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O CORRESPONDENTE

Os melhores textos dos jornalistas livres do Brasil. As melhores charges. Compartilhe

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O CORRESPONDENTE

04
Jul23

Antes tarde que nunca: enfim impõem-se limites a Bolsonaro

Talis Andrade

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Punição ao ex-presidente chega com anos de atraso, confirmando impressão de que o Judiciário brasileiro só se atreve a tocar em políticos em declínio. Uma democracia bem fortificada, porém, deveria agir mais cedo

 

 

por Thomas Milz

DW

Com 5 votos a 2, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) condenou Jair Messias Bolsonaro. A maioria dos juízes entendeu que o então presidente cometeu abuso de poder político em 18 de julho de 2022, quando disse mentiras sobre o sistema eleitoral brasileiro a embaixadores estrangeiros especialmente convidados. Segundo ele, as urnas teriam seriam fraudadas para favorecer seu principal adversário, Luiz Inácio Lula da Silva, e a Justiça Eleitoral seria parte da conspiração.

As fake news de Bolsonaro sobre as urnas supostamente manipuladas copiaram as de seu ídolo Donald Trump. E tanto nos Estados Unidos como no Brasil, uma multidão foi instigada pelas teorias da conspiração a invadir o Capitólio e a Praça dos Três Poderes, respectivamente. No caso de Bolsonaro, a violência de 8 de janeiro de 2023 fez com que o lento e preguiçoso TSE finalmente agisse rapidamente. Bolsonaro está fora do cargo há apenas seis meses.

Ainda assim, o Judiciário reagiu tarde demais. Durante mais de 30 anos, permitiu-se que o populista de direita realizasse sua sabotagem contra a democracia sem ser perturbado, primeiro no Congresso e depois no Palácio do Planalto. Ele agrediu verbalmente seus adversários, pediu o assassinato do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e insultou Dilma Rousseff da pior forma possível durante a votação do impeachment, dedicando seu voto ao repugnante carrasco Brilhante Ustra.

Mesmo como presidente ele disseminou notícias falsas sem ser incomodado, destruindo deliberadamente a confiança de milhões de pessoas nas instituições e causando milhares de mortes adicionais pelo coronavírus. E ninguém impediu o incendiário. O fato de o Judiciário ter se oposto às fantasias golpistas do então presidente no final de seu mandato deve-se exclusivamente ao presidente do TSE, Alexandre de Moraes, que não se deixou intimidar por Bolsonaro e sua turba raivosa.

Bolsonaro não poderá disputar eleições por oito anos. Isso se a sentença proferida nesta sexta-feira (30/06) resistir a eventuais recursos da defesa, inclusive ao Supremo Tribunal Federal (STF). O próprio Bolsonaro parece ter pouca esperança, como mostra seu discurso de vítima. A iniciativa de parlamentares leais a ele de apresentar uma lei especificamente para salvar seu direito de disputar eleições também promete pouco sucesso.

 

Registro indigno para o cargo de presidente

 

Até a derrota apertada para Lula em outubro passado, Bolsonaro não apenas havia vencido todas as eleições que disputou, mas também ajudou toda a sua família – filhos e ex-mulheres – e numerosos aliados a obter vitórias nas urnas. E, assim, garantiu-lhes acesso a todos os benefícios da democracia brasileira: levou dezenas de parentes e associados a cargos estatais bem remunerados, por meio dos quais eles provavelmente tiveram que ceder parte de seus salários ao clã Bolsonaro. Os casos de parasitismo conhecidos como "rachadinha" precisam ser urgentemente investigados pelo Judiciário. Será que as Cortes se atreverão?

Bolsonaro ainda é alvo de outros 15 processos no TSE relacionados à campanha eleitoral de 2022. Mas o ex-militar também tem que responder por suas fake news sobre a covid-19, pelo escândalo do desvio de joias no valor de milhões de dólares e por tentativa de subversão. É um registro completamente indigno para o cargo de presidente que Bolsonaro tem a mostrar depois de quatro anos no comando do país. O Judiciário poderia ter poupado a democracia brasileira se tivesse agido de forma mais rápida e consistente. De qualquer forma, o julgamento proferido agora ainda pode quebrar o gelo e dar coragem aos demais juízes para condenarem Bolsonaro em outras ações.

 

Políticos intocáveis em seu auge

 

Contudo, permanece a impressão de que os tribunais só se atrevem a tocar em políticos que estão em declínio. Já havia sido o caso de Lula, que não foi prejudicado pelo escândalo do Mensalão em 2006, quando sua popularidade era alta. Então em 2017, quando o político aposentado estava manchado por anos de fogo constante da mídia em torno do escândalo da Lava Jato, vieram as condenações. Como os ventos políticos voltaram a favorecer Lula, ele não tem nada a temer do Judiciário. É claro que isso cheira a oportunismo.

Também entre os apoiadores de Bolsonaro, há a sensação de que o Judiciário não está agindo tão cegamente – e, portanto, imparcialmente – como deveria. Para eles, a condenação de Bolsonaro é mais uma prova da suposta corrupção do sistema.

Esse é o reflexo de o judiciário não ter tomado medidas consistentes contra Bolsonaro anos atrás. Como diz o ditado: é preciso cortar o mal pela raiz.

Ao final de seu voto, o presidente do TSE Alexandre de Moraes proclamou o resultado que, com placar de 5x2, tornou Jair Bolsonaro (PL) inelegível até 2030.

07
Dez22

O recado indecoroso e ameaçador de Flávio Bolsonaro para Alexandre de Moraes

Talis Andrade

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O senador criminoso miliciano propõe que todos se acovardem diante do poder que a família e a extrema direita ainda pensam ter. Essa é a pacificação

 

 

por Moisés Mendes

- - -

O choro de Bolsonaro diante dos militares levou o filho Flávio a entregar armas como um derrotado desastrado e prepotente. 

