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O CORRESPONDENTE

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O CORRESPONDENTE

07
Out22

Contra o desumano

Talis Andrade

 

 

O passageiro presidente desumano arfou, ironicamente, enquanto milhares de pessoas respiravam em ritmo fora do normal antes de morrer

 

 

por Fernando Nogueira da Costa

“Humanitário” é quem se dedica a promover o bem-estar do ser humano e o avanço das reformas sociais. É relativo ao humanitarismo ético em vez de exclusivamente teológico.

“Desumano” é quem demonstra falta de humanidade, é um sujeito bárbaro, cruel, desalmado. Sem empatia – capacidade de colocar-se no lugar do outro – é anti-humano, atroz, duro. O antônimo da empatia seria a indiferença ao sofrido por outro ser humano fora os de sua família, seu clã ou sua caserna.

O passageiro presidente desumano arfou, ironicamente, enquanto milhares de pessoas respiravam em ritmo fora do normal, com muito esforço, antes de morrer. Para ele, ofegar é fraquejar… É tal como ter uma filha!

O processo de humanização implica a evolução do ser humano. O ex-presidente aperfeiçoou as suas aptidões através da interação com o seu meio social e sindical, do qual é emergente. Como verdadeiro estadista, usa sua destacada capacidade de negociação e tolerância ao escutar com atenção tudo dito na mesa ao redor e apresentar uma síntese com proposta final aceitável por todos os participantes da sociedade.

Ser empático é se identificar com outra pessoa ou com a situação vivida por ela. É saber ouvir os outros e se esforçar para compreender os seus problemas, suas dificuldades e as suas emoções.

A estudo das crenças sobre a humanidade é um interesse relativamente recente na psicologia ou nas ciências Humanas, de maneira geral, embora permeie muitos aspectos da emergência social através de interações humanas. Surgiram novas teorias e abordagens para entender a desumanização nas relações interpessoais e o significado de ser humano com todas suas consequências.

“Humanidade” se refere ao conjunto de características específicas à natureza humana. Entre outras, há o sentimento de bondade, benevolência, em relação aos semelhantes, ou de compaixão, piedade, em relação aos desfavorecidos.

“Altruísmo” é o amor desinteressado ao próximo, inclusive com abnegação. Com o comportamento altruísta, evita-se a ação antagônica dos instintos naturais do egoísmo.

Muitos desumanos temem o mal, mas não se preocupam com o bem-comum. Nas crenças gerais das pessoas sobre a humanidade, destacam-se tanto aspectos específicos da natureza humana, como o livre arbítrio, quanto Ethos, como modos de comportamento conformadores do caráter ou da identidade de uma coletividade.

Por exemplo, o poder das armas da casta dos guerreiros-militares fardados é usado, quando se intromete na sociedade civil, com a mesma lógica militar de violência e vingança, cujos valores exaltados são a coragem, a fama, a glória etc. Piora quando se mistura com a lógica paroquial do localismo e a lógica familiar do respeito apenas à herança dos clãs dinásticos, ou seja, quando se apoia na oligarquia regionalista.

Em contraponto, o poder trabalhista da casta dos trabalhadores, organizados em sindicatos e partidos, adota a lógica corporativa. Esta defende o igualitarismo e tem ceticismo quanto ao livre-mercado, baseado na exploração sem trava.

Por isso, tem dificuldade em se aliar com o neoliberalismo. A casta dos mercadores adota a lógica do mercado: defender apenas a competitividade, a eficiência em custos/benefícios e o ajuste fiscal. Indiferente às mazelas sociais, restringe-se à defesa de corte de gastos públicos, para evitar a elevação de impostos e do risco de insolvência na base da riqueza financeira, constituída por títulos de dívida pública.

Os trabalhadores aliam-se, principalmente, com o poder educacional da casta dos sábios-educadores e sua lógica cívica de tolerância, defesa de direitos civis, sociais e políticos das minorias. Recebem também o apoio do poder de celebridade da casta dos sábios-criativos com sua lógica de artista em defesa de autonomia, autoexpressão, liberalismo cultural, criatividade etc. Essa aliança caracteriza a social-democracia desde a Segunda Guerra Mundial.

