Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

O CORRESPONDENTE

Os melhores textos dos jornalistas livres do Brasil. As melhores charges. Compartilhe

Os melhores textos dos jornalistas livres do Brasil. As melhores charges. Compartilhe

O CORRESPONDENTE

02
Out23

O humor e a política

Talis Andrade

imprensa _microphone___oleksy_kustovsky.jpeg

 

Nos dias atuais, relacionar humor à política é uma heresia enorme. A experiência demonstra que, somente a mordacidade, a sátira, daria alguma graça ao espetáculo circense da antipolítica. Os sentimentos que prevalecem em relação aos “atores” são de rejeição, ressentimento, raiva, no mínimo indiferença ou, nos extremos ideológicos, o fanatismo com o forte tempero da bajulação.

As circunstâncias históricas deram um tom raivoso, odiento sobre, pasmem, os escolhidos como nossos representantes. Porém, o ambiente, ainda que com certa hostilidade, nunca chegou, como agora, ao “horror político”, alimentado pelo humor cáustico, em pílulas digitais, tendo como fonte inesgotável a natureza humana e sua capacidade de ser razão do ridículo e da satisfação do riso.

Nos círculos do poder, o humor se manifesta ora como virtude, senso de humor, ora como um risco permanente de produzir cenas patéticas que, somente, os poderosos são capazes ser, ao mesmo tempo, autor e vítima do bizarro.

“Não se leve muito a sério”. Mais do que um conselho esta advertência é uma lição de sabedoria. Soma leveza, uma das “Seis propostas para o próximo milênio” (Companhia das Letras, 1990 – O autor faleceu antes de pronunciar as palestras) à seriedade. E inspira a definição de senso de humor.

Na vida pública, em especial, o senso de humor é a virtude-chave para enfrentar crises recorrentes. Elas entram no gabinete da Excelência com um tamanho gigantesco e saem reduzidas e, muitas vezes, resolvidas.

No primeiro impacto, é fundamental não entrar no clima. Arrodeia. Puxa por um assunto capaz de baixar o ímpeto da adrenalina. Em seguida, deixa que o suplicante esvazie a cabeça cheia de problemas para dividir com ele as alternativas de soluções, se houver.

Assim se tratam assuntos com seriedade o que não se confunde com sisudez, a máscara da hipocrisia. O sisudo tem por hábito esconder por traz da cara fechada de brabo, muita sacanagem. E se acha o cara mais honesto do mundo; declama loas à moralidade e, na verdade, é um grande sacana. O rigor da sisudez é um mecanismo de defesa que alimenta mitos e encobre grandes mentiras interiores

De um deles, ouvi uma sincera confissão em virtude da Lei 6091 de 15 agosto de 1974 – Lei Etelvino Lins que adotava providências moralizadoras sobre a oferta de transporte e alimentação aos eleitores. “E agora, Deputado, está mais difícil “comprar” voto no “curral”! Ele, calmamente, respondeu: “Tô tranquilo. Não compro, vendo”. Naquele tempo, não se comprava por atacado. Era um modesto varejo.

13
Jun23

Todo machão é uma bicha enrustida

Lava Jato um bando de depravados quinta-colunas

Talis Andrade

grades vaza.jpg

 

por Jair de Souza

- - -

O título deste texto é uma lembrança de uma pichação com a qual me deparei há muitos anos em um dos muros da cidade de São Paulo. Foi ela que me veio imediatamente à mente ao ler hoje as notícias sobre o sumiço de bilhões de reais das contas operadas pelos integrantes da força-tarefa de Curitiba conhecida como Operação Lava Jato.

A decisão de fazer uso da mencionada citação não advém de nenhum sentimento relacionado com a homofobia, mas tem tudo a ver com a condenação da HIPOCRISIA.

É que, uma vez mais, fica comprovada aquela tese que diz que “aqueles que vivem se apresentando como exemplos de moralidade, via de regra, não passam de grandes depravados”. No caso dos próceres lavajatistas, a depravação atingiu um nível de desfaçatez tão elevado como poucas vezes antes tínhamos observado em alguma sociedade humana.

Por quase uma década, todos os meios de nossa mídia corporativa se dedicaram a uma incessante magnificação das imagens positivas de Sérgio Moro, Deltan Dallagnol e de outros dos sujeitos ativamente vinculados aos órgãos participantes da força-tarefa do MPF à qual fizemos menção. Em contrapartida, empenho equivalente, ou até mais intenso, foi exercido no sentido de demonizar e arrasar a reputação daqueles que eram tidos como os principais inimigos do projeto político encampado pelos mentores do lavajatismo.

A bem da verdade, a questão da moralidade nunca foi o cerne da motivação que levou a essa confluência em torno da Lava Jato. O que sempre prevaleceu era o interesse de impedir o avanço de nossa nação no rumo de sua constituição em um país verdadeiramente independente e soberano, posto que, nos primeiros quinze anos deste século, o Brasil parecia estar seguindo por uma trilha de autonomia que não se alinhava com as diretrizes dos centros hegemônicos do mundo capitalista. Pôr fim a esse estado de coisas era um dos objetivos prioritários daqueles que se beneficiavam com nosso atrelamento subordinado às orientações emanadas dos Estados Unidos e, secundariamente, das principais potências capitalistas europeias.

Evidentemente, os propósitos declarados pelos que estavam descontentes com o quadro econômico-social que estava se vislumbrando por aqui não apareciam com a clarividência com que foram expostos no parágrafo anterior. Sorrateiramente, os argumentos empregados para organizar o amplo leque de forças necessário para levar adiante o processo de sufocação dos setores políticos populares se centravam na moralidade, neste caso, numa moralidade de cunho econômico, no combate à corrupção.

E foi em função de travar a luta contra a corrupção que uma parte significativa do aparato jurídico de nosso país e toda nossa mídia corporativa entraram em cena. A atuação articulada e simbiótica desses dois grupos serviria como o baluarte da luta que visava destruir as bases de sustentação econômica do Brasil e, simultaneamente, impedir que as forças políticas de esquerda pudessem continuar conduzindo seu projeto de inclusão social dos setores mais carentes.

Não foi à toa que os principais alvos da Operação Lava Jato fizessem parte da infraestrutura básica que colocava o Brasil como forte concorrente dos grandes conglomerados estadunidenses ao redor do mundo, assim também como em nível local, enquanto que, concomitantemente, procurava-se aniquilar a figura de Lula e do PT.

