Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

O CORRESPONDENTE

Os melhores textos dos jornalistas livres do Brasil. As melhores charges. Compartilhe

Os melhores textos dos jornalistas livres do Brasil. As melhores charges. Compartilhe

O CORRESPONDENTE

26
Ago18

Greve de fome encerra após 26 dias e revela STF de costas para o povo

Talis Andrade

Superior Tribunal Federal “teatro fantasioso guiado pela mídia burguesa e com pouca sensibilidade com o povo e sem respeito à Constituição Federal”

Às custas do sacrifício de sete militantes de movimentos populares, o Brasil teve revelada a falta de sintonia entre a maioria dos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e os anseios da população. Após 26 dias de greve de fome, que denunciou a prisão injusta de Lula e a volta da fome ao país, o movimento foi encerrado neste sábado (25) sem sensibilizar o Supremo. Acesse AQUI ato de encerramento ao vivo.

leonardo greve de fome.jpg

Manifestantes no ato neste sábado (25) lendo o manifesto que anunciou o fim da greve de fome após 26 dias: "Nos sentimos vitoriosos pois assim se sentem os que tem acúmulos importantes para a luta popular". FOTO Leonardo Milano

 

por Railídia Carvalho

 

“Após 26 dias decidimos suspender a greve por entender que ela cumpriu com o sentido de provocar os objetivos que nos propusemos desde o início desta ação política. Nos sentimos vitoriosos pois assim se sentem os que tem acúmulos importantes para a luta popular”, disse o manifesto dos grevistas lido por Rafaela Alves, que participou da greve, e estava emocionada.

 

O anúncio foi realizado em ato político no Centro Cultural de Brasília com a presença de diversos representantes de movimentos sociais e sindicais. Ao longo da greve foram mais de 500 manifestações de solidariedade de entidades de direitos humanos, artistas e militantes dos movimentos populares.

 

Leonardo Soares, do Levante Popular da Juventude, e também um dos grevistas dividiu a leitura do manifesto com Rafaela. O documento definiu a atmosfera do STF como um “teatro fantasioso guiado pela mídia burguesa e com pouca sensibilidade com o povo e sem respeito à Constituição Federal”.

 

Mesmo debilitados fisicamente, os manifestantes se mostram dispostos à luta. “Ocupamos o STF com atos políticos, inter-religiosos, realizando audiência com os ministros, denunciamos o não cumprimento da determinação da comissão de direitos humanos da ONU (pela garantia ao direito de Lula ser candidato). Seguimos dispostos na luta e em seguir com as tarefas históricas. Lutaremos de forma incansável pelo direito à justiça para Lula, pela Constituição soberana e um projeto popular para o Brasil”.

 

Stédile: Entramos no templo dos faraós

 

Dirigente do Movimento de Trabalhadores Rurais Sem Terra, João Pedro Stédile, fez uma balanço das lutas populares dos últimos meses e destacou a greve e a Marcha Nacional Lula Livre como vitórias expressivas. “Nesse último período os movimentos sociais recuperaram a iniciativa política”.

 

Na opinião dele, os grevistas abriram as “portas do templo dos faraós”. “É o STF o tempo dos faraós. Não foi possível abrir essa porta que libertaria Lula e mais 200 mil se votassem a ADC, uma das reivindicações dos grevistas. Eles estão cercados pelo capital, o pecado original deles é que o poder não vem do povo”, enfatizou Stédile.

 

Lula aos grevistas: estamos unidos na luta em defesa do Brasil

 

A presidenta do Partido dos Trabalhadores Gleisi Hoffman deixou uma mensagem em vídeo aos manifestantes que foi enviada pelo ex-presidente Lula. O presidente Lula pediu pra dizer que ele é candidato a presidente e vai até o fim. Disse que estamos unidos nessa caminhada na luta em defesa do Brasil e do povo brasileiro”.

 

Os militantes que participaram da greve de fome foram o frei franciscano Sérgio Antonio Gorgën, Rafaela Alves (Movimento dos Pequenos Agricultores), Luiz Gonzaga, o Gegê (da Central dos Movimentos Populares), Jaime Amorim, Zonália Santos e Vilmar Pacífico (os três do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) e Leonardo Soares (do Levante Popular da Juventude).

