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O CORRESPONDENTE

Os melhores textos dos jornalistas livres do Brasil. As melhores charges. Compartilhe

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O CORRESPONDENTE

07
Mai23

Sem citar nomes, Lula sobe o tom contra Campos Neto: "Não é intocável"

Talis Andrade
 

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Para Lula, a atuação do BC está diretamente relacionada ao crescimento econômico e à geração de empregos -  (crédito: Fotos Ricardo Stuckert/PR)
Para Lula, a atuação do BC está diretamente relacionada ao crescimento econômico e à geração de empregos - (crédito: Fotos Ricardo Stuckert/PR)
 

Para o presidente, Campos Neto trabalha contra o país e tem dois compromissos: com Bolsonaro e com quem quer a Selic alta

 

Londres — Numa das investidas mais pesadas contra o presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, Luiz Inácio Lula da Silva disse, ontem, sem citar o nome do desafeto, "que aquele cidadão não tem compromisso com o país, tem compromisso com o outro governo (de Jair Bolsonaro)" e que a autoridade monetária tem autonomia, mas "não é intocável". Para o presidente da República, que veio a Londres para a coroação do rei Charles III, a questão não é a autonomia, mas o compromisso que a diretoria da instituição tem com a economia do país.

 

 

"Indiquei (Henrique) Meirelles para o Banco Central. Ele era do PSDB. Eu nem o conhecia. Duvido que aquele cidadão (Campos Neto) tenha mais autonomia que o Meirelles, que tinha a responsabilidade de ter um governo discutindo com ele. Esse cidadão (Campos Neto) não tem. Não tem nenhum compromisso comigo. Tem compromisso com o Brasil? Não tem. Tem compromisso com o outro governo que o indicou. Isso é importante ficar claro. E tem compromisso com aqueles que gostam de taxa de juros alta. Porque não há outra explicação", afirmou.

Na quarta-feira, o Comitê de Política Monetária (Copom) manteve a taxa básica em 13,75% ao ano, dando sinais de que não mexerá na Selic tão cedo. O presidente lembrou que Campos Neto disse, recentemente, que para o Brasil atingir a meta de inflação de aproximadamente 3%, seria preciso que os juros para perto de 20%.

"Está louco? Esse cidadão não pode estar falando a verdade. Se eu, como presidente, não puder reclamar dos equívocos do presidente do BC, quem vai reclamar? O presidente americano? Me desculpem, o BC tem autonomia, mas não é intocável", apontou.

Para Lula, a atuação do BC está diretamente relacionada ao crescimento econômico e à geração de empregos. "Com juros de 13,75% ao ano, não se resolve esses dois casos", assinalou. O presidente garantiu que a economia vai crescer neste ano porque o governo "está injetando dinheiro na veia". "Temos de criar empregos, dar dignidade aos trabalhadores", complementou.

Nova meta

 

Apesar das duras críticas ao BC, Lula afirmou que não bate na instituição "porque o BC não é gente". "Só não concordo com a atual política de juros. Sei que tem a meta de inflação, definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), mas que, então, se mude a meta. Pode mudar a hora que quiser", ressaltou. Segundo ele, empresários do varejo e da indústria e trabalhadores não suportam mais as altas taxas de juros. "Não tem crédito. Sem crédito, fica difícil a economia crescer", acrescentou.

O presidente lembrou que, nos dois primeiros mandatos, quando o BC de Meirelles aumentava a taxa básica de juros (Selic), o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico Social (BNDES) reduzia a TJLP, "que não existe mais, acabou". Lula disse, ainda, que o governo tem o Banco do Brasil, a Caixa, o BNDES e o Banco do Nordeste com capacidade de emprestar, mas o BC dificulta. Destacou, ainda, que, se precisar, fará um acordo com empresários para reduzir preços e, assim, derrubar a inflação.

Lula também não economizou nas críticas à privatização da Eletrobras. "O governo tem 43% das ações da empresa, mas apenas 8% dos votos. Isso não é possível. Se o governo quiser comprar a Eletrobras de volta, terá de pagar três vezes o valor oferecido por outro comprador. Além disso, depois que a empresa foi privatizada, os salários dos diretores passaram de R$ 60 mil para R$ 300 mil, e os conselheiros recebem R$ 200 mil por uma reunião por mês", frisou.