Em consequência dos golpes recebidos pelos agentes lavajatistas, nossa engenharia da construção foi quase que inteiramente destroçada. De empresas mais dinâmicas de nossa economia e das mais competitivas em todos os rincões de nosso planeta, nossas construtoras atualmente não passam de uma caricatura do que já foram. Hoje em dia, nem mesmo para obras em nosso próprio território nossas empresas de construção civil conseguem concorrer em pé de igualdade com suas contrapartes estrangeiras.

De maneira análoga, vimos como nossa indústria petrolífera foi violentamente agredida e desarticulada. As jazidas do pré-sal foram entregues a grupos petroleiros do exterior e nossa emblemática Petrobrás passou a sofrer violentos ataques visando sua privatização e inviabilização. Sua rede de distribuição foi transferida a mãos privadas; suas principais refinarias foram privatizadas (a bem da verdade, quase que doadas) e postas sob controle de grupos capitalistas estrangeiros.

Outro ultraje ao qual a nação foi submetido com a cumplicidade dessa quadrilha foi o criminoso processo de privatização da Eletrobrás. A monstruosa campanha de difamação deslanchada por nossa mídia corporativa contra nossas empresas públicas em combinação com a sanha persecutória de promotores identificados com o viralatismo facilitou essa transposição descarada de patrimônio público para as mãos de poucos espertalhões.

Agora, estamos constatando que a Operação Lava Jato funcionava de fato como uma verdadeira organização criminosa, que usava o pretexto do moralismo no combate à corrupção para levar adiante seu projeto de destruição de nossa base econômica e da imobilização de nossa liderança política do campo popular.

Porém, os integrantes da Lava Jato não agiram tão somente para atender altruisticamente os interesses do grande capital imperialista. O que as recentes informações nos estão revelando é que aqueles que tinham sido pintados como abnegados lutadores contra a corrupção, em realidade, eram os mais abjetos praticantes daquilo que diziam combater.

Em outras palavras, como já é tradicional entre os hipócritas, os autoproclamados paladinos do combate à corrupção são na verdade corruptos da pior espécie. Só que, neste caso, sua atuação nefasta não causou abalos apenas em nossa moralidade. Seu nefasto proceder foi fator determinante para que hoje nossas ruas estejam repletas de famílias vivendo ao relento, em busca de um pedaço de pão para saciar sua fome aguda.

02
Dez22

A linguagem e o autoengano bolsonarista

Talis Andrade

 

Por Jair de Souza

O povo brasileiro está vivenciando um momento crucial para a história de toda a humanidade. O porvir dos embates que estão se desenrolando em nosso país vai ser também, em grande medida, determinante para o desenlace da luta global contra o ressurgimento do nazismo.

A análise da evolução histórica do capitalismo nos mostra que o fascismo é um dos recursos extremos ao qual as forças do grande capital apelam em seus intentos de aniquilar a resistência popular em períodos de sérias crises existenciais para esse sistema de exploração social. As peculiaridades adotadas pelo fascismo sofrem variações em função das especificidades presentes em cada povo, região ou momento em que o mesmo aparece.

No Brasil da atualidade, em razão de seu acentuado caráter racista, o fascismo apresenta-se com uma faceta mais afinada com o nazismo hitlerista do que com a vertente mussoliniana com a qual despontou na Itália. E, precisamos dizê-lo sem subterfúgios, em nossas terras tupiniquins, o nazismo se incorporou adotando as formas típicas do bolsonarismo. Para que não subsista nenhuma dúvida, o bolsonarismo é, sim, a feição com a qual a mais extremada corrente ideológica do grande capital se impôs em solo brasileiro. Portanto, para todos os efeitos práticos, um bolsonarista pode e deve ser equiparado a um nazista.

Porém, analogamente ao que sucedeu quando o movimento comandado por Adolf Hitler começou a ganhar expressão na Alemanha, é a inoculação virulenta de um ódio cego e doentio contra certos grupos humanos o que também dá o tom na aglutinação das forças da podridão bolsonarista no Brasil. Por aqui, a herança do colonialismo acentuou o ódio de classe a o acoplou à perfeição ao ódio de raça, uma vez que, entre nós, ser pobre e ser negro são quase que sinônimos.

Os pilares da ideologia bolsonarista, assim como os de sua inspiradora alemã, não se sustentam na verdade. No entanto, a essência de sua existência mentirosa jamais é admitida. Em contraposição a suas principais características efetivas, o bolsonarismo costuma adotar palavras e explicações inteiramente opostas aos objetivos práticos que persegue com tenacidade. Em outras palavras, é a hipocrisia que permeia, norteia e prevalece em tudo o que diz respeito ao bolsonarismo. Para melhor expressar este fenômeno, vamos dar umas breves pinceladas em alguns dos principais pontos desta nefasta maneira de ver e sentir o mundo.

Reconhecidamente, os bolsonaristas estão entre os maiores entreguistas que nossa pátria já produziu. Todos eles odeiam a mera possibilidade de imaginar que o Brasil se torne uma nação livre, independente e soberana. Segundo eles, nosso país e nosso povo deveriam se manter inteiramente subjugados ao domínio e aos interesses das grandes potências do capitalismo ocidental, em especial, dos Estados Unidos. Ultrapassando inclusive os desígnios de Donald Trump, os bolsonaristas cultivam irrestritamente a ideia do “America First” (“Os Estados Unidos em primeiro lugar”). O acolhimento do termo América em referência exclusiva aos Estados Unidos é outro ponto que reforça o nível de sua submissão ideológica a seus mentores estadunidenses.

Assim, já se tornou habitual na gestão bolsonarista de governo isso de vestir a camiseta amarela da seleção, cantar o hino nacional, gritar loas a nossa pátria, ao passo que o petróleo e nossas principais riquezas naturais vão sendo entregues a grupos capitalistas estrangeiros.

Não obstante serem notórios por seu elevado grau de depravação, a começar pelo de seu expoente máximo, por sua falta de apego à moralidade ou à ética, os bolsonaristas gostam de se apresentar como paladinos da defesa das tradições familiares e dos bons costumes. Porém, basta fazer uma sondagem pelos buscadores da internet para constatar que quase todos os casos recentes de podridão moral têm como protagonistas gente marcadamente associada ao bolsonarismo. Apesar disto, eles persistem na afirmação de que estão engajados numa guerra sem quartel em defesa da família, da moral e dos bons costumes.

