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O CORRESPONDENTE

Os melhores textos dos jornalistas livres do Brasil

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O CORRESPONDENTE

28
Out21

O golpe de Bolsonaro que rendeu um banquete de bilionários terminou num barraco

Talis Andrade

 

Durante entrevista à Jovem Pan, Jair Bolsonaro demonstrou irritação com as perguntas feitas pelo humorista André Marinho, filho do empresário Paulo Marinho, que foi coordenador da campanha de Jair Bolsonaro a presidente, que também transmitia a entrevista em suas redes sociais, se incomodou com a pergunta sobre a prática da "rachadinha" no Rio de Janeiro e disse que não responderia a provocações.

O empresário Paulo Marinho, que é suplente do senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ), mandou um recado ameaçador ao presidente nesta tarde, depois da confusão ocorrida na Jovem Pan entre o presidente e seu filho André Marinho. "Quando você estiver chorando no banheiro, lembre-se de Gustavo Bebianno, capitão", disse Paulo Marinho. "Ele não lhe esqueceu".

Bebianno foi também um dos coordenadores da campanha de Bolsonaro e morreu de forma misteriosa em março de 2020, depois de mandar vários recados à família Bolsonaro, a respeito de uma "Abin paralela" que estaria sendo montada pelo vereador Carlos Bolsonaro. Bebianno foi também peça central na trama de Juiz de Fora (MG), sobre a suposta facada de Adélio Bispo em Jair Bolsonaro. Bebianno disse reiteradas vezes que, curiosamente, Carlos Bolsonaro participou apenas de um ato de campanha: o de Juiz de Fora. Confira a ameaça feita por Paulo Marinho a Jair Bolsonaro:

André Marinho participou do escandaloso "banquete de Temer" depois do ato golpista de  7 de setembro passado em Brasília e São Paulo. O regabofe foi descrito por João Filho. Que teve a seguinte narrativa de Malu Fontes:

O eleitorado que foi às ruas no sete de setembro pedir fechamento do Supremo não para de experimentar tonturas com a mudança de rota em Brasília. Foram dormir pedindo a cabeça careca de Moraes e acordaram com a notícia de um pedido de desculpas turvo, mas assinado pelo PR, como Bolsonaro é chamado por seus apoiadores

As cenas dos salões paulistanos onde os poderes político e econômico se reuniram, em torno do ex-presidente Michel Temer, para compartilhar iguarias, vinhos, charutos e gargalhadas disparadas contra Jair Bolsonaro, todo mundo viu. O que ainda não veio à tona, o que talvez nunca virá, foi a reação da família Bolsonaro às cenas da risadaria dos convidados do especulador financeiro Naji Nahas para homenagear o pai de Michelzinho.

O presidente Bolsonaro viu a onda do tsunami sobre ele crescer e se aproximar tanto, de si e de sua prole, imediatamente após a ameaça atabalhoada de um golpe institucional, feita na carroceria de um carro de som e para um público estranhamente disposto a chutar a cabeça de ministros do Supremo Tribunal Federal, que não viu outra solução para apagar as labaredas: deu meia volta e correu para pedir socorro a Michel Temer. Não foi pouca coisa o que aconteceu entre as cenas do presidente, atrepado num caminhão de som ameaçando Alexandre de Moraes, e as cenas do convescote dos paulistas ricos, ao redor de boa mesa e bons vinhos, para rir da imitação humorística de Bolsonaro feita por André Marinho.ImageImage

O conteúdo da imitação era uma hipotética conversa entre Bolsonaro e Temer, em que o presidente fazia considerações sobre a carta escrita pelo ex-presidente e assinada pelo atual botando panos quentes nos arroubos de autoritarismo contra o STF. Muito ainda será escrito e discutido sobre o intervalo entre o discurso do presidente, em São Paulo, no feriado de terça-feira, e a decisão de mandar um avião da FAB, a pedido da Presidência da República, para buscar na quinta-feira, em São Paulo, Temer e seu marqueteiro. 

Depois de uma reunião com pouquíssimos presentes, acompanhada em parte por um Carlos Bolsonaro em silêncio, Temer intermediou um telefonema de 15 minutos de Bolsonaro para o ministro Alexandre de Moraes e, logo após, convenceu o presidente a assinar uma carta já levada pronta, para “pacificar” as coisas entre Executivo, Legislativo e Judiciário. A crônica política garante que deu bastante trabalho convencer o ministro a atender Bolsonaro e conversar, mas Temer tem crédito. Foi ele quem indicou, quando presidente, Moraes para o Supremo.Image

CLICHÊ E CARLUXO - Embora Temer já tenha telefonado para Bolsonaro na última terça para explicar o contexto da risadaria no jantar dos ricos paulistanos e garanta que o presidente entendeu tudo, do lado dos apoiadores que ainda não desembarcaram do bolsonarismo as coisas não têm sido bem recebidas. O eleitorado que foi às ruas no sete de setembro pedir fechamento do Supremo não para de experimentar tonturas com a mudança de rota em Brasília. Foram dormir pedindo a cabeça careca de Moraes e acordaram com a notícia de um pedido de desculpas turvo, mas assinado pelo PR, como Bolsonaro é chamado por seus apoiadores.  

Se a chamada e chegada de Temer ao Planalto em avião militar e sua elevação à condição de bombeiro da República já havia chocado os bolsonaristas, a revolta ganhou corpo com o vídeo das gargalhadas no jantar. Aliás, esquerda e direita manifestaram furor com as imagens da mesa de Nahas. Para a esquerda, estavam rindo da cara dos brasileiros. Para os apoiadores do presidente, o objeto de escárnio era o próprio. Para Temer, que jura ter convencido Bolsonaro disso, era apenas um jantar de amigos em que um humorista, filho de um deles, o empresário Paulo Marinho, um dos responsáveis pela eleição do capitão em 2018 e hoje inimigo ferrenho, fez o que faz na vida: humor. E o clichê de sempre. O vídeo da imitação do presidente foi tirado de contexto. Esperemos a próxima treta. E antes, o vazamento da reação de Carluxo a isso tudo. 

 

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23
Out21

Como o enrolado parceiro comercial do filho de Bolsonaro tentou me silenciar com ameaça à minha família

Talis Andrade

Jair Renan Bolsonaro e o parceiro comercial Allan Lucena, suspeitos de Lobby, o BO e o print da conversa ameaçadoraJair Renan Bolsonaro e o parceiro comercial Allan Lucena, suspeitos de lobby, o BO e o print da conversa ameaçadora

 

por Joaquim de Carvalho

Eu fui até a casa do personal trainer Allan Lucena, parceiro comercial de Jair Renan, depois que tomei conhecimento de uma estranha denúncia que ele fez, em registro de BO em 16 de março deste ano na Polícia Civil de Brasília. Ele  relatou que estava sendo seguido. 