Frente à lógica de especialista, baseada em educação e titulação acadêmica de técnicos e gestores pragmáticos, houve notória dificuldade de a casta dos “sabidos-pastores” impor sua lógica religiosa. Manipulam o conservadorismo em costumes, o moralismo e a disciplina submissa dos crentes – e ameaçam os “infiéis” até na livre escolha eleitoral.

Nesse sentido, as concepções de humanidade são dependentes desse amplo debate ideológico. Grupos e indivíduos definem a humanidade de maneira a apoiar seus próprios fins ou interesses.

Uma premissa de teoria econômica ortodoxa é afirmação de os humanos serem apenas racionais e interessados em si mesmo. Esse pressuposto egoísmo é usado para construir teorias com finalidade de justificar a priori a oposição às políticas públicas e intervenções governamentais, pois a sociedade deve visar, acima de tudo, o bem dos indivíduos em vez da comunidade. Esta se coloca entre o mercado e o Estado.

Na verdade, é difícil obter uma definição unificada de humanidade em todas as ciências. Talvez seja porque todos somos partes envolvidas.

No entanto, podemos aprender muito sobre a humanidade ao observar suas violações. Devemos concentrarmos na análise dos processos de desumanização, em contextos intergrupais, por exemplo, os genocídios cometidos por armas, germes e vírus.

Há um viés heurístico do falso otimismo, quando todos os seres humanos têm a propensão de se considerar acima da média. Contra o falseamento dessa hipótese, buscam uma validação ilusória: “só converso com minha turma”, “confio apenas na minha câmara de eco”, “vivo na minha bolha”, “nego quaisquer pesquisas e ciências”.

Ver os outros como não humanos permite se “desengajar” moralmente deles (“esquerdalha” ou “petralhada”), justificando tratá-los como animais e minar a legitimidade de seus pontos de vista e as necessidades sociais defendidas. Essa desumanização não se restringe apenas a preconceitos extremos e explícitos, mas pode ocorrer sutilmente e até sem a consciência do mal, feito a si e aos outros, isto é, de maneira idiota.

 

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No primeiro discurso da campanha eleitoral de Jair Bolsonaro a presidente em 2018, a ameaça de fuzilar a petralhada. No discurso de encerramento, a jura de Lula "apodrecer na cadeia". O mesmo discurso desumano, de ódio fascista, usou Ratinho, prometendo metralhar a deputada federal Natalia Bonavides PT/RN

 

A infra-humanização é observada por meio da atribuição de características exclusivamente humanas, como emoções complexas tais como constrangimento ou otimismo, mais para o grupo interno em vez de ser para o grupo externo. Essa negação da humanidade aos “outros” é chamada de desumanização animalística.

Em contraponto, a negação da natureza humana, apontada na falta de características como emotividade, cordialidade, arbítrio e flexibilidade cognitiva, faz essas pessoas se assemelharem a máquinas ou robôs. Tem sido chamada de desumanização mecanicista.

A maior atribuição de natureza humana a si mesmo em vez de aos outros parece com o citado “efeito acima da média”, quando as pessoas atribuem características mais favoráveis a si mesmas em vez de aos outros. Mas a auto-humanização é distinta, pois não é redutível a meramente atribuir mais características positivas de humanidade para o self ou o endogrupo: ver o ingroup positivamente e o outgroup negativamente.

Nesse conteúdo estereotipado, grupos sem ter a competência reconhecida no mercado de trabalho são especialmente propensos a serem desumanizados como “vagabundos”. Contraditoriamente, os desumanos têm dificuldade de compreender completamente outras mentes, fora a própria – ou o reducionismo mental da “bolha” e “câmara de eco”.

Embora o estado básico seja não reconhecer completamente os estados mentais dos outros, isso pode ser superado ao direcionar as pessoas a pensar sobre os estados mentais distintos de outra pessoa e a reconhecer como um ser humano particular. Isso tem o efeito de humanizá-la, bem como a si próprio.

Pensar nos outros como indivíduos em vez de membros de certa categoria pode moderar ou mesmo reverter processos de desumanização. A desumanização de outros grupos repousa em parte na divisão feita entre humanos e animais.