No tocante à religião, o bolsonarista é um típico inimigo de tudo o que a figura de Jesus simboliza. Se o nome de Jesus está intrinsecamente ligado à justiça, à solidariedade, à fraternidade, à paz e ao amor, a motivação que impulsa os bolsonaristas vai em sentido diametralmente oposto. Os bolsonaristas vivem em função do ódio, da opressão, da guerra, da injustiça e do egoísmo. Se em seu legado de vida Jesus nos ensinou a repartir o pão e a amparar os mais necessitados, os bolsonaristas, por sua vez, cultuam a diabólica teologia da prosperidade, ou seja, aquela ideologia com a qual seus adeptos se aferram a seus mesquinhos interesses egoístas. Em outras palavras, não existe nenhuma possibilidade de ser seguidor de Jesus tendo por base essa desumana maneira de pensar.

Nos últimos tempos, vem-se evidenciando que a base de apoio do bolsonarismo político está constituída majoritariamente por seguidores de igrejas que se dizem cristãs, tanto de denominações evangélicas como católicas. Como admitir que um cristão de verdade seja também um bolsonarista convicto? Há uma contradição insuperável nessas duas categorias. Assim como ninguém pode servir a Deus e ao diabo ao mesmo tempo, não existe nenhuma possibilidade de se estar bem com Jesus e com o bolsonarismo. O bolsonarismo sintetiza a perversidade contra a qual Jesus sempre lutou.

Nenhuma pessoa em sã consciência refutaria que os postulados da famigerada teologia da prosperidade vão inteiramente na contramão de tudo o que Jesus sempre pregou em sua vida. Aqueles que se atrevem a fazer a defesa do bolsonarismo por meio do nome de Jesus sabem que estão agindo sorrateiramente para inculcar nos mais incautos valores que têm muito mais a ver com a maldade inerente ao capitalismo selvagem, com a essência do nazismo, ou seja, do bolsonarismo.

Portanto, não devemos permitir que nenhum bolsonarista possa se valer da manipulação para impor interesses que atentam contra o conjunto de nossa nação. Nosso povo aspira a um mundo de justiça, de solidariedade, de amparo aos mais carentes, de amor e de paz. Para contribuir com a luta no rumo desses objetivos, devemos travar uma forte batalha contra os preconceitos do nazismo e de sua versão brasileira, o bolsonarismo. Por mais que faça uso deturpado da linguagem, o bolsonarismo se caracteriza pela maldade que lhe é intrínseca.

Todos os que nos interessamos pelo estudo da linguagem temos clareza do poder que as palavras exercem sobre nossa própria mente. Muitas vezes, elas são empregadas com o propósito de autoengano, buscando justificar um posicionamento em favor de causas que sabemos não serem dignas. Em vista disto, cabe a cada um de nós desmascarar a hipocrisia praticada pelos bolsonaristas na tentativa de suavizar sua consciência diante das atrocidades induzidas por suas práticas malignas.

Quem perdeu a eleição quer mandar em Lula

 

Militar golpista passa dos limites

 
 
Nikolas do time golpista. Prometendo que Bolsonaro, quatro anos parado, "na hora certa irá agir". Esse Ferreira precisa explicar que ferro promete para o povo livre e democrata. Basta de ameaça de guerra civil, de golpe sangrento. Ditadura nunca mais talisandrade.blogs.sapo.pt/tag/sangreira
 
Nikolas Ferreira 
@NikoIasFerreira
Estamos confiantes que na hora certa o capitão irá agir, quem mais está com o nosso Presidente? 
Image
Image
Meu nome não é Jhonny 
@RodineiCosta7
E revoltante ver essa cena !!!
Image
Image
09
Out22

400 padres e 10 bispos acusam Bolsonaro de profanar Santuário de Aparecida

Talis Andrade

Bolsonaro, segundo os religiosos, “profana a fé no Deus da vida fazendo uso dela para meros fins politiqueiros e vilipendia o Evangelho de Jesus de Nazaré

Bolsonaro, segundo os religiosos, “profana a fé no Deus da vida fazendo uso dela para meros fins politiqueiros e vilipendia o Evangelho de Jesus de Nazaré. Foto Marcos Corrêa/PR

 

Segundo o manifesto, o presidente da República "usa e abusa da fé como palanque político e tenta reverter suas seguidas derrotas políticas apelando à religião". O presidente "não tem nada de católico, nem de cristão, nem sequer de humano. É um facínora!”.

 

Por Marcelo Menna Barreto
- - -
 

Mais de 400 padres e 10 bispos católicos emitiram manifesto que acusa o presidente Jair Bolsonaro de ter profanado o Santuário de Nossa Senhora Aparecida no último dia 12, dia da padroeira do Brasil. Na ocasião, o presidente da República foi recepcionado pelos fiéis com vaias e alguns aplausos.

O documento encaminhado na quinta-feira, 14, ao arcebispo de Aparecida do Norte Dom Orlando Brandes e ao reitor do Santuário, o padre redentorista Carlos Eduardo Catalfo, é subscrito por integrantes dos coletivos Padres da Caminhada e Padres Contra o Fascismo. Os religiosos se indignaram pela participação ativa do presidente da República na liturgia.

No texto intitulado O que é de César a César, e o que é de Deus a Deus (Mt 22,21) – A visita de Jair Bolsonaro ao Santuário Nacional de Aparecida, os signatários repudiam o fato de Bolsonaro ter feito a leitura do Livro de Ester e da Consagração à Nossa Senhora Aparecida em uma das celebrações que comemoravam o dia de Nossa Senhora Aparecida no Santuário, no dia 12.

 

Fins politiqueiros

Padre Geraldino Rodrigues Proença, membro dos Padres na Caminhada

Padre Geraldino Rodrigues Proença, membro dos Padres na Caminhada

Bolsonaro, segundo os religiosos, “profana a fé no Deus da vida fazendo uso dela para meros fins politiqueiros e vilipendia o Evangelho de Jesus de Nazaré que veio para que todos ‘tenham vida e a tenham em abundância’ (Jo 10,10)”, destacaram. Salientaram ainda que “não pela primeira vez”.

O texto ainda afirma que o presidente “não tem nada de católico, nem de cristão, nem sequer de humano. É um facínora!”.