Um dia antes do registro do BO,  a imprensa tinha noticiado que a PF investigaria a suposta ação de lobby praticada por ele e Jair Renan junto ao governo federal, para beneficiar a Gramazini Granitos e Mármores Thomazini

A notícia dava conta de que Jair Renan Bolsonaro teria recebido um carro elétrico de presente do grupo empresarial.

Segundo o BO, no dia 16 de março, Allan viu na garagem do prédio onde mora um carro preto com uma pessoa gravando imagens dele com celular. Era o mesmo carro que tinha visto segui-lo nos dias anteriores.

Allan mandou o porteiro fechar o portão da garagem e chamou a PM. Os policiais descobriram então que quem estava no carro e gravava as imagens era o policial federal Luís Felipe Barros Félix. Ele foi qualificado e disse que estava lá para encontrar uma garota de programa. Allan foi à delegacia para registrar a queixa , mas o agente da PF não compareceu.

A Polícia apurou, então, que Barros Félix estava lotado na Presidência da República — trabalharia para a Abin.Jair Bolsonaro-Luís Felipe Barros Félix-Polícia Federal-AdélioBolsonaro segura no ombro do agente da PF Luíz Felipe Barros Félix, no dia da fakeada em Juiz de Fora. Foto Leonardo Costa

 

Como faço documentário sobre o caso da facada ou suposta facada em Jair Bolsonaro em Juiz de Fora, sabia que esse Barros Félix era um dos principais segurança de Bolsonaro naquele dia do suposto atentado na cidade mineira.

Procurei Allan Lucena na quinta-feira desta semana (21/10) porque queria detalhes sobre o monitoramento de que tinha sido alvo. 

Na portaria, o funcionário, depois de interfonar, disse que Allan não estava, mas o havia autorizado a passar o número do celular dele. 

Eu então, ali mesmo, na calçada do prédio, liguei para Allan e fiz a entrevista, gravada em vídeo.

Allan não deu a razão pela qual, uma semana depois de registrar o BO, renunciou ao direito de representar contra o policial federal. Disse que tinha sido orientação do advogado, mas que não sabia porquê. 

À noite da mesma quinta-feira, eu recebo uma ligação dele, que não pude atender. Retornei pouco depois, e Allan disse que havia ligado por engano.

No dia seguinte (22/10/2021), às 10h58, ele me mandou uma mensagem com o print de uma conversa com alguém não identificado:

Na conversa, em letras maiúsculas, está o nome completo da minha esposa e também o de um dos meus filhos. Na conversa, ele dizia que o meu telefone estava em nome dos dois, além do meu, o que é uma absoluta inverdade.

Abaixo do print, numa frase dirigida a mim, Allan afirmou “Vocês poderiam parar de me ligar?”

Eu não estava mais ligando para ele — já tinha feito a entrevista.

Por que me dar conhecimento de que sabia do nome completo da minha mulher e do meu filho? Para mim, é uma intimidação, como se dissesse: “Sei quem são”.

Isso é inaceitável. 

Num país em que a vereadora Marielle Franco foi assassinada e muitos jornalistas, alvo de agressão, inclusive homicídio, não posso me calar. Tornar público o ocorrido é uma forma de proteger.

Continuarei apurando histórias que pessoas como Allan Lucena querem esconder. 

Por que um segurança que falhou no dia da facada (ou suposta facada) em Juiz de Fora foi levado para dentro do Palácio do Planalto, e fazia operações de arapongagem sensíveis de interesse específico da família Bolsonaro? 

É a resposta que busco.

Sobretudo porque sabemos que Gustavo Bebianno, numa entrevista ao Roda Viva, disse que Carlos Bolsonaro — que havia estado em Juiz de Fora, no único ato público de campanha de que participou em 2018 — queria montar uma Abin paralela.

Bebianno disse que, alguns dias depois da posse de Bolsonaro, Carlos lhe apresentou quatro nomes para formar uma Abin paralela.

Bebianno, na mesma entrevista, relatou ter afirmado a ele: “Isso dá impeachment do seu pai”...

Bebianno morreu de infarto no dia 14 de março de 2020, aos 56 anos de idade.

Eu já mostrei que outros dois agentes da Polícia Federal que organizaram o esquema de segurança de Bolsonaro em Juiz de Fora foram nomeados para a Abin, depois que Alexandre Ramagem assumiu a direção-geral.

Luís Felipe pode ser outro que passou a integrar o que Bebianno chamou ser o desejo de Carlos Bolsonaro, a Abin paralela. 

A mim, como repórter, cabe apurar. É o que estou fazendo, e ameaças desse tipo, como a que sofri em Brasília, não me intimidarão.

 

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06
Jul21

O que segura é a Ormetà

Talis Andrade

inocência.jpg

 

 

por Carol Proner

- - -

No mundo da máfia o primado é o silêncio (*) 

Ao tempo em que o silêncio é atributo associado à humildade e à solidariedade na preservação do espírito de corpo, a omertà é também condição de sobrevivência e se exprime numa regra de vida ou morte: não falar, não expor e, imperativamente, não cooperar com autoridades mesmo quando sob pressão de uma acusação ou processo injusto.

Em perfeito funcionamento, a omertà garante a teia de cumplicidade. Nas adaptações milicianas dos pactos de sangue, bem distantes da Cosa Nostra siciliana, o que prevalece como instrumento de coesão dos bandos não é o código de honra, mas o medo. São os jogos psicológicos, as ameaças e a truculência que garantem o silêncio, sempre como passo prévio ao fatídico castigo.

Há quem sustente que a ex-cunhada corre perigo. Andrea Siqueira Valle falou demais, vacilou, contou a uma terceira pessoa o esquema original da familícia e expôs o feito das rachadinhas envolvendo diretamente o Presidente da República. Ao ser procurada, Andrea evitou a imprensa, silenciou. Mas um áudio foi exposto. 

Inevitável pensar em Adriano da Nóbrega como queima de arquivo, ou na morte do ex-ministro Gustavo Bebianno que, após rompimento com Jair Bolsonaro, alertou que sua vida corria perigo. Bebianno gabava-se de uma tal carta-bomba contendo os bastidores das eleições de 2018 e morreu aos 56 anos após sofrer um infarto enquanto dormia. 

O ex-governador Wilson Witzel, antigo aliado de Bolsonaro, também tornou público o risco de vida. Recentemente denunciou, na CPI da pandemia, que a desgraça de Bebianno estava associada ao esquema de milícias em hospitais federais do Rio de Janeiro e prometeu mais detalhes em audiência reservada.

