Em outubro de 2018 Bolsonaro, ainda candidato, prometeu acabar com a reeleição. E que valeria já para seu mandato. Integraria uma ampla reforma política, que dependeria do diálogo com o Parlamento. Incluiria ainda uma redução de “15, 20%” do número de parlamentares, disse à época.
Palavras de campanha. Qual foi o texto enviado pelo seu governo para discussão no Congresso? Sua principal reforma foi entregar grande parte das verbas de investimentos federais para os parlamentares através das emendas do relator, o orçamento secreto.
Em junho de 2019, afirmou que, sem “uma boa reforma política e se o povo quiser, estamos aí para continuar mais quatro anos”. Uma comissão foi criada, em que se discutiu do voto distrital ao voto impresso. A aprovação das federações partidárias foi seu resultado mais efetivo. Fim da reeleição? Nunca passou perto.
A última promessa também é de setembro de 2018 e voltou às manchetes porque continua tema da campanha do presidente. Acabar com as indicações políticas e escolher ministros por critérios técnicos. Dia sim, dia não ele tem repetido que seu governo concretizou essa promessa.
Antes da eleição afirmou que atacaria a corrupção “na sua raiz, pondo fim nas indicações políticas do governo em troca de apoio” e que “na Agricultura, alguém que venha indicado pelo setor produtivo, com a educação, não é diferente”. A gente está escolhendo por critérios técnicos”.
Cumpriu o que prometeu? A lista é grande. O senador Ciro Nogueira na Casa Civil consolidou o embarque do Centrão no governo, assim como a indicação da deputada federal Flávia Arruda para a Secretaria de Governo. Para comandar a Saúde, nada melhor do que um general especializado em logística. Eduardo Pazuello afirmou na CPI que “nem sabia o que era o SUS”. O ministro das Comunicações Fábio Faria já integrou uma comissão sobre o tema e é casado com a filha do apresentador Silvio Santos. E temos o constrangedor músico Gilson Machado, que chefiou a pasta do Turismo.
Foram muitas as promessas não cumpridas porBolsonaroem seu governo. Outras, como a ampliação do acesso às armas, infelizmente realizaram-se. É comum declarações de campanha caírem no esquecimento. Espera-se que seus crimes, mais que recordados, sejam levados à Justiça.
Bolsonaro candidato a presidente diz que é contra a reeleição e a favor da redução do número de parlamentares no Congresso. Agora quer o mando de ditador perpétuo
Jair Bolsonaro: 'A reeleição é péssima para o Brasil'.
Em evento militar, o presidente Jair Bolsonaro (PL) disse que tenta a reeleição e respeitará o resultado caso não seja eleito. O candidato à Presidência participou de solenidade na Academia Militar das Agulhas Negras, no Rio de Janeiro, mas não discursou. Que estória essa de ser bonzinho: de respeitar o voto livre, democrático e soberano do povo brasileiro? A Lei é para todos. Presidente, marechais de contracheques e lavadeiras.
Em 4 de julho de 1991, escrevia Oto Lara Resende "Calma que o Brasil é nosso: A democracia? Ainda não estamos preparados. Ensino e saúde para todos. É cedo. Temos de nos preparar. Previdência Social: nanja! O povo não sabe votar. Ainda. Voto não enche barriga. O voto da lavadeira não pode ser igual ao do general. Quem o disse foi o general, claro. Corrupção, desnutrição, crime organizado. A solução virá a seu tempo. Calma, gente. Ainda não estamos preparados".
Não devemos esquecer nunca o reacionário general Ignácio Veríssimo que achava o voto de uma lavadeira não poderia ter o mesmo valor do que o de um oficial general.
Talvez copiando esse general, Chico Anysio criou sua personagem Justo Veríssimo, que seria hoje um grande defensor do viagra, do lubrificante íntimo, da prótese peniana tamanho 25 cm o máximo em poder distribuídos de graça pelas forças armadas.
Quando a máfia dos cassinos encontra a ultradireita e os evangélicos
por Luis Nassif
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Peça-chave no financiamento e apoio à ultradireita, o lobby dos cassinos está entre os setores que mais ambicionam destruir regulações civilizatórias, transitando na fronteira da ilegalidade.
Desde que assumiu o governo, quando indagado, Jair Bolsonaro faz jogo duplo.
É pressionado pelo Centrão a legalizar os jogos de azar, o que motivou inclusive, Paulo Guedes, a defender em fevereiro de 2020 a entrada dos cassinos no país e junto com este grupo está o seu filho, Flávio Bolsonaro, lobista de cassinos em Las Vegas. Do outro lado, está a pressão da bancada evangélica a vetar a proposta. Resultado: Bolsonaro se compromete com o veto, sem esforços para impedir que o Congresso o derrube.