Lembretes de nossa natureza animal, ou seja, somos todos criaturas como qualquer outra e, portanto, morreremos inapelavelmente, enfraquece uma das defesas contra esse terror em relação à morte. Podemos ser simbolicamente “imortais” por meio de nossa cultura humana, compartilhada e/ou deixada como herança.

As atribuições de humanidade menor ou maior para os outros varia em função de quanto valorizado é um grupo e se ele é visto ou não como uma ameaça. Quando somos lembrados de nossas características animais, reagimos a ver a nós mesmos e nossos grupos como mais exclusivamente humanos.

Assim como a gestão do terror pode levar à desumanização animalística dos outros, também pode levar à desumanização mecanicista de nós mesmos. A defesa psicológica contra a ameaça da morte é ver a nós mesmos como objetos, porque, ao contrário dos animais, objetos ou máquinas não morrem. Mas ver a nós mesmos (ou grupos) de maneira maquinal é negar a natureza humana do altruísmo.

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15
Set22

"Bolsonaro gosta da violência e quer uma guerra civil no Brasil", diz Míriam Leitão

Talis Andrade

Gilmar Fraga: placebo | GZH

 

 

"O Brasil está vivendo o maior risco desde a sua constituição como Estado independente. O que quer Bolsonaro? Ele mesmo disse. Uma guerra civil"

 

 

247 - "O presidente da República tem a violência como projeto. Por isso fez o incessante trabalho de ampliar o acesso às armas, vociferar contra pessoas que ele escolhe como alvo e jamais desautorizar ato truculento de seus seguidores", diz a jornalista Míriam Leitão em artigo publicado nesta quinta-feira (15) no jornal O Globo

Ela comenta a agressão do deputado estadual Douglas Garcia (Republicanos-SP) contra a jornalista Vera Magalhães e diz que "Bolsonaro escolheu a imprensa como um dos alvos, e dentro dela mira pessoas, porque assim é o método. Ao individualizar, ele autoriza o ataque e canaliza a raiva que ele alimenta com fins políticos".

"O governante autoritário quer eliminar a imprensa e para isso começa intimidando alguns jornalistas", diz Míriam Leitão, que prossegue: "não por acaso as pessoas escolhidas para serem assediadas pelo presidente e por seus seguidores são mulheres. Bolsonaro com sua aversão às mulheres organiza a misoginia e alimenta o ressentimento contra o avanço feminino".

"O presidente da República gosta da violência, ele sente prazer nela. Ele se regozija em saber, ver ou provocar o sofrimento alheio. É isso que explica sua louvação da tortura. Mas é preciso ver além da perversão. O trabalho de Bolsonaro tem tido um objetivo, uma direção, é parte do projeto maior de elevar o conflito dentro da sociedade brasileira e realizar seu sonho autoritário para o Brasil", afirma a jornalista.

Ela aponta que Bolsonaro quer provocar uma guerra civil no país e diz que a "democracia" errou ao não puni-lo no passado. "O livro de Juliana Dal Piva sobre a corrupção da família Bolsonaro, 'O negócio do Jair', resgata a frase que ele disse em uma entrevista à Bandeirantes, em 1999. 'Através do voto, você não vai mudar nada neste país. Nada, absolutamente nada. Você só vai mudar, infelizmente, quando nós partirmos para a guerra civil aqui dentro. E fazendo um trabalho que o regime militar não fez. Matando 30 mil pessoas e começando por FHC'. Esse indicador antecedente do seu projeto deveria ter sido punido com o rigor da lei. Era uma pessoa com mandato que em uma única declaração defendia a morte do então presidente, lamentava não terem morrido outros 30 mil e propunha a guerra civil. Não levar a sério um inimigo declarado e violento da democracia foi um dos erros da democracia em relação a Jair Bolsonaro".

"Há um processo para o qual o país está sendo arrastado, com a conivência das Forças Armadas, a displicência de algumas instituições e autoridades, a bênção de algumas igrejas. Esse é o golpe. O Brasil está vivendo neste momento o maior risco desde a sua constituição como Estado independente. O que quer Bolsonaro? Ele mesmo disse há 25 anos. Uma guerra civil", conclui.

