Juízes eleitorais defendem urnas eletrônicas após Bolsonaro atacar sistema em evento com embaixadores
"Só há dois tipos de pessoas que atacam as urnas eletrônicas: os incautos e os que agem de má-fé", disse um dos magistrados. Sem provas, presidente fez apresentação com tese conspiratória de fraude nas eleições de 2014 e 2018.
Por Arthur Stabile, g1
Em resposta aos ataques do presidente Jair Bolsonaro (PL) ao sistema eleitoral brasileiro, juízes eleitorais saíram em defesa das urnas eletrônicas. Pelas redes sociais, os magistrados asseguraram a integridade do equipamento e do processo de votação.
Bolsonaro fez uma apresentação para cerca de 40 embaixadores de outras nações no país, na segunda-feira (18), em Brasília. Na oportunidade, requentou uma série de teorias conspiratórias sem provas de que há fraude nas urnas.
Gervásio Santos Júnior, juiz eleitoral que atua em eleições desde 1992 no Maranhão, afirmou que presidiu eleições tanto no atual sistema eletrônico quanto com cédulas em papel - a urna foi implementada a partir de 1996. Para ele, "não há comparação em termos de segurança"
Assim, a meu ver, só há dois tipos de pessoas que atacam à urnas eletrônicas: os incautos e os que agem de má-fé", publicou o magistrado, em sua página no Twitter, após a reunião de Bolsonaro com os embaixadores.
Em julho de 2021, o juiz já havia usado suas redes sociais para relembrar como era a apuração com os votos em papel com "quase uma semana de apuração, sufoco, impugnações, reclamações, até o resultado final"

A juíza Andréa Pachá, que desempenha a função há 29 anos no Rio de Janeiro, disse ter presidido dezenas de eleições e que as “únicas experiências de fraude vieram das urnas de papel. “A excelência do serviço, da lisura e da tecnologia do TSE são motivos de orgulho e garantia da liberdade de escolha e da democracia”, escreveu, em seu Twitter.

Em publicação feita depois de Bolsonaro apresentar seu power point aos embaixadores, Pachá afirmou que “não devemos perder tempo e energia com pautas reativas”, ao se referir às ofensivas do presidente. “Merecemos viver em um país livre de ameaças, desinformação e ódio. Há problemas reais e cotidianos que precisam ser enfrentados”.
Marcos Peixoto também é magistrado no Rio, com atuação desde a década de 1990 e é outro a fazer coro na defesa das urnas. Ele diz que atuou em quase uma dezena de eleições, "todas auxiliado pelo excelente corpo de servidores do TSE, fiscalizado pelo MPE (Ministério Público Estadual), pelos partidos e pelos cidadãos. Todas com urnas eletrônicas. Nenhuma com mínimo resquício de fraude”, postou em sua página no Twitter.
Em São Paulo, André Augusto Bezerra também defendeu as urnas, ao falar que “sempre presenciei servidores da justiça eleitoral dedicados. Nunca presenciei qualquer indício de fraude. O sistema é confiável e impassível de ataques. Pode confiar!”.



