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O CORRESPONDENTE

Os melhores textos dos jornalistas livres do Brasil. As melhores charges. Compartilhe

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O CORRESPONDENTE

04
Dez22

Chacina de Aracruz teria motivação político-ideológica?

Talis Andrade

Assassino entrou nas escolas de arma em punho e com roupas camufladas
 

 

Por que a professora Flávia Amboss Merçon teria sido o primeiro alvo do atirador?

 

Por Aloísio Morais Martins /Jornalistas Livres

Com a confirmação de que a professora Flávia Amboss Merçon Leonardo, de 38 anos, foi a primeira pessoa atingida pelos tiros disparados pelo garoto de 16 anos na Escola Estadual Primo Bitti em Praia do Coqueiral, no município de Aracruz, no Centro do Espírito Santo, ficou reforçado o indicativo de que a chacina tramada durante dois anos pode ter motivação político-ideológica. Afinal, por que o ex-aluno da escola foi direto à sala das professoras? O assassino matou três delas, uma aluna de 12 anos e deixou 12 pessoas feridas, cinco delas ainda internadas em estado grave. Várias manifestações de protesto estão sendo realizadas e programadas na região para denunciar a chacina e exigir punição dos responsáveis. O pai do adolescente é tenente da Polícia Militar, que já instaurou processo administrativo contra o policial. No dia 29, ele e a mulher prestaram depoimento à Polícia Civil.

 

 

Primeiramente, é bom situar o ambiente do crime, que a chamada ‘grande imprensa’ tem escondido: A chacina aconteceu dentro de um condomínio criado pela empresa Aracruz Celulose há algumas décadas, quando se implantou na cidade que acabou adotando seu nome. Fica em local privilegiado, próximo à Praia do Coqueiral e distante 22 quilômetros do centro nervoso da cidade de Aracruz, instalada no interior. O condomínio destinado a funcionários de altos cargos da empresa cresceu e, hoje, virou local de moradia de famílias de alta e média classe média, deixando de ser exclusivo dos servidores da empresa.

O menor, que usava um símbolo nazista no momento dos crimes, é filho de um tenente bolsonarista da Polícia Militar que já fez postagens sobre o livro Minha Luta, do genocida Adolf Hitler, que comprou a pedido do filho. “O livro é péssimo. Li e odiei”, disse. Mas o militar é, sobretudo, uma pessoa de direita. Nas redes sociais o garoto aparece todo garboso ao lado do pai em manifestação bolsonarista. Por sinal, ostentando o mesmo chapéu usado no momento da chacina.

 

Flávia Merçom era militante de esquerda e muito querida

Já a professora Flávia Amboss Merçom Leonardo, era conhecida como uma pessoa nitidamente de esquerda. Tinha pós-graduação em Ciências Sociais pela Universidade Federal do Espírito Santo, doutorado em Antropologia pela Universidade Federal de Minas Gerais, e militava no Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), que no ES tem atuação destacada desde o rompimento da barragem da Vale em Mariana, MG, quando as águas do Rio Doce foram tingidas há cinco anos pelo barro da mineração até a foz, no litoral capixaba. Flávia dedicou sua trajetória acadêmica aos estudos junto às comunidades pesqueiras e nativas do ES. Por que a professora teria sido escolhida como primeiro alvo do assassino? Mera coincidência ou o estudante teria algum ranço ideológico com Flávia? Com a palavra os investigadores.

 

Material apreendido pela Polícia Civil na casa do autor da chacina no condomínio Praia do Coqueiral

 

Vale destacar que o garoto assassino dá bons sinais de que aprendeu muita coisa com o pai, certamente, seu ídolo. Apesar de menor, os vídeos dão mostras de que aprendeu muito bem como conduzir um veículo, inclusive em alta velocidade. Além de sua desenvoltura, os vídeos mostram muito bem como sabe manusear bem as armas que portava. E é bom de pontaria. Com quem aprendeu? Em suas primeiras confissões liberadas pela polícia, ele diz que agiu sozinho e que aprendeu a atirar escondido do pai. Dá pra acreditar? Estaria ele querendo livrar a cara do paizão? A polícia terá que avançar nas investigações destes aspectos. Enfim, essa chacina promete intrigantes capítulos nestes tempos de endeusamento das armas (que esperamos estar chegando ao fim). Vejamos!

E, aliás, não custa perguntar: será que o pai do assassino defende a maioridade penal aos 16 anos, como boa parte dos bolsonaristas? Será que para ele ‘bandido bom é bandido morto?’. Pimenta é muito boa nos olhos dos outros, né não?