Jogos e cassinos têm uma ligação histórica com a máfia e com a contravenção.
Nos Estados Unidos, Las Vegas foi construída pelos grupos da máfia. Na Europa, máfias italiana, francesa e espanhola disputavam o controle dos jogos e dos cassinos. No Brasil, desde o Império o crime organizado dominou o jogo do bicho e, depois, os bingos e máquinas caça-níqueis. E não apenas pela exploração da compulsão dos usuários por jogos de azar, mas porque se prestam perfeitamente à lavagem de dinheiro e ao fluxo de narcotráfico.
A internacionalização do jogo explodiu com a Internet e os jogos eletrônicos online. Especialmente porque exigiam uma nova tecnologia, e um domínio das ferramentas de difusão na Internet.
O primeiro grupo internacional a investir pesadamente no país foi a Gtech, ligada à máfia de Los Angeles. Entrou pela porta da Caixa Econômica Federal, na gestão Danilo de Castro, no governo Itamar Franco. Danilo afastou a estatal Datamec e contratou os serviços da Racimec, empresa nacional, mas que já tinha, por trás, a Gtech.
O prestígio da Gtech podia ser medido pela influência do seus lobistas, dentre os quais Rick Davis, gerente da campanha de John McCain, candidato republicano à presidência dos Estados Unidos. Ela cuidava também da loteria estadual do Texas quando Bush Filho governava o estado.
O contrato da Racimec passou pelo governo Itamar e se consolidou no governo Fernando Henrique Cardoso, graças às benesses garantidas pelo presidente da CEF Sérgio Cutollo, mesmo contra pareceres técnicos desaconselhando o novo contrato.
Com a entrada do PT, o bicheiro goiano Carlinhos Cachoeira se aproximou de Rogério Buratti, da República de Ribeirão Preto, liderada por Antônio Palocci, e ofereceu seus préstimos para a renovação do contrato da Gtech no valor de US$ 130 milhões.
O plano de Cachoeira era parceria com a Gtech para dominar o mercado de apostas online. Ele já havia feito as primeiras incursões, estendendo suas atividades para Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Paraná e Rio de Janeiro.
Desde o início, Cachoeira contou com a parceria da revista Veja – que o livrou de uma CPI da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro detonando o deputado que a propôs. E depois se tornaria sua parceira preferencial em um sem-número de escândalos visando afastar competidores de Cachoeira.
A manobra não deu certo, provavelmente bloqueada pelo então presidente da CEF, Jorge Matoso – posteriormente sacrificado injustamente no episódio em que Palocci conseguiu quebrar o sigilo do caseiro da tal República de Ribeirão.
Cachoeira perdeu uma quantia calculada em R$ 50 milhões. Em represália, divulgou o vídeo com Valdomiro Diniz, primeira trinca grave na imagem do governo Lula.
Logo após o impeachment, aproveitando o quadro inicial de terra arrasada, Temer e seu grupo tentou aprovar a legalização do jogo e a privatização dos jogos online, a Lotex. Não teve tempo de consumar a jogada.
Peça 2 – a frente fascista e o negócio dos cassinos
Por seu lado clandestino, de flertar com os limites da contravenção, o jogo sempre necessitou de blindagem política, razão para ter se tornado grande financiador de políticos em vários países.
Com o avanço da Internet, os diversos braços do crime organizado perceberam um mercado político promissor na aliança com os grupos de ultradireita que ascendiam nas diversas partes do planeta.
Hoje em dia, o avanço da ultradireita mundial está fundado em uma rede de negócios articulada diretamente pelo presidente norte-americano Donald Trump. É o que explica a aproximação de Trump com a Arábia Saudita em detrimento do aliado histórico Canadá. Essa frente político-empresarial fomenta intolerância, golpes na democracia, com a intenção de consolidar alianças políticas que abram espaço para seus negócios. O alerta é do candidato democrata Bernie Sanders, em artigo recente no The Guardian.
“Já deve estar claro que Donald Trump e o movimento de direita que o apóia não são um fenômeno exclusivo dos Estados Unidos. Em todo o mundo, na Europa, na Rússia, no Oriente Médio, na Ásia e em outros lugares, vemos movimentos liderados por demagogos que exploram os medos, preconceitos e queixas das pessoas para alcançar e manter o poder.
“(…) Além da hostilidade de Trump em relação às instituições democráticas, temos um presidente bilionário que, de uma maneira sem precedentes, incorporou descaradamente seus próprios interesses econômicos e de seus companheiros nas políticas do governo.
