Juíza condena ex-delegado torturador e assassino do Dops por ocultação de cadáver na ditadura


CRIME PERMANENTE
A responsabilização dos autores de graves violações de direitos humanos — em especial, daquelas ocorridas durante a ditadura militar brasileira — está em sintonia com o ordenamento jurídico brasileiro e internacional.
Esse foi o fundamento adotado pela juíza Maria Isadora Tiveron Frizão, da 2ª Vara Federal de Campos (RJ), para condenar Cláudio Antônio Guerra a sete anos de prisão, em regime semiaberto, pelo crime de ocultação de cadáver. Ele atuou nos anos de 1970 como delegado do Departamento de Ordem Política e Social (Dops) do Espírito Santo.
A decisão foi provocada por ação penal ajuizada pelo Ministério Público Federal e está relacionada ao desaparecimento de 12 militantes políticos durante o regime autoritário. A denúncia foi apresentada pelo procurador da República Guilherme Garcia Virgílio, do MPF em Campos dos Goytacazes.
As vítimas são: Ana Rosa Kucinski Silva, Armando Teixeira Frutuoso, David Capistrano da Costa, Eduardo Collier Filho, Fernando Augusto Santa Cruz Oliveira, João Batista Rita, João Massena Melo, Joaquim Pires Cerveira, José Roman, Luís Inácio Maranhão Filho, Thomaz Antônio da Silva Meirelles Neto e Wilson Silva.
Ao analisar o caso, a magistrada acolheu os argumentos do MPF. "Em que pese a ação de ocultação de cadáveres tenha se sucedido antes da promulgação da Carta Magna de 1988, há de se anotar que o caráter permanente dos referidos crimes atrai a incidência da referida disposição, haja vista que o crime se perpetuara para o período posterior à sua vigência. Portanto, também sob a ótica constitucional firmam-se como imprescritíveis os delitos sob apuração". afirmou a magistrada.
Além da pena de prisão, Cláudio Antônio Guerra foi condenado a pagar uma multa de 308 dias, calculada com base em um trigésimo do salário-mínimo vigente em 22 de outubro de 2019 (quando a denúncia foi apresentada pelo MPF), totalizando pouco mais de R$ 10 mil.
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Processo 5005036-93.2019.4.02.5103
SERIAL KILLER
Ex-delegado foi condenado em 2019, a prisão domiciliar, pelo assassinato da ex-esposa e da ex-cunhada, crimes que aconteceram há 43 anos


Rosa Maria Cleto, a Rosinha, ex-esposa de Guerra, foi assassinada aos 27 anos, junto com a irmã, Maria da Glória Carvalho Neto, de 30 anos. As duas foram mortas com 30 tiros. Segundo investigações feitas até pela Polícia Federal, à época, elas foram executadas como queima de arquivo, a mando do próprio Guerra. Ambas tinham conhecimento das atividades ilegais do ex-delegado.
O crime ocorreu na Rodovia José Sette, na região de Itacibá, em Cariacica. Foram assassinadas dentro do carro, um Fusca, onde foram encontradas, em 2 de dezembro de 1980. Além de Guerra, também foram condenados como executores do crime Zózimo Camargo de Souza, que foi preso em 2013 em Palmas, no Tocantins, onde ele morava desde 1992. Ele estava detido na Penitenciária de Segurança Máxima I, mas foi solto por intermédio de uma decisão judicial no mesmo ano de sua prisão, 2013.
Além dele também foi condenado como executor Odilon Carlos Pereira de Freitas, cuja captura foi solicitada na mesma decisão judicial que determinou a prisão de Guerra. Mas contra ele só há um mandado de prisão preventiva por um crime cometido em Vila Velha em aberto. Não há informações sobre mandado relativo ao crime das irmãs, em Cariacica.
Acompanhe a conversa com a cineasta Beth Formaggini, diretora do filme "Pastor Cláudio", que estreia em 14 de março. O documentário traz relatos chocantes levantados em um encontro entre o bispo evangélico Cláudio Guerra e o psicólogo Eduardo Passos.
Andrea Trus, da TV 247, entrevista a jornalista Denise Assis, sobre seu novo livro "Cláudio Guerra: Matar e Queimar", lançado pela Editora Kotter. Hoje pastor, Cláudio Guerra já confessou dezenas de crimes cometidos por ele durante a ditadura militar, como a incineração de corpos. Denise não só ouviu o ex-militar como cavou provas, confrontou suas falas e trouxe à luz um balanço do "trabalho" feito pelo chefe dele, o temido Freddie Perdigão, o diretor do DOI- CODI.
Conversa entre o pispo evangélico Claudio Guerra, ex-chefe da polícia civil que assassinou e incinerou militantes que se opunham à ditadura e Eduardo Passos psicólogo militante dos direitos humanos. Suas motivações variam entre o orgulho em ser um cumpridor de ordens competente, e o contra o prazer de ser temido, um assassino orgulhoso de seu trabalho. Atores Cláudio Guerra, Eduardo Passos, Ivanilda Veloso, Marival Chaves, Maria Heleno Vignoli de Morais. Diretor Beth Formaggini