Flávio mandou dizer a patriotas e manés ainda nas estradas e diante dos quartéis que a ideia do golpe nunca existiu. E aproveitou para fazer uma proposta.

Sugeriu que Alexandre de Moraes arquive os inquéritos contra ele, o pai dele, os irmãos, os milicianos, os empresários e os amigos golpistas.

Fez a sugestão com a candura de uma mãe que pede clemência a um juiz por ter furtado um pacote de massa miojo para enganar a fome de quatro filhos.

Foi isso o que disse Flávio em entrevista a Paulo Cappelli, do Metrópoles: 

“A pacificação do país passa pelo arquivamento dos inquéritos que estão com o Alexandre de Moraes no STF. A defesa da democracia passa pelo arquivamento desses inquéritos. Se Moraes continuar nessa toada, o próximo Bolsonaro será o Lula. Amanhã, será a vez da esquerda”.

Nessa toada, Moraes toca os inquéritos mais importantes da República, porque juntam os principais desmandos da extrema direita desde a eleição de 2018. 

As investigações tratam das milícias digitais, das fake news, dos atos golpistas em Brasília, do que chamam, no conjunto, de gabinete do ódio, dos tios do zap que se organizaram para defender o golpe, dos manés que ocuparam estradas e ruas depois da eleição e dos financiadores das arruaças.

Há no recado do senador uma advertência: Moraes pode fazer com Lula amanhã o que faz hoje contra Bolsonaro. 

É uma tese que circula inclusive entre carnavalescos de esquerda do bloco do eu-estou-avisando.

Há na fala de Flávio uma ofensa grave ao ministro que relata os crimes da família e dos agregados dos derrotados. 

Há também uma aposta no pano quente e nos imbróglios da burocracia judiciária, diante da possibilidade de transferência de parte dos casos para a Justiça Comum. 

E aí tudo pode acontecer e não acontecer, ainda mais agora que as próprias autoridades finalmente reconhecem que o bolsonarismo expôs muitos xerifes sem brio. E brio não é mercadoria barata. 

Há ainda no recado de Flávio, mesmo que não explicitado, o alerta que o fascismo dissemina com insistência sobre a granada que espera Moraes no Senado. 

A forte bancada de extrema direita manterá o ministro e seus colegas sob ameaça de impeachment, mesmo que pareça improvável. 

O Senado bolsonarista poderia puxar o pino da granada quando quisesse.

Nessas circunstâncias, a ideia da pacificação é um truque raso, mesmo que seja da natureza da política e de seus apêndices fazer arranjos sujos e limpos, alguns até hoje mantidos sob os pântanos. 

Foi assim na anistia de 1979. Todos estavam cansados, e os exilados queriam voltar. Não havia o que fazer. 

Aceitaram o que havia sido imposto. Os exilados voltaram, os dois lados seguiram a vida, mas em algum momento se daria um jeito de pegar os criminosos. 

Alguns tentaram fazer o que argentinos, no melhor exemplo, e chilenos e uruguaios fizeram. 

Tentaram revisar a anistia, para pelo menos processar os torturadores. Faltou lastro político em todas as esferas, do povo às elites que poderiam transmitir alguma bravura e confiança.  

E foi assim que o Supremo decidiu: não mexam com isso daí. Não mexeram, apesar da Comissão da Verdade e de valentes mobilizados pela reparação de crimes de lesa humanidade.

E assim o país elegeu um presidente que elogia torturadores. Foi essa a pacificação à brasileira. 

Bolsonaro é produto desse esforço pacificador, com o Supremo e com tudo, patrocinado por, terei de repetir, autoridades sem brio.

É o que Flávio propõe que se repita, mas sem que exista reciprocidade, como se pretendeu que existisse na anistia de 1979. 

O que o Brasil ganha com a anistia para as quadrilhas investigadas por Alexandre de Moraes? Nada.

A pacificação proposta é o que é. Uma tentativa de passada de mão na bunda. É um acinte do porta-voz dos investigados, incluindo sonegadores que patrocinam o golpe. 

Flávio pede que instituições e autoridades façam fila para que ele toque suas partes, enquanto o pai e os filhos dão gargalhadas. 

O senador propõe que todos se acovardem diante do poder que a família e a extrema direita ainda pensam ter.

Essa é a pacificação. Um gesto em que Flávio é apenas o emissário do pai. A atitude do empreendedor da família é o que há muito tempo chamavam de desplante. 

Promotores, procuradores, juízes, desembargadores e ministros das altas Cortes sabem que é desfaçatez mesmo.

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02
Dez22

Investigação meticulosa sobre uma das maiores quadrilhas deste país

Talis Andrade

 

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Os crimes aqui relatados já são de conhecimento público há anos, mas talvez nunca o esquema da família que tomou o poder no país tenha sido tão bem descrito, com riqueza de detalhes e abundância de provas. Causa espanto que não estejam — ainda — todos atrás das grades. Trata-se, sem sombra de dúvidas, de um dos maiores esquemas de enriquecimento ilícito com base em roubo de dinheiro público de que já se teve notícia neste país. E ainda há quem acredite que combatam a corrupção...