A omertà diria: cuidado, ex-governador, também é proibido interferir no negócio dos outros. Mas, pelo andar da carruagem e com o isolamento do governo, o temor corporativo dá lugar a outras razões. De pessoas de bem a predestinados, a política fornece saídas para os arrependidos. Nos próximos meses e anos serão muitos os áudios e vídeos e as testemunhas a ilustrar a decadência de um país que permitiu a chegada de miliciano genocida ao poder.

Enquanto isso, a sociedade reage e toma as ruas para fazer o que as instituições não fazem. É extremamente constrangedora a postura do procurador-geral da República aguardando o melhor momento para exercer o mandato constitucional. E o superimpeachment cai como uma bomba no colo do presidente da Câmara, expondo interesses espúrios. Mas tenhamos paciência, afinal o Ministro Roberto Barroso acaba de descobrir que foi golpe.

midia-inocencia fome.jpg

 

 
 
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07
Abr21

Atenção: Bolsonaro vai ficar mais perigoso

Talis Andrade

Passageiros circulam em ônibus lotado nesta terça-feira, no Rio de Janeiro, ao lado de outdoor crítico a Jair Bolsonaro.

Passageiros circulam em ônibus lotado nesta terça-feira, no Rio de Janeiro, ao lado de outdoor crítico a Jair Bolsonaro.RICARDO MORAES / REUTERS

Se o impeachment não avançar já, preparem-se para algo ainda pior do que o recorde global de mortos por covid-19

por ELIANE BRUM /El País
 

Primeiro. Não há a menor condição moral de debater a eleição de 2022. É conversa de gente ruim, que ignora o horror diário do Brasil, que em 6 de abril registrou o recorde de 4.195 mortes por covid-19. Jair Bolsonaro precisa ser submetido a impeachment já. Cada dia a mais com Bolsonaro no poder é um dia com menos brasileiros vivos. Mortos não por fatalidade, porque o mundo vive uma pandemia, mas porque Bolsonaro e seu Governo disseminaram o vírus e converteram o Brasil no contraexemplo global.

Estamos no caminho dos 400.000 mortos. Se o Brasil continuar nesse rumo ―como vários epidemiologistas alertam― superaremos o meio milhão. E ainda assim as mortes vão seguir. Se esse extermínio não for suficiente para mover aqueles que têm a obrigação constitucional de promover ou apoiar o impeachment, é importante acordar para uma grande probabilidade. Bolsonaro é uma besta. Acuado e isolado, quase certamente ficará mais perigoso. É urgente impedi-lo antes que um horror ainda maior do que centenas de milhares de mortes aconteça.

Que Jair Bolsonaro não se importa com ninguém, a não ser ele mesmo e seus filhos homens, é claríssimo. Desde sempre, ele frita aqueles que o ajudaram a se eleger, o advogado Gustavo Bebianno poderia dizer se estivesse vivo. E também aqueles que o ajudaram a se manter governando, o general Fernando Azevedo e Silva que nos conte, já que Bebianno não pode mais. Bolsonaro não tem lealdade a ninguém, só lhe importam seus próprios interesses. Mais do que interesses, Bolsonaro tem apetites. Só lhe importam seus próprios apetites.

Bolsonaro gostou, porém, da popularidade e da ideia de ser o líder de um movimento. Bolsonaro, uma mal acabada mistura de cachorro louco com bobo da corte, que sugou os cofres públicos como deputado sem fazer nada de relevante por quase 30 anos, apreciou ser finalmente levado a sério. E isso teve efeito sobre ele, como teria sobre qualquer pessoa.

Bolsonaro se elegeu e começou a governar com generais apoiando-o, justamente ele, um capitão que saiu do Exército pela porta dos fundos, apenas para não ser preso (mais uma vez). Bolsonaro se elegeu e começou a governar com Paulo Guedes, um economista ultraliberal que tinha as bênçãos dessa entidade metafísica chamada “mercado”, que tanto opina nos jornais ―sempre nervosa e com humores, mas raramente com rosto. Bolsonaro se elegeu e começou a governar com o ainda herói (para muitos) Sergio Moro, com sua capa de juiz justiceiro contra os corruptos. Bolsonaro, que só provocava risadas, de repente era ovacionado como “mito”, escolhido para liderar um país.

Era um delírio, em qualquer mente sã, mas o delírio se realizou porque o Brasil não é um país são. Uma sociedade que convive com a desigualdade racial brasileira não tem como ser sã. Uma maioria de eleitores que vota em alguém que diz que prefere um filho morto num acidente de trânsito a um filho gay e que defende em vídeo que a ditadura deveria ter matado “pelo menos uns 30.000” não pertence a uma sociedade sã. Essa sociedade, da qual todos fazemos parte e portanto somos coletivamente responsáveis, gestou tanto Bolsonaro quanto seus eleitores.

Sem jamais perder de vista seus apetites, Bolsonaro acreditou no delírio. A realidade, porém, foi corroendo-o. Finalmente, no terceiro ano de Governo, Bolsonaro descobre-se isolado. De bufão do Congresso, uma imagem com a qual convivia sem maiores problemas, virou “genocida”. A libertação do politicamente correto, que ele anunciou em seu discurso de posse, pode ter liberado vários horrores, a ponto de permitir que um misógino, racista e homofóbico como ele se tornasse presidente. Mas genocídio é um degrau que ainda continua no mesmo lugar. Não dá para fazer piada com genocídio.

Quem ainda tem algo a perder começou a se afastar de Bolsonaro, com as mais variadas desculpas, ao longo dos primeiros anos de Governo. De Jananína Paschoal a Joyce Hasellmann. Do MBL ao PSL, seu próprio partido. E então Sergio Moro se foi e saiu atirando. E, no final de março, chegou a vez dos militares. Bolsonaro quis dar uma demonstração de força, demitindo um general, e seu apoio nos peitos estrelados das Forças Armadas ficou reduzido à meia dúzia, se tanto, de seus generais de estimação. Bolsonaro ainda precisa conviver com o bafo na nuca do vice Hamilton Mourão. Único não demissível, o general sempre dá um jeito de sutilmente avisar ao país (que já levou três vices ao poder desde a redemocratização, um por morte e dois por impeachment) que está ao dispor se necessário for. Mourão está sempre por ali, dando um jeito de ser lembrado.

A queda do chanceler Ernesto Araújo foi um ponto de inflexão no Governo Bolsonaro. Porque Bolsonaro foi obrigado a demiti-lo, e Bolsonaro não gosta de ser obrigado a nada. Ele fica ressentido como uma criança mimada e reage com malcriação ou violência, o que em parte explica a mal calculada demissão do ministro da Defesa, o equivalente a uma cotovelada para mostrar quem manda quando sente que já manda pouco. Mas principalmente porque Ernesto Araújo era importante para Bolsonaro. Ele era o idiota ilustrado de Bolsonaro, aquele que deveria dar uma roupagem supostamente intelectual a um Governo de ignorantes que sabem que são ignorantes.

