Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

O CORRESPONDENTE

Os melhores textos dos jornalistas livres do Brasil. As melhores charges. Compartilhe

Os melhores textos dos jornalistas livres do Brasil. As melhores charges. Compartilhe

O CORRESPONDENTE

10
Mai23

Morte de Rita Lee tem forte repercussão internacional: "livre, rebelde, visionária, ícone do rock"

Talis Andrade

Nando Motta

Rita Lee imortalizada pelas lentes de Bob Wolfenson.
Bob Wolfenson

A morte de Rita Lee tem forte repercussão na imprensa internacional. Jornais, emissoras de rádio e TV noticiam com destaque o falecimento da "cantora, compositora, arranjadora, membro do mítico grupo de rock Os Mutantes", na noite de segunda-feira (8), aos 75 anos.

O site da rádio Nova, uma das emissoras mais envolvidas na divulgação da Música Popular Brasileira na França, desde os anos 1980, colocou rapidamente em sua homepage a retransmissão de um programa recente dedicado à cantora, gravado em 20 de março. 

Na emissão "Classico: Lança Perfume", a jornalista e crítica musical Véronique Mortaigne, ex-colunista do Le Monde, atual colaboradora da Nova e da Vanity Fair, fala sobre a trajetória de Rita. 

"Infinitamente livre, suas letras enfrentam os tabus dos anos 1980: o sexo, a homossexualidade, a cultura queer, o aborto, o debate sobre uma legislação para a maconha e a violência policial, entre tantos outros assuntos", diz a jornalista no programa. Mortaigne acabava de retornar de uma viagem ao Brasil e comentou o frágil estado de saúde de Rita Lee, já bastante afetada pelo câncer no pulmão. 

"Rita Lee era uma legenda do rock", exclama o canal BFMTV. Em um texto curto, mas acompanhado da mensagem de falecimento publicada por Roberto de Carvalho e a família no Instagram, BFMTV conta que a cantora lutava contra o câncer desde 2021.

"Cantora e musicista, Rita Lee teve uma rica discografia, assim como os sucessos dos anos 1980 'Lança Perfume' ou 'Saúde'", diz o jornal Le Parisien. Esses dois hits são programados com certa frequência na FM francesa.

O jornal Público também homenageia a artista. "A cantora e compositora brasileira Rita Lee ficará para sempre como a eterna rainha do rock brasileiro, apesar de ter seguido muitos outros gêneros musicais", escreve o diário português, que também elogia suas qualidades de autora, como uma "escrita clara e impiedosa, salpicada de ironia, humor e amor".

Visionária e inspiradora

A agência AFP fala da cantora como "a rainha rebelde do rock brasileiro". Uma artista "rebelde, visionária e inspiradora de várias gerações de mulheres" no Brasil. O texto recorda que Rita Lee Jones estreou como cantora na banda feminina Teenage Singers, cantando covers de The Beatles e outros grupos internacionais. Depois, em 1966, formou o trio de rock psicodélico Os Mutantes, com o qual alcançaria fama nacional no auge da Tropicália, um movimento libertário que revolucionou a música brasileira durante a Ditadura Militar (1964-1985). Mas foi com Caetano Veloso e Gilberto Gil, líderes do movimento, que Rita Lee descobriu seu "lado brasileiro".

Separada de Os Mutantes em 1972, ela seguiu com a banda Tutti Frutti e, depois, com carreira solo. "Foi uma mulher pioneira no cenário musical. Suas roupas extravagantes e canções irreverentes, que falavam de sexo, amor e liberdade, tornaram-se símbolos feministas", continua a agência.

Seus inúmeros sucessos incluem "Ovelha Negra" (1975), "Mania de Você" (1979), "Lança Perfume" (1980) e "Amor e sexo" (2003).

Em 50 anos de carreira, ela lançou mais de 30 álbuns, foi indicada sete vezes ao Grammy Latino e venceu uma vez em 2001, na categoria de Melhor Álbum de Rock Brasileiro, com "3001". A Academia Latina da Gravação concedeu-lhe o Prêmio de Excelência Musical em 2022 pelo conjunto de sua obra.

"Vanguardista e inovadora", a artista que começou no Tropicalismo se abriu para outros ritmos, lembra o jornal argentino El Clarín. "Ela vendeu cerca de 60 milhões de discos", completa o diário. 

Em 2012, Rita Lee anunciou sua aposentadoria dos palcos aos 64 anos, alegando "fragilidade física". Desde então, vivia reclusa em sua casa de campo no interior do estado de São Paulo, com o marido, Roberto de Carvalho, a frequente visita dos três filhos, e seus animais, outra de suas grandes paixões.

'Padroeira da liberdade' 

Nas imagens que compartilhou em suas redes sociais recentemente, apareceu com cabelos curtos, vestindo pulôveres coloridos. Fiel ao seu estilo rebelde, em 2022 ela revelou à revista Rolling Stone Brasil que o papel de "rainha do rock" nacional atribuído a ela por brasileiros de todas as idades não lhe convencia totalmente.