 

 

25
Ago18

Militantes fazem “lulaço” em frente ao apartamento de Cármen Lúcia em Belo Horizonte

Talis Andrade

Ato foi organizado por integrantes de uma vigília que apoia a greve de fome de sete ativistas contra a volta da miséria no país e em prol da candidatura de Lula

 

paixao justiça carmen lucia.jpg

 

Dezenas de manifestantes realizaram, no início da noite desta sexta-feira (24), um “lulaço” em frente ao apartamento da ministra do Supremo Tribunal Federal (STF), Cármen Lúcia Antunes Rocha, em Belo Horizonte (MG). O intuito do protesto foi fazer pressão para que a ministra paute o julgamento das Ações Declaratórias de Constitucionalidade (ADCs) que questiona a legalidade das prisões em segunda instância. Já há consenso no STF sobre o tema e o julgamento poderia dar a liberdade ao ex-presidente Lula e garantir seu direito de concorrer na eleição.

 

A reivindicação é o principal motivo da greve de fome de sete ativistas, iniciada há 25 dias. Com o intuito de apoiar os grevistas, foi organizada uma vigília na capital mineira que, por sua vez, concretizou o ato de hoje.

 

“Responsabilizamos o judiciário brasileiro pela atitude extrema que estamos tomando. Caso algum companheiro venha a morrer, consideraremos um assassinato”, disse um dos militantes no ato em frente ao apartamento da ministra.

 

 

25
Ago18

Jornalista alerta presidência do STF sobre a vida de grevistas de fome

Talis Andrade

paz forca medo Sherif Arafa.jpg

 

“Ministra Carmen Lúcia Antunes Rocha, vamos apascentar os corações deste país, antes que tenhamos que verter lágrimas”, diz Hildegard Angel em carta aberta
 
 
A jornalista Hildegard Angel publicou hoje em sua coluna no Jornal do Brasil uma carta aberta à presidenta do Supremo Tribunal Federal (STF), Cármen Lúcia. Ela pede à ministra que coloque em pauta na Corte o julgamento das Ações Declaratórias de Constitucionalidade (ADCs) que colocam em questão a privação de liberdade após condenação em segunda instância. O pedido é um dos pleito dos ativistas há 22 dias em greve de fome em Brasília.

Segundo as ações, levadas ao STF pelo PCdoB, a determinação de cumprimento de pena antes de se esgotarem as possibilidades de recurso viola o texto constitucional que trata da presunção de inocência e do direito de defesa. E leva antecipadamente à prisão, além do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, favorito à eleição presidencial em outubro, entre 150 mil e 200 mil pessoas que podem estar sofrendo privação de liberdade – um bem irrecuperável caso venham a comprovar, mais adiante, sua inocência – num país em que o sistema carcerário está saturado e falido.

A jornalista, filha da estilista Zuzu Angel, morta pela ditadura em represália a sua luta para desvendar a participação do Estado brasileiro na prisão e assassinato de Stuart Angel, irmão de Hildegard, recorre à lembrança da mãe e de outras mulheres mineiras – como Zuzu e a própria Cármen – de destacado papel em defesa da liberdade: Hipólita Jacinta Teixeira de Melo, ativista na Inconfidência Mineira, e Tiburtina Alves, na Revolução de 1930.

A carta menciona ainda um ex-ministro do Supremo, Adauto Lúcio Cardoso, outro mineiro. “Primo-irmão de minha mãe, em família divergiam no pensamento político, mas eram convergentes na causa comum das liberdades democráticas.” E faz referência ao fato de que a um magistrado não cabe colocar preferências partidárias à frente da letra da lei. “Peço a Vossa Excelência e aos demais membros da Corte que ouçam as vozes, não as que lhes são mais próximas, mas as das ruas.”

Hildegard alerta para o momento delicado vivido pelo país. “No momento, a causa extrema é a da nossa Democracia. Faz-nos aflição nos sentirmos na iminência de perdê-la, abalada pela disseminação de um ódio que contamina e torna violenta a nossa sociedade.”

Ela ainda chama a atenção para o fato de sete militantes de movimentos populares em greve de fome, motivada por essa causa, estarem com a vida em perigo. “Vamos apascentar os corações deste país, antes que tenhamos que verter lágrimas por esse sacrifício em seu momento extremo, que parece estar próximo.”