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Qual é o negócio do Jair? A História do clã bolsonaro

por Nelson Marques

O livro da jornalista Juliana Dal Piva, colunista do UOL é impressionante. Transitando entre o presente e o passado Juliana contextualiza os eventos sobre as origens do patrimônio político e financeiro de Jair Bolsonaro e sua família. À sombra dos grandes esquemas partidários a família, ou o clã, Bolsonaro acumulou milhões de reais e construiu um projeto político autoritário e regressivo que conduziu o chefe da família ao posto mais alto da República e seus filhos e mulheres a diversos postos no Legislativo. Ainda não teve o famoso sigilo de 100 anos, mas é uma história que os Bolsonaros escondem sob o véu da moralidade. Num trabalho meticuloso de apuração, Juliana ficou mais de três anos nesse trabalho e o resultado foi publicado neste ano. Com base em depoimentos exclusivos, cópias sigilosas de autos judiciais, entrevistas, documentos, gravações de áudio é revelado um lado oculto da família Bolsonaro e de seus empreendimentos. O que surge é um esquema de corrupção que ficou conhecido como "O Negócio do Jair". O arranjo ocorria nos gabinetes funcionais ocupados pela família Bolsonaro em seus mandatos políticos de vereador, deputado estadual e federal , e envolvia seus três filhos mais velhos, as duas ex-esposas e a atual, amigos parentes, além de advogados e milicianos. Juliana parte do escândalo das rachadinhas que apareceu no caso Queiroz, em dezembro de 2018. A partir daí, esquadrinha-se as origens, o desenvolvimento e as ramificações de um sistema organizado de desvio de milhões de reais em verba pública e ao que tudo indica "capitaneado" pelo capitão Jair Bolsonaro. O esquema de corrupção remonta às primeiras disputas eleitorais do atual presidente da República, ainda na década de 1990. O livro é organizado em forma de capítulos, 15 no total, dando conta das origens do "negócio", os postos políticos, os casamentos e a participação das mulheres, a formação do clã, Queiroz, o braço direito, os "marionetes" e o caminho dos milhões (no clássico dístico "follow the money"). Seguindo esse percurso, você terá em mãos a história proibida do clã Bolsonaro. Vale a pena conhece-la.

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Um livro que mostra que aquele velho ditado que diz que só vai para cadeia o grupo formado por PPP é uma verdade indiscutível na nossa "democracia".

 

por NC da Rosa

Além de mostrar claramente a vida desse clã, mostra como não vivemos numa democracia, pois desta só temos a Constituição da República, a teoria e aquela velha enganação de que estamos em uma democracia porque votamos. Num país em que não há informação, em que os principais jornais televisivos não mostram as maracutaias dos que estão no poder, num país em que (como o livro mostra) as instituições não são neutras, privilegiam quem está no poder, não se pode falar em democracia.

Esse livro, excelente, é um registro histórico, uma revelação contra os sistemas institucionais que vigoram em nosso país e deveria ser objeto de leitura de todos os brasileiros, coisa que seria um sonho para um país que realmente fosse democrático, em que a população tivesse acesso não só ao básico (alimentação, saúde), mas educação de qualidade e vontade e hábito de ler. Esse sim seria um Brasil democrático em que as verdades contadas nesse livro poderiam mudar radicalmente o cenário político no país.

 

Juliana Dal Piva transformou o negócio do Jair em cards : r/brasil

 

Livro chama 'rachadinha' de 'negócio do Jair' e cita ministro do STF e procuradores

Obra de Juliana Dal Piva afirma que Kassio Nunes Marques ouviu estratégia de defesa de Flávio Bolsonaro antes de ser escolhido para Supremo

 

por Italo Nogueira

 

A suspeita sobre a movimentação financeira de ex-assessores do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) e seus imóveis ganhou diferentes nomes nos últimos quatro anos.

A jornalista Juliana Dal Piva, que se dedicou ao tema ao longo desse período, deu ao seu livro o nome que, para ela, melhor o define: "O Negócio do Jair" (Zahar), a ser lançado na próxima semana.

A conclusão vem da apuração extensa sobre o caso, em especial de detalhes da família de Ana Cristina Siqueira Valle, segunda ex-mulher de Jair Bolsonaro, até hoje uma sombra na vida do presidente.

Ao longo de 283 páginas, a jornalista descreve o que considera ser a origem do esquema, a investigação, a movimentação dos envolvidos e indica barreiras impostas para evitar que a apuração avançasse. Ela inclui nomes do STF (Supremo Tribunal Federal) e do Ministério Público do RJ como obstáculos.

A maior parte dessas informações já havia sido publicada por ela no jornal O Globo, no UOL, portal no qual trabalha, e em outros veículos, como a Folha. A conclusão de Dal Piva é de que a "rachadinha" era, na verdade, liderada pelo presidente. Segundo o livro, assim que o caso estourou, Flávio disse a um amigo: "De quem é o Queiroz? E o cheque para Michelle? Para quem foram os cheques? O que tenho com isso?".

Fabrício Queiroz, acusado de ser o operador financeiro do esquema, é amigo do presidente há mais de três décadas. Michelle Bolsonaro é a primeira-dama, que recebeu R$ 89 mil em cheques da família do policial militar aposentado. Em nota, o senador e filho do presidente nega ter feito tal desabafo.

Para descrever a origem da "rachadinha", Dal Piva volta à entrada de Bolsonaro na política. O livro relata a atuação do hoje presidente na Câmara Municipal, Casa na qual foi vereador por três anos, destacando curiosa passagem em que ele se dispõe a identificar funcionários fantasmas de colegas.

Ainda que as suspeitas sobre Bolsonaro existam desde seu início na política, é após o casamento com Cristina, em 2002, que o esquema se profissionaliza, afirma Dal Piva. Nas palavras da ex-mulher, segundo o livro, ela "organizou" a vida do presidente.

A organização da "rachadinha", segundo a jornalista, nasce numa reunião da família de Cristina, na qual ela perguntou quem queria ser funcionário do gabinete de Bolsonaro na Câmara dos Deputados. O trabalho seria devolver a maior parte do salário (a "rachadinha") e entregar santinhos no período eleitoral.