“(…) Devemos entender que esses autoritários fazem parte de uma frente comum. Eles estão em estreito contato, compartilham táticas e, como no caso dos movimentos de direita e europeus e americanos, compartilham até alguns dos mesmos financiadores. A família Mercer, por exemplo, apoiadores da infame Cambridge Analytic, foi a principal patrocinadora do Trump e do Breitbart News, que opera na Europa, Estados Unidos e Israel para promover a mesma agenda anti-imigrante e anti-muçulmana. O megadoador republicano Sheldon Adelson doa generosamente a causas de direita nos Estados Unidos e Israel, promovendo uma agenda compartilhada de intolerância e iliberalismo em ambos os países”.
Em uma das visitas de Bolsonaro a Trump, na Casa Branca, um dos temas tratados foi o da legalização dos cassinos no Brasil. Poucos dias depois, o Ministro do Turismo anunciou que o governo iria propor no Congresso Nacional um debate sobre cassinos integrados a resorts – justamente o modelo de Sheldon Adelson, presidente da Las Vegas Sand Coorporation.
Portanto, trata-se de uma demanda negociada diretamente por um filho de Bolsonaro, o representante empresarial da família. A apresentação da proposta, por Paulo Guedes, é apenas uma troca de favores, visando reduzir as suspeitas sobre as articulações, já que Sheldon é um dos principais articuladores do grande pacto de negócios que une a ultradireita mundial.
Ele foi um dos financiadores da mudança da embaixada norte-americana para Jerusalem. Na inauguração, a família Sheldon foi colocada em lugar nobre, ao lado do primeiro ministro Netanyahu, da filha e genro de Donal Trump, Ivanka e Jared Kushner. Não por acaso, a ultradireita israelense liderada por Netanyahu acumula em série suspeitas de corrupção.
Peça 4 – a rede mundial da contravenção
O governo Bolsonaro vem desarmando, uma a uma, as restrições regulatórias em todos os campos de atuação das milícias e das máfias internacionais. Todas suas intervenções econômicas visam atender interesses de negócio de seu entorno. A legalização dos cassinos é apenas o último passo nessa escalada de parcerias com o submundo empresarial.
Jornalista veterano, Elio Gaspari afirmou em sua coluna na Folha de S.Paulo neste domingo (21) que a possibilidade do ex-presidente Lula (PT) repetir nos EUA o êxito da viagem que fez à Europa causa um “pesadelo diplomático” no governo Jair Bolsonaro (Sem partido).
“Um pesadelo diplomático assombra o Planalto. É a possibilidade de ele ir aos Estados Unidos no ano que vem”, diz Gaspari. “Se Lula se encontrar com metade das vítimas das caneladas do bolsonarismo, repetirá o êxito do périplo europeu“, emenda.
O jornalista ventila até uma sugestão ao vice-presidente, o general Hamilton Mourão (PRTB): convidar a vice de Joe Biden, Kamala Harris, para um almoço.
“Poderia explicar-lhe o que deve fazer para continuar viva numa Casa Branca habitada por um presidente cercado por fofoqueiros que não têm o que fazer e, se tivessem, seriam incapazes de enfiar um prego numa barra de sabão”, ironiza Gaspari.
Em seu último encontro com lideranças políticas, Lula emocionou a plateia progressista que participou do debate “Construindo o futuro: desafios e alianças populares”, convocado pelo Podemos, principal partido de centro-esquerda do país.
“A luta pela desigualdade tem que ser uma bandeira nossa, da esquerda. A gente pensa em muita coisa, mas às vezes a gente esquece das pessoas que não têm sindicato, que não têm organização, das pessoas que não podem nem fazer protesto. Porque o faminto não faz a revolução. O faminto está fragilizado. E nós que temos que estender a mão para eles. Nós é que temos que ser as pernas deles”, disse Lula – assista aqui.
Lula ainda focou a questão ambiental como pauta prioritária para o campo progressista de todo o mundo.
“Além dessa questão da fome, da desigualdade. Eu saí da cadeia com outra disposição. A questão ambiental não é mais só questão dos ambientalistas. A questão ambiental não é mais do Partido Verde, da classe média sofisticada, intelectual. A questão ambiental é uma questão do povo brasileiro, do povo espanhol, do povo do planeta Terra. Nós só temos ele”, afirmou.
Rever acordo do Mercosul com a União Europeia
Em seu giro pela Europa, onde encontrou chefes de Estado e lideranças políticas, o ex-presidente Lula (PT) prometeu que, caso seja eleito em 2022, vai rever o acordo fechado às pressas por Jair Bolsonaro (Sem partido) e o ministro da Economia, Paulo Guedes, entre o Mercosul e a União Europeia.
Lula avalia que o acordo foi um erro, usado meramente para Bolsonaro apresentar algum fato diplomática seis meses após ser eleito.