No momento, a causa extrema é a da nossa Democracia. Faz-nos aflição nos sentirmos na iminência de perdê-la, abalada pela disseminação de um ódio que contamina e torna violenta a nossa sociedade
 

paz polícia repressão.jpg

 


Carta aberta à presidente do Supremo Tribunal Federal

Presidente Cármen Lúcia,

Pretendia fazer esse pleito pessoalmente, por ocasião da visita a Vossa Excelência do sr. Adolpho Perez Esquivel, na pequena comissão de representantes da sociedade brasileira. Mas isso não foi possível. Resta-me faze-lo por esta carta, animada por suas demonstrações de solidariedade à luta e à memória de minha mãe, já feitas publicamente e diretamente a mim.

As mulheres mineiras, como são ambas vocês, têm tradição em nossa História de bravura e compaixão. Assim foram, na Inconfidência, Hipólita Jacinta Teixeira de Melo e, na Revolução de 1930, Tiburtina Alves, que, em suas épocas, na defesa de causa maior, desafiaram o medo e o senso comum.

No momento, a causa extrema é a da nossa Democracia. Faz-nos aflição nos sentirmos na iminência de perdê-la, abalada pela disseminação de um ódio que contamina e torna violenta a nossa sociedade, pela primeira vez na História republicana dividida radicalmente.

Amigos rompem relação, parentes não se falam, vizinhos deixam de se cumprimentar. Não houve precedentes em nossa sociedade, a não ser nas ditaduras, quando o temor de retaliações e estigmas levava pessoas a evitarem umas às outras.

Felizmente, lá se vão mais de trinta anos do último período de exceção. Contudo, os ares da excepcionalidade voltam a nos sufocar, confundir e separar. Urge que a Constituição Brasileira volte a ser cumprida em sua integralidade o quanto antes, o tempo atropela o desenrolar dos fatos, e as consequências são imprevisíveis.

Peço a Vossa Excelência e aos demais membros da Corte que ouçam as vozes, não as que lhes são mais próximas, mas as das ruas. Que atentem para o clamor popular, que se faz revolta pelo descrédito que agora inspiram ao povo as nossas instituições. Vemos manifestações em lugares públicos, marchas, movimentos, até greves de fome ocorrerem, na esperança de lhes atrair a atenção. De lhes merecerem um olhar ou até mesmo a preocupação.

Por favor, sra. Ministra, Deus lhe deu esta missão importante de apaziguar a Nação com seus atos, conduzindo este momento da História. Sei que o Supremo de nosso país tem sido capaz de atos de coragem que desafiam o próprio tempo. Como o do saudoso ministro Adauto Lúcio Cardoso, outro mineiro. Primo-irmão de minha mãe, em família divergiam no pensamento político, mas eram convergentes na causa comum das liberdades democráticas.

Ministra Carmen Lúcia, lhe rogo que paute as Ações Declaratórias de Constitucionalidade, que colocam em questão o entendimento firmado pela Corte de autorizar o cumprimento de pena após condenação em segunda instância. Esta é a reivindicação que temos percebido no clamor das ruas, levando até sete militantes de movimentos populares a completarem hoje 22 dias de greve de fome no Distrito Federal.

Vamos apascentar os corações deste país, antes que tenhamos que verter lágrimas por esse sacrifício em seu momento extremo, que parece estar próximo.

Sei de sua bravura, peço-lhe, também, a compaixão.

Muito respeitosamente,

Hildegard Angel
 
25
Ago18

Mesmo debilitados, grevistas de fome mantiveram agenda

Talis Andrade


Ato extremo por justiça completou 25 dias nesta sexta-feira

minista weber greve de fome.jpg

 

O procurador federal adjunto dos Direitos do Cidadão Domingos da Silveira visitou, nesta quinta-feira (23), os sete grevistas de fome por justiça no Supremo Tribunal Federal (STF). Apesar do cansaço e dos problemas em decorrência do jejum que se prolonga há 25 dias, os manifestantes têm insistido para serem recebidos em audiências pelos ministros da Corte.

 

Entre as pautas reivindicatórias, os grevistas destacam a análise das ações declaratórias de constitucionalidade (ADCs) relativas ao cumprimento de pena após condenação em segunda instância, cujo julgamento poderia beneficiar milhares de pessoas, entre elas, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

 

Durante encontro realizado na quarta (22) com a ministra do STF Rosa Weber, os manifestantes renovaram os pedidos para que as ADCs sejam colocadas em pauta. Na tarde do mesmo dia, uma agenda com o ministro Luís Roberto Barroso foi cancelada, porque ele não compareceu. Os grevistas foram recebidos por sua chefe de gabinete, uma burocrata fria e distante, que ficou atrás de um balcão e fez somente anotações. Uma tecnocrata descortês que nem o chefe divino supremo ministro. 