O esquema teria se ampliado à medida que a família conquistava novos gabinetes, com Carlos, outro filho de Bolsonaro, na Câmara Municipal do Rio de Janeiro, e Flávio, na Assembleia Legislativa do estado.

Ao menos 18 parentes de Cristina foram nomeados. "Por muitos anos, quem emprestava o nome e o número do CPF para figurar como assessor parlamentar de algum Bolsonaro aderia automaticamente ao sistema que os participantes chamavam de o ‘negócio do Jair’", escreve a jornalista.

O livro descreve o vaivém de dinheiro vivo, usado também na compra de imóveis. André, um dos irmãos de Cristina, relatou a um amigo o incômodo com caixas de notas na casa do então cunhado. "Pô, você não tem ideia de como é. Chega dinheiro... Você só vê o Jair destruindo pacotão de dinheiro. 'Toma, toma, toma'. Um monte de caixa de dinheiro lá [na casa]. Você fica doidinho", comentou André, segundo o livro.

Queiroz ganha protagonismo após a tumultuada separação de Bolsonaro e Cristina. E é por meio dele que o caso vai a público.

Dal Piva descreve as dificuldades da investigação desde seu nascedouro. Afirma que o advogado da família Bolsonaro, Frederick Wassef, relatou em dezembro de 2018 a Kassio Nunes Marques, à época juiz do TRF-1 (Tribunal Regional Federal da 1ª Região), sua estratégia de defesa para o caso.

Dois anos depois, o magistrado furou a fila do nome "terrivelmente evangélico" que Bolsonaro prometera nomear para o STF. Na corte, votou favoravelmente a Flávio em processos sobre a "rachadinha".

Em nota, o ministro do Supremo afirmou que nunca participou de jantar no qual o tema tenha sido tratado.

Dificuldades também foram colocadas à investigação dentro do Ministério Público do RJ, segundo o livro.

A cúpula da Promotoria, na gestão do ex-procurador-geral de Justiça Eduardo Gussem, tentou, de acordo com a jornalista, barrar a operação de busca e apreensão feita na loja de chocolates do senador, em dezembro de 2019. Recuou após ameaça de exoneração dos promotores envolvidos no caso.

A Procuradoria-geral, na gestão atual de Luciano Mattos, também não se interessou em ouvir o que Julia Lotufo, viúva do ex-policial militar Adriano da Nóbrega, tinha para falar sobre o que sabia do caso da "rachadinha". A equipe dele avaliou que ela era uma testemunha indireta dos fatos.

A gestão Mattos teria, também, retardado o pedido de quebra de sigilo bancário e fiscal de Carlos e de seus assessores. A solicitação teria ocorrido no início de 2021, mas só se concretizou em abril.

Dal Piva relata ainda a reaproximação de Flávio e Queiroz. O ex-PM foi, de acordo com o livro, acionado para abordar Marcelo Nogueira e Luiza de Souza Paes, ex-assessores do senador que confirmaram a existência da "rachadinha". Não há, porém, detalhes sobre como isso ocorreu.

Juliana Dal Piva, jornalista censurada a pedido de Flávio Bolsonaro, conta qual é "O Negócio do Jair", tema de seu livro recém-lançado que desvela as relações promíscuas da família do presidente da República com dinheiro em espécie, imóveis e crimes de peculato que ficaram conhecidos como 'rachadinhas'.

27
Nov22

O NEGÓCIO DO JAIR - JULIANA DAL PIVA

Talis Andrade

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Título: O Negócio do Jair: A história proibida do clã Bolsonaro

Autora: Juliana Dal Piva

Editora: Zahar

Gênero: Política/Ciências Sociais

Ano: 2022

Páginas: 328

 

Por Flavia Penido

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Sinopse: Resultado de mais de três anos de apuração, O Negócio do Jair: A história proibida do clã Bolsonaro desvenda o passado secreto da família que hoje comanda o Brasil. A jornalista Juliana Dal Piva parte do escândalo das rachadinhas exposto pelo caso Queiroz, a partir de dezembro de 2018, para contar uma história que remonta à entrada de Jair Bolsonaro na política na década de 1990.

No centro do passado que o clã tenta abafar, está um esquema de corrupção conhecido entre os participantes como o “Negócio do Jair”. O arranjo ocorria nos gabinetes funcionais ocupados pela família de Bolsonaro em seus mandatos políticos, seja de vereador, deputado estadual ou federal, e envolvia seus três filhos mais velhos, as duas ex-esposas e a atual, amigos, familiares ― muitos deles atuando como funcionários fantasmas ―, além de advogados e milicianos.

Com base em depoimentos exclusivos, cópias sigilosas dos autos judiciais, mais de cinquenta entrevistas, mil páginas em documentos, vídeos e gravações de áudio, a autora demonstra como, à sombra dos grandes esquemas partidários, o clã acumulou milhões de reais e construiu o projeto político autoritário e regressivo que conduziria o chefe da família ao posto mais alto da República.

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Resenha: Lançado pouco antes das eleições de 2022, O Negócio do Jair é o resultado de uma pesquisa investigativa minuciosa feita pela jornalista investigativa Juliana Dal Piva sobre a família Bolsonaro e tudo aquilo que tentam camuflar. Logo no início a jornalista já evidencia algumas cenas presenciadas por ela mesma, descrevendo situações ocorridas desde 2013 envolvendo Jair Bolsonaro enquanto deputado federal e ex-capitão do exército.

