O jornalista Alexandre Garcia, que iniciou sua carreira como porta-voz do general João Batista Figueiredo e foi defecado pela ditadura após posar de cueca numa revista masculina, vive seus piores momentos. Não se sabe se o patético bolsonarista será preso ou internado em breve. Após ser demitido da TV Globo, da CNN e até da Jovem Pan por difundir fake news e destinar ódio, ele hoje presta seus serviços sujos à direitista Revista Oeste.
Na semana passada, em plena tragédia humanitária no Rio Grande do Sul, o farsante postou que “no governo petista foram construídas, ao contrário do que recomendavam as medições ambientais, 3 represas pequenas, que aparentemente abriram as comportas ao mesmo tempo. Isso causou uma enxurrada”. Esta insinuação criminosa agora será investigada e deveria resultar numa punição exemplar de Alexandre Garcia.
Ministério da Justiça e AGU reagem
Em suas redes sociais, o ministro Flávio Dino, da Justiça, já garantiu uma resposta rápida ao crime. “Reitero que fake news é crime, não é ‘piada’ ou instrumento legítimo de luta política. O crime é ainda mais grave quando se refere a uma crise humanitária, pois pode gerar pânico e aumentar o sofrimento das famílias. A Polícia Federal já tem conhecimento dos fatos e adotará as providências previstas em lei”.
No mesmo rumo, o Advogado-Geral da União (AGU), Jorge Messias, determinou que a Procuradoria Nacional de Defesa da Democracia instaure investigação sobre a mentira difundida pelo fascistoide. “É inaceitável que, nesse momento de profunda dor, tenhamos que lidar com informações falsas”. Alexandre Garcia é um sujeito desqualificado e decadente, mas não pode ser subestimado. Ele ainda tem uma legião de fanáticos seguidores.
Fardado em restaurante em Brasília. Gagá?
Ele sabe disso e faz encenações. Em meados do ano passado, por exemplo, ainda como comentarista da Jovem Pan, ele foi fotografado de farda em um restaurante no Setor de Rádio e TV de Brasília. A cena ridícula virou chacota nas redes sociais, mas ele foi paparicado por seus amantes pela fantasia de militar. Vanessa Lippelt, editora do site Congresso em Foco que se encontrava no restaurante, ironizou: “Sei nem o que dizer dessa farda, gente. O áudio da @giulianamorrone nunca fez tanto sentido para mim”.
Ela se referiu a uma conversa, de maio de 2020, entre dois jornalistas da TV Globo: Giuliana Morrone e Gerson Camarotti. No áudio vazado, a apresentadora critica os ataques rancorosos do bolsonarista à emissora. “O que é isso? A montoeira de dinheiro que esse homem recebeu da Globo, microfone dourado, festinha, foi diretor daqui a vida inteira, e aí sai cagando regra. Ele que fez isso aqui! Eu estou revoltada, sabia?”. Ao final, Giuliana Morrone compara Alexandre Garcia à secretária de Cultura de Jair Bolsonaro e conclui: “Ele está gagá, tipo Regina Duarte”.
247 - O ex-senador e ex-governador do Paraná, Roberto Requião, criticou neste domingo (6) o governador de Minas Gerais, Romeu Zema, por defender que os estados das regiões Sul e Sudeste se unam para barrar o avanço dos interesses do Nordeste. Pelas redes sociais, Requião classificou a atitude de Zema como "boçalidade extrema".
Em entrevista ao jornal Estado de São Paulo no sábado (5), que o grupo busca consolidar um “protagonismo” para garantir força majoritária frente às demais regiões. Esta não é a primeira vez que o governador mineiro ganha repercussão após falas que discriminam nordestinos.
Em nota oficial, o Consórcio Nordeste disse que Zema tem uma “leitura preocupante do Brasil”. “Ao defender o protagonismo do Sul e do Sudeste, indica um movimento de tensionamento com o Norte e o Nordeste, sabidamente regiões que vêm sendo penalizadas ao longo das últimas décadas dos projetos nacionais de desenvolvimento”, acrescenta o bloco, que reúne os governadores de todos os nove estados da região.
Zema ataca pobres e nordestinos em fala separatista sobre o futuro do país
Escreve Leonardo Koury: Nesta sexta (2/6) o governador bolsonarista afirma que os estados do Sudeste e do Sul do país são diferentes porque neles há mais pessoas trabalhando do que vivendo de auxílio emergencial.
“Quando se fala em Sul e Sudeste nós temos aqui uma semelhança enorme. Se tem estados que podem contribuir para esse país dar certo, eu diria que são esses 7 estados. São estados onde, diferente da grande maioria, há uma proporção muito maior de pessoas que trabalham do que vivendo de auxílio emergencial”, afirmou.
Com uma atitude dotada de preconceitos regionais, a afirmação de que os sete estados do Sul e Sudeste são os únicos que têm mais pessoas trabalhando do que vivendo de auxílios do Governo Federal é uma forma de atacar as regiões que apresentaram inclusive a derrota eleitoral do projeto fascista derrotado nas urnas em 2022.
Depois a direita não entende porque sempre perde as eleições no Nordeste! E apesar de Zema ter sido eleito governador, foi com o povo do Povo Mineiro que Lula esteve como primeiro colocado nas urnas no primeiro e segundo turno.
Como repúdio, os comitês e movimentos populares, sindicatos e entidades organizativas denunciam Zema, que tem tentado se tornar o principal nome reacionário do país.
Eduardo Leite apoia fala de Zema sobre frente contra o Nordeste
O governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), declarou apoio à proposta do governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), que defende a formação de um consórcio entre os estados do Sul e do Sudeste para proteger seus interesses econômicos e contra a região Nordeste. Leite ressaltou, no entanto, que o objetivo dessa iniciativa não é criar divisões entre estados ou regiões.
Em uma entrevista ao jornal Estado de S. Paulo, Romeu Zema destacou a necessidade de responder aos projetos enviados pelos governos das regiões Norte e Nordeste, alegando que os demais estados também enfrentam problemas de pobreza. “A gente nunca achou que até hoje os Estados do Norte e do Nordeste haviam se unido contra os demais Estados do país. Pelo contrário, a união desses Estados em torno da pauta que é de interesse comum deles serviu de inspiração para que a gente possa finalmente fazer o mesmo”, declarou Eduardo Leite
"Traidor da Constituição é traidor da Pátria", diz Flávio Dino a Romeu Zema
O ministro da Justiça, Flávio Dino, utilizou suas redes sociais para criticar veementemente a fala do governador de Minas Gerais, Romeu Zema, do partido Novo. Zema havia defendido a formação de uma frente composta pelos estados das regiões Sul e Sudeste do país, a fim de enfrentar os estados do Norte e Nordeste em questões econômicas no Congresso Nacional.
Para o ministro Dino, tal proposição é inadmissível e um exemplo de como a extrema-direita pode estar promovendo divisões regionais, o que prejudica a unidade nacional. Em suas palavras, ele considera "absurdo que a extrema-direita esteja fomentando divisões regionais", ressaltando a importância de fortalecer os laços entre todas as regiões do Brasil.
Para embasar sua argumentação, Flávio Dino mencionou um ponto fundamental da Constituição Brasileira, especificamente o artigo 19, que proíbe a criação de distinções entre os brasileiros ou preferências entre si. Dessa forma, o ministro reforçou que a união e a igualdade entre os cidadãos devem ser preservadas e que não se pode permitir que sejam criados antagonismos entre as diferentes partes do país.
Ainda enfatizando o respeito às normas constitucionais, Flávio Dino evocou uma frase icônica de Ulysses Guimarães, proferida em 1988: "Traidor da Constituição é traidor da Pátria". Com essa citação, o ministro ressalta a importância de não apenas respeitar, mas também valorizar a Carta Magna como base essencial da democracia brasileira.