"Gosto mais de ser chamada de 'padroeira da liberdade' do que 'rainha do rock', o que acho um tanto cafona...".

Meu bem, você me dá água na bocaVestindo fantasias, tirando a roupaMolhada de suor de tanto a gente se beijarDe tanto imaginar (imaginar) loucuras
A gente faz o amor por telepatiaNo chão, no mar, na lua, na melodiaMania de você, de tanto a gente se beijarDe tanto imaginar, imaginar loucuras
Nada melhor do que não fazer nadaSó pra deitar e rolar com vocêNada melhor do que não fazer nadaSó pra deitar e rolar com você
Meu bem, você me dá água na boca, água na bocaVestindo fantasia, tirando a roupaMolhada de suor de tanto a gente se beijarDe tanto imaginar, imaginar loucuras
A gente faz amor por telepatia (telepatia)No chão, no mar, na lua, na melodiaMania de você, de tanto a gente se beijarDe tanto imaginar (imaginar) loucuras (imaginar)
Nada melhor do que não fazer nadaSó pra deitar e rolar com vocêNada melhor do que nada na cucaSó pra deitar e rolar com Bituca, com Bituca
Meu bem, você me dáÁgua na boca
Meu bem, Bituca

 

11
Dez22

Uma desigualdade sem igual

Talis Andrade

Rosana Paulino, As amas. Instalação na Senzala da Fazenda Mato Dentro, Campinas, São Paulo. Fitas de cetim, cerâmica, papel machê, fotografia digital, vidros de relógio, parafina e pétalas de rosas brancas. Dimensão variável, 2009. Fonte: <http://www.rosanapaulino.com.br/blog/tag/senzala/>.

Rosana Paulino

 

A história e intensidade da desigualdade brasileira demonstra o colapso de premissas e de pressupostos naturalizados e nunca validados no Brasil

 

por José Machado Moita Neto 

- - -

A música Quanta, de Gilberto Gil, tem duas particularidades para mim. A primeira é que a qualifico como a pior criação artística do autor. Não tenho o que temer sobre o patrulhamento ideológico dos seus fãs porque quem tem uma vasta obra, em algum momento, pisa na bola. Também, sugiro que não leiam Clarabóia de Saramago e nem Como escrever uma tese de Umberto Eco, pois são obras que não representam a grandeza de seus autores.

A segunda particularidade é trazer ao público o significado etimológico de teoria (θεωρία). Toda teoria é uma contemplação, uma visão particular de mundo. Isto não é diferente para teorias científicas, teorias econômicas ou teorias políticas, apenas para citar algumas. A ponte que você trafega ou o edifício (arranha céus) que você admira são obras materiais que se assentam sobre um grande conjunto de teorias.

Economistas ortodoxos e heterodoxos têm algo em comum. O mesmo pode ser dito de partidos de esquerda e de direita. Todos se fundamentam em teorias. As teorias têm pressupostos explícitos, implícitos e até desconhecidos. Numa construção de uma ponte ou nas grandes obras de engenharia pressupostos explícitos e implícitos são checados em sua validade e até se adiciona um coeficiente de segurança para os aspectos desconhecidos. Menos rigor é observado nas teorias econômicas ou nas teorias políticas que inspiram os atuais políticos e economistas.

Os pressupostos, de qualquer tipo, são admitidos ideologicamente como fatos dados, pertencentes ao mundo real, independente das condições e contextos em que se anunciam. Assim, aquilo que deveria ser pressuposto de uma visão de mundo, construída para interpretar a realidade e nela intervir, torna-se dogmático e enrijece a própria concepção teórica, mantendo-a substituta da realidade em qualquer confronto com a mesma. Obviamente, esse comportamento dogmático é um afastamento das ciências econômicas e das ciências políticas e adentra ao campo da militância, afastando-se da racionalidade científica.

Os estudantes de economia, desde cedo, aprendem que a lei da oferta e da demanda, por exemplo, é uma regra com muitas exceções e limites superiores e inferiores para a sua eficaz aplicação. Premissas e pressupostos anunciam e denunciam o campo de validade de qualquer teoria. É claro que a expansão do alcance de qualquer construção teórica para domínios espaço-temporais ainda não explorados é perfeitamente legítima cientificamente, restando, contudo, a corroboração dessa ampliação pela realidade. Muitas teorias fracassam, embora não percam a importância histórica que tiveram para determinar novos rumos do conhecimento. Porém, deveriam ficar confinadas na história e não ser apresentadas como dogmas supraconstitucionais.