Araújo sempre foi muito mais importante do que o guru Olavo de Carvalho porque era ele o ideólogo do bolsonarismo dentro do Governo e trazia com ele a legitimidade (e o lustro) de ser um diplomata, quadro de carreira no Itamaraty, ainda que obscuro. Seu discurso de posse como chanceler era uma metralhadora de citações para exibir erudição. A peça final era delirante, mas cuidadosamente pensada como um documento de fundação do que o então chanceler anunciava como uma “nova era”. Um delírio. Mas o que é Bolsonaro no poder senão um delírio que se realizou?

Perder Araújo ou, pior do que isso, ser obrigado a chutá-lo contra a sua vontade, significa para Bolsonaro que não há mais o simulacro de um projeto para além de si mesmo e o anteparo que isso representava, não há anseio ou expectativa de ser algo na história. Bolsonaro é agora também oficialmente só ele mesmo. E ele sabe o que é.

Bolsonaro converteu o Brasil num gigantesco cemitério. E essa tem sido uma manchete recorrente em jornais das mais diversas línguas. Seu projeto de disseminar o vírus para garantir imunidade por contágio, um barco furado em que o premiê Boris Johnson embarcou no início da pandemia, mas pulou fora quando o Reino Unido exibiu as piores estatísticas da Europa, deu ao Governo brasileiro o título de pior condução da pandemia entre todos os países do planeta.

Se as reuniões presenciais de cúpula estivessem permitidas, Bolsonaro teria dificuldades hoje em se manter ao lado de algum chefe de Estado com autoestima e preocupação eleitoral para posar para um retrato oficial. O brasileiro é visto como pária do mundo e estar perto dele pode contaminar o interlocutor. No cenário global ele não é mito, e sim mico (com o perdão ao animal que, graças a Bolsonaro, hoje vive muito pior em todos os seus habitats naturais).

Bolsonaro hoje é radioativo e infectou as relações comerciais do Brasil com o mundo. Grandes redes de supermercados, por exemplo, não querem se arriscar a um boicote por vender carne e outros produtos de um país governado por um destruidor da maior floresta tropical do mundo. Ninguém que tem apreço pela imagem de “democrata” quer negociar com alguém cada vez mais colado ao rótulo de “genocida”, especialmente na Europa pressionada por ativistas climáticos como Greta Thunberg e com os “verdes” aumentando sua influência em vários parlamentos.

Na terça-feira, 199 organizações ambientais brasileiras fizeram uma carta pública a Joe Biden alertando sobre o risco que um acordo de cooperação iminente entre os Estados Unidos e o Governo Bolsonaro traria para a emergência climática, os direitos humanos e a democracia. A descoberta de que o Governo Biden mantém há mais de um mês conversas a portas fechadas com o Governo Bolsonaro sobre meio ambiente surpreendeu o mundo democrático. Segundo a carta, as negociações com Bolsonaro —negacionista da pandemia que desmontou a política ambiental brasileira e que foi acusado por indígenas no Tribunal Penal Internacional por crimes contra a humanidade— contaminam a narrativa de Biden, que prometeu em sua gestão lidar com a pandemia, o racismo, a crise climática e o papel dos Estados Unidos na promoção da democracia no mundo. “O presidente americano precisa escolher entre cumprir seu discurso de posse e dar recursos e prestígio político a Bolsonaro. Impossível ter ambos”, afirma o texto.

Depois de mais de dois anos com Bolsonaro no poder, o Brasil vive um dos piores momentos de sua história. A economia ruiu. O pib brasileiro é o pior em 24 anos. A fome e a miséria aumentaram. A Amazônia está cada vez mais perto do ponto de não retorno. Os quatro filhos homens de Bolsonaro (a filha mulher, lembram, é só o resultado de uma “fraquejada”) são investigados por corrupção e outros crimes. Sua ligação com as milícias do Rio de Janeiro e o cruzamento com a execução de Marielle Franco, ela sim um ícone, se tornam cada vez mais evidentes. Um após outro grande jornal do mundo estampa Bolsonaro como uma “ameaça global” em seus editoriais e reportagens.

Quem ainda permanece ao lado de Bolsonaro hoje? Paulo Guedes, anunciado como superministro para aplacar os tais humores do tal mercado, desde o início do Governo foi apenas um miniministro. O fato de ainda permanecer como titular da Economia de um Governo com o desempenho do atual diz muito mais sobre Guedes do que sobre Bolsonaro. Se fosse uma empresa privada, essas que ele tanto defende, estaria demitido há muitos meses. E não adianta culpar a pandemia, porque vários governos do mundo, inclusive na América Latina, exibiram desempenhos econômicos muito melhores, inclusive porque fizeram lockdown.

Permanecem também os líderes do evangelismo de mercado. É importante diferenciar os evangélicos para não cometer injustiças. Quem apoiou e apoia Bolsonaro e suas políticas de mortes são os grandes pastores ligados ao neopentecostalismo e ao pentecostalismo que converteram a religião num dos negócios mais lucrativos dessa época, e também algumas figuras católicas. Beneficiadas com um perdão de débitos concedido sob a bênção de Bolsonaro, as igrejas acumulam 1,9 bilhão de reais na Dívida Ativa da União, dinheiro este, é importante assinalar, que pertence à população e dela está sendo tirado. Sem compromisso com a vida dos fiéis, esses mesmos pastores e padres abriram os templos na Páscoa, autorizados por Nunes Marques, ministro de estimação de Bolsonaro no Supremo Tribunal Federal, produzindo aglomerações no momento em que o Brasil a cada dia superava o anterior no recorde de mortes por covid-19.

E permanecem também uma meia dúzia de generais de pijama, dos quais os generais da ativa tentam desesperadamente se distanciar para não corromper ainda mais a imagem das Forças Armadas. Há ainda o Centrão, o numeroso grupo de deputados de aluguel que hoje comanda o Congresso, mas que já mostraram que podem mudar de lado, se mais lucrativo for, da noite para o dia, como fizeram com Dilma Rousseff (PT) no passado recentíssimo. É esse rebotalho que resta hoje a Bolsonaro, que já não encontra quadros minimamente convincentes nem para recompor seu próprio Governo.