Por sua vez, Romeu Zema defendeu a proposta de ações conjuntas entre os estados do Sul e Sudeste, visando defender seus interesses no Congresso Nacional, especialmente em relação às perdas econômicas em relação aos estados do Norte e Nordeste. Essa declaração provocou uma reação dos governadores do Nordeste, que divulgaram uma carta criticando a posição de Zema.
Fala de Zema pode levar ao impeachment, diz Walfrido Warde
O advogado e jurista Walfrido Warde afirmou neste domingo (6) que o governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), pode ser alvo de processo de impeachment por defender que os estados das regiões Sul e Sudeste se unam para barrar o avanço dos interesses do Nordeste no país.
Para Warde, a fala de Zema viola o Artigo 5º da Constituição Federal, por atentar contra a existência da União. "A fala de Romeu Zema é uma afronta ao pacto federativo e foi contemplada na Lei de Impeachment. Leiam o artigo 5o dessa lei, que trata dos crimes contra a existência da União. Acho que Zema não leu. Temo que não tenha lido absolutamente nada", afirmou o jurista pelas redes sociais.
Em entrevista ao jornal Estado de São Paulo no sábado (5), que o grupo busca consolidar um “protagonismo” para garantir força majoritária frente às demais regiões. Esta não é a primeira vez que o governador mineiro ganha repercussão após falas que discriminam nordestinos.
A pornografia começou no golpe contra a presidenta Dilma Roussef. Do Congresso partiu para as ruas.
Nada mais escandaloso, abominável, ignominioso, antidemocrático, que o voto do deputado Jair Bolsonaro, no impeachment de Dilma, defendendo o golpe, a ditadura militar de 1964, o coronel Ustra promovido a marechal de contracheque.
Nada mais imoral que um golpe comandado por Eduardo Cunha e outros Bolsonaro da vida de bordel.
O governo da extrema direita de Bolsonaro começou com o golpe eleitoral no Lula, que candidato seria vitorioso nas eleições de 2018, como venceu no primeiro e no segundo turno as eleições de 2022.
O golpe eleitoral da quadrilha da lava jato prendeu Lula, por 580 dias. A quadrilha vai muito bem, obrigado. O juiz Sergio Moro foi ministro de Bolsonaro, ganhou emprego numa empresa de espionagem dos Estados Unidos, e hoje é senador, e a esposa Rosangela Moro deputada federal. O procurador Deltan Dallagnol, empresário, investidor imobiliário, latifundiário, também é deputado federal.
Toda essa gente foi beneficiada pelos governos Temer e Bolsonaro que, com a certeza da derrota nas eleições de 2022, tramou mais um golpe, um golpe anunciado. Disse Bhon Gass de Bolsonaro:
Bolsonaro para derrotar Lula fez de tudo que no presta com suas pec dos negócios particulares, pec do Apocalipse, pec do calote, pec do rachadão, pec do teto complacente, pec kamikaze, pec do desespero, pec das eleições.
Foi um derrame de dinheiro, de um orçamento secreto, terceirizado e paralelo, que na esteira, na acossa, na rabeira, elegeu talvez os piores e já desacreditados deputados da extrema direita, da bancada da bala, inclusive serial killers, idem nazistas, adoradores do bezerro de ouro, e outros que baixam o nível dos discursos de ódio e baixarias.
Durante sessão no plenário da Câmara nesta terça (09), o deputado Chrisóstomo de Moura fez discurso, em tom de ameaça ao ministro da Justiça Flávio Dino: “Rapaz… Tu não tá em Cuba, não, sobrepeso! Vaza do Brasil!”, disse o deputado do PL de Roraima.
Daniel Silveira fez escola. É do mesmo nível e patente:
O embate entre Dino e Do Val começou depois que o ministro da Justiça foi questionado pelo senador sobre os atentados do 8 de Janeiro. Segundo o parlamentar, Dino assistiu à vandalização das sedes dos Três Poderes pela janela do gabinete do Ministério da Justiça, sugerindo que o chefe da pasta se omitiu de impedir a ação dos manifestantes.
Dino respondeu que o senador havia editado trechos de entrevistas para "pescar contradições inexistentes", e justificou que não estava no local antes da invasão, mas que se dirigiu ao Ministério da Justiça assim que soube do início da depredação.
"Eu não estava lá, eu fui avisado [da violência da manifestação] e cheguei lá. E é claro que o presidente Lula sabia [que as sedes dos Três Poderes estavam sendo vandalizadas] porque eu telefonei e avisei."
E continuou: "Não precisa o senhor ir para porta do Ministério da Justiça fazer vídeo de internet porque se o senhor é da Swat, eu sou dos Vingadores. O senhor conhece o Capitão América? O Homem-Aranha?"
O senador pelo Espírito Santo é militar da reserva do Exército e frequentemente expressa orgulho de ter participado de treinamentos em instituições dos Estados Unidos como Swat, Nasa e FBI.
Armas apreendidas pela Polícia Federal em Marabá (PA) durante operação desta quinta — Foto: Reprodução/ PF
Prazo para donos de armas de fogo recadastrarem itens em sistema federal terminou nesta quarta. Operação visa também a apreensão das armas irregulares em todo o país.
por Fabio Amato, TV Globo
O ministro da Justiça,Flávio Dino, anunciou nesta quinta-feira (4) que aPolícia Federalprendeu 49 CACs (colecionadores, atiradores e colecionadores de armas) durante a operação “Day After”, que foi colocada em andamento no dia seguinte ao fim do prazo para o recadastramento de armamentos no país.
Foram alvos da operação, neste primeiro dia, CACs contra os quais haviam mandados de prisão pendentes por crimes que vão desde homicídios até estelionato ou corrupção (veja lista mais abaixo).
Esses CACs tinham posse de armas e fizeram o recadastramento delas, quando foram obrigados a fornecer dados ao governo, entre eles endereço. Isso permitiu que a Polícia Federal chegasse até eles depois de cruzar os nomes com a lista de pessoas com mandado de prisão determinado pela Justiça.
Os 49 CACs presos até o fim da tarde dessa quinta são acusados de diversos crimes:
9 por homicídio
5 por roubo
3 por furto
4 por tráfico de drogas
4 por porte ilegal de armas
1 por corrupção
1 por crime ambiental
1 por organização criminosa
1 por violência doméstica
1 por estelionato
1 por constrangimento ilegal
1 por extorsão mediante sequestro
Rio Grande do Norte, Mato Grosso e Pará foram os estados com mais prisões, com 5 em cada. Em seguida, vêm Santa Catarina, Espírito Santo e Paraná, com quatro em cada.
Além das prisões, a Polícia Federal informou que foram apreendidas 29 armas e centenas de munições de diversos calibres.
“Havia um absoluto descontrole, uma irresponsabilidade nessa profusão de armas. De pessoas que eram perpetradoras de crime e possuíam armas”, disse Dino durante entrevista nesta quinta, em crítica à política adotada pelo governo do ex-presidente Jair Bolsonaro para facilitar o acesso a armas e munições.
Conforme podemos avaliar pelas notícias veiculadas nos meios de informação nos últimos dias, uma Comissão Parlamentar Mista de Investigação deverá ser instalada brevemente para apurar as responsabilidades com relação aos acontecimentos de 08 de janeiro, em Brasília, quando foi desfechado um golpe de Estado com o intuito de depor ou, ao menos, inviabilizar o governo recém-empossado de Luiz Inácio Lula da Silva.
Como todos sabemos, graças a uma rápida e firme atuação do governo nacional, em especial de parte do Ministro da Justiça Flávio Dino e de seu assessor Ricardo Capelli, o golpe foi debelado e uma grande quantidade de participantes nos atos vandálicos foi detida e colocada à disposição do Poder Judiciário.