 

 

Como pano de fundo da tragédia, temos no Espírito Santo, hoje, um nítido predomínio da direita no estado, onde Bolsonaro, por exemplo, obteve 58,04% dos votos, contra 41,06% de Lula no segundo turno da eleição. Quem esteve lá, como eu, às vésperas da eleição, pôde sentir isso bem claro nas ruas e avenidas, onde carrões e as caminhonetes cabines duplas dominavam o ambiente com suas acintosas propagandas bolsonaristas. A supremacia é de tal forma que o presidente eleito não pôde fazer comícios no estado por falta de palanque. O governador reeleito Renato Casagrande, do PSB, preferiu acender uma vela a deus e outra ao diabo, colhendo votos de lulistas e de bolsonaristas ao descartar posar ao lado do petista.

 

Image
O pai e o filho assassino em uma manifestação de bloqueio golpista de rodovia pró Bolsonaro ditador
 
 
[A Polícia Militar de Renato Casagrande esconde as fotografias, o nome do pai e o nome do filho. Revelou que o pai era tenente. Tenente tenente ou tenente coronel? A mãe do assassino é ou foi professora das escolas tiroteadas pelo assassino em massa?]
 
 
29
Nov22

Atentado em Aracruz: Professora de inglês atingida por 5 tiros está em coma induzido

Talis Andrade

A Gazeta | Professora de inglês baleada em ataque em Aracruz está em coma  induzido

Degina Rodolfo de Oliveira Fernandes

 

Professora Degina Rodolfo de Oliveira Fernandes de 37 anos é uma das 12 vítimas. Educadora tem casal de filhos gêmeos de 7 anos e bebê de 8 meses

 

Por Juirana Nobres, g1

A professora de inglês Degina Rodolfo de Oliveira Fernandes de 37 anos é uma das 12 vítimas que foram feridas no ataque em escolas de Aracruz, no Norte do Espírito Santo. A educadora foi baleada por cinco tiros, que atingiram as pernas, quadril, abdômen e torax. Segundo a família, a vítima está em coma induzido e intubada no Hospital Jayme Santos Neves, na Serra, na Grande Vitória, e sem previsão de alta.

Degina tem um casal de filhos gêmeos de 7 anos e um bebê de oito meses, que inclusive, ainda é amamentado com leite mamterno. O marido da professora, o técnico mecânico Leandro Fernandes conversou com o g1 na manhã desta terça-feira (29).

Leandro disse que a esposa sofreu ao ser baleada e, posteriormente, com a impossibilidade de amamentar.

"Degina acordava de madrugada para dar de mamar para o nosso filho. Graças a Deus tinha muito leite e os seios ficavam tão cheios de doer. Eu tive que entrar com fórmula para alimentar nosso filho, mas isso não é nada, no tanto que minha esposa deve estar sofrendo", disse.

Até a última atualização desta reportagem, no total, cinco vítimas ainda estavam internadas em hospitais do Espírito Santo. O atentado deixou quatro mortos e 12 feridos.

 

Notícia do atentado

 

O técnico mecânico contou que a esposa é professora há 11 anos, destes, 5 foram dedicados à Escola Estadual Primo Pitti, alvo do primeiro ataque do suspeito. O marido estava trabalhando quando soube dos tiros na escola.

"Umas amigas do trabalham começaram a me perguntar se eu estava sabendo dos tiros na escola. Disseram que entraram lá para assaltar. Perguntavam se Degina estava trabalhando e eu disse que sim. Comecei a ligar para ela e o desespero foi aumentando", relatou.

Leandro disse que seu carro não tinha combustível suficiente para se deslocar até o trabalho da esposa e se parasse em um posto de combustíveis perderia mais tempo. A empresa onde trabalha cedeu um veículo para o funcionário buscar informações.

"Ajoelhei, orei e pedi a Deus que protege ela de todo mau. Fui dirigindo, orando e chorando do meu trabalho até a escola. Ao chegar lá, vi muitas ambulâncias e viaturas da polícia. Um grupo de professores, que não estava machucado, me recebeu aos prantos. Pensei que minha esposa tinha sido vítima e morrido ali mesmo. Fui informado que ela estava tão ferida que foi socorrida de helicóptero. Aí me enchi de esperança", relembrou.

O técnico mecânico visitou a esposa pela primeira vez no sábado (26). Disse que ficou impressionado ao encontrar a esposa tão ferida.