“Ele usa e abusa da fé como palanque político; tenta reverter suas seguidas derrotas políticas apelando à religião. Não, Jair Bolsonaro não é religioso. Ele perverte o ensinamento evangélico porque quer dar a Deus o que é do perverso César (Mt 22,21). Jair Bolsonaro não é de Deus!”, sentencia a nota.

Segundo o padre Geraldino Rodrigues Proença, membro dos Padres na Caminhada, enquanto Ester pede vida e quer o bem-estar do seu povo, tudo o que Bolsonaro tem defendido e feito em seu governo aponta para a morte. De acordo com Proença, o Santuário “deu um tiro no pé e está, agora, em silêncio. Foi usado para o marketing de Bolsonaro que quer posar bem com todas religiões cristãs”.

 

Esperança x indignação

 

Se de um lado, as palavras de Dom Orlando proferidas horas antes da chegada de Bolsonaro em uma das missas no santuário “reacendem a esperança”, os sacerdotes afirmam que as atitudes do presidente no Santuário “acendem a indignação”.

O manifesto questiona como alguém como Bolsonaro pode consagrar “o povo brasileiro à Mãe Aparecida”. Lista o que chama de descaso do presidente com a pandemia, as suas ações contra os povos originários, afrodescendentes, mulheres e LGBTQIA+. Os elogios de Bolsonaro à ditadura militar e aos torturadores também não foram esquecidos.

Em sua reflexão, Dom Orlando fez críticas à corrupção e clama por uma república sem mentira e sem fake news. Em uma referência à política de Bolsonaro, o arcebispo ainda sentenciou: “Para ser pátria amada, não pode ser pátria armada”.

 

Hipocrisia

 

Outra contradição apontada pelo documento enviado à Aparecida é o fato de Bolsonaro ter recebido a Eucaristia apesar de ter renegado seu batismo na Igreja Católica ao se batizar no Rio Jordão pelo pastor Everaldo, preso pela Polícia Federal por desvios de recursos no Rio de Janeiro. “Ou bem assume um credo ou outro e não fique usando-os para seus mesquinhos fins”.

Religiosos ouvidos pelo Extra Classe, apesar de dizerem não querer focar “na questão moral”, apontam que o documento foi certeiro ao questionar como Bolsonaro pode “bradar pelos princípios cristãos da chamada ‘família tradicional’, uma vez que em sua vida pessoal não dá provas de que acredita verdadeiramente neles.

Recordam que, em 2018 ,setores conservadores ficaram histéricos com o fato do então candidato Fernando Haddad ter comungado em uma Igreja Católica Romana, apesar de ser Católico Ortodoxo. Mesmo com o Cisma entre Romanos e Ortodoxos, ao contrário das denominações evangélicas, as duas denominações teologicamente observam o princípio que diz que seus bispos, patriarcas e o Papa são sucessores dos apóstolos de Cristo. [Publicado em 15 de outubro de 2021] O que foi dito de Bolsonaro em 2021, pode ser repetido hoje, depois de seu revoltante abusivo retorno eleitoral ontem, dia 12, Dia da Padroeira do Brasil. 

 

Leia aqui a íntegra do manifesto

“O que é de César a César, e o que é de Deus a Deus” (Mt 22,21)

A visita de Jair Bolsonaro ao Santuário Nacional de Aparecida

 

Somamos nossa indignação à de muitas e muitos que professam a fé católica. A causa dessa indignação é a leitura e a oração de consagração a Nossa Senhora Aparecida feitas pelo Sr. Jair Messias Bolsonaro, em uma missa vespertina no Santuário Nacional.

Horas antes ouvimos as palavras de Dom Orlando Brandes, Arcebispo Metropolitano de Aparecida: “Para ser pátria amada, não pode ser pátria armada (…). Para ser pátria amada, uma república sem mentira e sem fake news. Pátria amada sem corrupção e pátria amada com fraternidade.” Sua reflexão enche de esperança quem a ouve, sobretudo em um Brasil que ainda chora a morte de mais de seiscentos mil filhas e filhos por causa da má gestão de uma cruel pandemia; em um Brasil que sente a dor da fome, sobretudo das crianças cujo dia deveríamos estar comemorando; em um Brasil que sofre por ver milhões de famílias novamente empurradas para abaixo da linha da pobreza e obrigadas a sobreviver com uma sopa rala de ossos ou de carcaça de peixe; em um Brasil que vê suas matas arderem e seus povos originários serem encurralados em pequenos espaços de terra.

Sim, as palavras de Dom Orlando Brandes reacendem a esperança! Contudo, o que aconteceu no Santuário Nacional momentos depois acende a indignação!

O Sr. Jair Bolsonaro, ainda Presidente da República, fez uma visita ao Santuário Nacional, participou da missa, leu a leitura do livro de Ester – um escândalo, porque o que menos ele demonstra querer é o bem de seu povo (Est 7,3) – e rezou em nome desse povo a consagração a Nossa Senhora Aparecida. Dizíamos um escândalo, mas, por tudo o que aconteceu, é melhor usar a palavra “profanação”.

Sim, o Sr. Jair Bolsonaro profana a fé no Deus da vida fazendo uso dela para meros fins politiqueiros e vilipendia o Evangelho de Jesus de Nazaré que veio para que todos “tenham vida e a tenham em abundância” (Jo 10,10). E não pela primeira vez, basta relembrar sua ida a uma missa em Brasília durante a qual recebeu a Eucaristia.

Como alguém que se deixa batizar nas águas do Rio Jordão por um pastor evangélico – líder de um partido político e que foi preso em uma operação anticorrupção – ainda se diz “católico”? Ou bem assume um credo ou outro e não fique usando-os para seus mesquinhos fins. Como alguém pode bradar pelos princípios cristãos da “família tradicional”, uma vez que em sua vida pessoal não dá provas de que acredita verdadeiramente neles, como quando ainda era parlamentar e mantinha uma residência oficial na capital federal “para comer gente”? Como alguém consagra o povo brasileiro à Mãe Aparecida tendo manifestado inúmeras vezes descaso por esse mesmo povo, especialmente pelos povos originários, pelos afrodescendentes, pelas mulheres, pelas e pelos LGBTQIA+? Como alguém reza a consagração a Nossa Senhora Aparecida dizendo que poucos morreram durante a ditadura militar, elogiando o torturador Coronel Brilhante Ustra e pregando o uso de armas pela população? Como alguém recorre à proteção da Padroeira do Brasil quando desprotegeu a população toda negando a gravidade da violenta pandemia?