Agora, chegou o momento de colocar as coisas em pratos limpos. Quem estava por trás do fracassado golpe? Quem o idealizou? Quem o financiou? E quem o executou?
Embora, numa primeira instância, alguns parlamentares do campo da esquerda tivessem sugerido a abertura de uma comissão parlamentar para abordar esta questão, várias outras vozes ligadas ao campo governamental se alçaram em contra da ideia. O que se alegava era que a prioridade deveria ser concentrar nossos esforços em programas de reconstrução das estruturas sociais da nação, as quais tinham sido arrasadas durante os anos de gestão do nazismo bolsonarista. Portanto, não seria conveniente dispersar energia com as atividades desgastantes que uma tal comissão demandaria.
Por sua vez, a direita nazista bolsonarista aproveitou-se desse desinteresse inicial do governo por uma CPI para inundar as redes sociais com a exigência de sua abertura. Sua argumentação mais contundente passou a ser: “Se o governo não quer a CPI é porque o governo está com medo de seus resultados. Portanto, o governo é o culpado pelos acontecimentos”.
É muito provável que o vazamento feito pela CNN das fotos e vídeos que expunham a presença do general Gonçalves Dias nos locais depredados tivesse o propósito de incriminar o próprio governo de Lula pelo vandalismo praticado naquela jornada. Com isso, os vazadores esperavam dar a volta no disco e transmutar a imagem dos bolsonaristas envolvidos naquele evento. De violentos perpetradores da destruição e devastação causadas nas sedes dos três poderes naquele fatídico dia, eles seriam vistos como vítimas inocentes da manipulação lulista. Talvez seja isso o que eles esperavam, mas o resultado pode não vir a ser bem assim.
Se um de seus objetivos tinha sido derrubar o general G. Dias, podemos dizer que nisto eles foram vitoriosos. Porém, com a exposição pública de todo o material gravado daqueles episódios, muitas caras de bolsonaristas incrustados no GSI acabaram sendo reveladas. Em consequência, o panorama resultante pode até ser visto como bastante favorável ao atual governo. Perde-se o general G. Dias, mas elimina-se todos os bolsonaristas incrustados naquele órgão vital para a segurança interna presidencial. Ou seja, uma troca nada desprezível.
Além do mais, abriu-se uma possibilidade inédita para que a sociedade brasileira dê seus primeiros passos efetivos para livrar-se por completo da tutela militar a que estamos submetidos desde os primórdios de nossa república.
Está mais ou menos evidente que o bolsonarismo vai sair no prejuízo neste ponto. Por isso, sua intenção é compensar essa perda com um forte desgaste do governo junto à opinião pública. Se o bolsonarismo conseguisse se passar por vítima da perseguição lulista, e não como os executores das atividades terroristas que buscavam consumar um golpe de Estado, sem dúvidas, haveria um significativo saldo positivo para essa força política de extrema direita.
No entanto, muitos julgam impossível que o bolsonarismo não saia dessa CPI amplamente derrotado. O material das câmeras de vigilância já disponibilizado expõe de maneira cristalina que todas as ações vandálicas perpetradas foram cometidas por gente profundamente ligada ao bolsonarismo. E se a presença do general G. Dias foi detectada em atitude passiva em certas cenas, quase uma dezena de oficiais bolsonaristas de alto escalão lotados no GSI foram flagrados prestando solidariedade ativa às turbas de saqueadores bolsonaristas. Por lógica, não haveria como confrontar a realidade. Os golpistas eram, sim, bolsonaristas.
Em consonância com este entendimento, o deputado Lindbergh Farias proferiu as seguintes palavras no programa Quem tem medo da CPMI, transmitido pela TV 247: “Não tem narrativa possível que passe por cima da verdade”. Em outras palavras, os fatos estão tão nítidos que ninguém vai conseguir impedir que eles sejam vistos e aceitos tal como realmente aconteceram. Diversos outros observadores do cenário vêm externando opiniões semelhantes a esse respeito. No entanto, gostaria de levantar um alerta em relação com tal posicionamento.
Precisamos levar em conta que, em termos sociais, nem sempre a verdade se impõe como tal. Não foi à toa que o principal teórico da comunicação do nazismo hitlerista (Joseph Goebbels) defendia a tese de que “uma mentira repetida mil vezes passa a ser uma verdade”. O que o responsável pela propaganda nazista queria dizer é que o que vale em termos político-sociais é aquilo que as pessoas venham a considerar como sendo a verdade. Para efeitos políticos práticos, o que vale é a narrativa que se consegue impor junto à população. Esta era a essência da comunicação na Alemanha nazista. E não podemos nos esquecer, o bolsonarismo é a atual versão brasileira do nazismo. E para o bolsonarismo, até mais do que o era para os hitleristas, a máxima da reiteração da mentira continua em plena validade.
Só para refrescar nossa memória, retomemos a questão do kitgay trazida à tona pelos bolsonaristas no pleito de 2018. Todos nós estávamos inteiramente conscientes de que se tratava de uma mentira, uma besteira, um absurdo, uma baboseira que não merecia nenhuma atenção de nossa parte. Mas, mesmo assim, quem tem dúvidas de que a martelação constante do tema pelas redes sociais, a divulgação de fotos e a montagem de vídeos falsos com denúncias relacionadas ao tópico induziram a um bom número de pessoas desinformadas a votar no capitão nazista bolsonarista naquela eleição?
O que eu quero enfatizar ao chamar a atenção para este problema é a necessidade de aumentar nossa capacidade de atuação no combate à propagação de campanhas de mentiras e falsificações. Por mais que nos desagrade a ideia, é importante ter em mente que a realidade não se impõe junto às pessoas tão somente por ser a verdade. Para todos os efeitos práticos, o que vai ser considerado como verdadeiro é a narrativa que venha a ser aceita pelas pessoas. Muitas vezes, os fatos por si só podem não dar conta do recado. A prevalência da verdade está sempre em confronto com o poder da narrativa.
Ainda quando saibamos que a verdade está conosco, teremos de nos empenhar para que essa consciência se generalize. Diferentemente do nazismo bolsonarista que depende de repetições constantes para fazer valer suas mentiras, nós dependemos de que a verdade chegue com clareza a nosso povo pelo menos uma vez. Como não dispomos dos mesmos recursos que as classes dominantes, essa tarefa não nos resulta fácil. Mas é indispensável.
Nossa militância precisa encontrar maneiras de enfrentar o poder dos algoritmos dos grandes conglomerados informacionais. Precisamos aprender a combinar nossas atividades nas redes digitais com uma presença constante e permanente junto às massas populares. Claro que isto é algo simples de dizer, porém muito difícil de ser efetivado. No entanto, estou seguro de que vale a pena dedicar-se a esta luta.
Finada Lava Jato esquece a pornofia diária de Bolsonaro e faz zoada para abafar o testemunho de Tacla Duran amanhã
Todo profano dia de fala de Bolsonaro no cercadinho do Palácio do Planalto, quando reunia o rebanho, o presidente capitão contava mentiras e baixarias, e a grande imprensa dava uma de surda. Veja seletas (vídeos abaixo) de frases de corar frades de pedra e virgens de hímen rompido. Com os pornôs de Bolsonaro, bentos nas igrejas evangélicas, pela irmã Michelle Bolsonaro despida de joias, jornais e tvs criavam alardes e manchetes. Os discursos e sermões louvando o golpe, e esmagando imaginários comunistas mais perigosos que a corte - disse o papa Francisco = do "diabo que se finge 'educado' e até toca a campainha apresentando-se como amigo, a ponto que o tens em casa sem te aperceberes do mal".