“Os parceiros europeus precisam entender que nós devemos exportar produtos acabados que tenham maior valor agregado para que possamos avançar”, disse. “Não queremos apenas exportar soja, milho e minérios“, emendou o ex-presidente.
O tratado, que ainda não passou pela aprovação dos parlamentos europeu e brasileiro, é extremamente danoso ao Brasil, que teria de limitar a exportação de produtos agrícolas. Por outro lado, a Europa teria acesso a setores estratégicos da economia brasileira em compras governamentais, serviços e propriedade intelectual.
Encontro com primeiro-ministro da Espanha encerrou viagem à Europa
Um encontro com o primeiro-ministro da Espanha, Pedro Sánchez, no Palácio de Moncloa, em Madri, nesta sexta-feira (19) encerrou a viagem de Lula à Europa.
“Espanha e Brasil compartilham fortes laços estruturais e permanentes em diferentes áreas. Hoje, encontrei-me com o seu ex-presidente, @LulaOficial, para tratar de vários assuntos de interesse comum, como a situação da pandemia, as mudanças climáticas e a recuperação econômica”, tuitou Sánchez com fotos com o petista.
A viagem do ex-presidente se tornou um dos principais assuntos políticos da semana. Lula tem mostrado que ainda possui forte prestígio internacional e, inevitavelmente, suas agendas com importantes lideranças políticas têm sido comparadas com o isolamento de Bolsonaro no mundo, especialmente na União Europeia.
Em sua passagem pelo Velho Continente, Lula teve mais encontros com lideranças políticas do que Bolsonaro teve, por exemplo, durante toda a sua passagem por Nova York para a Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), ocasião em que, para muitos, o presidente passou vergonha. O ex-mandatário, durante as agendas, não tem economizado críticas ao governo, denunciando o negacionismo do titular do Planalto no âmbito da pandemia, a volta da fome no Brasil e a antipolítica ambiental do chefe do Executivo.
O ápice da viagem, no entanto, se deu ao encontrar, para além das lideranças regionais, um chefe de Estado: Emmanuel Macron, presidente da França, que por sinal é desafeto de Bolsonaro.
O ex-presidente brasileiro foi recebido com pompa pelo mandatário francês, com direito a honrarias e marcha da Garde Républicaine, protocolo típico utilizado para receber chefes de Estado. Lula ainda tem reunião marcada com o primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez.
Sob a batuta do ministro do Turismo, o sanfoneiro Gilson Machado, a agência que promove o desenvolvimento turístico no País se tornou um dos principais órgãos do governo para acomodar amigos e parentes de aliados, incluindo esposas de ministros do presidente Bolsonaro, além de ter se transformado em palco para a realização de negócios suspeitos
LOBBY Medeiros, da Embratur (1º à esq), participa de almoço com os ministros Machado (centro) e Tarcísio (4º à esq.): abrindo portas para seus negócios (Crédito: Divulgação)
por Ricardo Chapola /Istoé
Os maiores indícios de irregularidades na Embratur são baseados na constatação de um flagrante conflito de interesses entre os projetos oficiais da instituição e as atividades privadas praticadas por graduados funcionários do órgão. ISTOÉ apurou que o advogado João Vita Fragoso de Medeiros, atual gerente jurídico da agência de turismo, tem usado de sua influência no órgão para atrair investimentos turísticos para a praia de Maracaípe, no município de Ipojuca, em Pernambuco, como resorts e um parque aquático. O funcionário da empresa do governo federal possui inúmeras propriedades no local, como pousadas, haras e terrenos onde realiza eventos privados, e, segundo moradores e integrantes de ONGs da região, ele planeja se beneficiar diretamente dos empreendimentos que deverão contar, inclusive, com a destinação de recursos públicos.
No site da Embratur, Fragoso de Medeiros é apresentado com um advogado de sucesso, com mais de 30 anos de experiência e passagem pela procuradoria do município de Araçoiaba, em Pernambuco. Amigo íntimo de Gilson Machado, ele ganha um salário de R$ 25,7 mil na agência. O texto não diz, contudo, que Medeiros também é um grande empresário. Seus negócios se concentram na praia de Maracaípe, bem próxima a Porto de Galinhas, um das mais badaladas do Nordeste brasileiro. Ele é conhecido pelo enorme volume de propriedades que possui na região.”Medeiros é dono de tudo por aqui”, afirmou um morador que, temendo represálias, pediu para não se identificar.