Jair Bolsonaro, que gosta tanto de ostentar seu segundo nome, não tem nada de católico, nem de cristão, nem sequer de humano. É um facínora! Ele usa e abusa da fé como palanque político; tenta reverter suas seguidas derrotas políticas apelando à religião. Não, Jair Bolsonaro não é religioso. Ele perverte o ensinamento evangélico porque quer dar a Deus o que é do perverso César (Mt 22,21). Jair Bolsonaro não é de Deus!

Indignamo-nos com sua participação na missa em Aparecida, com sua profanação do sagrado no templo e fora dele, porque quem despreza a vida profana o sagrado. Indignamo-nos com o apoio que autoridades eclesiásticas católicas ainda expressam a esse homem maldoso que não possui o menor respeito pela fé e por aquelas e aqueles que a professam. Indignamo-nos com seu profano gesto de dar a César o que é de Deus.

Padres da Caminhada & Padres Contra o Fascismo

Image

19
Set22

Pastor evangélico anuncia movimento contra Bolsonaro

"O ódio e o bolsonarismo não representam cristãs e cristãos"

Talis Andrade

Pastor Henrique Vieira

Henrique Vieira, líder da Igreja Batista do Caminho, anunciou que ‘Derrotar Bolsonaro é um ato de amor’

 

O pastor evangélico Henrique Vieira, líder da Igreja Batista do Caminho, reafirmou o movimento para mobilizar cristãs e cristãos contra a pretendida reeleição de Bolsonaro em outubro próximo.

O ‘Derrotar Bolsonaro é um ato de amor’, segundo o pastor: terá bases no amor, verdade, evangelho e justiça social. 

“Nos últimos três anos, temos vivido sob o regime do ódio. O presidente genocida Jair Messias Bolsonaro legitimou o ódio ao próximo como a gramática do seu governo. O desprezo pela vida ficou evidente no modo como Bolsonaro (não) administrou a pandemia: incentivou pessoas a não usarem máscaras, cobrou propina da vacina e ainda debochou das quase 700 mil mortes de brasileiras e brasileiros. A grande hipocrisia do Bolsonaro é que ele faz isso em nome de Jesus. Um homem que defende a tortura e exalta torturadores, faz isso em nome do próprio Cristo que foi um homem torturado pelo Estado”, critica o evangélico, ao fazer ponderações sobre o grupo religioso que, em grande parte, ainda manifesta apoio ao presidente.

28
Mai22

O massacre da Vila Cruzeiro

Talis Andrade

 

A matança sistemática de pobres pretos pelas polícias vai ser parte do debate eleitoral? Quais as propostas para superar esse horror?

 

por Julian Rodrigues /A Terra É Redonda

- - -

Entre 25 a 30 corpos. Nem o número de exato de pobres favelados que foram executados cruel e sumariamente pela polícia do Rio de Janeiro na madrugada do último dia 24 de maio a gente sabe. Há um ano, em maio de 2021, 28 trabalhadores e trabalhadoras foram assassinados no Jacarezinho pela mesma Polícia Militar fluminense sob o comando de Wilson Witzel, ex-juiz que ganhou de presente o governo estadual do Rio ao se associar à Jair Bolsonaro.

A PM (e a civil) do Rio mataram 1814 pessoas em 2019 e 1245 em 2020 – dados oficiais. A violência da polícia do Rio de Janeiro recrudesceu (mesmo considerando que as forças policiais brasileiras são as que mais matam e mais morrem em todo mundo).

O bolsonarista do PSC que virou governador, o tal Wilson Witzel – oportunista ex-juiz que pegou carona na onda neofascista, já tinha anunciado a barbárie em sua campanha eleitoral: “ o correto é matar o bandido (…) a polícia vai fazer o correto: vai mirar na cabecinha e… fogo – para não ter erro”.

cacinho negro witzel.jpg

Necropolítica institucional abertamente transformada em ativo propagandístico. Tipo assim: um aprofundamento da violência de Estado contra jovens, pobres, pretos. Retórica e política reacionárias/hipócritas da tal “guerra às drogas” sempre manuseadas pelas classes dominantes contra o andar de baixo.

 

Lula e uma nova segurança pública

Chegou a hora de enfrentar a hegemonia neofascista e conservadora nesse tema e salvar vidas, uma demanda que exige romper com o senso comum. É necessário questionar de peito aberto com embasamento científico o desenho atual das polícias mais as políticas proibicionistas e de encarceramento em massa. Propor nova abordagem, nova legislação, novas políticas – romper com a inércia.

Em 2023, a PEC 51, proposta pelo ex-senador fluminense do PT, Lindberhg Farias, inspirada nas contribuições de Luiz Eduardo Soares, fará aniversário: 10 aninhos. Essa emenda constitucional abriu o debate sobre a retirada do caráter militar das forças de segurança estaduais e a reorganização da política nacional de segurança pública.

O número de mortes violentas no Brasil é altíssimo – sempre rondando o patamar de 60 mil por ano. Ocorre que justamente quem deveria nos proteger e evitar essas mortes se associa ao genocídio. Em 2021, mais de 6 mil brasileiros e brasileiras foram assassinados por policiais. Ou seja:10% (pelo menos) do morticínio é de responsabilidade das PMs.

Nós – do PT, da esquerda, dos setores progressistas – nunca enfrentamos essa questão de frente. Geralmente ignoramos o elefante na sala, ou pior, repetimos as piores práticas conservadoras – muito além de pactos pragmáticos (os governos estaduais do PT que o digam!).

“O que eu defendo claramente é que sou contra a criminalização da maconha e do usuário. Não tem sentido a polícia pegar um usuário e tratar como se fosse criminoso. No entanto, este é um assunto que tem de ser tratado com muita seriedade”. Lulão mesmo foi quem proferiu essa sábia declaração em 2015, em um debate com jovens no ABC.

Creio que um novo governo Lula tem como um de seus desafios fundamentais cessar o genocídio e o encarceramento em massa de jovens, pobres pretos. Somos milhões de pessoas que votaremos em Lula com a expectativa de que um governo de esquerda possa girar a chave e abrir um novo período na história. Sem medo de ser feliz, sem medo de falar a verdade.