O juiz Eduardo Appio, da 13ª Vara Federal Criminal de Curitiba, intimou o advogado Rodrigo Tacla Duran para prestar depoimento nesta segunda-feira (27), por meio de videoconferência.
Nos últimos anos, o advogado espanhol denunciou os pedidos de cerca de cinco milhões de dólares em propina do advogado Carlos Zucolotto Junior, amigo íntimo do casal Moro, para ajudá-lo em processos da Lava Jato.
O Jornalista Chico Alves, colunista do UOL, escreve:
O presidente Lula deu nos últimos dias ao senador Sergio Moro (União-PR) todas as condições de terminar a semana como vencedor da disputa pessoal que os dois travam na política. Primeiro, pelo desabafo feito durante entrevista admitindo que, quando estava preso, tinha vontade de "foder" o então magistrado. Mas principalmente por chamar de "armação" o plano do PCC para matar ou sequestrar Moro, descoberto pela Polícia Federal, subordinada ao seu ministro da Justiça e Segurança Pública.
Como a coluna registrou, ao fazer acusação sem provas contra o senador — duvidando indiretamente da PF —, Lula marcou um dos maiores gols contra de toda sua trajetória política. Deu a deixa para Moro atacá-lo e fez dele vítima em dose dupla, tanto da ameaça do crime organizado quanto da leviandade de sua suspeita desprovida de base.
Desde a fala sobre "armação", Lula vem recebendo todo tipo de críticas, que vão das justificadas até aquelas exageradas, que comparam sua declaração com os piores momentos do bolsonarismo — como se as baixarias de Jair Bolsonaro e seus asseclas não fossem resultado de uma gigantesca e permanente estratégia de destruir reputações, algo muito diferente de uma rara fala condenável em que Lula usou o fígado para tratar de seu desafeto.
Nos últimos dias, por causa da incontinência verbal do petista, o lavajatismo saiu do túmulo e se juntou ao bolsonarismo para desancar o presidente.
O jogo estava bastante desfavorável para Lula. Até que ontem Sergio Moro jogou contra o patrimônio: também marcou um gol contra memorável.
Por conta da divulgação de que uma das contas de email investigadas entre as várias que serviram de ponto de partida para desbaratar o plano do PCC tinha o endereço lulalivre1063@icould.com, o senador jogou nas suas redes sociais uma suspeição irresponsável.
"Gostaria de entender por que um dos criminosos do PCC, investigado no plano de sequestro e assassinato, utilizava como endereço de email lulalivre1063?", questionou.
A acusação indireta de parceria entre PT e tráfico foi endossada por Deltan Dallagnol, fiel escudeiro de Moro — que, de quebra, requentou a lorota bolsonarista sobre a ida de Flávio Dino à favela da Maré:
"Finja surpresa: membro do PCC usava email 'lulalivre'. Em áudio que divulguei dia 22, PCC reclamou de Moro porque com ele não tinha conversa, enquanto com o PT tinha. Não surpreende também que o Ministro da Justiça de Lula entre livremente em área dominada pelo crime organizado", acusou Deltan.
A própria polícia explica que os integrantes do PCC usavam emails de terceiros para despistar. Assim como o fato de a juíza Gabriela Hardt tratar do caso das ameaças ao ex-juiz não dá a Lula o direito de dizer o que disse, o aparecimento de endereço eletrônico com o nome do presidente no meio da investigação é obviamente insuficiente para justificar qualquer suspeita infundada de Moro e Dallagnol. Mas nenhum dos dois levou isso em consideração antes de atacar o PT.
Com essa desprezível intriga, Moro marca a semana não apenas por ser vítima de um plano do PCC e passa também à lamentável categoria dos parlamentares que fazem politicagem com qualquer coisa — inclusive com eventuais desventuras.
Tanto a acusação leviana de Lula quanto a ilação inconsequente de Moro, rebaixam a já desvalorizada política nacional. Mas não é um empate.
O petista sempre poderá argumentar que tem motivos de sobra para ressentimento contra o ex-juiz que, em processo sem provas e recheado de ilegalidades, o obrigou a ficar 580 dias na prisão e entregou o país de bandeja para Bolsonaro.
Já Moro não explicou ainda a fixação que tem por Lula desde 2014 e que agora o faz perder o controle da situação.
Cientistas políticos parecem não dar conta. Talvez seja o caso de recorrer a Freud.
Fernando Exman, Renan Truffi e Andrea Jubé publicaram interessante assunto. "Foi feito o necessário. E foi feito ligeiro." Assim justificou uma alta fonte do governo a decisão de que fosse substituído o comandante do Exército apenas três semanas depois de iniciado o terceiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
A saída foi anunciada num sábado pelo ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, depois de um dia de tensão no governo e na caserna. Em um rápido pronunciamento, Múcio reconheceu uma "fratura no nível de confiança" nas relações com o então comandante do Exército, general Júlio César de Arruda, e formalizou a demissão do oficial e a nomeação do general Tomás Miguel Ribeiro Paiva para o posto.
Ao falar à imprensa, Múcio citou alguns dos fatores que levaram à demissão de Arruda. "Depois dos episódios, a questão dos acampamentos, do dia 8 de janeiro, as relações com o comando Exército sofreram uma fratura."
A decisão também decorre da resistência de Arruda em suspender a nomeação do tenente-coronel do Exército Mauro Cesar Barbosa Cid para comandar o 1º Batalhão de Ações e Comandos (BAC), que faz parte do prestigiado Comando de Operações Especiais, com sede em Goiânia (GO), considerado uma "tropa de elite" da força terrestre. Conhecido como coronel Cid, o oficial foi ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e está sendo investigado por um suposto "caixa dois" com o cartão corporativo da Presidência, segundo a imprensa.
Segundo a apuração da Polícia Federal, o militar teria feito saques com o cartão corporativo da Presidência, e feito pagamentos de contas pessoais da família de Bolsonaro com esses recursos. Uma investigação mira o pagamento de fatura de um cartão de crédito emitida em nome de uma amiga da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro... Para integrantes do primeiro escalão do governo, o que definiu o destino de Arruda foi o que consideram falta de compromisso em tomar as providências esperadas pelo comandante supremo das Forças Armadas, o presidente Lula.
Na sexta-feira, circulou nas redes sociais um vídeo em que o general Tomás Paiva orientou os soldados a respeitarem o resultado das urnas. A mensagem se deu durante uma cerimônia militar com as tropas. "Vamos continuar garantindo a nossa democracia, porque a democracia pressupõe liberdade e garantias individuais e públicas. E é o regime do povo, de alternância de poder. É o voto. E, quando a gente vota, tem de respeitar o resultado da urna", disse o general, em recado que agradou o governo. Ele ingressou na carreira militar em 1975 e seu mais recente posto foi o de comandante militar do Sudeste, cargo que assumiu em 2021. Corpo militar estratégico no lugar principal do país.
O oficial atuou na missão do Exército no Haiti como subcomandante do Batalhão de Infantaria de Força de Paz e como comandante da Força de Pacificação da Operação Arcanjo VI, no Complexo da Penha e do Alemão, no Rio de janeiro (RJ), em 2012. Já comandou o Batalhão da Guarda Presidencial e foi ajudante de ordens do presidente Fernando Henrique Cardoso. Também chefiou o Gabinete do Comandante do Exército em Brasília, quando o general Villas Bôas comandou a Força.
A iniciativa de criar uma "guarda presidencial" sob o comando imediato do chefe da nação é de inspiração dos Estados Unidos e, mais remotamente, vem da guarda pretoriana dos Césares romanos. O Ministro Flávio Dino está com o projeto de lei pronto, tendo em vista os recentes acontecimentos em Brasília e noutras capitais, o que não ocorria desde 1985 com o fim da ditadura militar por obra de Tancredo Neves, após o ciclo de generais-ditadores indicados pela cúpula do Exército, e que foram Castelo Branco, Costa e Silva, Emílio Médici, Ernesto Geisel e João Figueredo (21 anos de ditadura, em que o povo não votou para presidente do Brasil).
