe, o Brasil é surpreendido com a notícia de uma fila de beija-mão dos candidatos a presidente ao representante do poder do império no Brasil, o embaixador dos EUA, Peter Michael McKinley. Da mesma forma, há uma fila diante do representante do poder militar, o comandante do Exército, general Eduardo Villas Bôas. A romaria ao representante dos Estados Unidos e de Trump foi revelada hoje, com a notícia da visita sigilosa de Jair Bolsonaro, duas semanas atrás. A fila para a bênção do general acontece sem maior pudor e tem sido noticiada aqui e ali.

 

Flagrada, a embaixada americana admitiu a reunião de McKinley com o candidato de extrema-direita e informou que estão acontecendo reuniões com outros candidatos, mas não especificou quem mais recebeu. De maneira cínica, a nota afirmou que os EUA respeitam a "independência do processo eleitoral" e que está se reunindo com os principais presidenciáveis do país, mas não especificou quem mais recebeu. Bolsonaro não ficou satisfeito com o encontro: quer ir aos EU para encontrar com Donald Trump -seria uma oportunidade de apresentar sua garantia de obediência e conseguir os que os americanos chamam de "photo opportunity" (uma imagem arranjada para obter repercussão midiática).

 

Os Estados Unidos têm interferido de maneira discreta nas eleições em toda a América Latina. Na Venezuela, entretanto, a discrição foi jogada às favas e o governo Trump tem ameaçado os venezuelanos com uma invasão militar, descontentes com a reeleição de Nicolás Maduro em maio passado. 

 

A interferência dos EUA no processo eleitoral de 1962, o último pleito antes do golpe de 1964, é hoje fartamente documentada. Os arquivos inéditos de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) instaurada em 1963 pelo Congresso Nacional para investigar a intromissão americana ficaram sob censura por anos e, em 2016, tornaram-se de acesso público pela internet (acesse aqui). A investigação do Congresso Nacional tratou do financiamento, em escala nacional pelo Instituto Brasileiro de Ação Democrática (Ibad) e pelo Instituto de Pesquisas e Estudos Sociais (Ipes), de candidatos ao parlamento nas eleições de 1962, com recursos norte-americanos. A atuação do Ibad e do Ipes era financiada por empresas multinacionais, coordenada pelo governo norte-americano"; os dirigentes das entidades trabalhavam como agentes da Agência Central de Inteligência (CIA) -leia aqui. Nos últimos anos, tem acontecido um processo semelhante, com o patrocínio por empresas e fundações dos EUA a vários grupos de direita no Brasil, que agora começam .a lançar seus candidatos às eleições (leia aqui o exemplo do MBL).

 

Quanto aos militares brasileiros, desde a redemocratização do país eles tinham sido mantidos afastados da vida política nacional, voltados aos quartéis e às suas funções constitucionais. Desde o golpe de 2016, eles avançam sobre atividades antes reservadas ao poder civil e passaram a exercer uma "tutela branda" sobre a política nacional, com ameaças mais ou menos veladas à democracia. 

 

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27
Jun18

Vice-presidente dos EUA chega ao Brasil, dá bronca em Temer que, covarde, não retruca e não fala de crianças brasileiras presas em gaiolas nos EUA

Talis Andrade

 

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O Brasil rendido. De quatro.

 

Sergio Moro cansado de dizer: O que é bom para os Estados Unidos é bom para o Brasil. Apenas repete Juraci Magalhães, um vendido, um lacaio. 

 

Como país vassalo, que resta o Brasil entregar e/ou fazer em benefício dos Estados Unidos, como império? O vice-presidente veio com as ordenações.

 

O vice Mike Pence tratou Michel Temer como um assessor. Em pleno escândalo humanitário e diplomático de manter 51 crianças brasileiras detidas nos EUA, Pence ‘cobrou’ de Temer uma solução para a ‘crise migratória’ no continente e pressionou o emedebista a isolar a Venezuela.