As teorias econômicas, sociais e políticas enxergam diferenças individuais e não constroem mais utopias de igualdade em todos os aspectos da vida. O homem não é um parafuso de dimensões normalizadas pela ABNT. Mesmo a mensagem de Jesus e as primeiras comunidades cristãs assinalavam a possibilidade de algum grau de desigualdade. Portanto, a existência de desigualdade, do ponto de vista qualitativo, não contamina os pressupostos de nenhuma teoria. Da mesma maneira que o atrito, do ponto de vista qualitativo, não impede o movimento. Contudo, o Brasil experimenta hoje um grau de desigualdade que impede o movimento e declara, por si só, o colapso de todos os pressupostos teóricos de convivência em sociedade no qual se baseiam as teorias econômicas, políticas e sociais. A desigualdade gritante e crescente na sociedade brasileira não é mera visão subjetiva. Aparece no índice GINI, na comparação com outras nações, em diversos indicadores sociais do Brasil e em trabalhos acadêmicos que mapeiam a crescente quantidade de marginalizados.

A história e intensidade da desigualdade brasileira demonstra o colapso de premissas e de pressupostos naturalizados e nunca validados no Brasil. Tal situação coloca qualquer pressuposto teórico em nocaute e inválida teorias tradicionais à esquerda ou à direita, teorias econômicas ortodoxas ou heterodoxas. É necessário pensar o Brasil com menor desigualdade e desenvolver uma teoria própria de superação. O consenso imediato de bolhas que priorizam outros temas derrubará pontes e edifícios, por uma teoria superada ou por má-fé. O Ensaio sobre a cegueira e o Ensaio sobre a lucidez são os horizontes literários de um pessimista (Saramago) sobre o discernimento político, econômico e social dos indivíduos. Precisamos fazer mais e fazer diferente. Saindo das bolhas da casa grande, há muitas senzalas a serem visitadas.

 

03
Dez22

Quantas músicas foram censuradas na ditadura militar?

Talis Andrade

torturador ultra brilhante.jpg

Ditadura militar e zoofilia de serial killers (sadismo sexual)

 

Quais são as músicas censuradas na ditadura militar?

7 músicas censuradas durante a ditadura militar

  • Apesar de Você (Chico Buarque)
  • Tiro ao Álvaro (Adoniran Barbosa)
  • Vaca Profana (Caetano Veloso)
  • Cálice (Gilberto Gil/Chico Buarque)
  • Milagre dos Peixes (Álbum – Milton Nascimento)
  • Pra Não Dizer que Não Falei das Flores (Geraldo Vandré)
  • Acender as Velas (Zé Keti)

 

Quantas músicas de Chico Buarque foram censuradas?

Os principais cantores censurados pela Ditadura Militar foram: Caetano Veloso, Chico Buarque, Elis Regina, Geraldo Vandré, Gilberto Gil, Kid Abelha, Milton Nascimento, Raul Seixas, Paulo Coelho, Toquinho, Vinícius de Morais, Odair José e Torquato Neto. Chico Buarque de Hollanda, por sua vez, teve pelo menos 10 canções censuradas.

 

Quem censurava as músicas na ditadura militar?

As músicas da ditadura militar expressavam o descontentamento dos artistas com as barbáries cometidas durante esse período da história brasileira. E assim como as peças de teatro, filmes, poesias e outras obras elaboradas nesse período, a produção musical estava susceptível à censura por parte dos militares.

 

Quantos livros foram censurados na ditadura militar?

A quantidade exata de livros censurados na ditadura ainda é desconhecida. Desde 1970, o Departamento de Censura de Diversões Públicas (DCDP) do Ministério da Justiça tornou-se responsável pela censura a livros. Entre 1970 e 1982, o órgão analisou oficialmente pelo menos 492 livros, dos quais 313 foram vetados.

Quais foram os cantores que foram exilados na época da ditadura?

 

Artistas brasileiros que foram exilados na Ditadura Militar

  • Caetano Veloso
  • Gilberto Gil
  • Oscar Niemeyer 
  • Chico Buarque
  • Raul Seixas
  • Geraldo Vandré

 

Quais foram os principais cantores que se opuseram à ditadura militar?

Em 1979, João Bosco e Aldir Blanc compuseram “O bêbado e a equilibrista”, que fala sobre os exilados. É um retrato do Brasil no final do período ditatorial, com mães chorando (Choram Marias e Clarisses) pela falta de seus filhos, os “Carlitos” tentando sobreviver (alusão a um personagem de Charles Chaplin.

 

O que é o AI-5?

O AI5 é uma norma legal instituída pelo governo militar que estabelecia prerrogativas para que os militares pudessem perseguir os opositores do regime. Consistia basicamente em uma ferramenta que dava legalidade jurídica para o autoritarismo e a repressão impostos pelos militares desde 1964.

 

Porque a música Jorge Maravilha foi censurada?

Em Jorge Maravilha, Chico cantava: “você não gosta de mim, mas sua filha gosta”, o que gerou a especulação de que Amália Lucy, fã declarada dele e filha de outro presidente militar, o general Geisel, tinha sido ahomenageada da canção. Chico sempre negou que tenha composto a música para Amália.