A ditadura caiu de podre com o povo nas ruas do país exigindo eleições diretas em passeatas gigantes. Alguns oficiais do Exército, ao que parece, querem reviver, contra a Constituição e o povo, esse período obscuro de nossa história. Não é, contudo, o desejo das Forças Armadas. Trata-se de uma minoria é bom que se diga. Sugere reflexão o dilema em que se meteria se por acaso o Exército tomasse o poder pela força.
A primeira consequência seria suscitar uma luta interna no interior da mais importante força armada da República (ambição de pessoas e grupos). A segunda seria o isolamento de um governo ilegítimo nos círculos internacionais a começar pelos Estados Unidos. A terceira seria atrair para a força terrestre todas as tarefas governamentais e para as quais não foram preparadas. Durante o governo dos militares (1964 a 1985), o desgaste foi tão grande que levou à sua natural extinção. O Congresso em vez de eleger Maluf, indicado pela cúpula militar, elegeu Tancredo Neves, que, infelizmente, morreu, sendo substituído por José Sarney, seu vice-presidente, que iniciou a atual República democrática, e as eleições periódicas de civis.
General Augusto Heleno fortaleceu a área de inteligência do governo e era referência para os extremistas terroristas e golpistas e bolsonaristas (Crédito: Gabriela Biló)
O general Augusto Heleno foi um dos mentores intelectuais dos ataques do 8 de janeiro, desmontou a estrutura de segurança que permitiria garantir a integridade da Presidência e era a grande referência militar para os grupos extremistas. Seu papel será julgado pelo STF
por Germano Oliveira & Marcos Streckeri /IstoÉ
Os inquéritos sobre os ataques de 8 de janeiro exibem números impressionantes. Dos 1.398 presos, a Procuradoria-Geral da República (PGR) já denunciou 835. Destes, 645 são classificados como “incitadores”, 189 como “executores” e 1 é um agente público citado por omissão. Mas nenhum militar entrou na mira da PGR. Em breve as apurações sobre a invasão à sede dos três Poderes tomarão um novo rumo. Também será averiguada a participação dos generais mais próximos a Jair Bolsonaro. Entre eles, destaca-se aquele que tinha o controle sobre o aparato de segurança e informações do governo e era o responsável por órgãos que deveriam ter se antecipado aos acontecimentos e agido diante dos riscos de ataque: o general Augusto Heleno. Ele deve ser investigado por seu papel como um dos mentores intelectuais do golpe de 8 de janeiro.
O general deixou no final de dezembro a chefia do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), que controlava a Agência Brasileira de Inteligência (Abin). Será investigado porque desmontou o GSI para que o órgão ficasse totalmente inerte no dia 8. Tirou militares de posições importantes do órgão e da Abin para deixá-los sem reação. “Heleno foi de uma conivência abissal”, diz um ministro do Supremo. O militar só deixou gente da confiança dele nos principais postos, e essa ação foi o que mais contribuiu para a falta de um projeto de reação do governo no dia do golpe.
A faixa "intervenção militar" uma mostra do planejamento da invasão terrorista
Muitas dúvidas ainda pairam sobre a atividade dos subordinados no dia dos atentados. Um dos homens de confiança de Heleno, o coronel do Exército José Placídio Matias dos Santos, participou dos eventos e pediu nas redes sociais que as Forças Armadas “entrassem no jogo, desta vez do lado certo”. Ainda conclamou o então comandante do Exército, general Júlio César de Arruda, a “cumprir o seu dever de não se submeter às ordens do maior ladrão da história da humanidade”. O oficial depois apagou as mensagens, mas o recado foi dado. Há muitas questões não esclarecidas. No dia da invasão, o secretário do Consumidor do Ministério da Justiça, Wadih Damous, denunciou em um vídeo o roubo de armas e munições em uma sala do GSI no Planalto. Segundo ele, os invasores tinham informação de que naquele local havia armamentos e documentos. “Isso significa informação.” Também há relatos de que militares do GSI tentaram facilitar a saída de depredadores pelo térreo do prédio, sem serem presos.
NO STF Ministro Alexandre de Moraes: relator de inquéritos sobre ações contra a democracia (Crédito:Adriano Machado)
Personalidades do mundo jurídico destacam o papel central de Augusto Heleno na preparação para o golpe, mas dizem que será difícil caracterizar o papel do militar encontrando ordens executivas de sua autoria ligando-o aos eventos. Por outro lado, sua culpabilidade poderá ser fundamentada pela conivência ou pelas falhas deliberadas na estrutura que montou e comandou para garantir a segurança da Presidência – e que deixou de atuar no 8 de janeiro. Mas a omissão é um crime difícil de provar. Será preciso averiguar “de baixo para cima” a cadeia de comando para identificar as responsabilidades.
O ex-ministro do GSI é visto como um dos principais, se não o principal, articulador de uma tentativa de golpe de Estado que começou a ser conspirada meses antes das invasões. Fontes ligadas à Segurança Pública e ouvidas por ISTOÉ relatam que Heleno teria usado o aparato técnico do órgão que comandava e a influência nas Forças Armadas para evitar a posse do presidente Lula. As articulações que aconteciam nos bastidores eram retratadas a apoiadores com veemência após a vitória de Lula. E no dia dos ataques isso teria se refletido, entre outras ações, na facilitação do acesso de radicais ao Planalto. “Você acha que alguém entra assim do jeito que entrou?”, questionou uma das fontes. Um almirante influente no governo Bolsonaro e próximo de Augusto Heleno teria enfatizado várias vezes a seus subordinados e em reuniões de segurança que o novo presidente não governaria. “Foi uma tentativa de golpe. Ele não se consumou porque não conseguiram consolidar a maioria no Exército”, disse outra pessoa sob condição de anonimato.
As tentativas de consolidação dessa “maioria” necessária para executar um plano golpista não foram poucas, conforme os relatos colhidos por ISTOÉ. Várias reuniões teriam ocorrido com a intermediação de Heleno. Pelo menos três fontes diferentes citam uma ocasião específica – após o segundo turno – em que estavam presentes Heleno, o general Walter Braga Netto e representantes do Exército, da Marinha e Aeronáutica. A pauta: como articular um possível golpe de Estado. Dentre os participantes do encontro, somente o membro da Aeronáutica teria sido contra a tratativa e se revoltado com a ideia proposta. Mas a revolta foi ignorada pelos demais, e um dos resultados dessa reunião, ainda segundo as fontes ouvidas pela reportagem, foi a minuta golpista encontrada na casa do ex-ministro da Justiça, Anderson Torres. “Não foi uma brincadeira, estivemos a um passo do golpe”, frisou um dos informantes.
ENSAIO Ataque ao STF em 2021: Sara Winter recebeu orientações de Heleno
Desde que assumiu o núcleo mais sensível no Planalto, o GSI, Augusto Heleno aumentou enormemente o papel do órgão. Passou a controlar a área de segurança, monitorando todas as informações sobre os grupos radicais. Por sua atuação, ele sempre foi uma referência para os extremistas. Em novembro de 2021, a ativista Sara Winter revelou à ISTOÉ que foi orientada diretamente por Heleno, no Palácio do Planalto, na época em que ela articulava o “Acampamento dos 300”. “Ele pediu para deixar de bater na imprensa e no [Rodrigo] Maia e redirecionar todos os esforços contra o STF”, disse ela. No dia 13 de junho de 2020, o grupo marchou em direção ao STF e atacou a sua sede com fogos de artifício, numa “advertência”. O papel do general entre radicais aumentou após a eleição de Lula e especialmente depois que Bolsonaro deixou o País. Um dos posts mais compartilhados na época traz uma manifestante que mostrava um link do Diário Oficial supostamente transferindo a Presidência para Heleno. Seria uma “estratégia” de Bolsonaro. Militantes divulgaram nas redes que “Bolsonaro passou todo o poder para o GSI”, ou então que “o general Heleno é o presidente da República. Ele é o melhor estrategista do País, talvez do mundo”.