 

 

 

24
Ago18

"Vamos juntos derrotar os candidatos das elites e da Globo"

Talis Andrade

nota- greve de fome.jpg

greve de fome 1.jpg

 

 

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva enviou uma carta redigida de próprio punho aos sete grevistas de fome, que estão há 25 dias sem se alimentar, protestando junto ao Supremo Tribunal Federal, denunciando a volta da fome e o descaso do governo atual com as políticas públicas de seguridade social, saúde e educação.

 

No texto, o ex-presidente agradece o gesto e responde comprometendo-se com as pautas da luta popular. Ao referir-se à candidatura, garante que ela não representa interesse de cunho pessoal e sim uma causa. "Não sou candidato de mim mesmo, sou candidato de uma causa, sou candidato porque o povo quer, sou candidato para garantir a Soberania Nacional, para terminar de fazer a Reforma Agrária e dar aos pequenos agricultores da Agricultura Familiar os direitos e o respeito que eles merecem".

 

O grito dos grevistas à ministra Carmén Lúcia Antunes Rocha

 

Sou candidato para garantir a Soberania Nacional, para terminar de fazer a Reforma Agrária e dar aos pequenos agricultores da Agricultura Familiar os direitos e o respeito que eles merecem

 

 

Caros Companheiros e Companheiras

Jaime Amorim, Zonália Santos, Rafaela Alves, Frei Sérgio, Luiz Gonzaga, Vilmar Pacifico e Leonardo Soares.

 

Não tenho palavras para agradecer o gesto e a atitude de vocês em defesa da Democracia, da liberdade, da expressão em defesa dos direitos do povo trabalhador do campo e da cidade, e também pelo direito de eu ser candidato à Presidência da República.

 

Não sou candidato de mim mesmo, sou candidato de uma causa, sou candidato porque o povo quer, sou candidato para garantir a Soberania Nacional, para terminar de fazer a Reforma Agrária e dar aos pequenos agricultores da Agricultura Familiar os direitos e o respeito que eles merecem.

 

Vamos juntos derrotar os candidatos das elites e da Globo, porque vocês fizeram com que, pela primeira vez, o povo brasileiro fosse no Supremo Tribunal Eleitoral inscrever um candidato.

 

Minha total solidariedade, cuidem-se porque o Brasil precisa do gesto e do voto de vocês!

 

A luta continua, venceremos.

Lula

22/08/2018

 

fome__vasco_gargalo.jpg

 

24
Ago18

24 dias de greve / A fome contra a fome

Talis Andrade

 

fome__makhmud_eshonkulov.jpg

 

por Jaime Amorim

 

 

Hoje chegamos ao 24º dia de greve de fome. Acordamos mais fortalecidos no espírito – apesar do corpo mais fadigado, sonolento e cansado –, com mais certeza da nossa tarefa política, neste momento histórico em que o povo clama contra a ameaça da fome, que já atinge mais de 12 milhões de brasileiros. Nosso país saiu do mapa da fome em 2014, um feito histórico importante em nossa construção como Nação, já que pobre no Brasil sempre foi tratado como escravo. Para os colonizadores e atualmente para a burguesia brasileira, pobre precisa comer pra trabalhar; o resto é mordomia. A fome é consequência dessa cultura escravocrata. Como com a crise e o golpe não há trabalho para todos, para infelicidade de uma pátria destroçada, em dezembro de 2018 o Brasil voltará a fazer parte do mapa mundial da fome.

 

Nós estamos em greve de fome por opção, como protesto político contra a fome, pela liberdade de Lula e a garantia de suas condições de elegibilidade. Mas milhares de brasileiros passam fome por imposição do modelo econômico adotado pelo golpe. Viveram um ciclo histórico de pleno emprego e hoje estão desempregos, sem esperança, olhando pra frente e não enxergando alternativa. O pior de toda a crise é a desesperança, quando um povo perde a possibilidade de sonhar. A cada dia que passamos em greve de fome, temos mais clareza de que temos que lutar contra as injustiças, a violência que atinge frontalmente as camadas mais pobres da população brasileira, o desemprego que leva à desesperança a grande parte do povo brasileiro.

