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O CORRESPONDENTE

Os melhores textos dos jornalistas livres do Brasil. As melhores charges. Compartilhe

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O CORRESPONDENTE

25
Jun23

Oito de janeiro – o golpe fracassado

Talis Andrade
 
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O oito de janeiro foi o estertor de um golpe que não deu certo, mas isto não quer dizer que o karma golpista tenha sido anulado

por Flávio Aguiar

- - - 

Um pouco antes da eleição de 2022 publiquei no site A Terra é Redonda uma série de seis artigos sobre os muitos golpes de Estado que deram certo na tradição brasileira e os poucos que, desfechados ou planejados, não vingaram. Analisei estes eventos desde o golpe da Independência, em setembro de 1822, até o impeachment sem base jurídica de Dilma Rousseff e o até então inédito impeachment preventivo da candidatura de Lula em 2018, entrando pelos assanhos golpistas desenhados e ensaiados a partir do Palácio do Planalto por seu usurpador e lacaios conexos.

Agora, quando as balizas que levaram ao oito de janeiro próximo passado começam a se delinear de modo mais claro, a análise desta tentativa fracassada de golpe se impõe.

A efeméride dos dez anos das manifestações de junho de 2013 trouxe à tona a reflexão sobre se não foi aí que se implantou o ovo da serpente que levou à tomada do Palácio do Planalto pelo usurpador em 2018, depois da pinguela para o futuro de Michel Temer, com o golpe parlamentar contra Dilma, liderado por Eduardo Cunha, e o golpe togado contra Lula, liderado pela dupla Conje Moro e Deltan Fominha desde Curitiba, mas com amplo apoio em vários escalões jurídicos disseminados pelo país.

Pode ser. O fato é que a partir de janeiro de 2019 instalou-se no Palácio do Planalto e arredores um pseudópode do estamento militar e um bandarilho de civis, todos altamente incompetentes, que, instigados pelo usurpador, começaram de imediato a tramar as mais diversas hipóteses de golpe que possibilitasse sua permanência onde estavam.

Por que “pseudópode”? A palavra, derivada do grego, quer dizer “falso pé”. Designa um prolongamento que se instala na”pele” de uma célula animal, e que serve para lhe facilitar a locomoção e a captação de alimento. É a palavra justa: não se pode dizer que a camarilha fardada ou apijamada que se instalou ao redor do usurpador fosse exatamente representativa do estamento militar como um todo, embora assim se apresentasse. Eram sobretudo amigos da boquinha financeira. Entretanto, fosse como fosse, levaram para dentro do Palácio a bandeira das Agulhas Negras.

E com eles se aboletaram também civis avessos a tudo que fosse uma conquista civilizatória, de direitos civis a proteção do meio-ambiente, de proteção social a saúde e ensino públicos, de vacinas a universidade, cultura e ciência, de urna eletrônica a voto secreto e etc. “Voto secreto”? Sim, porque um dos objetivos do tal de “voto impresso” era dar aos milicianos do Rio de Janeiro o poder de controlar quem tinha votado em quem. Ao redor desta camarilha a mídia tradicional e as direitas seduzidas pelo poder do usurpador sonhavam com seu Brasil pré-1930, desindustrializado e reduzido a um imenso parque agro-exportador e importador de miçangas eletrônicas ou outras. Sem uma força urbana motriz, como um proletariado nos anos 1930, que pudesse contestar ou mesmo disputar os favores de Estado. E com a sufocação do MST.

Projeto nacional? Zero. Inserção geopolítica? Zero. Em seu lugar, alinhamentos automáticos mais com Miami e com Olavo de Carvalho do que com Washington, com fornecedores de joias para os coroados, armas para os milicianos e de artefatos repressores para sua proteção. Foi neste perverso caldo de cultura que o novo golpe contra as eleições de 2022 começou a ser tramado.

Houve muitos ensaios, planos e motivações, com os setes de setembro, as perorações nos cercadinhos, e as tramas de bastidor. Com tudo isto, e quatro anos de tempo, admira que não tenha dado certo. Por quê não deu?

(1) Não houve liderança. O usurpador não é um líder. É um cabeça-de-ponte, como se diz no jargão militar. Alguém que vai na frente, estabelecendo um perímetro para que os outros possam vir. Mas nem para isto ele presta. Por quê? Porque é um covarde. Fala grosso com os que vê fragilizados: mulheres, negros, gays, índios, os vizinhos sulamericanos, etc. E pia fino diante dos que vê com poder: Estado Unidos, príncipes sauditas, até generais de algumas estrelas, etc.