Bolsonaro, que gostou de ser popular, vê hoje baixas na sua base de apoio, assombrosamente fiel apesar dos horrores do seu Governo ―ou por causa dele. Sua popularidade está em queda. É certo que sempre haverá de restar aquele grupo totalmente identificado com Bolsonaro, para o qual negar Bolsonaro é negar a si mesmo. Esse grupo, ainda que minoritário, é lamentavelmente significativo. Lamentavelmente porque mostra que há uma parcela de brasileiros capazes de ignorar as centenas de milhares de mortes ao seu redor, mesmo quando há perdas dentro de sua casa. Esse é um traço de distorção mental complicado de lidar numa sociedade, mas não é novo, na medida em que a sociedade brasileira sempre conviveu com a morte sistemática dos mais frágeis, seja por fome, por doença não tratada ou por bala “perdida” da polícia.

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Porém, todos aqueles que encontrarem alguma brecha para se desidentificar de Bolsonaro ou para dizer que foram enganados por ele na eleição estão se afastando horrorizados. Como sociedade, precisamos parar de renegar os eleitores arrependidos de Bolsonaro, porque é necessário dar saída às pessoas ou elas serão obrigadas a permanecer no mesmo lugar. Todos têm o direito de mudar de ideia, o que não os exime da responsabilidade pelos atos aos quais suas ideias os levaram no passado.

Bolsonaro se descobre isolado. E se descobre feio, pária do mundo. Nem mesmo líderes de direita de outros países querem vê-lo por perto. Antigos apoiadores, que lucraram muito com ele, vão vazando pela primeira brecha que encontram. Bolsonaro está acuado, como mostrou ao demitir o ministro da Defesa, general Fernando Azevedo e Silva. E Bolsonaro acuado é ainda mais perigoso, porque ele não gosta de perder e tem cada vez menos a perder. Este é um homem, ninguém tem o direito de esquecer, que planejou explodir bombas em quartéis para pressionar por melhores salários. Explodir bombas diz muito sobre alguém. Mas é preciso também prestar atenção no porquê: para melhorar seu próprio soldo. Bolsonaro só age fundamentalmente por si mesmo. Sua vida é a única que importa, como está mais do que provado.

A ideia ridícula de que ele é controlável é isso mesmo: ridícula. E, em vários momentos, também oportunista, para alguns justificarem o injustificável, que é seguir compondo com Bolsonaro. O homem que governa o Brasil é bestial. Se move por apetites, por explosões, por delírios. Mas não é burro. Aliado às forças mais predatórias do Brasil, ele destruiu grande parte do arcabouço de direitos duramente conquistados, um trabalho iniciado por Michel Temer (MDB) antes dele. Também desmontou a legislação ambiental e enfraqueceu os órgãos de proteção, abrindo a Amazônia para exploração em níveis só superados pela ditadura civil-militar (1964-1985). Bolsonaro governa. E, não tenham dúvidas, seguirá governando enquanto não for impedido.

É necessário compreender que Bolsonaro é uma besta, sim, no sentido de sua bestialidade. Mas é uma besta inteligente e com projeto. Poucos governantes executaram com tanta rapidez seu projeto ao assumir o poder. Com exceção do discurso vazio da anticorrupção, Bolsonaro fez e faz exatamente o que anunciou na campanha eleitoral que faria. É por essa razão que isso que chamam “mercado” está sempre prestes “a perder a paciência” com ele, mas como demora... Demora porque sempre pode ganhar um pouco mais com Bolsonaro. Isso que chamam mercado inventou as regras que movem o Centrão. O que vale são os fins e os fins são os lucros privados, o povo que se exploda. Ou que morra na fila do hospital, como agora. O mercado é o Centrão com pedigree. Muito mais antigo e experiente que seu arremedo no Congresso.

Bolsonaro precisa ser impedido já, porque o que fará a seguir poderá ser muito pior e mais mortífero do que o que fez até agora. E precisa ser impedido também pelo óbvio: porque constitucionalmente alguém que cometeu os crimes de responsabilidade que ele cometeu não tem o direito legal e ético de permanecer na presidência. Ter impedido Dilma Rousseff por “pedaladas fiscais” e não fazer o impeachment de Bolsonaro “por falta de condições de fazer um impeachment agora” ou porque “o impeachment é um remédio muito amargo” é incompatível com qualquer projeto de democracia. É incompatível mesmo com uma democracia esfarrapada como a brasileira. E haverá consequências.

O que resta agora a Bolsonaro, cada vez mais isolado e acuado, é olhar para Donald Trump e aprender com os erros e acertos de seu ídolo. Ele seguirá tentando o autogolpe, mesmo com as Forças Armadas afirmando seu papel constitucional. Ele seguirá apostando naqueles que o mantiveram por quase 30 anos como deputado, sua base desde os tempos em que queria explodir os quartéis: as baixas patentes das Forças Armadas e, principalmente, as PMs dos Estados.

Bolsonaro se prepara muito antes de Trump. Se conseguirá ou não, é uma incógnita. Mas aqueles sentados sobre mais de 70 pedidos de impeachment e aqueles que ainda sustentam o Governo vão mesmo pagar para ver? É sério que vão seguir discutindo uma “solução de centro” para a eleição de 2022 e ignorar todos os crimes de responsabilidade cometidos por Bolsonaro? É sério que ainda não entenderam que ele sempre esteve fora de controle porque as instituições que deveria controlá-lo pelo respeito à Constituição abriram mão de fazê-lo?

É sério que vão se arriscar a reproduzir no Brasil, de forma muito mais violenta, a “insurreição” vivida pelo Congresso americano em 6 de janeiro de 2021, quando o Capitólio foi invadido por seguidores inflamados por Donald Trump? Vale lembrar do republicano Mike Pence, vice-presidente no Governo de Trump, e do republicano Mitch McConnell, líder do partido no Senado: deram a Trump tudo o que ele queria, acreditando-se a salvo, até descobrir em 6 de janeiro que também estavam ameaçados. Não se controla bestas.

No Brasil, porém, com uma democracia muito mais frágil, qualquer uma das aventuras perversas de Bolsonaro poderá ter consequências muito mais sangrentas. Posso estar errada, mas acredito que Trump não pretendia que houvesse mortes. Ele é um político inescrupuloso, um negociante desonesto, um mentiroso compulsivo e um showman que adora holofotes, mas não acho que seja um matador. Já Bolsonaro é notoriamente um defensor da violência como modo de agir, que defende o armamento da população e claramente goza com a dor do outro. Bolsonaro acredita no sangue e acredita em infligir dor. Perto de Bolsonaro, Trump é um garoto levado com topete esquisito. E Bolsonaro está se movendo.

Quantos brasileiras e brasileiros ainda precisam morrer?

O Brasil já exibe números de mortos por covid-19 comparáveis a grandes projetos de extermínio da história. E as covas continuam sendo abertas a uma média diária de quase 3.000 por dia. Grande parte dessas mortes poderiam ter sido evitadas se Bolsonaro e seu Governo tivessem combatido a covid-19. Isso não é uma opinião, é um fato comprovado por pesquisas sérias. O sistema público de saúde está colapsado. O sistema privado de saúde também está colapsado. Hoje não adianta nem mesmo ter dinheiro no Brasil. As pessoas estão morrendo na fila, o que também está comprovado. Hospitais privados de ponta estão racionando oxigênio e diluindo sedativos. E as mortes seguem multiplicando-se.