Catalisador do golpe
Essa busca de “mensagens ocultas” pode até ter um fundo de verdade, aponta um jurista. Uma resolução publicada no dia 23 de dezembro pelo próprio Augusto Heleno estabeleceu grupos de trabalho técnicos em diversos ministérios sob a coordenação do GSI. “Tudo parece inocente”, mas as más intenções se revelam mais tarde e há um teor “perigoso”, pondera o especialista. Normas como essa poderiam ser empregadas como catalisadores da ala militar hostil ao resultado das urnas. Funcionariam em conjunto com outros documentos golpistas que circularam em Brasília após as eleições, um fato reconhecido pelo presidente do PL, Valdemar Costa Neto, publicamente. Em depoimento à Polícia Federal, mais tarde, o político disse que se tratava de “uma metáfora”. Já a minuta apreendida na casa do ex-ministro da Justiça Anderson Torres, citada acima, tinha um conteúdo golpista bem explícito. Era o esboço de um decreto para o então presidente Bolsonaro instaurar estado de defesa na sede do TSE, revertendo o resultado do pleito presidencial e delegando na prática ao Ministério da Defesa a condução do processo eleitoral. Torres, que diz desconhecer a origem da minuta, está preso pela sua omissão nos atentados, quando comandava a Secretaria de Segurança do DF.
Estabelecer a materialidade das iniciativas golpistas é um desafio. Depois de 30 de outubro, circularam áudios no WhatsApp com a voz de Augusto Heleno em que o general dizia com voz serena, mas assertiva, que a eleição havia sido fraudada e que ele não podia adiantar medidas que estavam em discussão, pois “há ainda muita coisa em jogo”. O GSI desmentiu e considerou o áudio como “fake de péssima qualidade”. O jornal O Estado de S.Paulo o submeteu a dois peritos, que disseram não ser possível atribuir a voz ao general. Mas uma gravação vazada após evento da Abin, em 14 de dezembro de 2021, reproduz o general criticando as atitudes de “dois ou três” ministros do STF. Nesse áudio, ele disse que um dos Poderes está tentando “esticar a corda até ela arrebentar”. “Tenho que tomar dois lexotan na veia por dia para não levar Bolsonaro a tomar uma atitude mais drástica em relação ao STF”, afirmou na ocasião.
E não há dúvidas sobre o sentido de suas manifestações públicas. Quando ocorreu uma audiência da Comissão de Fiscalização e Controle do Senado no dia 30 de novembro, em que vários bolsonaristas questionaram o resultado das urnas, o general conclamou: “Vamos lá discutir os temas que nos afligem. Coragem, força e fé. O Brasil acima de tudo”.
Para Leonardo Nascimento, do Laboratório de Humanidades Digitais da UFBA, as manifestações do general Heleno ao longo do tempo contribuíram para galvanizar os grupos bolsonaristas que participaram do 8 de janeiro. Segundo o pesquisador, as declarações e postagens do ex-ministro do GSI foram fundamentais também para que se criasse em torno dele uma certa “mística”. Nascimento vem monitorando grupos bolsonaristas em redes sociais nos últimos anos e acompanha de perto os efeitos das manifestações de Bolsonaro sobre seus seguidores. O ex-presidente seria o “grande oráculo de desinformação” desses grupos, nos quais tudo o que fala tem ressonância direta. Na sua ausência, ganharam mais importância as declarações de ‘sub-oráculos’, caso de Heleno. O próprio general teria se colocado nesse papel. “Heleno sempre foi o que mais deu declarações no sentido da ruptura institucional. Foi sempre o ministro que cumpria esse papel de verbalizar essa possibilidade, essa intenção.”
Sem papas na língua
O general Heleno é conhecido entre os apoiadores por falar sem “papas na língua”. Em julho do ano passado, durante uma audiência da Comissão de Fiscalização e Controle da Câmara dos Deputados, ele defendeu o sargento da Marinha Ronaldo Ribeiro Travassos, alocado no GSI, que gravou um vídeo defendendo um golpe militar. Heleno alegou que se tratava da ação de um cidadão brasileiro que tinha “o direito de se pronunciar”. Parlamentares avaliam como graves os indícios de participação de Heleno em ações golpistas. A deputada federal Dandara Tonantzin (PT) protocolou um requerimento para convidar o general a prestar esclarecimentos. “O depoimento poderá trazer elementos importantes sobre a inação da atuação do GSI no dia 8 de janeiro”, justifica. Já para o deputado Rogério Correa, também do PT, o histórico de Heleno é repleto de conspirações. Em 2020, o parlamentar fez parte do grupo de deputados que protocolaram um pedido de impeachment no STF do então ministro do GSI, após ele falar em “consequências graves” caso Bolsonaro fosse obrigado a entregar o celular no inquérito que apurava se o então presidente havia interferido na PF. “Ele já ameaçava com o golpe desde aquela época. E o 8 de janeiro tem tudo a ver com isso”, enfatiza.
Depois do 8 de janeiro, Heleno sumiu das redes sociais – seus últimos tuites são do dia 7 de janeiro. Ao longo do ano passado, ele vinha se mantendo bastante ativo nas redes, fazendo campanha eleitoral para Bolsonaro e retuitando posts do então presidente, além de atacar Lula, a quem chamava de “ex-presidiário”. A atividade nas redes mudou depois do segundo turno, quando, além do tuíte celebrando a audiência pública golpista do dia 30 de novembro, Heleno fez apenas algumas poucas publicações, em grande parte para contestar reportagens.
O historiador e cientista político Francisco Carlos Teixeira, da UFRJ, lembra o “DNA golpista” de Heleno, que na década de 1970, ainda capitão, atuou como ajudante de ordens do então ministro do Exército Sylvio Frota, que tentou articular um golpe contra o presidente Ernesto Geisel. “Ele já naquela época estava conspirando e fez parte daquela tentativa fracassada de ‘golpe dentro do golpe’, perpetrado pela chamada linha dura dos militares”, diz o professor. “Foi muito grave, não só pela tentativa de ruptura, mas porque foi contra um general presidente, contra um superior hierárquico”, destaca. O professor lembra que posteriormente o ex-ministro foi favorecido pelo governo do PT, que o nomeou para o Haiti. “Isso contribuiu para essa mítica de que eles estiveram em combate, de que são guerreiros. Mas não se lembra que lutaram contra uma população faminta. E esses militares voltam ao Brasil se dizendo aptos a administrar o Estado”, diz. “Vimos militares lotados no GSI participando dos acampamentos antidemocráticos em frente a quartéis. Heleno não sabia? Ou foi ele que incentivou ou mesmo deu a ordem? Porque aí a participação dele muda de patamar. Passa a ser também por ação, e não só por omissão.”