(2) Por isto, o usurpador sempre terceirizou o golpe. Atribuiu sua organização a outros. No final, deu uma de Jânio Quadros em 1961. Safou-se. Saiu do Palácio antes do tempo. Talvez imaginado ser reconduzido ao poder nos braços do povo ou nas esteiras de um tanque. Não deu certo. Nem havia povo, nem houve esteira.

(3) Por falta de liderança, o objetivo do golpe nunca ficou bem definido. Qual era? Melar as eleições? Melar seu resultado? Fazer nova eleição? Impor o usurpador? Tirar Lula e entronizar Geraldo Alckmin?

(4) O usurpador ameaçou um alicerce da corporação militar: a hierarquia. Lembrando: entre 1961 e 1964 as revoltas dos sargentos em Brasília, em 1963, e dos cabos e marinheiros, em 1964, jogaram muitos oficiais de alta patente, legalistas  antes, nos braços dos golpistas, como os generais Machado Lopes e Pery Bevilacqua. Este seria cassado depois pelo regime golpista, mas o mal já fora feito. O usurpador e sua quadrilha de fominhas mexeram na hierarquia. Basta lembrar o número de demissões que houve nas altas patentes de comando para proteger os apaniguados.

(5) Em suma, não houve coesão capaz de armar o golpe entre a pré- e a pós-eleição. Estes foram fatores internos de fracasso do golpe. Vamos aos externos.

(a) O golpe não conseguiu apoio no exterior. As personalidades obtusas do usurpador, de Ernesto Araújo, de Olavo de Carvalho deram contribuição decisiva para tanto. O establishment norte-americano mandou sete – sete! – emissários antes das eleições, sendo três militares, avisando que não apoiariam um golpe. Ou seja, faltou o imprimatur potest e o nihil obstat de Washington. Joe Biden e o Deep State dos EUA preferiram enfrentar o risco Lula a aguentar mais tempo da certeza negativa do usurpador e seus asseclas. E desde a Guerra das Malvinas Washington vê com desconfiança aventuras militares na América do Sul. Prefere os golpes jurídicos e parlamentares, se for o caso.

(b) Ninguém na União Europeia negou apoio a Lula. Até governos de extrema direita, como os da Polônia e Itália, apoiaram Lula. Viktor Órban ficou num silencio obsequioso. O isolamento prometido orgulhosamente por Ernesto Araújo enquanto era chanceler tornou-se uma realidade!

(c) Lula deu uma jogada de mestre ao convidar Geraldo Alckmin para vice. Ouvi de fonte segura que a sugestão veio do Fernando Haddad. Os dois milhões de votos decisivos na diferença eleitoral podem ter vindo daí.

(d) Em algum momento a cúpula corporativa do sistema judiciário se deu conta do erro que cometera ao impedir a candidatura de Lula em 2018. O establishment norte-americano, tão influente na operação Lava Jato, pode ter influenciado também a cúpula do STF naquele outro sentido. Viagens de ministros do STF aos EUA foram eloquentes.

 
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Em suma, quando o atentado de 8 de janeiro aconteceu, as condições de derrota do golpe eram muito fortes, e o ministro Flávio Dino soube capitaliza-las muito bem. O propalado apoio da baixa oficialidade das FFAA e das PMs estaduais não era tão forte assim. Prova disto é que foi a PM do Distrito Federal, sob o comando do interventor Ricardo Cappelli, que começou a debelar os vândalos invasores dos Três Poderes. Os golpistas, com forte esquema em Brasília, não conseguiram apoio militar significativo fora da Capital Federal.

Em suma, o oito de janeiro foi o estertor de um golpe que não deu certo.

Atenção: isto não quer dizer que o karma golpista tenha sido anulado. Reduzido a cinzas desta vez, como Drácula ele pode voltar, de dentes a mostra.

O vice-presidente do Senado, Veneziano Vital do Rêgo, afirmou no UOL Entrevista que houve tentativa de golpe e que foi premeditado durante a campanha do ex-presidente Jair Bolsonaro.

Mensagens obtidas pela Polícia Federal (PF) no celular do ex-ajudante de ordens Mauro Cid mostram um coronel com assento no Estado-Maior do Exército clamando, em dezembro do ano passado, por um golpe de Estado do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

23
Dez22

O bizarro autogolpe do candidato a Messias

Talis Andrade

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Terão sido as arruaças de 12 de dezembro um estertor ou um ensaio para o 1o. de janeiro?

 

“A besta que viste\ foi e já não é\ e há de subir do abismo\ e irá à perdição   

(Apocalipse de São João, 17, 8)

 

por Flávio Aguiar /A Terra É Redonda

- - -

Para mim não há dúvidas de que o atual usurpador do Palácio do Planalto está tentando manter-se nele através do que se criou a moda de chamar um “autogolpe”. Ou seja, trata-se de um golpe de Estado promovido por quem já está no locus do poder, em busca de mais poder.