A pergunta às autoridades responsáveis, de todas as áreas, no âmbito público e no privado, é: quantas brasileiras e quantos brasileiros mais precisam morrer para que vocês façam seu dever? Muitos de nós ainda morreremos, mas eu garanto: muitos de nós viveremos para nomear a responsabilidade de cada um na história. Seus nomes serão grafados com a vergonha dos covardes e seus descendentes terão o sobrenome manchado de sangue. Não morreremos em silêncio. E os que sobreviverem dirão o nome de cada um de vocês, dia após dia.

 

mortes por alecrim.jpg

 

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27
Jun20

Desandando a maionese

Talis Andrade

reuniao ministerial.jpg

 

 

III - Brasil derruba Weintraub 

por Luciano Wexell Severo/ Le Monde
- - -

Diante das frequentes ameaças de Bolsonaro de recorrer ao Art. 142 da Constituição, interpretando-o de forma inconstitucional, o Brasil se mexe mesmo em meio à quarentena. Congresso Nacional, STF, governadores, sindicatos, partidos políticos, movimentos sociais, entidades e organizações se mobilizam.

Em menos de um ano e meio de mandato, Weintraub é o décimo membro do alto-escalão a deixar o campo. Entre os que o antecederam estava Gustavo Bebianno, da Secretaria-Geral da Presidência, que havia sido coordenador da campanha presidencial. Homem-forte do governo, saiu brigado com Bolsonaro e seus filhos. Em março de 2019, morreu repentinamente. Outro peso-pesado era Carlos Alberto dos Santos Cruz, da Secretaria de Governo. Ficou seis meses na função até chocar-se com Olavo de Carvalho. Houve uma segunda troca na Secretaria-Geral da Presidência, com a saída de Floriano Peixoto, que havia substituído Bebianno. Igualmente foram demitidos Gustavo Canuto, do Ministério do Desenvolvimento Regional, e Osmar Terra, do Ministério da Cidadania.

Em abril de 2020, poucas horas depois de Bolsonaro exonerar o diretor-geral da Polícia Federal (PF), Mauricio Valeixo, tratando de interferir nas funções dessa instituição, Sergio Moro pediu as contas do Ministério da Justiça. Sabe-se que o chefe da Operação Lava Jato, bem treinado nos Estados Unidos, havia grampeado e divulgado ligação telefônica entre a presidenta Dilma e o ex-presidente Lula, prendido o principal líder político do país e alterado totalmente o resultado das eleições de 2018. Como prêmio, em um episódio vergonhoso, abandonou uma carreira de mais de vinte anos como juiz federal para comandar o Ministério e talvez, depois, seguir para o coroamento no STF. Mas este é assunto para outros escritos.

Também em abril, pouco antes, foi a vez de Luiz Henrique Mandetta, ministro da Saúde, ser demitido por defender o isolamento social e seguir as orientações da Organização Mundial da Saúde (OMS), considerada uma instituição “comunista” pela cúpula bolsonarista. Enquanto isso, o presidente afirmava que “o meu caso particular, pelo meu histórico de atleta, caso fosse contaminado pelo vírus, não precisaria me preocupar, nada sentiria ou seria, quando muito, acometido de uma gripezinha ou resfriadinho…”. No lugar de Mandetta, apareceu Nelson Teich, que ficou menos de um mês na função. Entrou por baixo, muito mal na foto, mas saiu por cima ao negar-se a autorizar o uso da cloroquina, como exigia o presidente.

O terceiro escolhido foi Eduardo Pazuello, há um mês “interino”. Agora o Brasil não tem comando, não tem política pública, não tem ministro de Saúde e não tem sequer dados confiáveis sobre a Covid-19. Mas, pelo menos, a cloroquina foi liberada. De acordo com a página oficial do Ministério da Saúde, o interino recebeu “diversas condecorações pelo desempenho do seu trabalho, como a de Pacificador, Mérito Tamandaré, Ordem do Mérito Aeronáutico Cavaleiro e Distintivo de Comando Dourado”. Na área da saúde, no entanto, nada consta. Deméritos que sugerem descompromisso e falta de seriedade. E que geram crescente rechaço da sociedade, mesmo com todo mundo (que pode) escondido dentro de casa.

A gota d’água para a saída de Weintraub foram os atritos com o STF. No entanto, foi a imensa mobilização social, nas ruas ou não, que o derrubou. Foram as pessoas protestando, a onda anti-fascista, as tiazinhas da merenda, os choferes das escolas, as senhoras terceirizadas que limpam o chão, as inspetoras bravas, os guardas-escolares. Foram os brasileiros, de Norte a Sul (dos dois hemisférios…), das grandes metrópoles às cidadezinhas do interior. Foram os sindicatos, as entidades, as rádios, os jornaizinhos que derrotaram a campanha da “balbúrdia”. Foi o Brasil que derrotou o “Escola Sem Partido”, o “Future-se” e a escolha arbitrária de reitores pelo MEC. O Brasil, mesmo em quarentena, venceu Weintraub. Há espaço para a luta. E vamos seguir adiante. Apareceu o Queiroz! Vamos por mais vitórias.

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22
Jun20

Celular de Bebianno chega ao Brasil e conteúdo poderá ser “destruidor” para Bolsonaro

Talis Andrade

Fala-tudo-Bebiano.jpg

 

 

247 - O telefone celular em que Gustavo Bebianno registrou um ano e meio de conversas com Jair Bolsonaro retornou ao Brasil e está "muito bem guardado", afirmou um amigo do ex-ministro morto por infarto em março deste ano. A informação é da jornalista Thaís Oyama, em sua coluna no portalUOL. 

O aparelho estava nos Estados Unidos aos cuidados da irmã de Bebianno. Em entrevista dada três meses antes de morrer ao programa 3 em 1, da Jovem Pan, o ex-aliado de primeira hora de Bolsonaro, mais tarde transformado em inimigo pelo presidente e sua família, revelou ter guardado "um material, inclusive fora do Brasil" para o caso de algo lhe acontecer.

Segundo a jornalista, uma pessoa que conhece o teor das conversas afirma não ter identificado nelas indícios de crimes. Mas diz considerar que a revelação dos diálogos seria "destruidora" para o presidente. "Há lá questões morais muito pesadas".