 

Para vergonha nossa, a imprensa internacional registra o servilismo e a covardia do Brasil. Leia aqui "Pense brusco com Temer".

 

O vácuo de poder no Brasil foi devidamente processado pela chancelaria e pelo governo americano. Um vice presidente jamais falaria em tom grave de cobrança a um chefe de estado soberano como Pence falou a Temer.

 

Da parte do governo brasileiro, as percepções estão tão anestesiadas pela repulsa da opinião pública que um mero aceno de um vice-presidente já é um alento e dispensa interpretações qualificadas.

 

O país ajoelhou diante de um obscuro vice-presidente que, no entanto, demarcava uma diferença importante para o governo que o recebia: é um vice-presidente legítimo.

 

A fala de Pence, fria e protocolar, traduz, no entanto, o tom americano com relação ao Brasil: ameaçador e hierárquico. Leia trechos:

 

“Para as pessoas da América Central, tenho um recado para vocês, do coração: queremos que suas nações prosperem e vocês não arrisquem suas vidas e as de seus filhos tentando vir para os EUA. Se vocês não conseguem vir legalmente, não venham; cuidem de suas crianças e construam suas vidas em seus países de origem.”

(...)

Deixe-me ser claro: os Estados Unidos têm sido o país mais acolhedor para imigrantes em toda a história da humanidade.

(...)

“Queremos que as pessoas do nosso hemisfério possam construir uma vida melhor para elas no país onde elas nasceram.”

(...)

“Por isso, hoje digo ao nosso aliado Brasil: chegou a hora de vocês fazerem mais.”

 

O Plantão Brasil é um site independente. Se você quer ajudar na luta contra o golpismo e por um Brasil melhor, compartilhe com seus amigos e/ou em grupos de Facebook e WhatsApp. Quanto mais gente tiver acesso às informações, menos poder terá a manipulação da mídia golpista. Transcrito do Plantão Brasil 

 

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28
Mai18

EUA ASSUMEM CONTROLE DE 83% DA IMPORTAÇÃO BRASILEIRA DE ÓLEO DIESEL

Talis Andrade

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Por Miguel do Rosário

 

Em agosto de 2015, o juiz Sergio Moro estava em plena campanha em favor do golpe. Dava palestras onde quer que lhe chamassem e suas decisões seguiam uma agenda estritamente conectada às forças de oposição que conspiravam para derrubar o governo Dilma.

 

No dia 31 daquele mês, Moro proferiu uma palestra com o tema “Corrupção sistêmica: as lições da operação Mãos Limpas”, num evento organizado pela editora Abril, em São Paulo.

 

O juiz responsável pela operação Lava Jato, então no auge de sua popularidade, explicava aos executivos que se dispuseram a pagar R$ 1.800 por um ingresso, o que, na sua opinião, eram investimentos não baseados em razões de “ordem econômica e racional”.

 

Como exemplo, ele cita a refinaria Abreu e Lima, lembrando que o custo inicial da obra, estimado em 2 bilhões de dólares, passara para 18 bilhões de dólares.

 

Moro conta que alguns “colaboradores” capturados pela Lava Jato lhe disseram que a obra jamais se pagaria.

 

Trajando seu tradicional terno preto, com uma expressão aflita no rosto, o juiz de Curitiba conclui que tudo isso “leva a uma natural suspeição: será que o fator de recebimento de propina não foi o agente motivador dessas decisões de investimento mal sucedidas?”

 

Neste mesmo evento, ele admitiu que a operação Lava Jato poderia causar transtornos a economia. Mas ele acreditava que, no longo prazo, o enfrentamento da corrupção sistêmica traria ganhos “às empresas” e “a economia”. Ele faz uma pausa e completa: “e a todos, de uma forma geral”. Transcrevi trechos.  