Em nosso passado houve alguns autogolpes, a começar pelo fechamento da Constituinte em 1823, por D. Pedro I. Os primeiros anos depois da Proclamação da República foram marcados por “autogolpes”, desfechados por Deodoro da Fonseca e Floriano Peixoto. A proclamação do Estado Novo, em 1937, também foi um “autogolpe”.

Outra tentativa de tal quilate em nossa história, é atribuída, por uma parte das interpretações a respeito, ao então presidente Jânio Quadros, em 1961. Esta parte das interpretações avalia que Jânio Quadros renunciou com o objetivo de ser reconduzido à presidência nos braços do povo, com plenos poderes. A tentativa falhou. Nem o povo acolheu-o nos braços, nem as Forças Armadas o acolheram dentro de seus quartéis ou blindados. Instalou-se uma crise política que quase levou o país à guerra civil, com os ministros militares tentando, sem resultado, impedir a posse do vice-presidente João Goulart. E o desenlace da crise passou pela criação da épica Rede da Legalidade, liderada pelo governador do Rio Grande do Sul, Leonel Brizola, e pela saída conciliatória da Emenda parlamentarista, articulada, entre outros, por Tancredo Neves.

Uma outra interpretação vai na linha de afirmação atribuída ao então coronel Golbery do Couto e Silva, segundo a qual Jânio Quadros renunciou porque faltou alguém que o trancasse no banheiro. Quer dizer, Jânio Quadros renunciou porque chegou ao auge das crises de depressão que o assolavam na solidão de Brasília. Talvez a renúncia tenha sido fruto de ambas as hipóteses conjugadas.

Também a proclamação do Ato Institucional no. 5 foi um “autogolpe”, fechando mais o regime já fechado da ditadura de 1964.

Bem, mas hoje a história é outra. Está claro que o usurpador do Palácio do Planalto está tentando algo. O que será este algo? Provocar o caos, abrindo as portas para uma “intervenção militar”, tradução branda para “golpe de Estado”, e assim permanecer no Palácio usurpado? Negociar uma “zona de conforto” para si e para sua família depois do 1o. de janeiro? Não se sabe ao certo, podendo uma das hipóteses ou ambas estarem certas. Estará ele deprimido? De início parecia que sim, com aquela pose de cabeça descaída quando ouviu a notícia de que seu adversário ganhara a eleição que ele esperava vencer graças às torpes manobras que o favoreciam. Agora não se sabe. Pode ter-se retirado para o sepulcro do Palácio que usurpou para ressuscitar gloriosamente depois. Neste sentido, terão sido as arruaças de 12 de dezembro um estertor ou um ensaio para o 1o. de janeiro? Ou seriam ambas as coisas?

O certo é que o usurpador do Palácio se deu, nele mesmo, um autogolpe. Ou seja, renunciou sem renunciar. Escondeu-se. Esfumou-se. A não ser para provocar mais desmontes no Estado, atingindo a educação, a saúde, até a água do Nordeste. Criou um vácuo para açular a corja que anseia por uma arrebentação militar que sufoque a legítima e legal manifestação das urnas.

Não há paralelo disto em nossa história. Um governo instituído, ainda que por usurpação devido às manobras de 2018, que não governa mais, e um governo eleito que já governa por tabela, ainda que mais por retórica do que por atos concretos, uma vez que ainda não é governo, nem de direito nem de fato. Mas já governa, reconhecido pelos seus pares internacionais e por declarações de intenção, já que o governo, como disse, não governa mais, nem mesmo desgoverna, como fazia antes.

Apenas se ausenta, para estimular o caos, como se viu na “Noite da diplomação” na capital da República, com as hordas de arruaceiros à solta pelas ruas. O usurpador gerou seu próprio fantasma, como um Macbeth que se auto-assassinasse. Talvez Macbeth seja uma imagem grandiosa demais para tamanho candidato a Messias, pois o personagem de Shakespeare era tresloucado, mas valente. Quem sabe a melhor imagem para o nosso (nosso?) candidato a Messias seja a de Smerdiákov, o sinistro e prepotente, mas impotente personagem de Os irmãos Karamázov, de Dostoievski.

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É uma situação historicamente insólita, sem precedentes. Quem falou em nome da manutenção da ordem é o futuro ministro da Justiça, enquanto o atual, em meio às arruaças, jantava tranquilamente em um restaurante e as hordas assaltavam outro, queimando veículos e aterrorizando famílias.

Pelo que se vê no noticiário, o usurpador acolheu no Palácio pelo menos um arruaceiro que temia ser preso. No recinto presidencial há ofertas de lanchinhos para quem exige a ruptura com a Constituição, ou seja, o golpe de Estado.