 

Uma greve de fome como instrumento político de luta de um povo deve ter como condição duas questões básicas: ter esgotado todas as possibilidades de reivindicação nas estruturas de poder do Estado e da sociedade e ter como objetivo algo justo. Nossa greve de fome responde a estes dois objetivos, já que no processo de tramitação normal, na política e no Judiciário, não há mais esperança.

 

Não fazemos greve de fome para defender Lula enquanto cidadão. Estamos em greve de fome por tudo o que Lula representa neste momento político. Ele é a representação dos sonhos, da esperança de todo uma nação. O que estamos reivindicando do Poder Judiciário não é abrir nenhuma exceção ou gerar privilégio, mas tão somente que cumpra a Constituição brasileira e garanta a Lula e a outros 18 mil presos o direito à presunção de inocência. Da presidente do STF, Ministra Cármen Lúcia, que coloque em pauta o julgamento das ADCs. Segundo o relator, ministro Marco Aurélio, o relatório já está pronto para ser apreciado pelo conjunto dos ministros.

 

A luta pela liberdade de Lula e seu direito de disputar as eleições de outubro está intrinsecamente vinculada às medidas discutidas com Lula pela Frente Brasil Popular durante as caravanas feitas pelo Brasil. Entre elas, realizar, de imediato, um referendo nacional revogatório, que permitirá ao novo Presidente da República consultar a população e tornar sem efeito todas as medidas e reformas aprovadas durante o golpe. Permitirá implementar uma política econômica que fortaleça o capital nacional e que melhore a vida do povo com trabalho, educação, saúde, transporte, habitação, programas contra a violência, investimentos para produção e comercialização da agricultura camponesa, programas de apoio às populações do semiárido, recuperação de políticas públicas para crianças, mulheres, idosos e jovens. Enfim, que permita ao próximo governo reestabelecer o Estado Democrático de Direito, o equilíbrio entre os poderes e uma política internacional soberana e integradora.

 

O novo governo também precisará realizar reformas fundamentais que não ocorreram no ciclo anterior. É o caso da reforma do sistema político, que deverá estabelecer um novo sistema eleitoral no Brasil, que permita eleições democráticas e sem controle dos grupos econômicos. Da reforma do Poder Judiciário, com a adoção de sua subordinação a órgãos de controle dos poderes estabelecidos e, fundamentalmente, de um processo eletivo, para que o povo brasileiro possa livremente escolher os juízes e promotores públicos, bem como fixar instrumentos de escolhas para promotores e juízes de todas as instâncias. Da reforma dos meios de comunicação, com o fim dos monopólios do sistema. Da reforma tributária, para estabelecer um novo sistema de tributação no Brasil que permita uma melhor distribuição entre os entes federativos, cobre impostos dos ricos sobre renda e sobre as grandes fortunas, e crie um sistema de impostos por circulação financeira e outros específicos para programas de saúde e educação.

 

Também será preciso desenvolver um amplo programa de reforma agrária, que estabeleça tamanho máximo da propriedade da terra no campo; a atualização dos índices de produtividade; um programa amplo de desapropriação, assentando prioritariamente as mais de 100 mil famílias acampadas; que crie programas de crédito, assistência técnica, comercialização e agroindústria; que possibilite crédito voltado à transição e produção agroecológica, recuperação de florestas, matas ciliares margens de rios, córregos e igarapés. E realizar a reforma urbana, garantindo que todas as famílias tenham direito à moradia digna, com o fim da especulação de terras em áreas urbanas e um transporte urbano público de qualidade e acessível para todos.

 

Enfim, estamos em greve porque defendemos um país com democracia plena, com instrumentos políticos e jurídicos que possam ouvir o povo democraticamente em temas importantes que interessam à população. Um país com soberania nacional, justiça e igualdade social, com distribuição de riqueza e renda, pleno emprego, educação pública de qualidade e gratuita. Com um SUS fortalecido, com reforma agrária e alimento saudável acessível para o todo o povo. São partes dos sonhos que nos movem e nos dão força pra lutar. Por isso continuamos em greve de fome, cada vez mais firmes, por tempo indeterminado, atá que a verdade se estabeleça.