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P.S. deste correspondente: Fique sabendo: Desde 1980 que o Brasil estava proibido de construir refinaria dentro do território nacional, mas podia, assim fez, levantar refinarias nos países que os Estados Unidos ordenavam: na Argentina, durante a ditadura militar, na Bolívia, antes da eleição do índio Evo Morales, no Equador, no Peru, no Iraque, no Irão, e outros países.

 

Podia construir refinaria em qualquer parte deste velho mundo. Só não podia construir no Brasil.

 

Lula não aceitou a ordem unida acatada por Figueiredo, por Sarney, por Collor, por Itamar, por FHC durante oito anos.

 

Lula iniciou a construção da refinaria Abreu e Lima, que Temer e Parente já colocaram na feira para vender.

 

Lula construiu Abreu e Lima, e pagou o preço: está preso, impedido de ser candidato a presidente, pelo poder do império, que Jânio chamava de "forças ocultas".

 

Continue lendo Miguel do Rosário, e veja que Moro e Parente e Temer são responsáveis pelo entreguismo da Petrobras.   

 

 

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Meme Facebook 

 

27
Mai18

Quem são os barões do transporte que querem que a população pague por seus subsídios?

Talis Andrade


Quem são os dirigentes dessas associações que estão sugando a disposição de luta contra o aumento dos combustíveis para defender interesses exclusivamente patronais?

por Ítalo Gimenes

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De branco, José da Fonseca Lopes, presidente da Abcam 

 

O acordo proposto pelo governo Temer aos caminhoneiros foi negociado diretamente com dirigentes de associações, federações e sindicatos da categoria. Dentre elas, os maiores nomes são CNT (Confederação Nacional dos Transportes), Abcam e CNTA. Todas elas sentaram à mesa com um mesmo propósito: reduzir os custos do diesel aumentando impostos pagos indiretamente pela população. Não falaram da gasolina ou do gás de cozinha, da jornada exaustiva e do salário precário da categoria.

 

José da Fonseca Lopes, presidente de Abcam, em mesa de negociação na Casa Civil, disse que a greve só será encerrada quando ver zerado o PIS-Cofins sobre o diesel e publicado em Diário Oficial, e não assinou o acordo. Nenhuma palavra sobre a melhoria das condições de vida e de trabalho dos próprios caminhoneiros; apenas sobre mais e mais subsídios a seus lucros.

 

A Abcam é uma entidade afiliada da CNT (Confederação Nacional dos Transportes), apoiadora do golpe institucional, defensora da privatização da Petrobrás, e que é presidida pelo ex-senador investigado no mensalão tucano, Clésio Andrade (MDB), assinante do acordo. O dirigente da Abcam, José da Fonseca Lopes, presidente da fundação desde o seu surgimento, defende a redução da tributação do diesel há anos.

 

Ou seja, tanto a Abcam como a CNT são comandadas por uma casta corrupta encastelada há anos dedicada a uma mesma briga, a não tributação de óleo diesel. Nunca levaram a frente demandas trabalhistas, sindicais, apenas insistem em ter o diesel cada vez mais barato, custe o que custar, utilizando de métodos asquerosos que pressionam a categoria bloquearem as estradas por um acordo que não beneficiará nem mesmo os autônomos e pequenos proprietários.

 

Conseguiram o que queriam. A custo de R$ 5 bilhões, o governo irá subsidiar o Diesel através principalmente da redução do PIS/Cofins, alguns outros descontos e promessa de novas negociações. Os R$5 bilhões serão pago com aumento no custo de vida da população pela tributação de diversos outros setores da economia.

 

A política de preços dos combustíveis manteve-se intacta, permitindo que estes oscilem diariamente conforme a variação do mercado internacional, de modo que seguirão exorbitantes para atrair os olhos imperialistas da Shell, Exxon, para as refinarias e recursos naturais que Temer está pondo a venda. O acordo prevê ainda que o governo pagará a Petrobras toda vez que necessitar aumentar o Diesel, garantindo uma via de onerar o governo que arcará com os custos e tornar ainda mais vantajosa uma negociação de privatização da empresa.