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Em 2018, com a candidatura de Jair à presidência da república, Juliana passou a investigar melhor a fim de levantar as evidências no que diz respeito à vida de Bolsonaro e quem é esse homem, que foi deputado por mais de trinta anos e que, até então, ninguém sabia nada sobre ele. O conteúdo aborda os inúmeros esquemas de enriquecimento ilícito dos integrantes dessa família, assim como as manobras políticas que fazem usando o poder que têm para saírem ilesos dos crimes de corrupção que cometem. Além dos filhos, do esquema de lavagem de dinheiro da loja de chocolates de um deles, há também os fatos acerca das outras figuras presentes nos bastidores desses esquemas, como a família Nóbrega, os Queiroz, a ex-esposa, e até mesmo a atual esposa.

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O livro é narrado de forma cronológica mostrando os acontecimento mais importantes, ilegais e imorais da ascensão de Bolsonaro e família, e vemos o que está por trás das supostas motivações que os mantém como uma das famílias mais poderosas do país.

Os fatos levantados no livro já são de conhecimento público, porém são trazidos de forma clara e com uma riqueza de detalhes impressionante, como a negligência em relação a pandemia e as vítimas, a forma como ele trata a imprensa, o escândalo das rachadinhas e dos funcionários fantasmas que já vinham ocorrendo há anos e anos, as dezenas de imóveis comprados com dinheiro vivo, a constante troca de delegados da polícia federal, ministros e procuradores que engavetam processos, ou interrompem as investigações que resultariam na prisão dos envolvidos (mesmo que haja pilhas e pilhas de provas), e muito mais. Saber que um candidato chegou ao poder com a promessa de combater a corrupção, quando ele é um dos maiores líderes de um esquema de corrupção descarado é uma vergonha, ainda mais quando milhões de brasileiros se recusam a enxergar a verdade em nome do fanatismo político e acreditam que ele é o único que pode salvar o Brasil. Ao final, a sensação de indignação e impotência é enorme, principalmente porque ninguém sabe qual será o desfecho de tudo isso.

Eu, como brasileira, e na falta de uma terceira via, me sinto descrente e desanimada com a política nesse país. Ao finalizar a leitura, o sentimento de trocar seis por meia dúzia é inevitável, pois os escândalos vem de todos os lados e não temos pra onde fugir.

O Negócio do Jair, ao meu ver, é um livro necessário que faz um grande "exposed" de Bolsonaro e família. Eu gostaria muito de indicar a leitura desse livro, assim como vários outros que tratam com imparcialidade e verdade os feitos de determinados políticos, pra todos os brasileiros conhecerem mais sobre os candidato e assim poderem votar com consciência, mas é complicado quando boa parte da população tem a convicção de que qualquer informação contra seu político de estimação é "fake news".

Só tenho que parabenizar a autora pela coragem de trazer tais informações, e por fazer com que o leitor possa tirar as próprias conclusões diante desses fatos.

 

27
Nov22

“O Negócio do Jair”, de Juliana Dal Piva, a pá de cal na reeleição de Bolsonaro

Talis Andrade

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O livro é um documento histórico estarrecedor, que revela com detalhes as operações financeiras do clã Bolsonaro

 

Por Julinho Bittencourt

 

O livro “O Negócio do Jair - A história proibida do clã Bolsonaro”, da jornalista Juliana Dal Piva, é o trabalho de uma vida. Antes que se diga qualquer coisa, é bom lembrar que é digno de qualquer prêmio jornalístico que apareça pela frente. Sem exageros, está para o Brasil como está para os EUA a série de reportagens que Bob Woodward e Carl Bernstein fizeram na década de 70, para o Washington Post, sobre o caso Watergate, que culminou com a queda do presidente Richard Nixon.

Juliana Dal Piva - Portal dos Jornalistas

É um livro que teve o mesmo efeito demolidor, nas eleições presidenciais, que a famosa entrevista que o jornalista Luís Costa Pinto fez, em 1992, com Pedro Collor, em que ele faz acusações ao irmão, o então presidente Fernando Collor de Mello.

Algum incauto pode dizer que o livro de Dal Piva não traz nada de novo, o que de fato é verdade. Mas é bom não esquecer que tudo – ou quase tudo, que é revelado ali, foi descoberto pela própria jornalista e colegas devidamente creditados e contado em reportagens ao longo dos últimos anos.

 

Documento para ler e guardar

“O Negócio do Jair” é, sobretudo, um documento histórico para ler, anotar e guardar como a memoria de um tempo paupérrimo da nossa política. O livro desvenda um esquema, aparentemente medíocre e comezinho feito a partir de contratações de contraparentes, amigos policiais e parentes de amigos policiais, que levantou milhões e milhões de reais para o clã Bolsonaro.

Além de aplausos, Dal Piva merecia bem um detox após a conclusão da obra. Há três anos ela persegue e investiga todo e qualquer fato ou pessoa que possa ter ligação com o esquema das “rachadinhas” que explodiu no colo de Flávio Bolsonaro. Um esquema que, como diz o texto de divulgação do livro, envolve gabinetes funcionais ocupados pela família de Bolsonaro em seus mandatos políticos, seja de vereador, deputado estadual ou federal, e envolvia seus três filhos mais velhos, as duas ex-esposas e a atual, amigos, familiares.

 

Cada centavo

A jornalista revela em detalhes cada casa, apartamento, enfim, cada bem comprado pelo clã esmiuçado em centavos. Todos pagos comprovadamente da maneira como de fato foram, ou seja, em dinheiro vivo, cheque administrativo, transferência bancária, com ou sem comprovação de renda e declaração na Receita.

Juliana Dal Piva consultou milhares de documentos desde a década de 90, pegou chuva e sol na porta de envolvidos, ouviu fontes declaradas e anônimas e, três anos depois, entregou um dossiê impecável. Nele, além de desvendar todo o esquema, ainda mostra o passo a passo do peso da caneta de Bolsonaro para desmontar as acusações contra o primogênito, tanto no Ministério Público do Rio de Janeiro (MP-RJ) quanto no próprio Supremo Tribunal Federal (STF).