28
Set22

Grupo de economistas divulga carta de apoio a Lula no primeiro turno

Talis Andrade

www.brasil247.com -

 

"As ações e a inépcia do atual governo causaram um desastre no processo de desenvolvimento institucional e socioeconômico do país, afetando dramaticamente o bem-estar da população brasileira", diz documento

 
por Victor Correia /Correio Braziliense
 
Um grupo de 38 economistas divulgou nesta terça-feira (27/9) uma carta de apoio ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), assinada por acadêmicos de universidades nacionais e internacionais. O documento fez críticas contundentes à gestão de Jair Bolsonaro (PL), nas áreas de economia, saúde e segurança pública, e aos ataques a instituições democráticas promovidos pelo chefe do Executivo. De maioria com viés liberal, os economistas não deixaram de apontar, contudo, divergências com as políticas promovidas pelos governos petistas passados.
 

Entre os signatários estão o ex-diretor-executivo do Fundo Monetário Internacional (FMI) Otaviano Canuto e a ex-diretora-presidente do Instituto de Segurança Pública do Rio de Janeiro (ISP) Joana Monteiro. Na lista estão ainda professores e pesquisadores de institutos como Fundação Getulio Vargas (FGV), Universidade de São Paulo (USP), Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio), Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), além de instituições estrangeiras como University of Cambridge, Yale e London School of Economics.

“Neste momento crítico da história brasileira, nós [...], economistas, que sempre nos posicionamos em favor da estabilidade econômica, do fortalecimento das instituições e da justiça social, nos manifestamos em apoio à candidatura do ex-presidente Lula, já no primeiro turno”, afirmou o manifesto. “As ações e a inépcia do atual governo causaram um desastre no processo de desenvolvimento institucional e socioeconômico do país, afetando dramaticamente o bem-estar da população brasileira”, continuou a carta.

 

Retrocessos no meio ambiente, saúde, economia e saúde pública

 

Os economistas citaram retrocessos protagonizados no governo Bolsonaro em áreas estratégicas, como o desmonte da fiscalização de crimes ambientais e consequente deterioração do meio ambiente. Sob a atual gestão, a Amazônia atingiu níveis recordes de desmatamento, de acordo com dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).

O documento também classificou como “calamitosa” a política de saúde e afirmou que “a gestão da pandemia contribuiu para dezenas de milhares de mortes que poderiam ter sido evitadas”, além de denunciar “total falta de empatia” do atual presidente com as famílias dos mortos.

A educação e a segurança pública também foram alvo de críticas dos acadêmicos, especialmente a política de facilitar o acesso às armas de fogo e munições. “Buscou-se estabelecer uma salvaguarda para os policiais matarem, com a tentativa de aprovação da excludente de ilicitude”, citando uma das promessas de Bolsonaro em 2018, que ainda é defendida pelo candidato à reeleição.

Na área econômica, a carta citou um desmonte do orçamento federal e criticou as medidas eleitoreiras de Bolsonaro para tentar diminuir a distância de Lula, como o aumento do Auxílio Brasil para R$ 600 e a criação de benefícios para taxistas e caminhoneiros. E destacou que, “apesar da retórica, houve um desmonte da capacidade institucional de combate à corrupção”, e que há diversas denúncias contra o atual governo, incluindo contra o presidente e seus familiares, que ainda não foram esclarecidas.

“Por fim, e ainda mais importante, o atual presidente fez e continua a fazer reiteradas ameaças à democracia, agredindo o Judiciário, afirmando que não respeitará os resultados da eleição e fomentando um clima de profunda instabilidade e o risco real de ruptura institucional”, disse o grupo.

O apoio a Lula, porém, é crítico. Os economistas deixaram claro que têm “sérias discordâncias” sobre políticas passadas dos governos do PT, e que a vitória do ex-presidente no primeiro turno é a melhor forma para proteger a democracia brasileira.

Nos últimos dias, Lula conseguiu angariar apoio de importantes economistas à candidatura, como a do ex-presidente do Banco Central Henrique Meirelles (União) e de André Lara Resende, que integrou a equipe de criação do Plano Real.

26
Out21

Banqueiro do BTG mostra Brasil capturado pelo rentismo

Talis Andrade

indignados rico banqueiro corrupto.jpg

 

por Jeferson Miola

A palestra do banqueiro André Esteves a clientes especiais do BTG Pactual é uma peça de valor etnográfico. Revela traços constitutivos das oligarquias dominantes.

Esteves revela muito sobre a perspectiva desta classe esbulhadora que, embora represente menos de 3% da população brasileira, é quem exerce, de fato, o poder político real e quem define o prazo de validade de governos. Atuou na destituição golpista da presidente Dilma e hoje livra Bolsonaro do impeachment.