 

 

Ganha o imperialismo, ganha os donos das transportadoras, o agronegócio. Quem não ganha nada são os caminhoneiros e os trabalhadores

 

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Nenhuma palavra sobre as condições de trabalho exaustivas, a baixa remuneração, o preço da gasolina ou do gás de cozinha. A patronal dos transportes, assim, busca expropriar o interesse mais geral da população em acabar com o aumento nos preços do conjunto dos combustíveis (especialmente o que afeta o gás de cozinha e a gasolina), usando o movimento para negociar lucros com Temer.

 

Bolsonaro, MBL e outros setores mais podres da direita apoiam esses métodos reacionários da patronal que só servem para a briga de quem lucra mais com a crise dos combustíveis e o encarecimento da vida da população.

 

Ao mesmo tempo que a greve empolga aqueles que, como na greve geral do dia 28 de Abril de 2017, acham que “tem que parar tudo mesmo” contra o aumento dos combustíveis, essas patronais expropriam esse anseio, pouco se lixando com os caminhoneiros e com as necessidades da população. Roubam a independência política dos caminhoneiros e impedem que eles assumam os rumos da sua própria luta.

 

Não podemos aceitar que isso aconteça assim. Se o conjunto da classe trabalhadora, que protagoniza lutas mesmo nesse cenário nacional, entra em cena coletivamente, é possível derrotar o governo Temer. Será possível batalhar por coisas que José Fonseca ou Clésio jamais irão negociar com Temer, como o aumento do preço dos fretes conforme a inflação e estatização de toda frota das grandes empresas para construir uma grande empresa estatal sob controle dos caminhoneiros que garanta transporte mais barato e melhores condições de trabalho e salário para todos caminhoneiros.

 

Por isso as centrais sindicais CUT e CTB devem abandonar seu imobilismo frente aos ataques de Temer e o avanço do imperialismo no país e encabeçar a mobilização colocando a classe trabalhadora em cena, independentemente das entidades patronais. A começar pelos petroleiros, que já aprovaram greve em todas as unidades da Petrobras país afora, mas que a FUP-CUT (Federação Única dos Petroleiros) se recusa a organizar. O início dessas greves pode ser parte de um plano de luta que coloque os trabalhadores e não os patrões a frente de uma resposta para a crise dos combustíveis.

 

Uma resposta que deve se enfrentar com a política de preços de Temer e sua sanha privatista ligada ao capital internacional para a Petrobras. A única forma de abaixar os preços dos combustíveis todos é com uma Petrobras 100% estatal, mas gerida pelos próprios petroleiros e controladas pela população, não por agentes corruptos da burocracia do Estado.

 

 

 

21
Dez17

Lula da Silva dice que la hostilidad judicial que vive es parte de una tendencia regional

Talis Andrade

 

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En diálogo con varios medios, entre ellos PáginaI12, el ex mandatario de Brasil afirma que Estados Unidos nunca aceptó la independencia de América del Sur, que en Brasil se vive “una anomia jurídica” y que su caso se puede comparar con las mentiras sobre Irak.

 