No final das contas, apesar do desalento com a anulação das provas contra Flávio no STF, Juliana deixa claro e cristalino feito água que, assim que encerrar o mandato presidencial de Bolsonaro, o castelo de cartas do clã desmorona.

 

O elogio de Queiroz

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O livro termina no momento em que tanto Flávio Bolsonaro quanto Fabrício Queiroz voltam a se movimentar com desenvoltura pelos escaninhos da política. O senador coordenando a campanha do pai e com uma mansão de R$ 6 milhões recém-comprada em uma área nobre de Brasília. O outro, ex-segurança, ex-motorista e ex-operador do esquema das “rachadinhas”, preparando sua candidatura à Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro.

Neste interim, a jornalista afirma ter perguntado a Queiroz a que partido pretendia se filiar. Ela mesma conta a história que, apesar do tom de deboche do ex-policial, não deixa de revelar uma profunda verdade: “ele me escreveu uma mensagem no WhatsApp dizendo que tinha prometido à família que nunca falaria comigo devido às minhas reportagens desde 2019. Apesar da promessa, ele ainda disse: ‘Você é terrível, Ju. Boa jornalista. Faz bem seu trabalho’”.

"A mensagem irônica", prossegue Juliana, "me soou como uma admissão tácita de tudo que foi reportado até aquele momento".

23
Nov22

'O negócio do Jair' revela passado assombroso do clã Bolsonaro

Talis Andrade

 

Imóveis em dinheiro vivo assombram Bolsonaro - CartaCapital

Livro detalha como o clã Bolsonaro montou um esquema de repasses de salários dos funcionários nos gabinetes

 

RACHADINHAS

Livro da jornalista Juliana Dal Piva detalha os esquemas de enriquecimento ilícitos nos gabinetes do presidente e dos filhos

 

por Redação Estado de Minas

O passado assombra o futuro do presidente Jair Bolsonaro e de seus familiares. Esta é a conclusão da jornalista Juliana Dal Piva, autora do livro "O negócio do Jair - A história proibida do clã Bolsonaro" (Zahar, 2022),  que consolida os esquemas que ficaram conhecidos como "rachadinhas", segundo a autora, para enriquecimento do presidente e seus filhos Flávio, Eduardo e Carlos ao longo de sua trajetória política. 

De acordo com Dal Piva, a família atua em bloco: filhos e pai seriam uma coisa só.  "Tão importante quanto as provas reunidas para denunciar Flávio Bolsonaro pela prática ilegal da rachadinha e a lavagem de dinheiro foi constatar como diversos detalhes mostravam um aspecto de que Bolsonaro falava com frequência: seu gabinete e os dos três filhos eram uma coisa só", escreve Dal Piva. 

 

Leia: Amigo de Bolsonaro confirma rachadinha em gabinetes da família

 

No capítulo final do livro, "O clã contra-ataca", ela faz considerações sobre as manobras empregadas pelo presidente para interferir nas investigações do caso, iniciadas pelo Ministério Público do Rio de Janeiro, que foram anuladas pela incompetência de foro da primeira instância, mas que poderão a vir a ser novamente denunciadas pelo Ministério Público, sustenta a autora. 

 

Leia: Bolsonaro sobre imóveis da família: 'Que rachadinha milionária é essa?'

 

Revelado ao final de 2018, o escândalo da "rachadinha" é o fio de um novelo que Juliana Dal Piva puxa para alcançar os anos 1990,  início da carreira  política de Jair Bolsonaro, ex-capitão do exército, desde os 33 anos na reserva remunerada, quando elegeu-se para a Câmara Municipal do Rio de Janeiro pela primeira vez. 

Em trabalho de investigação e pesquisa, sustentada em dezenas de entrevistas e ampla documentação, Dal Piva reconstrói o sistema organizado de desvio de verbas pública, apontando indícios de que remonta às primeiras disputas eleitorais de Jair Bolsonaro, com o envolvimento dos filhos, ex-mulheres, parentes,  amigos e milicianos. 

Depois de 811 dias de investigação - dois anos e dois meses -, os procuradores de Justiça do Rio de Janeiro denunciaram Flávio Bolsonaro em 4 de novembro de 2020. "Flávio Bolsonaro foi apontado como líder de uma quadrilha que exigia cerca de 90% dos salários de seus funcionários de gabinete", afirma Juliana Dal Piva. 

 

Dinheiro pagava despesas pessoais da família Bolsonaro

 

A denúncia em face do senador Flávio Bolsonaro, Fabrício José Carlos de Queiroz e outros 15 investigados, foi pela prática dos crimes de organização criminosa, peculato, lavagem de dinheiro e apropriação indébita, ocorridos entre os anos de 2007 e 2018, quando o senador fora deputado estadual na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro.

"Por uma mesada, essas pessoas sacavam e entregavam praticamente todo o salário a Fabrício Queiroz, subtenente da reserva da PM- RJ, ex-assessora de Flávio e amigo de longa data de Jair. Com dinheiro vivo, o primogênito do presidente pagava despesas pessoais, comprava imóveis e injetava esses recursos no caixa de uma loja de chocolates de sua propriedade em um shopping da Zona Oeste do Rio, para fazer lavagem de dinheiro", afirma Dal Piva. 

As provas reunidas na denúncia que segundo Dal Piva traçam o caminho do dinheiro desviado dos assessores empregados no gabinete da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro de Flávio Bolsonaro até o próprio parlamentar foram anuladas. Tal foi possível  a reboque da anulação das quebras de sigilo bancário no âmbito do Superior Tribunal de Justiça (STJ), depois de vitoriosa a tese de Flávio Bolsonaro junto ao Supremo Tribunal Federal (STF) de que deva ser mantido o foro privilegiado de um parlamentar eleito senador. 