Para valorizar suas propriedades, o advogado estaria trabalhando nos bastidores da Embratur para viabilizar a construção no local de empreendimentos turísticos da construtora Teixeira Duarte, pertencente a empresários portugueses. Em 2006, o governo pernambucano chegou a vender ao grupo, em leilão, um terreno com aproximadamente 110 hectares para a construção de um resort de luxo, com investimentos avaliados em R$ 620 milhões, que permitiriam a construção de mais dois mil flats, aumentando a capacidade de Maracaípe para o recebimento de turistas. O empreendimento poderá ser edificado ao lado dos terrenos de Medeiros, que, portanto, deverão ser valorizados. Mas o projeto não havia saído do papel até aqui. E é aí que entra o lobby de Medeiros.
Em agosto de 2019, já na gestão Bolsonaro, as autoridades locais, sob influência de Medeiros, voltaram a reivindicar a exploração comercial do imóvel. Na ocasião, o secretário de Turismo de Ipojuca, Mário Pilar, foi a Brasília pedir auxílio à Embratur, comandada à época pelo sanfoneiro Gilson Machado, para a retomada dos projetos na área. Nessa reunião, Pilar disse que caso não fosse construído o resort, sob o argumento de que a região já tinha hospedagens suficientes para atender seus turistas (15 hotéis e 240 pousadas), o imóvel poderia ser utilizado para a construção de um grande parque aquático. Argumentou que o empreendimento poderia gerar empregos em uma área atingida pelas demissões do Porto de Suape, um dos maiores empregadores das imediações. Depois disso, Mário Pilar também virou funcionário da Embratur, trabalhando ao lado de Medeiros. Tornou-se coordenador de promoção internacional do turismo cultural, com vencimentos da ordem de R$ 18 mil.
DOAÇÃO Medeiros presenteou a primeira-dama Michelle com dois cavalos mangalarga de sua propriedade
OSTENTAÇÃO O advogado posta fotos na companhia da mulher Eliane na Pousada Caraíbas: demonstração de poder
Cavalos para Michele
Pilar e Medeiros desejam agora que o espaço abrigue inicialmente o parque aquático, segundo apurou ISTOÉ. Vendedores e empresários locais afirmaram à reportagem que a chegada de um empreendimento desse porte vai favorecer, e muito, os negócios do advogado da Embratur em Maracaípe. Lá, Medeiros é dono de um império. É proprietário de uma fazenda, onde também funciona o Haras Cascatinha. Medeiros é criador de cavalos da raça mangalarga marchador, cujos animais podem ser comercializados por até R$ 15 milhões cada um. Em agosto do ano passado, inclusive, ele doou dois desses animais à primeira-dama Michele Bolsonaro, que os destinou ao projeto Pátria Voluntária, administrado por ela para o atendimento de crianças carentes.
O funcionário da Embratur é dono, ainda, de duas pousadas. Uma delas é a Privê Pontal de Maracaípe, localizada nas proximidades do terreno onde deve ser construído o parque aquático. Lá, ele costuma tirar fotos com a mulher, Eliane Viana, para postar e ostentar seu poder nas redes. Em imagens publicadas no Instagram, os dois aparecem curtindo a vida em hidromassagens, fumando charutos que custam mais de R$ 100 a unidade e tomando caros uísques. A outra pousada, a Privê Vila Caraíbas, é um pouco mais modesta. São casas construídas nos fundos de um dos maiores terrenos que Medeiros possui na região, defronte à orla da praia. Mas o espaço ocupado é tão grande que os maiores eventos realizados em Maracaípe acontecem ali, como shows organizados em feriados prolongados. Todos costumam lotar. Questionada sobre os negócios de Medeiros, a Embratur disse que não comentaria questões relacionadas à vida privada de seus funcionários.
Ele é alvo também de várias ações que tramitam na Justiça de Pernambuco. Em uma delas, ele é réu em um processo em que é acusado de ter construído um muro sobre uma área de proteção ambiental. Além disso, a estrutura também comprometia o trânsito de cerca de 40 famílias de jangadeiros que ocupam a área. Anexado ao processo, Medeiros é citado em um boletim de ocorrência registrado por um desses jangadeiros. Para a polícia, o pescador disse ter sido ameaçado pelo funcionário da Embratur com uma arma. O MP pediu à Justiça o cumprimento de um mandado de busca e apreensão, no que foi atendido. Na fazenda de Medeiros, as autoridades encontraram uma espingarda calibre 38 e 50 munições. Não é à toa que o nome de Medeiros desperta apreensão entre os moradores do local. “O medo aqui é generalizado. É uma pessoa que tem uma história baseada em intimidação por meio de capangas armados e é ligado a políticos”, afirmou um comerciante de Maracaípe, que preferiu não se identificar.
Nepotismo cruzado?