Com seu dinheiro, garante hegemonia nas instituições e nos poderes da República – além, claro, de controlar editorialmente a mídia hegemônica. Não por acaso, elogia o chamado “centrão” que, “apesar do caráter fisiológico, nos mantém republicanos” [sic].

Esteves retrata o presidente da Câmara dos Deputados como um vassalo a seu dispor. Lira – ou simplesmente “Arthur”, como Esteves prefere – é retratado como o serviçal que, nas crises, se socorre da orientação do rentismo para definir a posição do Legislativo.

Esteves trata o ministro offshore – que é um dos fundadores do BTG Pactual – por “Paulo”, e comenta como absolutamente natural que Roberto Campos Neto, o presidente do Banco Central do Brasil, se aconselhe com ele sobre a taxa de juros que o BC deve adotar!

Isso é tão extravagante como um juiz de futebol combinar previamente com o presidente de um time sobre o resultado do jogo que vai arbitrar. Aliás, Esteves avisou sua plateia que haverá aumento dos juros na próxima reunião do COPOM.

A mais alta Corte judicial do país também não é imune aos tentáculos e à influência do banqueiro. Esteves disse que “foi importantíssimo conversar com ministro do STF e explicar” a independência do BC.

Pô, ministro do STF não nasce sabendo”, disse ele, para em seguida esclarecer que ensinou a integrantes da Suprema Corte que “Banco Central independente tem nos EUA, Japão e Inglaterra, mas não tem na Venezuela e na Argentina. Em qual grupo a gente precisa estar?”. E então a seleta plateia, feito hiena, caiu na gargalhada com o humor irônico.

Esteves explica o valor estratégico da “independência do BC” para o rentismo. Com “Lula eleito, vamos ter dois anos de Roberto Campos no Banco Central, o que é muito bom pro Brasil”, diz ele, certificando a natureza des-democratizadora do neoliberalismo, que transforma eleição em mero adereço de democracias formais, de fachada.

Além de admitir que “a previdência foi uma conquista nossa, da sociedade” [sic], o dono do BTG também assumiu a paternidade da Emenda Constitucional [EC] do teto dos gastos.

Como se sabe, esta EC representou o pacto das oligarquias para oportunizar o aumento da apropriação dos fundos públicos pelo rentismo em prejuízo da maioria da população, sacrificada com cortes em áreas essenciais como SUS, educação e políticas sociais.

Para a animada plateia, Esteves disse que “o teto de gastos é uma tentativa muito criativa do Henrique Meirelles e do nosso sócio Eduardo Guardia e do próprio Mansueto para dar uma âncora fiscal para o brasil”.

A partir do golpe de 2016, estes personagens citados atuaram como “cavalos de Tróia” do capital financeiro dentro do governo federal, onde promoveram ajustes para aperfeiçoar o arcabouço institucional benéfico à rapinagem. Depois de completado o serviço, retornaram à orgia financeira no BTG Pactual, então como sócios do próprio André Esteves.

A palestra do Esteves é uma aula prática sobre a dominação capitalista; evidencia o processo de captura do Estado pelas facções hegemônicas do capital.

Em pouco mais de uma hora, Esteves não demonstra absolutamente nenhuma comoção com o morticínio – evitável – equivalente a perdas humanas de mais de 10 guerras do Paraguai, que durou 6 anos.

Ele também não esboça nenhum incômodo com o entreguismo, com a perda de soberania nacional e tampouco se preocupa com o papel central e dirigente do “partido dos generais”.

Na visão dele, que abusou do uso de expressões da língua inglesa, o Brasil é a sociedade mais parecida com os EUA, porque “feita de imigrantes”: “Somos muito mais americanos que latino-americanos”, arrematou ele, reproduzindo o apagamento histórico dos pilares da construção da identidade do Brasil: os povos originários e os povos negros traficados e escravizados.

A catástrofe humanitária, a corrupção generalizada, o desemprego, a fome, a ameaça autoritária e de escalada fascista-militar não têm lugar no vocabulário do banqueiro. Afinal, “o Brasil tem um dos mercados de capitais mais vibrantes do mundo”.

Como a saúde do mercado é um valor em si e para si e “o povo que se exploda”, Bolsonaro é digerido como uma espécie de “incômodo necessário”.

Apesar de entender que “Eduardo Leite é um produto eleitoral com maiores novidades”, Esteves aposta que “se Bolsonaro ficar calado, consegue trazer novamente tranquilidade institucional pro establishment empresarial, financeiro, da classe média urbana, formadores de opinião, e ele ganha”.

