Peça 2 – a proa da lanterna, a pior geração liberal
Xadrez sobre Bolsonaro, eleições e crime
Esse jogo de hegemonia está permanentemente sujeito aos movimentos de opinião pública, na capacidade de cada ator convencer a opinião pública com suas bandeiras. E aí os grupos de mídia exercem um papel central. Cabe à mídia convencer o empresário não financeiro que pagar mais caro por financiamentos, com a redução do BNDES, é bom para ele; convencer o trabalhador comum de que a redução da Previdência ou dos direitos trabalhistas beneficiará a ele.
Mas são engodos de curta duração, já que o foco de toda política são os negócios.
A principal arma levantada pela banda internacionalista, em toda a história da República, é o tema da corrupção. Foi assim no suicidio de Getúlio Vargas, com o tal “mar de lamas “, que nunca se confirmou. Com o suicídio houve uma mudança radical na opinião pública, garantindo a eleição e a posse de JK – que passou todo seu governo fustigado por denúncias de corrupção. No curto interregno antes da eleição de JK, houve a tentativa de mudança radical na política econômica pelos gabinetes de Café Filho e Carlos Luz.
Depois, em 1964, volta a bandeira da corrupção. E a mesma bandeira é levantada, inicialmente pelo “mensalão” e, depois, pela Lava Jato de 2014. Vem o impeachment e, na sequência, um desmonte total do Estado, iniciado por Michel Temer e completado por Jair Bolsonaro.
A diferença de outros momentos é que em 1964 havia um projeto de país na cabeça dos liberais – conduzidos por Octávio Gouvêa de Bulhões e Roberto Campos. E havia uma preocupação com o interesse nacional por parte da cúpula militar.
Com o impeachment e o advento da era Temer-Bolsonaro, viu-se toda a riqueza do pensamento liberal reduzido à tal Ponte Para O Futuro – e o discurso liberal defendido por um grupo de intelectuais de pensamento raso, mas tão raso que a única bandeira que lhes restou é uma defesa ridícula da Lei do Teto. Ou seja, capturaram o barco da democracia, como os velhos piratas do Caribe, e descobriram que não sabiam nem como nem para onde conduzir a nau.
A consequência trágica foi jogar os destinos do país nas mãos de uma autêntica organização criminosa, com relação direta com os porões das Forças Armadas e as milícias do Rio de Janeiro, e ligações explícitas com o crime internacional. (continua)