19
Ago18

Com Supremo, com tudo. Só esqueceram da ONU

Talis Andrade

charge-lula-.png

 Charge publicada em abril último no portal do PSDB

 

Affirmanti incumbit probatio
(Brocardo jurídico em desuso no Brasil)

por Carol Proner

___

O silêncio do grupo Globo decide mais que qualquer juiz no Brasil. A tática agora é não pautar assuntos constrangedores ou aqueles que não podem ser sustentados sem o apelo à mentira. E é por isso que não há muitas linhas sobre o recente caso da ONU, assim como também passaram em branco os "golpes blancos en América latina" alertados pelo Papa Francisco na visita dos brasileiros ao Vaticano. Mas, in dubio, pode ser que as câmeras dos cinegrafistas da emissora tenham contraído uma espécie de vírus, no dia do registro da candidatura de Lula, e se esmeraram em imagens laterais, deixando fora de foco aproximadamente 30 mil pessoas.

 

Vamos falar francamente: não precisamos de professores de direito internacional para explicar que a decisão do Comitê de Direitos Humanos da ONU vincula, obriga e gera responsabilidade. Para os que têm alergia ao direito internacional, fiquemos com a prata da casa, temos leis de sobra para assegurar os direitos políticos do candidato, leis constitucionais amplamente respaldadas pela legislação-base, sem contar a antecedência, a jurisprudência e a velha e boa "prudência" de não deixar escoar direitos irreparáveis.

 

Para começo de conversa, a decisão da ONU espelha a legislação pátria: o mandamento decorre dos direitos e garantias constitucionais e da tradição democrática e responsável do direito eleitoral que, mesmo nas brechas da lei que pune quem não tem "ficha limpa", é cuidadoso com o direito-síntese mais importante do nosso sistema político: o direito de votar e ser votado.

 

A decisão da ONU complementa o que já temos, mas também é um alerta para que, caso alguma autoridade tenha esquecido de aplicar a lei no curso de um processo não justo, que momentaneamente acalme-se e acautele esses direitos que, não por acidente, são chamados de fundamentais. Em suma, teve um dia ruim? Ficou com vontade de ligar para o carcereiro da Polícia Federal de Curitiba e exigir descumprimento de uma ordem judicial? Lembre-se que a ONU está de olho em você e, com base numa vontade que o Estado brasileiro exarou em 2009, aderindo, via Decreto Legislativo, ao mecanismo de fiscalização universal de direitos civis e políticos, a decisão é mandatória: um imenso "cumpra-se" que abarca a responsabilidade de todo o Estado brasileiro e não somente de um juiz que cometeu crime, mas ainda não foi afastado.

 

Não prefiro a ironia como forma de escrita, ainda mais quando estamos vivendo no limite do aceitável, quando há gente fazendo greve de fome para que outros não padeçam em consequência de uma crise total que vive o nosso país. Mas por vezes, diante do arbítrio com altas doses de cinismo, recorremos ao sarcasmo para encarar os principais responsáveis pelo agravamento da crise democrática e soberana, pois estão todos nus.

 

Sob os olhos do mundo, o Brasil se transformou, entre todas as tentativas em curso na América Latina, no case mais escandaloso de perseguição midiático-judicial a um líder político. Escandaloso porque erraram a mão, exageraram e provocaram uma forte reação popular e internacional. O processo de combate à corrupção, preparado para mascarar a trama via "legitimação pelo procedimento", foi desmascarado logo na origem do chamado Caso Lula, tanto pela defesa do ex-Presidente quanto por argutos juristas que identificaram e denunciaram a prática de lawfare e os atos de exceção no sistema de justiça.

 

Hoje é transparente o vínculo entre o golpe jurídico-midiático-parlamentar contra Dilma e o ativismo jurídico-midiático contra Lula, processos paralelos e complementares que engolfaram a democracia não apenas pelo comprometimento das eleições de 2018, mas também por revelar limites dramáticos do modelo: agora, amarrando bem – com supremo, com tudo – é possível apear presidentes ou encarcerar candidatos para evitar o acontecimento da democracia. Só se esqueceram dos expertos da ONU.

 

Nos encontros que temos tido com juristas e cientistas políticos de outros países, essa é a dura mensagem que o caso brasileiro está transmitindo: um alerta para todos os países que vivem a ilusão do acordo possível entre os valores liberais do (neo)constitucionalismo e os direitos dos povos historicamente desgraçados. Na hora certa, quando o mandamento do (neo)contratualismo se resume a "não pactar com a democracia" – racionalidade pós-democrática – os elitismos, incluindo o elitismo judicial, se levantam e falam grosso com los de abajo. É aí que teremos que enquadrar qualquer projeto de reforma do judiciário que se preze, mas isso é assunto de futuro.