Se em relação a Bolsonaro o banqueiro não apresenta maiores objeções, ele é expansivo nos preconceitos em relação a Lula e, principalmente, ao PT, vocalizando um entendimento que funciona como uma espécie de ordem unida das oligarquias que não têm um projeto a favor do Brasil, só um plano anti-Lula.

O banqueiro do BTG Pactual mostra a realidade de um país capturado pelo rentismo e cujas Forças Armadas atuam como guarda pretoriana dos promotores do mais ambicioso processo de pilhagem jamais visto desde a invasão do território brasileiro pelos invasores europeus.

 

 
 

 

 

 

22
Jun19

A procuradora do conselho de Moro: muda na sexta, banida na segunda

Talis Andrade

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por Fernando Brito

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Reportagem de Leonardo Lellis, na Veja, dá importantes pistas sobre as causas e as consequências da queixa feita por Sérgio Moro a Deltan Dallagnol sobre o comportamento da procuradora Laura Tessler, a qual, como revelado ontem, foi repassada pelo procurador ao colega Carlos Fernando dos Santos Lima.

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E uma simples consulta ao calendário esclarece ainda mais o assunto.

Três dias antes da mensagem enviada por Moro, no dia 13 de março de 2017 (uma segunda-feira), Tessler participou dos depoimentos de Henrique Meirelles e de Luiz Fernando Furlan, ex-ministros de Lula, no qual os dois declararam jamais ter visto Lula praticar ou incentivar qualquer irregularidade no governo. A procuradora nao fez perguntas e limitou-se a dizer que não as tinha, ao final da audiência de ambos. Era o dia 10 de março, uma sexta-feira.

Portanto, no primeiro dia útil após o fato, Moro preocupou-se em desabonar o desempenho da representante do Ministério Público, da qual disse não sair-se bem em audiências e a quem recomendou que fosse submetida “a treinamento”.

No dia 15 de março, quarta-feira, segundo a revista, os procuradores Júlio Noronha e Roberson Pozzobon já representavam o MPF em audiências da ação do tríplex do Guarujá.

Laura Tessler “não participou de mais nenhum depoimento no processo que culminou na condenação de Lula na Lava Jato”.

A nota da Procuradoria, dizendo que Laura “participou normalmente” das audiências do caso, portanto, não se sustentam diante do cotejo das datas da reclamatória de Moro.  Laura foi banida das inquirições sobre o caso, que terminaria com a condenação de Lula.

 

27
Mai18

Forças golpistas de ocupação governam o Brasil como se fosse um país inimigo

Talis Andrade

Henrique Meirelles “representa os interesses do mercado internacional”

“Representante dos interesses dos Estados Unidos é Pedro Parente”

 

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Samuel Pinheiro 

 

De Eleonora de Lucena e Rodolfo Lucena

 

RBA - O Brasil é um país ocupado, cujo governo faz tudo que o estrangeiro quer. É um governo estrangeiro no Brasil. O capital externo está forte em todos os setores, exceto no dos bancos. Agora, o último ataque –que já está em curso– é contra os bancos, que são, na maioria, brasileiros. A análise é do embaixador Samuel Pinheiro Guimarães Neto.

 

Na visão dele, Henrique Meirelles é o candidato de Wall Street nas eleições. Já Pedro Parente, presidente da Petrobras, é o representante dos interesses do Estado norte-americano no Brasil – daí seu empenho em destruir a Petrobras.

 

Ministro-chefe da Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República no governo Lula e Alto-Representante Geral do Mercosul (2011-2012), Pinheiro Guimarães é autor de livros essenciais para a compreensão do Brasil no contexto mundial, como Quinhentos Anos de Periferia (UFRGS/Contraponto, 1999) e Desafios Brasileiros na Era dos Gigantes (Contraponto, 2006) – com este último, ganhou o Troféu Juca Pato da União Brasileira de Escritores

 

Espionagem e destruição de concorrente

 

Para o embaixador, o golpe em curso no Brasil efetuou um “ataque às grandes empresas brasileiras e nenhum ataque a empresa estrangeira. Pegaram as grandes construtoras, porque na área industrial é tudo estrangeiro” –com exceção de empresas menores nos setores têxtil, de calçados. Diz Pinheiro Guimarães:

 

 

“Pegaram alguns setores que tinham uma certa prevalência de capital nacional, que eram empresas de engenharia. Foram em cima delas. Os processos contra as empresas são todos irregulares, as delações, advogados [de defesa] que não têm acesso, juiz que divulga seletivamente. A delação premiada é uma forma de tortura. Instrumentado de fora, o “lawfare”. Montaram [esse roteiro] não só contra o Brasil. Prenderam o presidente da Samsung na Coreia, na França”.