Reconhecido o foro especial de Flávio Bolsonaro, o inquérito foi retirado do juiz da primeira instância, Flávio Itabaiana. "Com as decisões do STF e do STJ, a investigação voltou à estaca zero. Não chegou a ser totalmente anulada, mas ficou com o revés de exigir que se produzisse de novo todas as provas financeiras que mostraram o caminho do dinheiro dos assessores até Flávio", escreve Dal Piva.  

A jornalista assinala que, embora pouco provável que ocorra antes do resultado das eleições de 2022, a Procuradoria Geral de Justiça (PGJ) do Rio de Janeiro poderá determinar novos atos para a apuração do caso, após o  arquivamento pelo órgão Especial do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro da primeira denúncia, o que ocorreu em 16 de maio de 2022. "A PGJ fluminense ficou com o caminho livre para retomar as investigações e um eventual novo pedido de quebra de sigilo de Flávio, Queiroz (Fabrício Queiroz, acusado de ser o operador do esquema) e dos demais envolvidos", afirma ela. 

Essa possibilidade, explicaria de acordo com a autora, as manifestações de preocupação de Jair Bolsonaro do que pode lhe acontecer se não for reeleito. "Tanto que tenta se cercar de todas as maneiras, proibindo acesso até a informações básicas da transparência como a de quem o visita no Planalto ou na Alvorada. Dados que eram públicos em governos anteriores agora possuem cem anos de sigilo", avalia Dal Piva.  A autora de "O negócio de Jair" conclui: "Jair Bolsonaro e seus filhos temem que as pessoas conheçam quem eles realmente são, sua vida e seus empreendimentos secretos. Mas a história proibida da família Bolsonaro não será apagada", garante a autora.

Nos últimos anos, Dal Piva mergulhou nas rachadinhas do clã Bolsonaro e revelou, recentemente, as aplicações em dinheiro vivo da família presidencial em imóveis. Foram 51 imóveis comprados em espécie. Em valores atualizados, foram R$ 26 milhões. E este é apenas metade do patrimônio adquirido pelos Bolsonaro nas últimas décadas.

A família Bolsonaro adora comprar imóveis com dinheiro vivo, um tipo de operação conhecida por se prestar a lavar grana de origem ilícita. Dos anos 1990 para cá, o clã adquiriu 107 imóveis, dos quais 51 pagos em espécie. Esse “sucesso” imobiliário foi revelado no recém lançado livro “O negócio do Jair”. E também em reportagens do UOL, censuradas pelo Tribunal de Justiça do Distrito Federal, a pedido do senador Flavio Bolsonaro, mas depois liberadas pelo Supremo Tribunal Federal. Pelo que se vê no livro, é razoável supor que o patrimônio de Jair Bolsonaro e cia. tenha sido construído com recursos públicos embolsados indevidamente. Uma verba que deveria ser usada para pagar funcionários nos gabinetes parlamentares de Jair e seus filhos. É o que se chama de “rachadinha”, conduta que pelo Código Penal pode ser definida como “peculato”. Desde que a revelação veio a público, o presidente tem se esquivado de explicar à nação de onde, afinal, saiu sua bolada. O assunto inclusive foi explorado no horário eleitoral gratuito pelo ex-presidente Lula. Sobre esses assuntos, os jornalistas André Barrocal e Leonardo Miazzo entrevistam AO VIVO a jornalista Juliana Dal Piva, autora do livro.

22
Out22

Ao lado de Lula, Tebet comenta fala sobre meninas venezuelanas e chama Bolsonaro de pedófilo

Talis Andrade

Lula ao lado de Simone Tebet e Marina Silva durante campanha em Teófilo Otoni (MG). — Foto: Ana Carolina Magalhães/Inter TV Dos Vales

Lula ao lado de Simone Tebet e Marina Silva durante campanha em Teófilo Otoni (MG). — Foto: Ana Carolina Magalhães/Inter TV Dos Vales

Por g1 

A senadora Simone Tebet (MDB-MS), terceiro lugar no primeiro turno das eleições presidenciais, chamou o presidente Jair Bolsonaro (PL) de pedófilo ao comentar nesta sexta-feira (21) a fala do candidato à reeleição PL sobre as meninas venezuelanas.

"Quando Bolsonaro disse que pintou um clima, é crime. É mais do que isso, é pedofilia. E lugar de pedófilo é na cadeia. Eu não tenho medo. Já chamei o presidente de covarde e não tenho medo de dizer que ele cometeu um crime", afirmou a senadora.

Tebet participou de uma passeata em Teófilo Otoni, na região Nordeste do estado de Minas Gerais, ao lado do ex-presidente e candidato à Presidência da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), e de Marina Silva (Rede), deputada federal eleita por São Paulo.

O estado mineiro tornou-se cobiçado na fase final da campanha presidencial por ser o segundo maior colégio eleitoral do país. No 1º turno, Lula venceu no estado com 48,29% dos votos contra 43,6% de Bolsonaro.

No dia 14 de outubro, Bolsonaro contou durante uma entrevista a um podcast que estava de moto andando em uma região administrativa do Distrito Federal quando encontrou as jovens venezuelanas.

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"Eu estava em Brasília, na comunidade de São Sebastião, se eu não me engano, em um sábado de moto [...] parei a moto em uma esquina, tirei o capacete, e olhei umas menininhas... Três, quatro, bonitas, de 14, 15 anos, arrumadinhas, num sábado, em uma comunidade, e vi que eram meio parecidas. Pintou um clima, voltei. 'Posso entrar na sua casa?' Entrei", disse Bolsonaro na ocasião.