 

Quem lutou contra a ditadura militar?

Neste cenário, lançaram-se à luta armada dezenas de organizações, das quais destacaram-se a Ação Libertadora Nacional (ALN), o Comando de Libertação Nacional (COLINA), o Movimento Revolucionário 8 de Outubro (MR-8), o Partido Comunista do Brasil (PCdoB), a Vanguarda Popular Revolucionária (VPR) e a Vanguarda Armada …

 

Porque a música Tiro ao Álvaro foi censurada?

O documento oficial que veta “Tiro Ao Álvaro” (canção de 1960) dá a justificativa de “falta de gosto”. A letra brinca com a oralidade do povo de São Paulo ao contar com as palavras “tauba”, “automorve” e “revorve”.

 

Quais livros foram censurados?

Censurado: 6 livros que foram tirados de circulação

  • O casamento, de Nelson Rodrigues. …
  • Feliz ano novo, de Rubem Fonseca. …
  • A crucificação rosada, de Henry Miller. …
  • Lolita, de Vladimir Nabokov. …
  • Madame Bovary, de Gustave Flaubert. …
  • O crime do padre Amaro, de Eça De Queiroz.

 

Quais os livros proibidos no Brasil?

Confira abaixo os títulos e onde foram censurados:

  • 1984, de George Orwell.
  • Lolita, de Vladimir Nabokov.
  • O crime do Padre Amaro, de Eça de Queirós.
  • Feliz Ano Novo, de Rubem Fonseca.
  • Tessa: A gata, de Cassandra Rios.

 

Quem era os exilados?

Significado de Exilado substantivo masculino Pessoa que, por razões políticas, foi obrigada a deixar sua pátria, seu país; expatriado, desterrado: os exilado voltarão ao Brasil. … Etimologia (origem da palavra exilado). A palavra exilado deriva como particípio do verbo exilar, pela junção de exílio-, e -ar.

 

Quem eram as pessoas torturadas na ditadura militar?

A casa dos horrores torturou até a morte jovens opositores do regime militar. Outros viveram a perversidade de serem torturados na frente de filhos crianças, como Amélia e Cesar Teles. O casal, de pouco mais de 20 anos, foi preso em dezembro de 1972, e apanhou seguidamente. Geraldo Vandré enloqueceu na tortura. Ficou atoleimado. Virou um farrapo humano. Ficou viciado em drogas para aliviar as dores da tortura. Exilado no Chile passou a ser informante em troca de cocaína. Vandré virou a soma de tortura + dor + droga + loucura + leseira. A ditadura torturou bebês, crianças. Vários serial killers foram forturadores. Torturadores que praticavam todo tipo de sadismo sexual, usando inclusive diferentes animais. 

paulo coelho tortura.jpg

03
Dez22

12 músicas essenciais na cultura brasileira - mas censuradas durante a Ditadura Militar

Talis Andrade

Gil, Chico e a história de um clássico contra a opressão que segue atual -

 

AI-5, ato institucional de 1968, exigia liberação de músicas, filmes e mais previamente à publicação; Chico Buarque, Gilberto Gil, Gal Costa e outros artistas essenciais brasileiros foram reprimidos

 

por Yolanda Reis 

Em 1 de abril de 1964, começou o Regime Militar no Brasil. Uma das maiores lembranças da ditadura é o Ato Instucional nº5 - ou AI-5. Este, de dezembro de 1968, instaurou regras como junção dos poderes legislativo e executivo, toques de recolher, proibição de reuniões não autorizadas e, mais lembrado, a censura da liberdade de expressão.

A arte foi uma das que mais sofreu com as medidas. Depois do AI-5, músicas, filmes, livros, revistas e jornais precisavam de aprovação governamental prévia à publicação. Diversos artistas, vivos até hoje, tiveram canções censuradas. Os motivos iam desde subversão à palavras de grafia errada.

eparamos, abaixo, 10 músicas essenciais da cultura brasileira censuradas durante a ditadura - e explicamos porquê o governo militar não gostava delas:

 

“Cálice” (1973), Chico Buarque e Gilberto Gil

Letra: “Pai, afasta de mim este cálice / De vinho tinto de sangue”

Por quê foi censurada: o refrão, quando falado, vira “afasta de mim este cale-se”. Na folha de censura da Ditadura, aparece, anotado à tinta de caneta: “cale-se, cale-se, cale-se.” Era uma crítica à censura.

 

“Apesar de Você” (1970), Chico Buarque

Letra: “Hoje você é quem manda / Falou, tá falado / Não tem discussão / A minha gente hoje anda / Falando de lado / E olhando pro chão, viu / Você que inventou esse estado / E inventou de inventar / Toda a escuridão / Você que inventou o pecado / Esqueceu-se de inventar / O perdão / Apesar de você / Amanhã há de ser / Outro dia”

Por quê foi censurada: A letra foi aprovada em primeiro momento. Depois de alguns meses, porém, o Tribuna da Imprensa comentou que era como um hino jovem. Reviram, perceberam o significado escondido, censuraram. Inclusive, o militar que a liberara antes foi punido. Buarque, em depoimento, disse que a canção era sobre uma mulher mandona. Não colou. A polícia invandiu a gravadora para destruir todas as cópias - por sorte, esqueceram da matriz, e a música original ainda existe.