por Dario Pignotti

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Luiz Inácio Lula da Silva denuncia la hostilidad de un juez, Sergio Moro, responsable de Lava Jato, que “miente” para dejarlo fuera de las elecciones de octubre de 2018 en las que se perfila como favorito. Su situación es comparable a la de Cristina Fernández de Kirchner, afirma ante una pregunta de PáginaI12. “Creo que hay muchas semejanzas (...) Cristina es víctima de una situación muy semejante a la que está ocurriendo acá en Brasil, y no sólo en Argentina y Brasil, esto está ocurriendo en Honduras… es una cosa muy latinoamericana ese comportamiento de la Justicia y la policía, es algo que merece un estudio. La única diferencia entre Cristina y nosotros es que el adversario de ella (Mauricio Macri) fue elegido por el voto del pueblo y acá no fue así (Temer surgió tras el “golpe” a Dilma). Yo creo que los norteamericanos nunca aceptaron la independencia de América del Sur, el Mercosur, es importante recordar que el Alca fue desmontado en Mar del Plata (Cumbre de las Américas 2005), es importante recordar que creamos Unasur, el Consejo de Defensa de Unasur, la Celac (Comunidad de Estados Latinoamericanos), nosotros habíamos avanzado en la construcción de una serie de mecanismos institucionales que fortalecían a América del Sur y esto no es importante para Estados Unidos. Entonces, frente a todo esto digo que no tengo pruebas, pero tengo desconfianza de que alrededor de todo esto que está ocurriendo haya intereses de afuera”. Lula toma un sorbo de café, saborea un pan de queso y ahora con tono optimista pregunta “¿cuántos años tiene Cristina?”, 64 le informan, a lo que agrega “ah, es una niña… yo espero que vuelva… ella tiene que decir lo mismo que digo yo: tengo 72 años, tengo la energía de 30 y el vigor de 20”.

 

–¿Usted sospecha de la presencia de Washington detrás de la caída de Dilma?

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Uncle Sam in Action, Marian Kamensky

 

Durante toda mi vida fui poco afecto a las teorías conspirativas, pero cada día surgen más datos, por ejemplo hace unos días leí una historia que dice que en 2012 desapareció un contenedor de Petrobras donde había secretos del pre-sal (pozos de petróleo ultraprofundos), es decir robaron informes secretos y sólo fueron presos cuatro personas del sistema de seguridad de Petrobras. ¿Pero quién estaba a cargo de la seguridad del contenedor?, una empresa de seguridad norteamericana. Yo conocía esa historia pero la había olvidado y ahora hablé del tema con (Sergio) Gabrielli (ex presidente de Petrobras). También es importante recordar que enseguida después de que descubrimos el área de pre sal (mayores reservas mundiales encontradas en primera década siglo XXI) los compañeros norteamericanos anunciaron el retorno de la IV Flota al Atlántico Sur. Puede ser coincidencia o no, pero ocurrió. Yo creo que tanto nuestro Ministerio Público como nuestro juez (posiblemente Sergio Moro, no lo citó) del proceso Lava Jato están muy subordinados a la Secretaría de Justicia norteamericana. Yo creo hay cosas (relacionadas a la caída Dilma) fuera de las fronteras de Brasil, sobre todo cosas relacionadas con el pre-sal. Yo sé las presiones que sufrimos para impedir que aprobemos la ley de petróleo, yo sé que no agradaba el régimen de Participación (con más peso a Petrobras).

 

 

– Si es electo, ¿cuál será su política económica?

– (Remarcando cada sílaba) El pueblo pobre tiene que volver a la economía, tiene que volver el empleo, tiene que volver el crédito, tiene que volver la inversión del Estado. ¿Eso es posible? Claro que lo es, solo es imposible para el sistema financiero que quiere que el Estado trabaje para él, seamos francos ya es hora de que el sistema financiero aprenda a ganar dinero invirtiendo en la producción, nadie quiere invertir. A los banqueros los traté de la forma civilizada que siempre los traté, y ellos tienen que saber que si soy electo voy a gobernar para que los más pobres tengan más ventajas en sus vidas. Para que los pobres puedan volver a comer pechuga de pollo, que puedan hacer un viajecito en avión, puedan ir al teatro. Nosotros queremos crear un país de oportunidades.

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30
Nov17

País ameaçado, país com armas atômicas

Talis Andrade

O Brasil para deixar de ser um país vassalo, ameaçado de perder a Amazônia, as riquezas principais do planeta:  o Mar Doce, os aquíferos, os minérios, principalmente o nióbio que só existe em nosso país, devia seguir os exemplos de Israel, da Índia, do Paquistão, do Irão, da Coréia do Norte. 

 

Publica hoje Le Figaro: Inspirado pelos países atacados depois de concordar em se livrar de seu arsenal nuclear, Kim Jong-un fez da bomba nuclear sua "grande causa histórica".