26
Jul22

Bolsonaro anunciou o golpe: não há mais espaço para omissão

Talis Andrade

Comissão Nacional da Verdade Brasil Comissões Estaduais Estadual Estados  ABC Tortura Violação de Direitos Humanos Ditadura Militar Brasileira Human  Rights Brazil truth commissions lei 7.376/10 7376/10 Congresso Nacional  torture torturadores forças armadas

 

 

Bolsonaro avisou o mundo que não confia nas urnas. Grandes personalidades e entidades que ficarem caladas serão coniventes com o golpismo. Até a Fiesp deu um passo a frente.

 

 

BOLSONARO CONVOCOU os embaixadores para anunciar que as urnas eletrônicas que o elegeram não são confiáveis. Mas não apresentou um indício sequer de fraude, apenas requentou as velhas mentiras de sempre. Ocorre que os embaixadores moram no Brasil e acompanham diariamente os arroubos golpistas do presidente.

Muito provavelmente não houve embaixador ali que não tenha enxergado aquela patacoada como sendo fruto do desespero de um autocrata golpista com sua provável derrota nas urnas. O circo armado, portanto, serviu apenas para demonstrar força para a sua boiada de fanáticos. Mas a realidade é que a reunião foi uma demonstração de medo e fraqueza.

Bolsonaro passou esses três anos e meio de governo espetando a faca no pescoço da democracia. Este é um governo golpista na essência, que fez das ameaças golpistas uma estratégia política, mobilizando sua base e tentando espalhar o medo entre seus adversários políticos. As ameaças foram tantas, que o golpismo do presidente foi banalizado e passou até a ser motivo de chacota.

Seria apenas um blefe, já que não existem condições materiais mínimas para que um golpe se sustente. Ocorre que estamos falando de Bolsonaro. Um ex-militar mentalmente perturbado, que não ouve conselhos de aliados, não pensa de maneira lógica e apenas segue seu instinto golpista. Soma-se a isso o estado de desespero em que ele se encontra com as prováveis consequências de uma derrota nas urnas. O presidente sabe que ele e sua família podem acabar na cadeia. O que não faltam são motivos para isso.

Foram muitos os crimes cometidos, e eles poderão respondê-los sem a blindagem da rede de proteção que têm hoje. Estamos no país que recentemente prendeu dois ex-presidentes por muito menos, ou melhor, por nada. A cadeia para Bolsonaro após as eleições não é apenas possível, mas, arrisco dizer, bastante provável.

Mas não podemos subestimar o golpismo do presidente. Não é razoável imaginar que ele, tomado pela irracionalidade, dará os próximos passos com base na razão. Um homem desequilibrado, desesperado, isolado politicamente, sem mais nenhuma carta na manga, pode fazer qualquer coisa. É claro que Bolsonaro poderá tentar o golpe, mesmo que não haja condições objetivas para isso.

Dificilmente o golpe se sustentaria, claro, mas o estrago pode ser enorme, aprofundando crise econômica e mobilizando seu séquito de fanáticos para fabricarem mais cadáveres. O assassinato do dirigente petista Marcelo Arruda é um aperitivo macabro do que pode estar por vir. Lembrem-se dos recados enigmáticos do presidente aos seus seguidores sobre como agir diante de uma fraude nas eleições: “Vocês sabem o que está em jogo. Vocês sabem como devem se preparar… não para um novo Capitólio… Nós sabemos o que temos que fazer antes das eleições”.

 

 
         É importante registrar que o golpe anunciado na reunião com embaixadores já não está mais no campo das ameaças. Essa fase já passou.

 

Quem eram os gorilas nos tempos da ditadura civil-militar - Jornal Opção

 

 

O enigma proposto vem depois de uma sequência de discursos de ódio do presidente, que recentemente, ao se referir a Lula e seus aliados, disse que “uma granadinha só mata todo mundo”. Assim, com recados explícitos e subliminares, Bolsonaro busca criar um clima de caos e medo para justificar uma futura tentativa de melar as eleições.

É importante registrar que o golpe anunciado na reunião com embaixadores já não está mais no campo das ameaças. Essa fase já passou. O golpe foi colocado sobre a mesa para o mundo inteiro ver, sendo quase um primeiro ato do golpe, uma espécie de preparação de terreno.