A proteção a Medeiros por parte de Gilson Machado vai além da Embratur. Logo que assumiu o governo, Bolsonaro escolheu o sanfoneiro para presidir a estatal do turismo e ele logo virou um dos personagens mais assíduos das lives diárias transmitidas pelo ex-capitão no Facebook. Sua participação nas mídias sociais do presidente sempre contou com a parceria de Medeiros. Isso valeu a Machado um grande destaque no governo, levando-o a ocupar o Ministério do Turismo, cujo orçamento é de R$ 2 bilhões previstos para este ano. A pasta ainda tem os recursos provenientes do orçamento secreto no Congresso, grande parte para ser distribuída a regiões estratégicas ao mandatário. Embora não comande diretamente a Embratur, Machado continua mantendo grande influência na agência, atualmente dirigida pelo amigo Carlos Brito. Além dele, outros apaniguados do sanfoneiro e de Bolsonaro ganharam cargos na agência. Em setembro do ano passado, a mulher do ministro de Infraestrutura, Tarcísio de Freitas, foi agraciada com uma vaga na empresa. Cristiane Ferreira da Silva Freitas virou coordenadora de integridade e integração da agência, cujo salário é de R$ 18,3 mil.
Em janeiro deste ano, a mulher do secretário da Pesca, Jorge Seif, chamado de “06” pela família do mandatário, também passou a trabalhar na agência. Catiane Seif é gerente de integridade e integração, posto de confiança mais alto dentro da estrutura organizacional do órgão, com salário de R$ 25,3 mil. Outro amigo de Bolsonaro que ganhou espaço na Embratur foi o tenente Mosart Aragão, assessor especial do presidente. Sua mulher Maria das Dores Leite Pereira assumiu o posto de gerente do centro de documentação e patrimônio histórico do órgão, cujos vencimentos são de R$ 25,3 mil.
O fato de muitos funcionários da Embratur terem relações de parentesco com outros ministros do governo pode configurar prática de nepotismo cruzado, algo que é vedado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) desde 2008. Em nota, a agência nega a irregularidade nas contratações. Parlamentares da oposição ao governo estimam que a agência consome em torno de R$ 5 milhões anuais com salários de afilhados do presidente. Para este ano, a instituição recebeu um reforço no orçamento do governo e terá disponível cerca de R$ 649,1 milhões para gastar.
O SANFONEIRO Gilson Machado virou ministro do Turismo graças à participação ativa nas lives de Bolsonaro (Crédito:Divulgação)
Graças a esse grande volume de verbas, a família Bolsonaro manipula os recursos da Embratur para atender interesses paroquiais. O irmão do presidente, Renato Bolsonaro, por exemplo, age como um agente informal da agência de turismo no Vale do Ribeira, em São Paulo, onde ele e o mandatário cresceram. Foi através de sua influência no órgão que ele conseguiu destinar, no ano passado, às vésperas das eleições, mais de R$ 90 milhões a prefeituras da região. O dinheiro foi enviado a prefeitos amigos da família, escolhidos a dedo por Renato. Como se vê, a folia no setor de turismo do governo não se limita aos acordes desafinados de Machado.
PODER360 Uma série de políticos de oposição ao presidente Jair Bolsonaro foram às redes sociais criticar uma fotografia que o mandatário tirou junto ao apresentador Sikêra Jr., na qual ambos seguram uma réplica aumentada de um CPF com uma tarja vermelha, na qual está escrito “cancelado”. Os ministros Milton Ribeiro (Educação) e Gilson Machado (Turismo) também aparecem no registro.
A expressão “CPF cancelado” é usada por policiais e grupos de extermínio em referência a alguém que foi assassinado, geralmente, por um grupo inimigo. Para os críticos, o presidente errou ao tirar a fotografia não só por seu cunho violento, mas no contexto da pandemia de covid-19. Até este sábado (24.abr), 389.492 brasileiros morreram por causa da doença.
Às 15h deste domingo (25.abr.2021), a expressão ocupava os tópicos mais comentados do Twitter com 35,1 mil menções.
A foto foi tirada depois da participação do presidente no programa Alerta Especial, da TV A Crítica, de Manaus (AM). Ao longo da entrevista, o presidente fez comentários homofóbicos e xenofóbicos. “Esse queima ou não queima?”, disse sobre um assistente de produção do programa. A um homem com vestimenta japonesa, questionou: “Tá tudo pequenininho aí?”.
