Tortura durante a ditadura, relato de Maria Luiza Flores da Cunha Bierrenbach


Dirceu Gravina, delegado da Polícia Civil, atuou no DOI-Codi de São Paulo entre 1971 e 1972. De acordo com testemunhos de presos políticos, era conhecido no órgão como JC, abreviatura de Jesus Cristo. Apelido ganho por usar cabelos longos e um crucifixo no peito. Tinha fama de entrar nas celas e falar: “Eu sou Deus. Eu sou Jesus Cristo. Eu tenho o poder da vida e da morte”.
Em 2010, o Ministério Público Federal (MPF) propôs uma ação civil pública contra Gravina pelo desaparecimento dos militantes Yoshitane Fujimori e Aluizio Palhano Pedreira Ferreira, ambos militantes da Vanguarda Popular Revolucionária (VPR). Além disso, é alvo de uma ação penal pelo sequestro e tortura de Palhano, ao lado do coronel do Exército, Carlos Brilhante Ustra.
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“O assassinato de [Luis Eduardo] Merlino tem responsáveis e pessoas diretamente responsáveis, com a fúria e selvageria que caracterizava [o período]”, disse a ex-ministra Eleonora Menicucci de Oliveira, acrescentando que na sala de tortura, onde estavam ela e Merlino, também estavam presentes o comandante Ustra, o capitão Ubirajara [como era chamado o delegado Aparecido Laertes Calandra] e JC [como era conhecido Dirceu Gravina]. “Essas três pessoas são absolutamente responsáveis pelo assassinato do Luiz Eduardo da Rocha Merlino”, destacou. (Reportagem da EBC, 13/12/13).
“Quando interrogava, gostava dos afogamentos e do fura-poço, um tipo de tortura em que a pessoa fica abaixada com o dedo no chão e andando em círculos. Ao ficar tonta, apanha. Ele perguntava e torturava diretamente”, Lenira Machado, ex-presa política.