NOS ATOS O coronel José Placídio dos Santos, que atuou nas invasões. Acima, resolução de 23/12 ampliando atuação do GSI em ministérios
Novos generais
Após os atentados de 8 de janeiro, Lula disse que não foi avisado pelos serviços de inteligência sobre o risco iminente. Mas um relatório sigiloso enviado pelo GSI ao Congresso aponta que o governo foi informado. O alerta teria sido produzido pela Abin e compartilhado com órgãos federais. Na época, o ministro responsável pelo GSI era o general da reserva Gonçalves Dias, indicado por Lula. Por isso, Dias passou a ser visto com reservas pelos petistas. A hipótese de uma conspiração antidemocrática sempre esteve no radar do novo governo. Um exemplo foi quando o GSI tentou fazer parte do esquema de segurança do governo de transição, mas a equipe que cuidava da proteção do presidente eleito explicou aos agentes que a participação deles seria desnecessária. A desconfiança estaria pautada nas suspeitas de que a estrutura estava sendo utilizada com viés golpista. “A certeza é que houve leniência do GSI, antes, durante e depois. Às 6h da manhã o acesso [do Planalto] já estava liberado”, disse uma pessoa que acompanhou as reuniões de segurança após o ato terrorista. “Era a primeira semana de governo, a maioria que estava era a turma antiga”, acrescentou, sobre a equipe que compunha o GSI. Só em janeiro, pelo menos 13 militares do órgão, foram exonerados.
DEMORA Ministros do STF estão incomodados com morosidade na PF e no Ministério da Justiça, chefiado por Flávio Dino (Crédito:Fátima Meira)
Segue lentamente o trabalho de despolitizar os quartéis. Na terça-feira, 14, o Alto-Comando do Exército definiu os nomes de três generais promovidos a quatro estrelas. Entre eles está Luiz Fernando Baganha, ex-secretário-executivo de Augusto Heleno no GSI. De acordo com uma fonte militar que já transitou na cúpula da caserna, são todos nomes sem atuação política. O Alto-Comando estaria tentando se desvincular “o mais rapidamente possível” da “encrenca” na qual os militares se meteram nos últimos quatro anos. “Os generais da ativa estão focados nisso, sabem o dano causado pelo envolvimento com Bolsonaro e agora só querem ‘tocar o barco’, fazer ‘coisa de soldado’”, afirma o oficial. “Sobrou um monte de trabalho pro Exército, um monte de gente pra punir.” Apesar de ter atuado como braço-direito de Heleno, Baganha não é considerado da sua cota pessoal. Teria trabalhado ao lado dele no GSI de forma “absolutamente circunstancial”. Mas outros nomes ligados a Heleno foram preteridos. O principal é Carlos José Russo Assumpção Penteado, que também foi seu secretário-executivo no GSI e estava no cargo nos ataques de 8 de janeiro.
NOVO CHEFE Indicado por Lula, o novo ministro do GSI, general Gonçalves Dias, demorou a abrir investigações: a Abin foi para a Casa Civil (Crédito: Fátima Meira)
A movimentação nos bastidores é lenta. O novo chefe do GSI apenas no dia 26 de janeiro abriu uma sindicância para apurar a atuação de funcionários do órgão. O governo tem resistido a apoiar uma investigação extensiva sobre o papel dos militares, em parte para evitar ampliar a resistência que existe na caserna contra o petismo. Lula também tenta impedir a abertura da CPI dos Atos Golpistas. A PF já investiga ações e omissões que permitiram as invasões, inclusive da parte de agentes do GSI. Mas há ministros do STF incomodados com a falta de empenho da corporação e do Ministério da Justiça em relação aos militares. A responsabilização deles é atualmente um dos temas mais nevrálgicos. Muitos gostariam que, no caso dos fardados, tudo ficasse restrito ao Superior Tribunal Militar (STM). Mas, com a disposição do STF de levar adiante a investigação e trazer o caso para sua jurisdição, será difícil evitar esse encontro com a verdade. É um passo importante para evitar que o País volte a enfrentar novas ameaças autoritárias.
Generais serão investigados
Além de Augusto Heleno, Walter Braga Netto e Luiz Eduardo Ramos também estão na mira do STF
CANDIDATO A VICE Ex-ministro da Defesa, Walter Braga Netto tinha ascendência sobre as tropas (Crédito:Ueslei Marcelino)
Além de Augusto Heleno, o STF decidiu investigar outros dois generais de Bolsonaro que foram decisivos para os atos de 8 de janeiro: Braga Netto e Luiz Eduardo Ramos. Junto com Heleno, os dois foram autores intelectuais do golpe, supõe-se. Braga Netto é visto como tendo um papel-chave. Afinal, ele tinha ascendência com as tropas e era o candidato a vice de Bolsonaro.
Foi ministro da Casa Civil a partir de fevereiro de 2020 até março de 2021, quando o ex-presidente demitiu o então ministro da Defesa, general Fernando Azevedo e Silva, e os comandantes das três Forças: Edson Leal Pujol (Exército), Ilques Barbosa (Marinha) e Antônio Carlos Bermudez (Aeronáutica). Esse episódio representou a maior crise militar desde a demissão do ministro do Exército pelo presidente Ernesto Geisel, em 1977. Na época, Frota articulava um golpe contra Geisel, e tinha como ajudante de ordens exatamente Augusto Heleno. Braga Netto então assumiu o Ministério da Defesa e só se afastou em abril do ano passado, para concorrer como vice na chapa de reeleição de Bolsonaro.
EX-CASA CIVIL O general Luiz Eduardo Ramos organizou a live contra as urnas (Crédito:WALLACE MARTINS/FUTURA PRESS)
O outro general que está severamente envolvido com o golpe é Luiz Eduardo Ramos, ex-ministro da Secretaria de Governo e da Casa Civil, que chegou inclusive a organizar a “live”, em julho de 2021, em que Bolsonaro iria apresentar evidências de que houve fraude das eleições. Na ocasião, o ex-presidente reconheceu que não tinha provas. Um técnico de informática que participou da transmissão, Marcelo Abrieli, declarou em depoimento à PF que antes dessa participação havia sido chamado ao Planalto por Ramos e que conhecia o general desde 2018, quando este ocupava a chefia do Comando Militar do Sudeste. Ramos foi também titular da Secretaria-Geral da Presidência até dezembro passado, e era amigo próximo de Bolsonaro desde os tempos da Academia das Agulhas Negras, nos anos 1970. Foi preterido para o posto de vice na chapa da reeleição, mas permaneceu atuando no círculo íntimo do presidente. Os três generais, segundo ministros do STF, podem ser considerados os principais articulares militares da tentativa de golpe de Bolsonaro.
Colaboraram Dyepeson Martins e Gabriela Rölke
Os generais comandantes do golpe militar de Bolsonaro
Leia aqui: Heleno tem 'DNA golpista' e esteve envolvido em plano de levante contra Geisel
Leia mais: Além de Heleno, Braga Netto e Ramos serão investigados por suposto envolvimento com atos golpistas
Instinto assassino. Roberto Jefferson do Paraná já deu muita coronhada e tiro na cabeça de preso
Deputado assassino confessa crimes
Redação Istoé
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Conhecido por defender a política do armamento da população, o deputado bolsonarista Sargento Fahur (PSD-PR) chamou atenção, nesta sexta-feira (10), durante evento na Câmara dos Deputados. Com a presença do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e de membros da indústria da defesa, o parlamentar adotou um discurso contra o governo Lula (PT), principalmente na questão sobre retirar as armas dos militares da reserva, a qual é falsa.
O deputado mais votado do Paraná (tinha que ser no Paraná) de amigação com o genocida Bolsonaro
Mesmo assim, o deputado intimou o atual ministro da Justiça, Flávio Dino, a tentar tirar a sua arma.
“Eu trabalhei 35 anos na Polícia Militar dando “coronhada” e tiro na cabeça de vagabundo, e continuei combatendo vagabundo, agora no parlamento. E vou andar desarmado? Flávio Dino, vem buscar minha arma aqui, seu m*”.
Outras frases da boca suja de Fahur:
"Essa é uma imprensa bem filha da puta. O desgraçado matou o jovem, confessou tudo e ainda é tratado como suspeito. Lixos defensores de bandidos".