Eis as manifestações:
Jandira Feghali
É muito mais grave do que parece. Bolsonaro não apenas ironiza mortes. A placa “CPF Cancelado” é usada por grupos pró-violência e extermínio policial. Ou seja: Bolsonaro defende publicamente essas práticas
Manuela
Quase 400 mil mortos e quem deveria estar cuidando dos brasileiros participa dessa foto
Ana Júlia
RECORDE - Brasil teve 4.195 óbitos de Covid-19 em 24h. Pessoas estão morrendo pq ñ tem lockdown. Ñ tem auxílio que mate a fome. Não quiseram comprar vacina!!! Quem tá morrendo é pobre. Morremos de COVID ou de fome. Enquanto isso, ganhamos 11novos bilionários na lista da Forbes
Reinaldo Azevedo
Todos sabemos a máxima de nossos avós — q, por seu turno, herdaram de seus respectivos: DESOCUPAÇÃO É A MORADA DO CAPETA. Bolsonaro é um desocupado. Acorda e ñ tem o q fazer. Seu governo ñ existe. É um amontoado de incompetentes. E ele sonha c/ golpe. Ñ quer autoridade de gestor,
mas a experiência do mando. Seu sono, qdo descansa do nada em meio a 400 mil mortos, deve ser embalado pelo delírio de soldados nas ruas batendo, matando e prendendo. A maior contribuição da família à política era a rachadinha. Veio a Lava Jato e lhe deu o país de presente.
Ivan Valente
No lugar de "cpf cancelado" Que tal presidente cancelado Impeachment Já!
PEDIDO DE ABERTURA DE PROCESSO DE IMPEACHMENT EM FACE DO PRESIDENTE JAIR MESSIAS BOLSONARO - CANAL...
Assinando este formulário com seus dados você será um dos autores do pedido do impeachment do Presidente Jair Messias Bolsonaro. Leia a minuta do pedido no link: https://drive.google.com/file/d/1LF...
Com passagens pagas pelo Senado, o senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) desembarcou na manhã de quinta-feira (30/10) no arquipélago de Fernando de Noronha com a mulher, Fernanda Antunes Figueira, para passar o feriado. De acordo com os registros do Senado, o filho mais velho do presidente Jair Bolsonaro embarcou em Recife na manhã de quinta, às 8h45, com destino ao arquipélago, onde desembarcou às 11h.
A previsão de volta é na próxima terça-feira (3/11), após o feriado de finados (2/11).
Para entrar na ilha, tanto Flávio quanto sua mulher apresentaram laudos médicos comprovando que os dois já tinham adquirido a Covid-19. Por determinação das autoridades locais, ninguém pode chegar ao arquipélago sem a apresentação de exame negativo para a doença ou desse laudo.
Trechos
Flávio tem reserva no voo que sai da ilha às 11h50, faz conexão na capital pernambucana e chega a Brasília às 20h40 de terça. Todos esses trechos são operados pela companhia Azul. Esse bilhete do senador também foi apresentado ao Senado, que pagou o ressarcimento da passagem, conforme os registros.
Na ida, o senador ainda usou outro trecho, também bancado com recursos públicos, para se deslocar de Brasília para Recife. Em voo operado pela TAM, ele embarcou às 20h15, chegando na capital pernambucana às 22h45 de quarta-feira, onde pernoitou.
Só com as despesas de passagem, o Senado pagou R$ 1.620,60 para que o senador chegasse ao arquipélago. Esse foi o equivalente aos trechos usados pelo senador. Não há registro no Senado de ressarcimento das passagens usadas por Fernanda.
De acordo com informações de sua assessoria, não há compromissos do mandato previstos para o senador na ilha ou durante o feriado. A assessoria também não soube informar se ele havia realmente utilizado os voos emitidos.
Segundo assessores, a viagem estava prevista, mas ele havia avisado que iria desistir, já que o presidente Jair Bolsonaro também pretendia ir para Noronha e teria desistido. O espaço continua aberto para as manifestações do senador.
A agenda do senador não é pública. A assessoria também se negou a divulgá-la quando foi solicitada pelo Metrópoles.
Pescaria
A administração do arquipélago informou, por meio de sua assessoria, que não houve comunicado oficial da visita de qualquer membro do governo ou do senador aos órgãos locais. Na semana passada, os ministros do Meio Ambiente, Ricardo Salles, do Turismo, Marcelo Álvaro Antonio, e o secretário da Pesca, Jorge Seif, além do o presidente da Embratur, Gilson Machado, estavam no arquipélago. Salles decidiu esticar um compromisso oficial e passar o feriado na ilha e já avisou que vai custear sua hospedagem e sua passagem de volta durante o período de folga.
No radar de autoridades de Pernambuco, havia a previsão de que próprio presidente Jair Bolsonaro desembarcasse em Fernando de Noronha no feriado.
A ilha foi reaberta desde o dia 01/09 para quem teve Covid-19 e desde o dia 10/10 para todos os turistas, contanto que apresentem exames.