Mimetizar o adversário nunca deu certo. Afasta-nos de nossos objetivos e compromissos históricos. Nos apequena. Pior: indistingue-nos, aos poucos, de nossos inimigos de classe.

Ou seja: fazer cosplay de político evangélico-militar-reacionário que promete porrada, polícia nas ruas, bandido na cadeia e coisas do tipo só fortalece a hegemonia deles e contraria o que nós somos e nossa própria razão de existir como esquerda.

Cessar a matança e o encarceramento da juventude pobre, preta e periférica. Parar com a guerra às drogas. Reconstruir o aparato policial para que deixe de ser dispositivo moedor de carne jovem/preta/pobre.

negro 80 tiros.jpg

um negro 80 tiros.jpg

Assim: é preciso que desde já, a campanha Lula Presidente incorpore de alguma forma esse tema. Sem cair em provocações da extrema direita temos que sinalizar desde já novas perspectivas.

Marqueteiros e senso comum à parte, vamos pensar nas milhares de mães trabalhadoras, pobres, pretas que perdem seu filhos de maneira violenta. Tratar de sinalizar uma nova democracia, na qual o Estado não seja apenas um dispositivo de morte para quem mora nos lugares “errados”.

Lula tem muita sensibilidade e abertura para discutir essa questão. Tem empatia e entende o problema. Temos que pular as barreiras do pragmatismo (sempre de plantão) e convencer o PT e a direção da campanha para a urgência desse tema. Uma questão programática incontornável. Na campanha e no futuro governo (oxalá).

duke justiça negro .jpg

30
Dez21

Alberto Youssef, Álvaro Dias e Sergio Moro, corrupção e Lava-Jato, tudo junto e misturado

Talis Andrade

geuvar nao olha pra cima moro alvaro dias.jpeg

 

A Lava-Jato, a corrupção e a luta de classes

 

Por Jair de Souza /VioMundo

As recentes revelações feitas pelo jornal Folha de S. Paulo sobre a participação do doleiro Alberto Youssef, envolvido em enormes golpes e falcatruas, no financiamento da campanha eleitoral de Álvaro Dias, prócer da Operação Lava-Jato e principal mentor político do ex-juiz suspeito Sérgio Moro, vem apenas confirmar aquilo que já era bem sabido por todos os que se dedicam a estudar nossa história política com certo nível de isenção e seriedade.Jair de Souza: Alberto Youssef, Álvaro Dias e Sergio Moro, corrupção e Lava-Jato, tudo junto e misturado

Ou seja, o papo furado do combate à corrupção foi sempre um pretexto utilizado pelos grandes corruptos para eliminar da cena política a qualquer pessoa ou força política que pudesse pôr em perigo o sacrossanto desejo que as classes dominantes nutrem de usar e abusar das estruturas do Estado em seu único e exclusivo benefício.

Sendo assim, o final desta brincadeira não podia ser diferente. Os fatos trazidos à tona vão deixando muito evidente que a chamada Operação Lava-Jato, desde seus primeiros instantes, estava organizada, composta e orientada por gente que demonstrou ter sempre vivido e crescido em função de benesses extraídas da própria corrupção.

Portanto, ao longo de nossa história, sempre que surgia algum dirigente político com alguma preocupação em redistribuir as riquezas produzidas pelo conjunto da sociedade de uma maneira mais equitativa que viesse a beneficiar um pouco mais às maiorias populares, sua presença e atuação eram vistas e tachadas como inaceitáveis por parte dos encarregados de zelar pelos interesses dos poderosos.

E, a partir daí, a máquina de formação de opinião das classes dominantes entrava em ação.

No entanto, as motivações que levam à tomada de decisões na vida política, muitas vezes, não podem ser expostas como elas são em realidade.

Em consequência disto, a hipocrisia passou a ser um dos instrumentos preferidos daqueles que não podem revelar as razões reais que estão por trás de sua campanha de lutas.

E, como forma de camuflar os verdadeiros motivos que insuflam sua revolta contra a concessão de direitos aos mais pobres, o combate à morte contra a corrupção foi alçado à categoria de argumento principal para garantir uma justificativa moral para aqueles que dele participam.

Também é certo que, para lograr algum êxito significativo em seu empenho, os propulsores da ideia chave desta hipocrisia precisam contar com a predisposição da base de seu público alvo a aceitar sem questionamentos a narrativa que lhe está sendo transmitida.

Ou seja, dá-se, então, aquilo que em linguística costuma-se chamar de “pacto ficcional”, no qual o autor e o receptor da mensagem fazem de conta que a ficção que está sendo transmitida é de fato uma realidade.

Em outras palavras, todos fingem que acreditam nas razões que estão sendo dadas para justificar sua atuação porque todos têm interesse que assim seja.

Desde uma perspectiva popular, é preciso reduzir ao máximo o número daqueles que estejam dispostos a aceitar como verdadeira a hipocrisia da centralidade da corrupção como o fator propulsor da luta encampada pelas classes dominantes contra as maiorias trabalhadoras.

Neste sentido, é muito importante que a corrupção seja vista e tratada como uma questão da luta de classes, e não como um tema de falso moralismo, no qual a honestidade pessoal prevaleceria por sobre todo e qualquer interesse das classes sociais envolvidas na disputa.

Para os trabalhadores, o fim da corrupção é de suma relevância, mas não é a essência do problema que padecem. Para quem vive de seu trabalho, a luta contra a corrupção nunca pode estar dissociada da luta por uma repartição mais justa e mais equitativa das riquezas.

Ou seja, devemos exigir e cobrar que nem um mero centavo dos recursos do Estado seja desviado para fins não previstos legalmente. Mas, tão somente isto não basta!

Nós queremos acabar com a corrupção porque almejamos uma vida mais digna e justa para as maiorias.

Por isso, queremos o fim da corrupção para que nosso povo possa mais facilmente ter acesso à saúde pública ampla e de boa qualidade; para que todas as nossas crianças, jovens e adultos recebam uma educação pública que os qualifique adequadamente para as exigências de nossa vida social; para que ninguém tenha de viver ao leu pelas ruas por falta de moradia; para que tenhamos salários que possibilitem aos trabalhadores adquirir os bens necessários para uma vida digna e confortável.