 

“Jorge Maravilha” (1973), Chico Buarque

Letra: “E nada como um tempo após um contratempo / Pro meu coração / E não vale a pena ficar, apenas ficar / Chorando, resmungando /  até quando, não, não, não [...] Você não gosta de mim, mas sua filha gosta”

Por quê foi censurada: Depois de lançar “Apesar de Você”, Chico Buarque tinha todas as músicas automaticamente “interditadas”. Inventou o pseudônimo Julinho da Adelaide. Lançou, sob ele, “Jorge Maravilha”. Inicialmente aprovada, foi censurada quando o Jornal Brasil dedurou o músico. A partir disso, todas as composições submetidas ao governo precisavam ser acompanhadas pelo RG e CPF do compositor.

Acredita-se que a música seja uma provocação direta ao então presidente Ernesto Geisel, pois Amália Lucy, filha dele, declarou publicamente amar Chico Buarque. O músico nega: conta uma história da vez que foi preso e levado ao DOPS, e um policial pediu um autógrafo para a filha, pois esta o adorava.

 

“Tiro Ao Álvaro” e “Um Samba no Bexiga” (1973), Adoniran Barbosa 

Letra: “Meu coração até parece / Táuba de tiro ao álvaro [...] Teu olha mata mais / Que atropelamento de automover / Mata mais que / Bala de revorve.” (“Tiro ao Álvaro”)

“Domingo nois fummo num samba no Bexiga / Na Rua Major, na casa do Nicola / À mezzanotte o'clock / Saiu uma baita duma briga / Era só pizza que avuava junto com as braciola.” ("Um Samba no Bexiga")

Por quê foi censurada: Aparentemente, “falta de gosto”, como diz a anotação da folha de análise do governo. As palavras erradas eram típicas da persona de Adoniran, um homem simples dos subúrbios de São Paulo. Naquele mesmo ano, foram vetadas outras três composições do músico: “Casamento de Moacir”, “Despejo na Favela” e “Já fui uma Brasa”.

 

"Pra não dizer que não falei das flores" (1968), Geraldo Vandré

Letra: “Caminhando e cantando / E Seguindo a canção / Somos todos iguais / Braços dados ou não [...] Vem, vamos embora / Que esperar não é saber / Quem sabe faz a hora / Não espera acontecer [...] Há soldados armados, amados ou não / Quase todos perdidos de armas na mão / Nos quartéis lhes ensinam uma antiga lição / De morrer pela pátria e viver sem razão".”

Por quê foi censurada: A música fala de movimentação, resistência, não conformidade. Não demorou para virar hino de resistência à Ditadura Militar. A primeira censura foi na apresentação dela em um programa da TV Globo. Não recebeu o lugar de melhor canção a mando do governo. Depois, proibida oficialmente por “ofensas” ao exército. Em 2009, foi eleita pela Rolling Stone Brasil uma das 100 Maiores Músicas Brasileirasde todos os tempos.

 

“Uma Vida Só (Pare de Tomar a Pílula)” (1973), Odair José

Letra: “Pare de tomar a pílula”

Por quê foi censurada: Fanfarrão e piadista, Odair José teve diversas faixas censuradas: “Vou Tirar Você Desse Lugar“, “Deixe Essa Vergonha de Lado”, “Cristo, Quem é Você?”, “Vou Morar Com Ela” e “Pare de Tomar a Pílula”. O motivo era que as letras, todas em tom de brincadeira, falavam sobre sexo - e iam contra a moral e bons costumes. 

 

“Hoje É Dia de El-Rey” (1973), Milton Nascimento e Dorival Caymmi

Letra: “Filho, meu ódio você tem / Mas El Rey quer viver só de amor / Sem clarins sem mais tambor/ Vá dizer: nosso dia é de amor /  [Filho:] Juntai as muitas mentiras / jogai os soldados na rua / nada sabeis desta terra / hoje é o dia da lua / Leva daqui tuas armas / então cantar poderia / mas nos teus campos de guerra / hoje morreu poesia.”

Por quê foi censurada: A música mostra uma conversa do Filho, que não gosta do rei, e do Pai, que acredita ser El Rey ser de amor. “Conteúdo nitidamente político,” julgou o censor da Ditadura. 