De acordo com relatos de moradores da ilha, ouvidos pelo Metrópoles, na sexta-feira (30/10), o senador passou o dia pescando com o dono de uma das pousadas mais badaladas de Noronha, a Pousada Zé Maria.
Redes Sociais
Ao contrário das viagens que faz com a família, desta vez o senador não está assíduo com as postagens de fotos em locais paradisíacos. Essa também não é a primeira vez que ele e a esposa visitam o arquipélago. Em março deste ano, o casal foi ao local e também teve a companhia do ministro Ricardo Salles. O grupo aproveitou o tempo para pescar, ir à praia e comer no festival gastronômico na pousada Zé Maria.
Donald Trump, Jair Bolsonaro e integrantes da comitiva que o acompanhou a Miami, nos Estados Unidos, estão sendo monitorados após o secretário especial de Comunicação, Fábio Wajngarten, ser contaminado pela coronavírus.
Sophie Wajngarten, esposa de Fábio, afirmou nesta quinta-feira (12) que seu marido fez o teste do coronavírus e deu positivo.
“Meninas , bom dia: conforme e-mail da escola ontem, meu marido voltou de viagem de Miami ontem e fez o exame de covid que deu positivo”, disse Sophie no grupo de Whatsapp das mães da escola onde estudam suas filhas.
Foi nesta viagem que Bolsonaro comentou que a "questão do coronavírus" não é "isso tudo" e se trata muito mais de uma "fantasia" propagada pela mídia no mundo todo.
Obviamente temos no momento uma crise, uma pequena crise. No meu entender, muito mais fantasia, a questão do coronavírus, que não é isso tudo que a grande mídia propala ou propaga pelo mundo todo", afirmou o presidente.
Entre o final da tarde e o início da noite, o grupo que viajou com Bolsonaro passou a receber ligações do gabinete da Presidência pedindo que diante de qualquer sintoma fizesse o comunicado imediatamente e procurasse um hospital militar em Brasília para fazer os exames. A informação é do jornal Estado de S.Paulo.
Nesta quinta-feira, 12, Bolsonaro cancelou uma viagem prevista para Mossoró, no Rio Grande do Norte.
A reportagem revelou tambem que participaram da comitiva os ministros Ernesto Araújo (Relações Exteriores), Augusto Heleno (Gabinete de Segurança Institucional), Fernando Azevedo e Silva (Defesa) e Bento Albuquerque (Minas e Energia). Também viajaram os senadores Nelsinho Trad (PTB-MS) e Jorginho Mello (PL-SC); os deputados Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) e Daniel Freitas (PSL-SC), o assessor especial Filipe Martins, o presidente da Embratur, Gilson Machado, o secretário especial de Pesca, Jorge Seif Jr, entre outros. Que sejam incluídos o povo em geral na preocupação do Governo.
Em caso de apresentar os sintomas do coronavírus que hospital se deve procurar nas capitais e grandes cidades? Entre as ações governamentais em andamento, o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, citou a compra de 20 milhões de máscaras cirúrgicas e 4 milhões de máscaras N95, além de 17 itens de proteção individual, totalizando R$ 150 milhões. Também houve a contratação de apenas mil leitos de UTI.
O portal 247 publica hoje: Um áudio do dr. Fábio Jatene, Diretor do Serviço de Cirurgia Torácica do Instituto do Coração (InCor) do Hospital das Clínicas, da noite desta quarta-feira, apresenta um cenário dramático para a disseminação do coronavírus no país. Ele relata reunião com alguns os mais renomados médicos de São Paulo que preveem: em quatro meses haverá 45 mil pessoas com coronavírus só na Grande São Paulo Estado e 11 mil precisarão de UTIs, que não existem nesse número.
Os médicos se dizem "apreensivos" e reconhecem que não se sabe como será o comportamento do coronavírus no calor, que não se pode dizer no momento se a situação no Brasil será melhor, igual ou pior que na Europa, por exemplo: "não tem nenhuma evidência científica que será diferente".
Participaram da reunião científica, entre outros médicos, Davi Uip (infectologista), Esper Cavalheiro (neurologista) e Marcelo Amato (intensivista, especializado em UTIs).
Segundo Uip, os casos devem explodir no país a partir de agora e que o foco máximo de atenção são os idosos. A taxa de mortalidade entre eles chega a 18%, enquanto entre os jovens é de 0,2%.
Segundo UIP, as pessoas devem cancelar qualquer viagem marcada para fora do Brasil, porque o risco de ficarem presas em quarentenas é grande.
Cenário, segundo os médicos, é de muita preocupação. Eles preveem também que em quatro meses o pico da doença deverá passar, mas que apenas em 2021 o vírus torna-se "normal, pequeno".