A senadora também lembrou das suspeitas de corrupção envolvendo ele e familiares, entre elas a revelação do portal UOL de que Bolsonaro e parentes compraram 51 imóveis com dinheiro vivo.

"Quando tirarem a faixa dele, e o povo brasileiro vai tirar, nós veremos as rachadinhas, veremos a compra de mansão com dinheiro vivo, veremos os escândalos de corrupção desse governo", disse Tebet.

 
19
Out22

Bolsonaro e os ladrões de Brasil

Talis Andrade

Presidente do Brasil é um 'ex-ladrão de galinhas' – Blog do Paulinho

 

por Cristina Serra

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Ao dar exemplos de profissões para os jovens, no debate da Band, Bolsonaro mencionou marceneiro e auxiliar de enfermagem, ofícios dignos e honrosos, sem dúvida. Mas o que Bolsonaro expressou foi a visão excludente (a mesma de Guedes e de Milton Ribeiro), de que a universidade não cabe nos sonhos da juventude das periferias.Image

 

A aversão aos pobres também ficou explícita quando o tema foi a visita de Lula a uma comunidade, no Rio de Janeiro. Bolsonaro disse que só tinha “traficante” em volta do ex-presidente. Para o candidato que tem conexões com milicianos (um deles, seu vizinho até ser preso), quem mora em favela é bandido.

Seu desprezo aos vulneráveis emerge de forma ainda mais torpe no caso da visita a um grupo de venezuelanas, no entorno de Brasília. São mulheres e meninas refugiadas da fome e do desespero no país vizinho. Participavam de uma ação social, com corte de cabelo e maquiagem, uma forma singela de afeto e resgate de autoestima.

A mente degenerada de Bolsonaro associou as “menininhas, bonitas, de 14, 15 anos, arrumadinhas” à prostituição. Onde já se viu menina pobre arrumar o cabelo e pintar o rosto se não for para se prostituir com machos velhos e babões como ele? A descrição que ele faz da cena tem as características de comportamento do assediador sexual que se aproveita da fragilidade da vítima. Parou a moto, tirou o capacete, “pintou um clima”, entrou na casa.

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Se ele achou que estava diante de uma situação de exploração sexual de menores, por que não tomou alguma providência para impedir o crime? Bolsonaro não tem resposta porque sua mentalidade depravada não se escandaliza com a prostituição infantil.

Bolsonaro não tem freio nem bússola moral ou ética. Cercado de tipos pervertidos como Damares e Pedro Guimarães (abusador, felizmente, afastado), seu governo é uma rede de predadores da infância e de mulheres. São ladrões de futuro. Ladrões de Brasil.

www.brasil247.com - { imgCaption }}

08
Out22

Conheça 17 escândalos de corrupção de Bolsonaro

Talis Andrade
 
Charge do site Brazilian Report

 

Legado de destruição vai desde o superfaturamento de ônibus escolares a interferência na Polícia Federal com o intuito de frear investigações contra os filhos.

 

25
Set22

Bolsonaro e os gabinetes do crime

Talis Andrade

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por Cristina Serra

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Em 30 anos de carreira parlamentar, Bolsonaro marcou seus mandatos pela mediocridade e pela capacidade fenomenal de multiplicar o patrimônio da família. No livro “O negócio do Jair” (editora Zahar), a jornalista Juliana Dal Piva identifica o DNA e a extensão tentacular do esquema que transformou os gabinetes de Jair e de seus três filhos mais velhos em escritórios do crime.

Desde 2018, já se sabe do esquema das rachadinhas de Flávio Bolsonaro, na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro. Mas com uma investigação obstinada e meticulosa, Dal Piva coloca Jair Bolsonaro na cena do crime, mostrando que os quatro gabinetes do clã, em três casas legislativas, eram uma coisa só e sob o comando do atual presidente.

Parentes e apaniguados contratados tinham que entregar até 90% dos salários. A repórter joga luz sobre uma miríade de personagens menos conhecidos, como a segunda mulher de Bolsonaro, Ana Cristina Valle, gerente da máfia enquanto o casamento durou, além dos notórios Fabrício Queiroz e o miliciano Adriano da Nóbrega.

O livro também reconstitui intrigas e disputas entre comparsas e traz revelações exclusivas. Uma delas se refere a Kassio Nunes Marques, agente do clã no STF, e paro por aqui para não dar spoiler.

Sabe-se hoje que a rede criminosa rendeu a propriedade de 107 imóveis, metade deles pagos em dinheiro vivo, revelação de Dal Piva e de Thiago Herdy, publicada no UOL e censurada judicialmente a pedido de Flávio Bolsonaro. É mais uma de muitas decisões benevolentes do judiciário (para não dizer cúmplices) e que devolveram a investigação do Ministério Público fluminense sobre as rachadinhas à estaca zero.

O livro de Juliana Dal Piva é jornalismo de primeira grandeza, que honra o ofício. Ela chegou a receber ameaças do advogado Frederick Wassef, mas não se deixou intimidar. Seu trabalho fornece provas e indícios abundantes para quem quiser investigar a teia de crimes que envolve o presidente e sua família. Basta querer.

Blog do Noblat
@BlogdoNoblat
Onde já se viu um presidente, candidato a um novo mandato, a 7 dias da eleição, sair de moto em Brasília, acompanhado por seguranças em duas motos, para ir comer um frango com farofa em uma barraca à beira de estrada? Não foi ato de campanha, foi não ter o que fazer.Image
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Eles poderiam estar vivos

 

Conheça a verdade sobre Bolsonaro

 
 

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