O Brasil segue. O ministro do Supremo Tribunal Federal, antes denunciado pelas esquerdas como anti-democrático, agora é louvado como o campeão da democracia. E com justiça, diga-se de passagem. Onde estamos? Na completa surrealidade. Em todo caso, algumas balizas se mantém. Curiosas balizas. Como em 1961, as esquerdas revolucionárias defendem a ordem e a legalidade, dentro da pax que alguns ainda denunciam como a da liberalidade burguesa. Muita gente das direitas se filia a este movimento de defesa das instituições. A ala conservadora radicalizada prega a subversão das mesmas instituições, querendo solapa-las para impor seus desmandos. As Forças Armadas continuam em suas casernas, ilhadas pela horda que pede a sua intervenção. Correligionários do usurpador golpista abandonam seu navio, condenando-o ao auto-ostracismo.

O governo dos Estados Unidos, antes semeador de golpes pela América Latina e alhures, também defende agora a legalidade e a posse do presidente eleito, de esquerda. O tempora, o mores! Decididamente, o Brasil não é para principiantes. Nem mesmo que sejam candidatos a Messias.

 

14
Nov21

Memória de um capitão de milícias

Talis Andrade

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por Flávio Aguiar /A terra é redonda

De todas as gafes acumuladas do Usurpador do Palácio do Planalto na Europa – de sua solidão auto-satisfeita à menção à Torre de Pizza – nenhum me impressionou tanto quanto a do pisão no pé de Angela Merkel.

A frase dela – “só podia ser você” – foi um tapa que ele não ouviu; ou se ouviu, não escutou; se escutou, não avaliou. Porque, na sequência, veio a gafe maior.

Disse ele, de volta ao Brasil, que ficou impressionado com o bom humor de Merkel, e que gostaria de ter dançado com ela. Foi assim que ele interpretou o episódio do pisão no pé da projetada Dulcineia.

Jair Bolsonaro, o presidente do tiro no pé |
Na hora lembrei-me do romance de Manuel Antonio de Almeida, Memórias de um sargento de milícias, publicado em 1852.

No romance, o protagonista, que alguns críticos consideram um pícaro, é filho de um meirinho, Leonardo Pataca, e de uma saloia, habitante dos arredores de Lisboa, Maria da Hortaliça, que vêm para o Rio de Janeiro, “no tempo do Rei”.

O namoro destes dois começou no navio em que vinham de Portugal para o Brasil, quando o Pataca deu um pisão no pé da Hortaliça. No romance, consta que o pisão foi intencional. Em Roma, teria sido fruto do acaso, pois o Usurpador caminhava de costas para a pisada. Melhor: Freud explica o ato falho que não falha. A Merkel transformou o episódio banal e desajeitado no que se diz em alemão ser um Schicksal, um destino: “só podia ser você”.

Desconfio que foi esta frase que despertou no Usurpador o instinto dançarino. Se de um lado, ela aponta o desajeito, de outro, ela abre a interpretação para o jeito do desajeitado. No romance, não deu outra: ao pisar o pé da Hortaliça, o Pataca deu início a uma cadeia de acontecimentos que, entre traições, desavenças, perseguições, infortúnios, alegrias e muito favor, levaria a um final feliz: o casamento de seu filho, o Leonardinho, o sargento de milícias, com a linda Luizinha.

O mesmo deve ter passado pela mente do infeliz-feliz Usurpador no encontro em Roma. Depois de tanto infortúnio, desconsolo, solidão, rejeição, desprezo sofrido, ele encontrou um pé de apoio, que lhe valeu meia hora de conversa e uma fantasia dançarina ulterior. Melhor, impossível. Ri melhor quem dança por último.

As palavras são um peso na vida das pessoas. Pois o fato é que o Usurpador dançou em Roma. Às custas dos impostos pagos pelo povo brasileiro, mas quem liga? Nada fez de útil por lá, exceto estar ausente do país, quando a gente respira, embora sinta a vergonha que ele é incapaz de sentir. Recebeu o título de cidadão honorário do neo-fascismo italiano. Honrou os pracinhas ausentes no cemitério de Pistóia, na companhia do líder dos neo-fascistas italianos. Honrou-os, cuspindo na sua memória, untando-os, embora ausentes, com seu nojo pela democracia. Comeu salame na rua, porque não pode entrar em restaurantes.

Diante de tudo isto, o que é um pisão no pé alheio? Uma esperança, ainda mais no pé da Grande Dama da União Europeia que ainda reconheceu, insisto: “só podia ser você”. Convenhamos: para um candidato a Romeu infeliz e deserdado da sorte, Julieta nenhuma faria melhor bem.

Eu daria um dedo – nem precisaria ser pisado – para saber o que a Merkel está pensando disso tudo. Além de, provavelmente, passar arnica no dedão do pé.

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