 

De acordo com o embaixador, “é uma estratégia americana de luta contra a corrupção dos outros, não a deles” que visa “destruir os concorrentes usando esses acordos de cooperação judiciária”. Assim usam todo o sistema de espionagem. “Espionaram a Petrobras, espionam tudo, inclusive essa gravação agora”. O objetivo é “ a destruição das empresas, dos instrumentos de capitalismo nacional”.

 

Ele afirma que esse processo de “destruição do que sobrou do capital nacional” atingiu não só as empreiteiras –que estão prejudicadas em uma futura reforma da infraestrutura brasileira, abrindo espaço para as estrangeiras–, mas outros setores. “Esse negócio da JBS é uma parte também disso, destruir a JBS que concorre no mundo”.

 

O golpe visa destruir tudo que for brasileiro

 

As mudanças vão sendo feitas com o discurso de que a empresa privada é capaz de resolver todos os problemas da sociedade e o que atrapalha é o Estado, aponta o embaixador. Por isso, a alardeada necessidade de privatização. Mais do que isso, os defensores dessas ideias acham que “a empresa privada estrangeira é melhor do que a brasileira”.

 

“Daí a ideia de que se pode permitir o capital estrangeiro na educação, na saúde. Vai entrar no setor de advocacia, onde já entrou disfarçadamente. Entrou em tudo, exceto os bancos. O último ataque é contra os bancos, que são na maioria brasileiros. O ataque já está em curso. Estão dizendo que o problema da economia brasileira são os juros altos. Por quê? Porque não há competição. Como aumenta a competição? Com os bancos estrangeiros, não vai ser com banco brasileiro. Não tem nenhum grupo capaz de criar um banco brasileiro”.

 

Para o embaixador, “os bancos já perceberam isso. A Febraban já deve ter percebido que agora é com eles. Tem havido artigos frequentes contra os bancos, juros altos, spreads altos. (Dizem): o BC reduz os juros mas os juros não caem para o consumidor porque falta competição. E a competição vai vir de fora, só pode ser. Mas aí terão embate muito difícil. Ali não é a Fiesp; é a Febraban. É o último grande setor que não está (predominantemente em mãos estrangeiras)”.

 

Forças de ocupação. Destruição promovida pelo golpe

 

Pinheiro Guimarães trata do contexto da política mundial que explica o golpe no Brasil. E discorre sobre a destruição promovida pelo governo golpista em vários aspectos –na desorganização no mercado de trabalho, na privatização desenfreada, na redução dos bancos públicos, no enxugamento do Estado. E resume:

“Vamos supor que o Brasil tivesse sido invadido por uma potência estrangeira. O que as forças de ocupação fariam? Iriam reduzir o Estado, destruir as empresas daquele país que está ocupado. Com fizeram na Alemanha, no Japão. Iriam dar todo o favorecimento aos vencedores. É o caso que estamos vivendo. Estamos vivendo um governo estrangeiro no Brasil. O que é um governo estrangeiro no Brasil? É o que favorece o estrangeiro”.

 

 

Candidato de Wall Street e representante dos EUA

 

Pinheiro Guimarães afirma que o governo Temer “é um fracasso extraordinário” e comenta os cenários para a eleição. Defende a candidatura Lula e avalia alguns dos candidatos. Para ele, Wall Street tem candidato: “Chega de intermediários, Meirelles para presidente”. Segundo ele, Henrique Meirelles “representa os interesses do mercado internacional”.

 

Já o “representante dos interesses do Estado norte-americano é (Pedro) Parente”. E declara; “No Brasil, o que interessa muito aos EUA é destruir a Petrobras. Vai vendendo, parcelando. Para os EUA, é essencial o abastecimento de energia”. Ele lembra que os Estados Unidos se abastecem um pouco na Venezuela e no Oriente Médio, que é uma zona de conflito. Daí a vantagem de se Brasil, que está próximo, não está numa zona de conflito e que está dando todo acesso às companhias estrangeiras”.

 

Na análise do embaixador, “o que os EUA querem é que o Brasil fique na sua posição de país subdesenvolvido, exportador de produto primário, soja, minérios, nióbio, algum processamento, como suínos e frangos, mas não produto manufaturado”.

 

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