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03
Mai20

As milícias digitais do capitão

Talis Andrade

 

quatro cavaleiros apocalipse Editorial_Ilustra_Cla

 

As informações digitais se converteram em armas e são usadas sem nenhuma ética por essa extrema direita. Pessoas são bombardeadas com desinformação sobre os “inimigos do poder”.

por Silvio Caccia Bava
Le Monde
 - - -

Não se atreva a discordar ou fazer críticas ao presidente. Você entra na mira das milícias digitais do capitão. Nem mesmo ministros do seu próprio governo escapam dessa perseguição destruidora de reputações. São ataques anônimos que veiculam mentiras, falseiam a realidade e seguem um método: primeiro sua credibilidade é atacada, depois eles te intimidam; com sua reputação minada, os ataques virtuais se transformam em ameaças físicas e aos seus familiares.

Para atacar seus desafetos, o presidente e seus filhos montaram dentro do Palácio do Planalto uma espécie de Agência Brasileira de Inteligência paralela, que elabora dossiês contra adversários e opositores.1 Essas informações vão para o Gabinete do Ódio, instalado no terceiro andar do Planalto. É aí que são produzidas as fake news e as campanhas do ódio, segundo a relatora da CPI das Fake News, deputada Lídice da Mata (PSB-BA).

Numa concepção de que estão em guerra na defesa de uma pauta de costumes e do próprio governo, e de que na guerra vale tudo, o importante é destruir os inimigos políticos, mesmo que para isso se utilizem de mentiras e ataques ultrajantes.
 

Segundo a deputada Joice Hasselmann (PSL-SP), o Gabinete do Ódio é coordenado pelos filhos Carlos e Eduardo, e conta com a participação do assessor especial da Presidência, Felipe Martins, e de três assessores de Carlos: Tércio Arnaud Tomaz, José Matheus Sales Gomes e Mateus Matos Diniz. Conta também com a colaboração de Olavo de Carvalho.

As informações digitais se converteram em armas e são usadas sem nenhuma ética por essa extrema direita. Pessoas são bombardeadas com desinformação sobre os “inimigos do poder”. São conteúdos racistas, sexistas, calúnias e falsas acusações. E para disseminá-los usam contas falsas e robôs.2

Desinformação é o conteúdo destinado a confundir. Cibermilícias são parte de campanhas mais inclusivas, envolvendo novos websites que parecem independentes, mas que se abastecem das mesmas fontes, todos impulsionando a mesma agenda. Um exército de trolls, cyborgs e bots, que se fazem passar por pessoas e replicam as mesmas mensagens.3

Ainda segundo a denúncia da deputada Joice Hasselmann, Jair Bolsonaro conta com 1,4 milhão de robôs que impulsionam seu Twitter, e Eduardo, com 468 mil.4
 

Pesquisa realizada pela Universidade Federal do Rio de Janeiro e pela Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo analisando os apoiadores de Jair Bolsonaro no Twitter no dia 15 de março, que o homenageavam com a expressão #BolsonaroDay, identificou que, das 66 mil menções favoráveis ao presidente, 55% eram produzidas por robôs programados para viralizar suas mensagens. Foram identificadas 1.700 contas que reproduziram a mensagem #BolsonaroDay e foram desativadas horas depois da mensagem emitida. As contas foram utilizadas por robôs, bots, que emitiram 22 mil mensagens a favor de Bolsonaro.5

O Gabinete do Ódio, essa estrutura de manipulação da opinião pública, não foi montado depois da eleição. Ele foi trazido para dentro do Planalto, mas sua atuação vem de antes, e foi determinante para a própria eleição do capitão.
 

Há indícios de que a Cambridge Analytica, empresa especializada em manipular a opinião pública com base nos dados pessoais dos usuários do Facebook, teve atuação na campanha de Bolsonaro. Segundo Brittany Kaiser, ex-funcionária da Cambridge Analytica, a empresa chegou a negociar com um candidato à Presidência nas eleições de 2018.

Segundo o ex-presidente da Cambridge Analytica, Alexander Nix, as táticas de microssegmentação de anúncios podem garantir o sucesso de uma campanha política se usadas desde o início. Se o trabalho de convencimento começar dois anos antes, a vitória é praticamente garantida. Com um período de um ano a nove meses, as chances de vitória são muito boas. Mas os efeitos já se podem sentir com seis meses de trabalho, e você pode vencer o pleito.

Steve Bannon, o mentor da Cambridge Analytica, tem uma relação próxima com a família Bolsonaro. É possível que ele tenha orientado a campanha presidencial e continue apoiando a ação do Gabinete do Ódio pela via da microssegmentação das fake news.

A instalação da Comissão Parlamentar de Inquérito sobre as Fake News no Congresso já teve resultados curiosos. Segundo Dias Toffoli, presidente do Supremo Tribunal Federal, com a instalação do inquérito, os ataques a ministros reduziram 80%.6 Mais uma evidência da centralização das iniciativas.

- - -

1 “Bebianno acusa Carlos Bolsonaro de montar Abin paralela para espionar opositores”, Blog do Ricardo Antunes, 3 mar. 2020. Reproduz declaração feita por Gustavo Bebianno, ex-ministro da Secretaria Geral da Presidência do governo Bolsonaro, no programa Roda Viva, da TV Cultura de São Paulo.

2 Peter Pomerantsev, “This is not propaganda – Adventures in the War Against Reality” [Isto não é propaganda – Aventuras da guerra contra a realidade], Faber & Faber, Londres, 2019.

3 Ibidem.

4 “O que é o ‘gabinete do ódio’ que virou alvo da CPMI das Fake News”, Gazeta do Povo, 23 abr. 2020.

5 Conversa Afiada, 3 abr. 2020.

6 “Ministro do STF cobra explicações de Bolsonaro”, Valor, 23 mar. 2020.

 
 
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20
Nov19

Moro, o vendilhão desmascarado

Talis Andrade
 

a-lama moro.jpg

 

 
Por Eric Nepomuceno
Jornalistas Pela Democracia 
 
É verdade que nenhum deles – estou falando de quem cerca Jair Bolsonaro – vale grande coisa. E isso, na melhor das hipóteses: a imensa maioria não vale é nada. 
 

Ninguém que tenha sido chamado para integrar esse governo merece nem verniz de respeito. Isso vale, é claro, para os militares empijamados. 

Ainda assim, oscila entre o curioso, o engraçado e o extremamente sério o que falam aqueles que romperam com o destrambelhado clã presidencial. Do ex-ator pornô Alexandre Frota à robusta plagiadora Joice Hasselman, que do mais que merecido ostracismo saltaram para o palco graças justamente ao desmiolado candidato que acabou virando presidente, todos saem dizendo pestes e contando podres da família miliciana.