 

“Cruel Cruel Esquizofrenético Blues“ e “Ela Quer Morar Comigo na Lua”, (1982), Blitz

Letra: “Esse vazio idiota que te consome/E some com a tua paz / Que se foi como aquela empregada radical / Que você mandou embora numa cena feia / Depois da ceia na noite de Natal / Só porque ela pegou no peru do seu marido” (“Cruel Cruel Esquizofrenético Blues”)

“Ela diz que eu ando bundando” (“Ela Quer Morar Comigo na Lua”)

 

“Vaca Profana” (1984), Caetano Veloso 

Letra: “Dona das divinas tetas / Derrama o leite bom na minha cara / E o leite mau na cara dos caretas”

Por quê foi censurada: Considerada de mau gosto, tanto pelo título, quanto pelo conteúdo. Feriam a moral e bons costumes dos brasileiros.

 

“Opinião” (1964), Zé Keti

Letra: “Podem me prender / Podem me bater / Podem, até deixar-me sem comer / Que eu não mudo de opinião / Daqui do morro / Eu não saio, não”

Por quê foi censurada: Canção de anos antes do AI-5, foi censurada em 1968. A letra é composição contra a ideia do governo de derrubar as favelas; virou, porém, palavras de resistência. Em 1970, Zé Keti a regravou.

01
Dez22

Quem canta Chico e Gil a ditadura espanta (letra e música)

Talis Andrade

ditadura 5.jpeg

 

 
Pai, afasta de mim esse cálicePai, afasta de mim esse cálicePai, afasta de mim esse cáliceDe vinho tinto de sangue
 
Como beber dessa bebida amargaTragar a dor, engolir a labutaMesmo calada a boca, resta o peitoSilêncio na cidade não se escutaDe que me vale ser filho da santaMelhor seria ser filho da outraOutra realidade menos mortaTanta mentira, tanta força bruta
 
Como é difícil acordar caladoSe na calada da noite eu me danoQuero lançar um grito desumanoQue é uma maneira de ser escutadoEsse silêncio todo me atordoaAtordoado eu permaneço atentoNa arquibancada pra a qualquer momentoVer emergir o monstro da lagoa
 
De muito gorda a porca já não andaDe muito usada a faca já não cortaComo é difícil, pai, abrir a portaEssa palavra presa na gargantaEsse pileque homérico no mundoDe que adianta ter boa vontadeMesmo calado o peito, resta a cucaDos bêbados do centro da cidade
 
Talvez o mundo não seja pequenoNem seja a vida um fato consumadoQuero inventar o meu próprio pecadoQuero morrer do meu próprio venenoQuero perder de vez tua cabeçaMinha cabeça perder teu juízoQuero cheirar fumaça de óleo dieselMe embriagar até que alguém me esqueça
 

 
 
27
Nov22

Agressor de Gilberto Gil é comerciante bolsonarista de Volta Redonda

Talis Andrade

www.brasil247.com - Gilberto Gil e bolsonaristas agressores no CatarImageImage

 

Empresário arruaceiro é sócio das franquias Domino's e Spoleto no Aterrado, em Volta Redonda

247 - Um dos agressores de Gilberto Gil no Catar foi identificado: trata-se de um empresário bolsonarista de Volta Redonda chamado Renier Felipe dos Santos, sócio das franquias Domino's e Spoleto, informa a Tribuna Sul Fluminense.

O empresário atualmente reside nos EUA, mas tem participações nas franquias instaladas na avenida Lucas Evangelista, no Aterrado, em Volta Redonda.

Renier e outros bolsonaristas xingaram Gilberto Gil de "filho da puta" e ficaram gritando "lei Rouanet" para o cantor, que estava acompanhado de sua esposa, Flora, no momento, no Catar, onde ocorre a Copa do Mundo de 2022.

- - -
 
 
André Janones
@AndreJanonesAdv
A nova onda da extrema direita é cometer crimes. É terrorismo, ameaça, injúria. O crime foi filmado, aparentemente o bandido se orgulha do que fez com Gilberto Gil (80 anos de idade), a quem presto toda a minha solideriedade. Vamos tornar o vagabundo famoso. Lixo humano, escória!
 
- - -
 
Após o ocorrido, diversos colegas artistas, fãs e até mesmo o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) se manifestaram em apoio a Gil, que publicou um vídeo em agradecimento em que declarou: “Meus agradecimentos, meu e da Flora, por essa rede de solidariedade por conta dessa coisa estúpida. É o terceiro turno na verdade né, os inconformados, querendo manter essa coisa do ódio.”
 

"Inconformados querem manter o ódio", diz Gilberto Gil

Ícone da cultura mundial, o artista foi insultado por delinquentes bolsonaristas no Catar

 

Reuters - O cantor e compositor Gilberto Gil publicou um vídeo nas redes sociais neste domingo em que agradeceu as mensagens de apoio recebidas após ter sido xingado por bolsonaristas no jogo de estreia do Brasil na Copa do Mundo, e disse que os ataques representam o ódio dos "inconformados" com o resultado da eleição presidencial deste ano.