A boa notícia é que as reações em repúdio ao golpismo do presidente foram fortes e numerosas. No dia seguinte à reunião golpista com embaixadores, a Federação da Indústria de São Paulo, a Fiesp, encaminhou um documento para os candidatos com propostas para serem implementadas pelo novo presidente eleito. Logo na introdução, o documento afirma que “a estabilidade democrática e o respeito ao Estado de Direito são condições indispensáveis para o Brasil superar os seus principais desafios”.

À primeira vista, parece mais um documento protocolar da Fiesp que, nunca foi, digamos assim, uma grande defensora da democracia. Ela apoiou o golpe militar de 64, o parlamentar contra Dilma em 2016 e tem permanecido calada diante do golpismo presidencial. Mas, segundo o Estadão, a entidade tem participado ativamente da articulação de um ato em defesa do sistema eleitoral brasileiro.

Organizado por juristas, dois eventos estão programados para o dia 11 de agosto na faculdade de Direito do Largo São Francisco, da Universidade de São Paulo. Entidades empresariais e da sociedade civil se juntarão à comunidade jurídica no ato. Segundo o diretor da Faculdade de Direito da USP, Celso Campilongo, a Fiesp tem se articulado para mobilizar o maior número de empresários em apoio à pauta. A entidade pode não ser historicamente uma grande defensora da democracia, mas sempre foi uma grande defensora do seu bolso. Sabe que a manutenção da autocracia e a transformação definitiva do país em uma republiqueta das bananas arruinarão os seus negócios, como já tem arruinado.

Outros repúdios importantes foram feitos. Mais de 40 membros do Ministério Público entraram com pedido de investigação contra Bolsonaro por crime de responsabilidade cometido na reunião com embaixadores. Pressionado, o procurador-geral da República Augusto Aras, habituado a passar pano para o vale-tudo bolsonarista, resolveu divulgar um vídeoem que aparece defendendo a lisura do processo: “Não aceitaremos alegação de fraude.” Além do MP, três grandes associações ligadas à Polícia Federal divulgaram uma nota em conjunto em defesa do TSE e do processo eleitoral brasileiro.

Os embaixadores saíram constrangidos e vários deles declararam confiar plenamente nas eleições brasileiras. A embaixada do Reino Unido, por exemplo, emitiu nota em que afirma que “nas eleições passadas, o sistema eleitoral e as urnas eletrônicas se mostraram seguras e passaram a ser reconhecidas internacionalmente por sua celeridade e eficiência”. Os EUA, o país para o qual Bolsonaro balançava o rabinho até pouco tempo atrás, confirmou mais uma vez que não estará disposto a patrocinar um golpe dessa vez. O governo americano, que já havia deixado claro confiar nas eleições brasileiras, reforçou sua posição em nota: “As eleições brasileiras, conduzidas e testadas ao longo do tempo pelo sistema eleitoral e instituições democráticas, servem como modelo para as nações do hemisfério e do mundo”.

As reações internas e externas em defesa das eleições são importantes e deixam claro que Bolsonaro está cada vez mais isolado e enfraquecido politicamente. Com o Centrão no bolso e com o PGR atuando como capanga, Bolsonaro teve força para evitar o impeachment. Mas isso não será o suficiente para se dar um golpe bem-sucedido. Ele sabe disso, mas o medo e a mente delirante podem fazer com que ele tente um golpe mesmo assim.

Até agora ele vem seguindo o mesmíssimo roteiro do seu parceiro Donald Trump. O americano criou um clima de desconfiança sobre a idoneidade da apuração de votos antes da eleição, depois acusou fraude na contagem sem apresentar provas e incentivou sua massa reacionária a invadir o Capitólio. O golpe não vingou, mas cinco pessoas foram assassinadas. A vantagem do Brasil é que já conhecemos o final desse roteiro e podemos evitá-lo com manifestação nas ruas e mobilização de órgãos da sociedade civil em repúdio ao golpismo.

Bolsonaro tocou as trombetas anunciando o golpe na reunião com embaixadores. Agora, os grandes agentes, instituições e entidades da vida pública que ficarem caladas serão coniventes com o golpismo e entrarão para História como inimigos da democracia. Não há mais espaço para omissão. As reações foram importantes, mas ainda pequenas diante do desafio que está por vir. É hora de mobilizar o povo para tomar as ruas.

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