Um dos casos que cabem perfeitamente na categoria do extremamente sério é a revelação feita por Gustavo Bebianno, defenestrado do vistoso posto de ministro da Secretaria Geral da Presidência dois meses depois de ter sido nomeado. Sua saída humilhante ocorreu depois de um embate com Carlos Bolsonaro, o mais hidrófobo dos muito hidrófobos filhos presidenciais.

Carlos acusou Bebianno de ter mentido, o acusado provou que o mentiroso era Carlos, e Bolsonaro apoiou justamente quem mentiu. 

Isso aconteceu em fevereiro, e o primeiro grande medo de Bolsonaro foi que Bebianno, que era seu advogado, resolvesse cobrar os honorários dos quais tinha aberto mão.

Bobagem de dimensões olímpicas: devia ter tido é medo daquilo que o cão de guarda que coordenou sua campanha eleitoral sabia. E, mais que medo, devia ter pavor do que Bebianno pudesse contar se alguma vez resolvesse abrir a boca e contasse uma parte milimétrica do que tinha feito.

Ele ainda não contou um milésimo do que sabe. Mas uma das coisas que contou confirma o que muitos de nós sabíamos: pelo menos entre o primeiro e o segundo turno, o então juiz Sérgio Moro foi convidado e aceitou largar a toga para virar ministro de Justiça do candidato altamente beneficiado por ele e a turma da Lava Jato. 

Quando Moro soltou um trecho da delação premiada de Antônio Palocci faltando pouquíssimo para o segundo turno, ficou mais do que claro que se tratava de uma jogada cujo único e exclusivo objetivo era ajudar Bolsonaro na reta final da campanha.

Pois agora Bebianno, em uma entrevista ao jornalista Fabio Pannunzio, precisou de apenas e exatos dois minutos e cinco segundos para revelar e comprovar o que eu e muitíssima gente sabíamos: a cumplicidade do então juiz com o candidato ultradireitista não se limitou a impedir Lula de ganhar a eleição. Teve seu prêmio assegurado com antecedência.

Bebbiano foi, mais que coordenador, o grande articulador da campanha eleitoral e participou ativamente da estruturação do governo de Bolsonaro. Pretendia ser ministro da Justiça. E quando foi informado por Paulo Guedes que seu candidato pessoal tinha sido preferido por Bolsonaro, achou perfeitamente natural. 

Num gesto de lealdade ao passado, na entrevista Bebianno diz que até onde ele saiba, Bolsonaro e Moro não tinham tido nenhum contato pessoal direto. Tudo foi feito por Paulo Guedes. 

O que ele não disse, nem precisava, é que Guedes pode ter sido escolhido por Bolsonaro para as sondagens e negociações com o juizeco que desde sempre se mostrou absolutamente parcial e manipulador.

Com essa revelação feita pelo condutor da campanha eleitoral, que ainda por cima menciona testemunhas da conversa – Onyx Lorenzoni, o empresário Paulo Marinho, Paulo Guedes – a situação de Moro como ministro fica insustentável. 

Quer dizer: ficaria, se tanto ele como Bolsonaro tivessem uma gota de vergonha na cara e um mínimo vestígio de dignidade.

Em compensação, vossas excelências que integram o Supremo Tribunal Federal passam a ter um motivo a mais – o centésimo – para julgar a conduta do então juiz Sergio Moro. Uma conduta imoral, indecente, abjeta. 

E, além de motivo, têm uma nova oportunidade para mostrar que não se trata de um tribunal omisso, cúmplice, poltrão. Oxalá não a desperdicem como desperdiçaram todas as anteriores. 

Também a Câmara de Deputados tem uma excelente oportunidade de tentar desfazer ao menos em parte, pequena parte, sua péssima imagem: Moro já compareceu e mentiu aos deputados.

Por que não fazer uma convocação ampla, incluindo, além de Moro, Paulo Guedes e Onyx Lorenzoni, e provocar uma acareação do trio com Gustavo Bebianno? 

A-recompensa-de-Sergio- Moro.jpg

 

 

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20
Nov19

Gaspari: Moro pode ter soltado delação de Palocci depois de convidado para ministro de Bolsonaro

Talis Andrade

Colunista chama atenção para datas das sondagens ao então juiz da Lava Jato, que usou o cargo para influenciar a disputa eleitoral em 2018

moro palocciGervasio.jpg

 

Jornal GGN - O jornalista Elio Gaspari usou sua coluna na Folha de S. Paulo, desta quarta (20), para chamar atenção para as datas em que Sergio Moro teria sido sondado por Paulo Guedes para ser ministro de Jair Bolsonaro.

Segundo o texto, o mais provável é que uma das sondagens tenha acontecido antes de Moro alimentar o noticiário com a delação de Antonio Palocci contra o PT, a poucos dias do segundo turno entre Bolsonaro e Fernando Haddad.

A delação de Palocci não foi aceita pela Lava Jato em Curitiba. Nos autos de um processo, o próprio Moro sinalizou que não queria que os procuradores fechassem acordo com o ex-ministro da Casa Civil, porque ele não teria nada a acrescentar.

Mas às vésperas da eleição, Moro achou conveniente junto um trecho dos depoimentos de Palocci a um processo que não precisava dele.

Gaspariu afirmou que Guedes confidenciou a Gustavo Bebianno, em 28 de outubro, dia do segundo turno, que já havia conversado com Moro umas “cinco ou seis vezes” àquela altura.

Ou seja, pelo menos uma dessas sondagens teria acontecido antes da delação ser divulgada à imprensa.

 

Eis o nível da relação de Moro com Bolsonaro.

Leia a coluna aqui.

confissão bolsonaro amarra moro_aziz.jpg

 

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18
Nov19

Guedes convidou Moro para ministério de Bolsonaro antes da eleição

Talis Andrade

pagamento moro rei das milícias de bolsonaro.jpg

 

 

por Fernando Brito

Em entrevista em vídeo para Fábio Pannunzio, o ex-ministro Gustavo Bebbiano, diz que no dia do segundo turno, na casa de Jair Bolsonaro, foi chamado por Paulo Guedes, que disse que já tinha tido cinco conversas com Sérgio Moro e que este estava disposto a assumir o Ministério da Justiça.

Isso desmente cabalmente a versão do Ministro da Justiça de que não conversou sobre ministério antes que Bolsonaro fosse sagrado vencedor da eleição.

Bebianno diz que não tem conhecimento de contatos pessoais entre o ex-capitão e o então juiz da Lava Jato, mas assegurou que ele já tinha sido sondado – e manifestado sinais de concordância para assumir o cargo.

Era algo de que ninguém tinha provas, mas todos tinham convicção. Agora, há a prova testemunhal de que os arranjos já vinham sendo feitos, inclusive antes de Moro liberar à imprensa o espalhafatosa – e sem provas – delação premiada de Antonio Palocci.

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