Portanto, devemos manifestar nossa repulsa a todos aqueles que se imbuíram do espírito do lavajistismo hipócrita; a todos os que pregam a luta contra a corrupção, mas se enriqueceram com a corrupção; aos que expressam seu rancor contra a corrupção apenas quando os acusados não pertencem às classes dominantes. Evidentemente, devemos repudiar com veemência a todos os exploradores dos tipos citados. Porém, não podemos nos limitar a isto.

Nossa luta contra a corrupção precisa sempre incluir nossa determinação de cobrar uma política pública que atenda prioritariamente as necessidades das maiorias populares.

Então, neste momento em que Sérgio Moro, Deltan Dallagnol, Álvaro Dias e os demais expoentes do lavajatismo são desmascarados publicamente, devemos nos empenhar para que as estruturas e os recursos do Estado sejam usados para priorizar a atenção daqueles que vêm sendo brutalmente espoliados ao longo de toda nossa história, em outras palavras, as maiorias trabalhadoras de nossa nação.

Resumindo, a luta contra a corrupção faz parte da luta contra as classes dominantes.

Devemos travá-la sempre tendo em conta que nosso objetivo é fazer com que os recursos produzidos pelo conjunto da sociedade sejam disponibilizados para o atendimento das necessidades de todos.

Não combatemos a corrupção simplesmente por um falso moralismo.

 

01
Dez21

“Olha, parece um escravo!”

Talis Andrade

 

por Fernando Brito

As cenas que mostram um rapaz negro sendo forçado a correr, algemado na moto de um policial militar de São Paulo , desde a noite de ontem se reproduzem nas redes sociais mostram mais que a injustificável violência do agente que pratica este ato de selvageria, mais ainda porque contra alguém algemado e, portanto, incapaz de oferecer reação.

Mostra como somos hipócritas quando a violência de fundo racial acontece aqui, com pessoas pobres que, inocentes ou não, acusa-se de “ladrão” e, a partir daí, deixam de merecer tratamento humano.

George Floyd, o homem estrangulado nos EUA, recordem-se, estava passando – ciente ou não – notas falsas e já tinha sido preso diversas vezes. Nada disso justificou seu estrangulamento sob o joelho de um policial.

Aquele pais gritou e o mundo gritou junto o black lives matter.

O que justificaria, portanto, aquela cena de capitão do mato do século 21 da PM paulista? O cidadão que registra a cena percebe a semelhança: “olha, parece um escravo!”

No entanto, nem as autoridades, nem os grandes jornais de São Paulo manifestam indignação. O assunto não está na capa de suas edições, como também não está na homepage nos portais.

Afinal ele estava roubando, embora ninguém tenha visto isso. Mas há convicção: ele é preto e pobre, tão preto e pobre que nem nome tem.

É ninguém.

Como era mesmo o tema da redação do Enem? Ah, era bonito: “Invisibilidade e registro civil: garantia de acesso à cidadania no Brasil”.

Há outro registro civil por aqui, a cor da pele e o tipo e o estado das roupas. Dependendo destes, ninguém mais vê que é um ser humano e um cidadão.

Que digo, um cidadão? Não, é bandido, você não está vendo o jeitão dele?

Lia De Sousa
Cena de um policial arrastando um rapaz algemado à moto na Av Inácio de Anhaia Mello, no Ipiranga, São Paulo é estarrecedora. 

 

15
Nov21

A suprema hipocrisia de Sérgio Moro 2

Talis Andrade

moro morador nos EEUU .jpeg

 

 

 

 
por Aldo Formazieri
 
(continuaçãoGabou-se de ter sido juiz da Lava Jato. Foi ali que cometeu todo tipo de crimes: aplicou o método nazista da “lei do movimento” não julgando os fatos segundo a lei, mas usando a lei segundo sua conveniência criminosa para distorcer os fatos. Foi o verdadeiro chefe da Lava Jato, erguendo-se como juiz e promotor, algo típico dos regimes totalitários. Promoveu todo tipo de ilegalidades como conduções coercitivas, prisões preventivas ilegais e prolongadas visando obter confissões e delações falsas, principalmente contra Lula. Gravou ilegalmente a presidente Dilma e  condenou Lula sem provas.
 

Gabou-se de ter recuperado R$ 4 bilhões no combate à corrupção. Mas estudos mostram que o impacto negativo da Lava Jato chega a R$ 140 bilhões e provocou o encolhimento do PIB em 2,5%. A Lava Jato quebrou empresas, provocou indenizações bilionárias da Petrobras aos Estados Unidos, e destruiu milhares de empregos. A Petrobras foi saqueada sim, mas pela Lava Jato. O acordo indenizatório que ela fez com o Departamento de Justiça dos EUA foi de quase US$ 3 bilhões ou cerca de R$ 15 bilhões nos valores de hoje. 

Justificou ter ingressado no governo por querer ajudar as pessoas e combater a corrupção e não por ambição. Todos sabem que queria ser indicado para o STF. Moro e todos aqueles que fizeram parte desse governo não podem se dizer enganados por Bolsonaro. Todos sabiam que ele tinha defendido a tortura e torturadores, ditaduras e ditadores, que tinha ligação com policiais milicianos e com rachadinhas. Tinha defendido a morte de índios, o fuzilamento de milhares e de pessoas e de FHC. Moro não tem sequer o direito moral de criticar Bolsonaro, pois foi o patrono de seu governo. 

Ao criticar o momento atual, afirmou que “fica aquela sensação amarga de que não existe lei, de que não existe Justiça”. Mais adiante falou da necessidade de um “governo das leis”. Ora, a primeira condição para que haja lei é que ela seja aplicada sem arbítrio e a condição para que haja Justiça é a de que ela seja justa e imparcial. Moro foi o mais alto violador da lei e da Justiça. Sentou-se na cadeira dos violadores para violar a Constituição. Cuspiu no juramento que fez quando se formou como advogado e pisoteou na lama sobre o Código de Ética da Magistratura.

Arvorou-se em falar de corrupção. Moro não combateu a corrupção. Corrompeu a Justiça, aquilo que deveria ser o mais sagrado no caráter de uma nação por ser a aplicação do que é justo e imparcial, a garantia do igual, a sanção do violento, a expressão dos direitos dos cidadãos.