 

Por enquanto, devemos celebrar. Essa decisão cautelar da ONU é muito boa para a resistência democrática, já que temos consciência de que se trata de acúmulo para fortalecer um momento mais adiante. Como já não acreditamos na justiça, será mesmo por diversão que acompanharemos a decisão do ministro Barroso arbitrando a proibição dos direitos inalienáveis de Lula, apesar da decisão-espelho da ONU. Ele vai tratar a entidade como o Cabo Daciolo trata a URSAL, provavelmente fazendo coro com o Bolsonaro, que a considera covil de comunistas.

 

Tentando imaginar a embaraçosa situação dos perpetradores do golpe e daqueles que agora têm nas mãos o destino de tudo isso – não só do Lula-Livre, mas de suas próprias biografias – talvez, se pudessem voltar no tempo, teriam feito tudo com mais capricho: quem sabe um juiz menos acusador, um Ministério Público menos power point, desembargadores menos apressados, ministros da Suprema Corte menos vaidosos e uma mídia menos canastrona. Poderiam ter chegado lá pisando no povo, naturalmente, mas com elegância.

 

 

aziz lula preso.jpg

 

 

17
Ago18

GREVE DE FOME POR JUSTIÇA NO STF

Talis Andrade

greve-de-fome.jpg

 

 

Sete integrantes de movimentos populares do campo e da cidade deflagraram a Greve de Fome por Justiça no STF, em 31 de julho, em Brasília (DF). A manifestação denuncia, além da parcialidade no Supremo Tribunal Federal, a volta da fome e o abandono dos mais pobres, o aumento da violência que ataca, sobretudo, mulheres, jovens, negros e LGBTs, a situação da saúde pública, os desmontes das conquistas dos trabalhadores, entre outras pontos expostos no manifesto divulgado.

 

Acompanhe a greve aqui

 

 

17
Ago18

A ousadia do povo na rua

Talis Andrade

Diversos movimentos populares e organizações políticas pensaram em agendas unitárias para denunciar o golpe

 

 

justiça.jpg

 

 

EDITORIAL BRASIL DE FATO

 

Diante de tamanha injustiça e do cenário político nacional golpeado por reformas impopulares e perda de direitos, diversos movimentos populares e organizações políticas pensaram em agendas unitárias de mobilização para denunciar o golpe, a fome, e afirmar a necessidade de Lula livre para retomarmos a democracia no país.

 

Marchas por “Lula Livre” aconteceram em diversos estados e percorrem centenas de quilômetros embaixo de sol e chuva, conversando com o povo, dizendo que somente com a mobilização popular sua liberdade será concreta.

 

Recentemente, fomos surpreendidos com a triste notícia de que o Brasil deve retornar ao Mapa da Fome da ONU. Em 2014 saímos dele. Menos de quatro anos depois, o golpe que retirou Dilma Rousseff da presidência impôs uma agenda que afetou diretamente a população mais pobre. Cortes em programas sociais excluíram do Programa Bolsa Família 1,1 milhão de famílias e fez crescer a fome e a miséria. Tudo isso deixa evidente o quanto o golpe tem relação direta com a piora de vida do povo.

 

Sete lideranças estão há mais de dez dias em greve de fome

 

No intuito de denunciar o aumento da fome - atualmente 12 milhões de pessoas passam fome no país - e lutar pela liberdade de Lula, foi que a Articulação Semiárido Brasileiro (ASA), em conjunto com outras organizações, construiu a Caravana Semiárido Contra a Fome que foi de Pernambuco a Brasília, 4.300 quilômetros, dialogando sobre a situação de fome que atinge o país. Enquanto isso, sete lutadoras e lutadores do povo entraram em greve de fome para pressionar o Supremo Tribunal Federal em relação à prisão política de Lula, o ato extremo demonstra coragem e ousadia e que nosso povo está disposto a ir à luta pela democracia.