E quando o homicida é um policial?
"Bandido bom é bandido no colo do capeta. Quem não gostou pega eu! Minha fala hoje na Câmara dos Deputados".
Lula no Palácio invadido e depredado pelos bolsonaristas: "Que chique heim?? Pra quem furunfava em uma cela da Polícia Federal!"
cartacapital.com.br
Lula e Janja marcam mudança para o Palácio da Alvorada
Assim que Lula voltar da Argentina, já deve voltar para o Alvorada, disse o ministro da Casa Civil, Rui Costa
Para o sargentão deputado Fahur, a Polícia Federal era uma zona nos tempos de Bolsonaro. Foi deputado sério, honesto, ele demitia.
PF dominada
Pelo menos 18 delegados da PF foram alvos de punições pela direção do órgão que deveria combater a corrupção, mas tem uma gestão marcada por perseguições políticas e blindagem de familiares de Bolsonaro
PUNIÇÕES INJUSTAS Dezoito delegados foram exonerados após abrirem investigações contra pessoas ligadas ao bolsonarismo.
1 Denisse Ribeiro foi retirada da investigação dos atos antidemocráticos por ordem de Maiurino e de Bolsonaro.
2 Franco Perazzoni teve promoção negada por se recusar a dar informações sobre o inquérito que investigava Salles.
3 Hugo Correia foi exonerado por investigar pessoas do círculo bolsonarista.
4 Maurício Valeixo foi demitido da direção-geral da PF em abril de 2020 por se recusar a exonerar Ricardo Saadi da PF do Rio.
5 Max Eduardo Ribeiro teve promoção negada por autorizar entrevista de Alexandre Saraiva sobre investigação contra Salles.
6 Silvia Fonseca foi exonerada por pedir extradição do blogueiro Allan dos Santos.
7 Alexandre Saraiva foi demitido após apresentar notícia-crime contra o então ministro Salles.
8 Thiago Leão foi retirado do comando do Grupo de Investigações Ambientais após chefiar operação que apurou suposta participação de Salles.
9 Rolando de Souza sucedeu Valeixo e foi afastado por não aceitar pressões de Bolsonaro para trocar outros cargos.
10 Bernardo Amaral foi exonerado após autorizar investigação contra Dias Toffoli.
11 Antonio Teixeira virou desafeto de Bolsonaro após ter desacatado ordem dele durante campanha.
12 Daniel Grangeiro passou a sofrer retaliações do governo após iniciar investigações contra aliados do presidente.
13 Rubens da Silva foi afastado da chefia de Repressão a Crimes Ambientais após investigar Salles e a extração ilegal de madeira.
14 Graziela Costa e Silva teve promoção negada após organizar abaixo-assinado em apoio a Felipe Leal.
15 Felipe Leal foi afastado da investigação sobre suposta interferência de Bolsonaro na PF após ter pedido informações sobre punições.
16 Rodrigo Fernandes foi exonerado da inteligência da PF em MG após ter investigado o atentado a faca em 2018.
17 Carla Barros da Cunha foi exonerada da chefia da Superintendência de PE por manter ligações com políticos do PSB.
18 Ricardo Saadi foi afastado da Superintendência da PF no Rio após tentar investigar o deputado federal Hélio Negão, amigo de Bolsonaro.
Por Ricardo Chapola /Istoé
DIRETOR-GERAL Maiurino: acusado de perseguir delegados e de comprar apartamento suspeito nos EUA
Quando Bolsonaro passou a ser investigado por tentar interferir na Polícia Federal (PF) a pedido do ex-juiz Sergio Moro, ninguém imaginou que a corporação estaria em pouco tempo totalmente dominada pelo capitão. Um dos principais órgãos estatais de investigação e de combate à corrupção, a PF passa, sob a batuta do mandatário, por um período tenebroso, marcado por perseguições políticas, boicotes e blindagem a familiares do presidente. Para atingir seus objetivos, Bolsonaro segue uma cartilha bem clara: impõe aliados em cargos importantes na PF dispostos a obedecer suas ordens e que passam depois a deter o controle total sobre os trabalhos da corporação. De lá para cá, 18 delegados sofreram punições por parte da direção do órgão por terem aberto procedimentos investigativos contra integrantes do governo ou de amigos do presidente. Muitos deles, insatisfeitos e inconformados com a perseguição, já ensaiam entregar seus cargos caso Bolsonaro não mude a gestão da instituição, enquanto outros acionaram a Corregedoria da PF pedindo investigação contra o diretor-geral, Paulo Gustavo Maiurino, acusado de várias irregularidades, incluindo a compra de um imóvel suspeito nos EUA.
PERSEGUIÇÃO Delegados combativos são trocados por aliados de Bolsonaro: suspeita de conivência com malfeitos
O episódio mais recente envolveu a delegada Silvia Amélia Fonseca. Ela foi punida por atingir interesses escusos do bolsonarismo ao desempenhar suas funções. Quando ainda era chefe da Diretoria de Recuperação de Ativos e Cooperação Jurídica Internacional do Ministério da Justiça (DRCI), órgão responsável por pedidos de extradição, Silvia tomou providências para agilizar o processo de repatriação para o Brasil do blogueiro bolsonarista Allan do Santos, próximo ao clã, e que foi alvo de ordem de prisão do Supremo Tribunal Federal (STF) em outubro de 2021. Pouco tempo depois de ter atendido a ordem do STF, a delegada foi destituída da função. O governo queria que ela não encaminhasse, ou retardasse, o pedido de extradição do blogueiro.
Nos últimos quatro meses, seis dos oito delegados que integram o Serviço de Inquéritos (Sinq), repartição que investiga autoridades com foro especial, foram substituídos. As trocas ocorreram por conta de uma crise criada por divergências a respeito do que está sendo investigado em relação ao orçamento secreto, manobra armada com a anuência do mandatário para distribuir dinheiro público a aliados no Congresso na tentativa de alimentar seus projetos eleitoreiros. Já Paulo Maiurino, diretor-geral da PF desde abril de 2021, é acusado de estar por trás desse esquema de perseguição a delegados, e tem sido alvo inclusive de suspeitas lançadas contra ele por colegas da instituição. Segundo delegados da PF, Maiurino teria enriquecido nos últimos anos. Ele teria conseguido quitar um apartamento de luxo no valor de R$ 3,5 milhões em Miami Beach, nos EUA. A transação foi realizada em 2016, época em que sua renda anual, somada com a da sua mulher, a funcionária pública Renata Veit, era incompatível para a realização de uma compra desta monta. A notícia despertou suspeitas até mesmo de alguns delegados. Demitido da superintendência do Amazonas por investigar denúncias de corrupção em um esquema de corte ilegal de madeira na Amazônia, o delegado Alexandre Saraiva enviou um ofício ao corregedor-geral da PF no qual pede que Maiurino seja investigado pela compra do imóvel, sob o argumento de que o caso “pode caracterizar prática de conduta descrita no artigo 1º da lei 9613/1998”. Trata-se da lei que regulamenta o crime de lavagem de dinheiro e ocultação de bens. No texto, enviado em 12 de novembro à Corregedoria da PF, ao qual a ISTOÉ teve acesso, Saraiva justifica que deseja preservar seus superiores. “Ressalto que, excepcionalmente, deixo de seguir o canal hierárquico usual para preservar meus superiores hierárquicos de eventuais retaliações”, afirmou. [Publicado in 19/11/2021]
por Sacha Calmon /Correio Braziliense
Fernando Exman, Renan Truffi e Andrea Jubé publicaram interessante assunto. "Foi feito o necessário. E foi feito ligeiro." Assim justificou uma alta fonte do governo a decisão de que fosse substituído o comandante do Exército apenas três semanas depois de iniciado o terceiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.