 

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Kim Jong-un afirmou pela primeira vez: a Coréia do Norte tornou-se hoje "um estado nuclear por direito próprio".

 

Na verdade, há quatro meses que o país alcançou o status de poder dotado, integrando assim de fato o clube muito pequeno dos principais detentores de armas.

 

Especificamente, uma vez que a Agência de Inteligência dos EUA (DIA) confirmou, em agosto passado, depois de analisar os últimos testes norte-coreanos, que o regime era capaz de miniaturizar uma ogiva nuclear e dominar a tecnologia de mísseis balística intercontinental.


"Não só a Coréia do Norte decidiu continuar sua estratégia provocativa, mas aparentemente conseguiu disparar seu míssil sem a detecção dos americanos" disse Valérie Niquet, especialista da Fundação para Pesquisa Estratégica da Ásia(FRS)

12
Ago17

A guerra pelo petróleo ameaça a Venezuela

Talis Andrade

Escreve Marcelo Zero que  "não é possível se entender a atual crise da Venezuela e tampouco o regime chavista sem se compreender como era esse país antes da revolução bolivariana e qual o seu significado geopolítico para os EUA.

 

A Venezuela está sentada na maior reserva provada de petróleo do mundo. São 298,3 bilhões de barris, ou 17,5% de todo o petróleo do mundo. Este petróleo está a apenas 4 ou 5 dias de navio das grandes refinarias do Texas. Em comparação, o petróleo do Oriente Médio está entre 35 a 40 dias de navio dos EUA, maior consumidor de óleo do planeta".

 

O petróleo do Brasil vem sendo entregue sem nenhum tiro de espingarda, nem foi preciso os Estados Unidos realizar os pedidos de inter√enção militar dos golpistas que promoveram a queda de Dilma Rousseff. 

 

Temer no poder, com um Congresso comprado a peso de ouro, e a submissão do judiciário, promove a quermesse do que resta das estatais e a entrega das riquezas do Brasil. Dos minérios, notadamente o cobiçado nióbio traficado pelos senadores Aécio e Jucá; da água, traficada pela filha do senador José Serra (estão em jogo os dois maiores aquíferos do mundo: o Guarani e o Amazonas); e de terras e mais terras da Floresta Amazônica, cada vez mais internacionalizada.

 

Diz Marcelo Zero: 

 

"Lamentável, em todo esse processo, é a posição do governo golpista e sem voto do Brasil. Desde que assumiu ilegitimamente o poder, esse governo fez da suspensão da Venezuela do Mercosul e da derrubada do governo chavista a sua diretriz principal em política externa, atuando como braço auxiliar dos EUA no subcontinente. Ao fazê-lo, o governo golpista apequenou o Brasil e retirou qualquer possibilidade do nosso país atuar como mediador de conflitos na região, como vinha fazendo nos governos do PT.

 

O empenho do Brasil contra a Venezuela foi de tal ordem que a suspendeu duas vezes do Mercosul. Com efeito, antes da última decisão de utilizar a cláusula democrática do Protocolo de Ushuaia, a Venezuela já estava suspensa, na prática, do Mercosul desde dezembro do ano passado, sob a escusa, sem embasamento jurídico, de que o país não havia internalizado todas as normas do bloco, situação que se verifica em todos os Estados Partes. Assim, a decisão de utilizar a cláusula democrática representa mera peça propagandística contra o governo legitimamente eleito da Venezuela.

 

Além de empenhado nos retrocessos socais e políticos internos, o governo do Brasil está empenhado também em forçar retrocessos na região.

 

Nosso principal produto de exportação é hoje o golpe". 

 

Para entender a Venezuela leia mais aqui

 

A campanha de intervenção dos EUA é realizada na Venezuela pela imprensa quinta-coluna e países vassalos. Atentem para o uso internacional do mesmo slogan de guerra:

 

VENEZUELA

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 COLÔMBIA

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 ARGENTINA

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