Vídeo publicado no Twitter pelo senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) e o deputado André Janones (Avante-MG) mostra dois homens vestidos com a camisa da seleção brasileira seguindo Gil no caminho para a arquibancada do Estádio Lusail e gritando o nome do presidente Jair Bolsonaro (PL). No fim, quando Gil está chegando à arquibancada, um deles chama o cantor de "filho da puta".

Gil, que estava acompanhado da esposa, a empresária Flora Gil, não reagiu às ofensas. Um outro torcedor brasileiro é registrado no vídeo tirando uma foto com o artista durante os ataques.

 

 

 

10
Nov22

Gal Costa: Imprensa internacional repercute morte da cantora

Talis Andrade

CorreioO DiaCorreio BrazilienseDiario de PernambucoFolha de PernambucoA Tarde

A morte repentina de Gal Costa, na manhã desta quarta-feira, 09 de novembro, pegou a todos de surpresa. Uma das maiores cantoras do Brasil, já deixa saudade e é homenageada por famosos, amigos e imprensa. E não é somente a imprensa brasileira: a morte de Gal repercutiu internacionalmente, virando manchete de várias publicações pelo mundo, como Itália, Paraguai, Portugal, Argentina, entre outros

Gilberto Gil
@gilbertogil
“Não mais um sim um não, um sul, um norte
O sonho dessa canção passageira
Mochila da viagem passageira
Passagem nessa vida passageira
Para uma vida ainda passageira"
 
de Gil para Gal, "Viagem Passageira"

 

30
Jul22

Gilberto Gil no Recife, uma difícil entrevista

Talis Andrade

Gilberto Gil, quando fala, compõe. Ele compõe enquanto fala, ele é músico à procura da letra, o que fica mais claro quando reitera palavras, expressões, na busca. Refrão e degrau para o movimento seguinte

 

25
Jul22

O Rio de sangue de Cláudio Castro

Talis Andrade

violencia policial.jpeg

 

 

por Cristina Serra

- - -

Cláudio Castro (PL) já pode ostentar os títulos de rei das chacinas, campeão dos banhos de sangue e governador mais letal da história do Rio de Janeiro. Três dos maiores massacres cometidos por forças policiais no estado ocorreram sob seu comando.

O do Jacarezinho, em maio do ano passado, com 28 pessoas assassinadas; o da Vila Cruzeiro, em maio deste ano, com 25 mortos, e agora o do Complexo do Alemão, com 19 vítimas (até o momento em que escrevo). Castro transformou a carnificina em espetáculo midiático-eleitoral.

Com cinismo nauseabundo, o carniceiro do Palácio Guanabara tentou empurrar a responsabilidade pela matança para Marcelo Freixo (PSB), seu principal adversário na disputa ao governo do Rio, e para “seu partido e aliados que proibiram nossas polícias de enfrentar esses bandidos em determinadas áreas. (…) Mas comigo não tem essa.” Uma afronta explícita à decisão do STF, em vigor desde o auge da pandemia de Covid, de que a polícia só realize operações em favelas em situações excepcionais.

“Operação de inteligência”??? Conta outra. A polícia do Rio deve ser uma das mais incompetentes do mundo. Não consegue (ou não quer) atacar o cerne dessa tragédia social: evitar a chegada de armas e drogas nos morros. E não consegue (ou não quer) porque tem muita gente ganhando dinheiro com isso na metrópole à beira-mar.

Lembro da canção de Caetano e Gil, “Haiti”. Mata-se o povo preto e pobre, “só pra mostrar aos outros quase pretos/(e são quase todos pretos)/e aos quase brancos, pobres como pretos/como é que pretos, pobres e mulatos/e quase brancos, quase pretos, de tão pobres, são tratados”.

Morticínio é política de Estado nas sociedades em que não há lugar para todos. Esse é o cerne da violência bolsonarista, encarnada por Claúdio Castro. Suas hostes assassinas salivam sangue. São elas que poderão dar apoio à ruptura institucional planejada pelo tresloucado senhor das milícias do Palácio do Planalto.

policia mata negro.jpg

 

O violento deputado do PSL, que destruiu placa de exposição sobre o genocídio negro na Câmara, ameaçou Lula de morte, e aprova e participou de chacinas policiais

 

por Nataly Simões /Alma Preta

O deputado federal Coronel Tadeu (PSL-SP) quebrou uma placa que denunciava o genocídio da população negra. A peça é uma obra do cartunista Carlos Latuff e integrava a exposição “(Re)Existir no Brasil - Trajetórias negras brasileiras”, na Câmara dos Deputados, em Brasília.

O ato de vandalismo aconteceu no primeiro ano do governo racista de Bolsonaro, em 19 de novembro de 2019.

Em um dos vídeos, o deputado federal Daniel Silveira (PSL-RJ) aparece criticando a obra, junto ao Coronel Tadeu que a destruiu. Daniel é um dos parlamentares que quebraram uma placa em homenagem à vereadora Marielle Franco em ato de campanha durante as eleições de 2018.