 

Recuperação

 

Leandro disse que a esposa está sendo muito bem tratada, mas o estado de saúde é muito grave. Degina estava na sala dos professores e foi atingida por cinco tiros. Segundo o marido, a professora levou tiros no tórax, no abdômen e nas pernas. Em uma das pernas, teve fratura exposta.

"A evolução dela está sendo bom, mas o quadro ainda é bem grave. Ela está em coma e intubada. Ela não poder ter infecção de jeito nenhum. O intestino foi muito afetado pelos fragmentos da bala. Minha esposa é uma mulher muito forte e guerreira, está lutando pelos filhos. Vamos seguir firme na vitória, cada dia é um milagre".

Segundo o último boletim enviado pela Secretaria de Saúde do Espírito Santo (Sesa) na noite de segunda-feira (28), a professora segue internada na unidade em UTI em grave estado geral.

 

Família

 

Leandro disse que contou para os gêmeos o que realmente aconteceu com a mãe e depois do ocorrido, a vida da família virou de cabeça para baixo. Os três filhos do casal estão sendo cuidados pelo irmão do técnico mecânico, pela sogra, a irmã e por amigos da igreja.

"Preferimos contar logo e falamos com muito cuidado. Falei de um jeitinho que entendessem. Eles estão sentindo falta da mãe com certeza. O bebê ainda não entende o que estamos passando. Mas sente falta do peito da mãe. Ele é muito bonzinho", relatou.

Leandro está afastado do trabalho por 10 dias. Nesse tempo se divide entre os filhos e as visitas à esposa no hospital todas as manhãs.

Ele já está pensando como vai receber a Degina em casa depois de ter alta. "Eu já estou me mobilizando para adequar nossa casa. Sei que a recuperação será demorada, ela vai precisar usar cadeira de rodas. Minha família e os amigos da igreja estão prontos para ajudar no que for preciso", disse.

 

 

Justiça

 

O g1 questionou ao marido da Degina qual seria a visão dele sobre o ocorrido, Leandro disse que quer a paz e que justiça seja feita.

"Espero que todo mundo fique em paz, mas quero que a justiça seja feita. Que seja tudo muito bem investigado para que os indivíduos que causaram essa tragédia paguem pelo que fizeram", afirmou.

O marido acredita que o pai do jovem também é responsável pelo o que aconteceu e disse que, sozinho, faz vários questionamentos.

"Tenho certeza que o pai dele também é responsável. O filho não iria conseguir dar tiros daquele jeito. Como que aprendeu a dirigir? Eu realmente tenho certeza de que o pai dele deve ter tido uma boa influência. Como pai, eu sei que precisamos ficar de olho em tudo que nossos filhos fazem, como não percebeu que as armas estavam sendo mexidas?"

Enquanto as perguntas do marido de Degina Rodolfo de Oliveira Fernandes não são respondidas, a família pede orações para ela, para as professoras e alunos feridos e para a comunidade que ainda sofre com os impactos dessa tragédia.

 

Atirador diz que não escolheu vítimas

 

De acordo com a polícia, as investigações preliminares mostram que o atirador não teria escolhido as vítimas, mas feito disparos aleatórios.

"Ele disse que escolheu aleatoriamente as vítimas. Como a primeira sala era a dos professores, foi a sala que ele teve acessos mais fácil", conta o delegado.

De acordo com o delegado André Jareta, na sala dos professores, ele descarregou as munições que tinha em uma das armas duas vezes. "Ele já entra na sala dos professores atirando, esgota as munições que tinha, sai da sala, troca de carregador, volta para a sala dos professores e descarrega a arma novamente", diz.

 

Professoras assassinadas

 

Professora de matemática, Cybelle Passos Bezerra Lara, 45, desenvolveu uma dissertação de mestrado para mostrar os benefícios na aprendizagem da disciplina com o uso de números inteiros.

 

Evangélica e casada havia 19 anos, Maria da Penha de Melo Banhos, 48, lecionava artes e deixou três filhos.

 

Flavia Amoss, de 38 anos, trabalhava na escola estadual Primo Bitti.

A docente chegou a ser transferida para o Hospital Jayme do Santos Neves e passou por cirurgia, mas não resistiu a gravidade dos ferimentos.

Ela é a quarta vítima do atentado que aconteceu nesta sexta-feira (26) quando um atirador, de 16 anos, invadiu o local.

Outras três professoras seguem internadas, duas delas em estado grave. Duas crianças, também atingidas pelos tiros, estão na UTI do Hospital Infantil de Vitória.

Ainda não foram revelados o nome do assassino em massa, e o nome do pai, oficial militar, bolsonarista e nazista. 

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