 

Duas agendas nacionais mobilizam o povo nos próximos dias no intuito pedagógico de dialogar com a classe trabalhadora e lutar contra a retirada de direitos e pela retomada da democracia. A Marcha Nacional Lula Livre inicia neste 10 de agosto e termina no dia 15 de agosto num grande ato em frente ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) em Brasília. Ainda no dia 10, as centrais sindicais realizam ato unitário chamado de Dia do Basta, quando o desemprego, a miséria, a crise e o aumento do gás de cozinha serão denunciados e colocados na conta do golpe.

 

As agendas de luta e mobilização são várias e reforçam que o diálogo com o povo pode criar a capacidade de virar o jogo e enfrentar as forças golpistas, que insistem cotidianamente em nos negar o direito a viver dignamente.

17
Ago18

GREVE DE FOME Vigília no Superior Tribunal Federal para presidenta Cármen Lúcia colocar liberdade de Lula em votação

Talis Andrade

 

 

Militantes, religiosos e outros apoiadores realizam novo ato inter-religioso

 

greve de fome vigília no stf.jpg

 

por Cristiane Sampaio

 

“Irá chegar um novo dia / um novo céu, uma nova terra, um novo ar/ e, nesse dia, os oprimidos/ numa só voz a liberdade irão cantar”. Foi sob o embalo desses versos que a Praça dos Três Poderes, localizada em frente ao Supremo Tribunal Federal (STF), em Brasília (DF), sediou um novo ato inter-religioso em favor da soltura do ex-presidente Lula (PT).


Em apoio aos oito militantes de movimentos populares em greve de fome há 16 dias, religiosos e outros apoiadores da causa engrossaram o coro para que a presidente do STF, Cármen Lúcia, coloque em pauta a votação das ações declaratórias de constitucionalidade (ADCs) que questionam a prisão após condenação em segunda instância.


Na ocasião, foram distribuídas velas para os participantes. O frei capuchinho Wilson Zanatta destacou a simbologia da luz como referência à esperança do campo popular diante da libertação do ex-presidente.


“Queremos ouvir esse texto pra que a palavra de Deus nos ilumine, clareie, pra que a gente possa ter certeza para onde estamos indo e o que estamos construindo”, afirmou, durante a celebração, em referência aos versos da canção citada anteriormente.


Outros apoiadores da causa também se somaram ao ato, como Maria Fernanda Coelho, ex-presidenta da Caixa Econômica Federal (CEF). Ela elogiou a coragem dos militantes em abdicarem da alimentação para protestar contra a prisão de Lula.


“Eu entendo que eles fazem um movimento pacífico, mas muito forte, e é preciso ter muito amor no coração para encarar uma decisão como essa”, afirmou.


O caso do ex-presidente atinge cerca de outras 150 mil pessoas, que também estão presas sem terem sido julgadas na terceira instância da Justiça. João Pedro Stédile, da Coordenação Nacional do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), ressaltou a importância de a ministra Cármen Lúcia dar prioridade ao tema.

carmem lucia stf.jpg

 


"[Esperamos] que ela assuma, de fato, o compromisso de respeitar a Constituição Federal (CF). Tenha a coragem de colocar em votação a ADC 54, que convoca os ministros do STF a cumprirem a sua função de respeitar a CF, que diz que nenhum brasileiro pode ser preso sem que seja julgado em todas as instâncias, porque todo mundo tem a presunção da inocência”, completou.



Mais sobre mim

foto do autor

Subscrever por e-mail

A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.

Arquivo

  1. 2023
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  14. 2022
  15. J
  16. F
  17. M
  18. A
  19. M
  20. J
  21. J
  22. A
  23. S
  24. O
  25. N
  26. D
  27. 2021
  28. J
  29. F
  30. M
  31. A
  32. M
  33. J
  34. J
  35. A
  36. S
  37. O
  38. N
  39. D
  40. 2020
  41. J
  42. F
  43. M
  44. A
  45. M
  46. J
  47. J
  48. A
  49. S
  50. O
  51. N
  52. D
  53. 2019
  54. J
  55. F
  56. M
  57. A
  58. M
  59. J
  60. J
  61. A
  62. S
  63. O
  64. N
  65. D
  66. 2018
  67. J
  68. F
  69. M
  70. A
  71. M
  72. J
  73. J
  74. A
  75. S
  76. O
  77. N
  78. D
  79. 2017
  80. J
  81. F
  82. M
  83. A
  84. M
  85. J
  86. J
  87. A
  88. S
  89. O
  90. N
  91. D
Em destaque no SAPO Blogs
pub