[O deputado Tadeu tem o mesmo discurso dos deputados militares e policiais bolsonaristas.

O discurso de ódio, nazista, golpista, necropolítico.

O discurso xenofóbico, racista, misógino e homofóbico.

O coronel Tadeu ameaçou Lula de morte. O soldado deputado Daniel Silveira ameaçou ministros do STF, para merecer a graça presidencial]  

Para a deputada federal Benedita da Silva (PT-RJ), a atitude se trata de um crime de racismo. “Não podemos ser tratados como deputados de segunda categoria nessa casa”, destacou.

 

 

24
Jul22

O Rio de sangue de Cláudio Castro (galeria de fotos)

Talis Andrade

Charge por Carlos LatuffPolícia Mata 13 no Alemão e Realiza Operações em Várias Favelas do Rio, em  Meio à Pandemia - RioOnWatchMoradores descem a favela carregando 5 corpos após operação no Complexo do  Alemão - Voz das Comunidades19ª vítima da operação no Complexo do Alemão era uma dona de restauranteComplexo do Alemão: Veja quem são os mortos - 22/07/2022 - Cotidiano - FolhaComplexo do Alemão: Veja quem são os mortos - 22/07/2022 - Cotidiano - FolhaOperação no Complexo do Alemão deixa ao menos 5 mortos; moradores carregam  mais corposArmas de PMs envolvidos em ação que matou mulher no Complexo do Alemão são  apreendidas - Casos de Polícia - Extra OnlineO massacre que interrompeu a quarentena no Complexo do Alemão - Ponte  JornalismoComplexo do Alemão: "Foi um massacre chamado de operação policial"

por Cristina Serra

- - -

Cláudio Castro (PL) já pode ostentar os títulos de rei das chacinas, campeão dos banhos de sangue e governador mais letal da história do Rio de Janeiro. Três dos maiores massacres cometidos por forças policiais no estado ocorreram sob seu comando.

O do Jacarezinho, em maio do ano passado, com 28 pessoas assassinadas; o da Vila Cruzeiro, em maio deste ano, com 25 mortos, e agora o do Complexo do Alemão, com 19 vítimas (até o momento em que escrevo). Castro transformou a carnificina em espetáculo midiático-eleitoral.

Com cinismo nauseabundo, o carniceiro do Palácio Guanabara tentou empurrar a responsabilidade pela matança para Marcelo Freixo (PSB), seu principal adversário na disputa ao governo do Rio, e para “seu partido e aliados que proibiram nossas polícias de enfrentar esses bandidos em determinadas áreas. (…) Mas comigo não tem essa.” Uma afronta explícita à decisão do STF, em vigor desde o auge da pandemia de Covid, de que a polícia só realize operações em favelas em situações excepcionais.

“Operação de inteligência”??? Conta outra. A polícia do Rio deve ser uma das mais incompetentes do mundo. Não consegue (ou não quer) atacar o cerne dessa tragédia social: evitar a chegada de armas e drogas nos morros. E não consegue (ou não quer) porque tem muita gente ganhando dinheiro com isso na metrópole à beira-mar.

Lembro da canção de Caetano e Gil, “Haiti”. Mata-se o povo preto e pobre, “só pra mostrar aos outros quase pretos/(e são quase todos pretos)/e aos quase brancos, pobres como pretos/como é que pretos, pobres e mulatos/e quase brancos, quase pretos, de tão pobres, são tratados”.

Morticínio é política de Estado nas sociedades em que não há lugar para todos. Esse é o cerne da violência bolsonarista, encarnada por Claúdio Castro. Suas hostes assassinas salivam sangue. São elas que poderão dar apoio à ruptura institucional planejada pelo tresloucado senhor das milícias do Palácio do Planalto.

Mais sobre mim

foto do autor

Subscrever por e-mail

A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.

Arquivo

  1. 2023
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  14. 2022
  15. J
  16. F
  17. M
  18. A
  19. M
  20. J
  21. J
  22. A
  23. S
  24. O
  25. N
  26. D
  27. 2021
  28. J
  29. F
  30. M
  31. A
  32. M
  33. J
  34. J
  35. A
  36. S
  37. O
  38. N
  39. D
  40. 2020
  41. J
  42. F
  43. M
  44. A
  45. M
  46. J
  47. J
  48. A
  49. S
  50. O
  51. N
  52. D
  53. 2019
  54. J
  55. F
  56. M
  57. A
  58. M
  59. J
  60. J
  61. A
  62. S
  63. O
  64. N
  65. D
  66. 2018
  67. J
  68. F
  69. M
  70. A
  71. M
  72. J
  73. J
  74. A
  75. S
  76. O
  77. N
  78. D
  79. 2017
  80. J
  81. F
  82. M
  83. A
  84. M
  85. J
  86. J
  87. A
  88. S
  89. O
  90. N
  91. D
Em destaque no SAPO Blogs
pub