Moro é um corrupto. A corrupção tem diversas faces. Corromper a Justiça é uma das mais criminosas formas de corrupção. Moro recebeu várias vezes proventos acima do teto constitucional do funcionalismo público. Pode alegar legalidades, mas é uma violenta imoralidade contra um povo sofrido, desempregado, passando fome e sofredor de todo tipo de carências. Falou em cortar os privilégios da classe política, mas como juiz não cortou os seus. 

Moro disse que suas armas são “a verdade, a ciência e a justiça”. Serviu um presidente que se elegeu sobre uma cordilheira de mentiras; serviu um governo que negou e destruiu a ciência semeando a morte e ele próprio foi o maior corruptor da Justiça.

Moro pregou a concórdia, mas foi o principal semeador do ódio que incubou o ódio bolsonarista. Agiu com ódio contra Lula e contra o PT. Trata-se de uma pessoa vingativa, movida a rancor, a ressentimentos e a sentimentos persecutórios. Fala em reconstruir o Brasil. Ou seja, reconstruir os destroços do que ele mesmo destruiu porque sem Moro não teria existido a destruição de Temer e sem Moro não teria existido a devastação de Bolsonaro.  

Moro é um hipócrita. A hipocrisia é um dos maiores males dos seres humanos. O hipócrita está entre os seres mais abjetos dentre os humanos. Sim, porque os hipócritas se camuflam em virtudes que não têm e pregam virtudes para poder alcançar o poder e praticar o mal. 

Bat e Roba

Image

15
Nov21

A suprema hipocrisia de Sérgio Moro

Talis Andrade

lavando moro geuvar.jpeg

 

 

 

por Aldo Fornazieri

- - -

Toda história política, desde a Grécia antiga até nossos dias, mostra que na disputa do poder sempre há quem engana e quem se deixa enganar. A hipocrisia e as fórmulas simplórias de proposições falaciosas (os falsos silogismos) ou o apelo à fé deixaram um rastro de mentiras e um cemitério de pessoas enganadas ao longo dos tempos. 

Um dos principais desafios nas disputas políticas implica em que se tenha capacidade persuasiva. Em eleições é preciso ter astúcia argumentativa para triunfar. Nem sempre aquele que diz a verdade nua e crua triunfa. Não se pode ser bom dentre tantos que são maus, pregava o maior pensador da política de todos os tempos. Os romanos antigos tinham um ditado, credo quia absurdum (creio porque é absurdo), equivocadamente atribuído a Tertuliano, que indica bem a propensão de muitas pessoas não se deixarem convencer pelo argumento racional ou pela ciência, como ocorre em nosso tempo.

O próprio Maquiavel chamou a atenção para este fenômeno: disse que muitas pessoas são tão pouco argutas, de tal modo que se rendem às evidências ou necessidades imediatas, que quem quiser enganá-las encontrará sempre quem se deixe enganar. Este dado de realidade precisa ser assumido como um pressuposto em eleições, muitas vezes negligenciado por democratas e pelas esquerdas. Bolsonaro triunfou em 2018 pregando o absurdo, porquanto mentiroso e falacioso.

Agora o Brasil está diante do risco de um engano ainda maior: Sérgio Moro. Em grande medida, o absurdo de Bolsonaro já foi desmistificado. Além disso, Bolsonaro é dotado de uma mentalidade fascista caótica, tosca, dominada pelo espírito familiar, quando muito de horda. O fascismo de Moro é calculista, frio, persecutório. Por conta das teias familiares, Bolsonaro é incapaz de organizar um movimento operacional em torno de si. No máximo, recruta apaniguados e oportunistas. Sobrepõe os interesses dos filhos e da família aos interesses do movimento ou do grupo. Moro, como mostrou na Lava Jato, tem essa capacidade de montar e coordenar uma equipe operacional, tem capacidade de instrumentalizar o Estado para alcançar seus objetivos persecutórios.

No discurso de filiação ao Podemos, Moro proferiu uma quantidade de sentenças hipócritas difícil de encontrar em outros discursos recentes. Começou dizendo-se alguém “em quem vocês podem confiar”. Mas como confiar num ex-juiz que foi declarado parcial pela Suprema Corte do país? Disse que foi testado na vida pública. Mas como juiz, cometeu uma série de crimes contra o sistema legal do país e como ministro da Justiça serviu um presidente fascista e antidemocrático. 

Logo em seguida cometeu um pecado mortal. Teve desfaçatez de dizer que nunca repudiou seus princípios “para alimentar suas ambições pessoais”. Quer dizer: tirou Lula da disputa de 2018 pela ambição de servir o governo Bolsonaro como ministro e ambicionando uma vaga no STF. Agora ingressa na política com a ambição de ser candidato. 

Em seguida introduziu a cantilena canalha do “não ser político”, acrescentado ter o propósito “de ser justo com todos”. Como pode mentir com tanta desfaçatez? Foi injusto com o Brasil, com o povo e com Lula e patrocinou a eleição de Bolsonaro. Além de parcial, avocou para si o direito de julgar Lula sem ser o juiz natural o que constitui mais uma prova de que queria perseguir o ex-presidente. (Continua

promessa de moro geuvar.jpeg

 

 

Mais sobre mim

foto do autor

Subscrever por e-mail

A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.

Arquivo

  1. 2024
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  14. 2023
  15. J
  16. F
  17. M
  18. A
  19. M
  20. J
  21. J
  22. A
  23. S
  24. O
  25. N
  26. D
  27. 2022
  28. J
  29. F
  30. M
  31. A
  32. M
  33. J
  34. J
  35. A
  36. S
  37. O
  38. N
  39. D
  40. 2021
  41. J
  42. F
  43. M
  44. A
  45. M
  46. J
  47. J
  48. A
  49. S
  50. O
  51. N
  52. D
  53. 2020
  54. J
  55. F
  56. M
  57. A
  58. M
  59. J
  60. J
  61. A
  62. S
  63. O
  64. N
  65. D
  66. 2019
  67. J
  68. F
  69. M
  70. A
  71. M
  72. J
  73. J
  74. A
  75. S
  76. O
  77. N
  78. D
  79. 2018
  80. J
  81. F
  82. M
  83. A
  84. M
  85. J
  86. J
  87. A
  88. S
  89. O
  90. N
  91. D
  92. 2017
  93. J
  94. F
  95. M
  96. A
  97. M
  98. J
  99. J
  100. A
  101. S
  102. O
  103. N
  104. D
Em destaque no SAPO Blogs
pub