O ano se inicia e temos esperanças de que ele seja melhor. A aprovação da vacina para crianças de 5 a 11 anos, após pedido da Pfizer, é uma grande notícia. Tivéssemos um governante sério, as crianças já estariam sendo vacinadas. Mas a irresponsabilidade com a saúde da população continua sendo marca desse governo.
Além de retardar a imunização das crianças, o Ministério da Saúde não tem nenhum controle sobre o número de infectados pela variante ômicron. As plataformas que consolidam as informações dos estados foram hackeadas e o governo não consegue resolver o problema. Com isso, o diagnóstico sobre a circulação da variante no Brasil está prejudicado pela subnotificação de casos.
O que sabemos são as informações da imprensa que identificou aumento expressivo de contaminados nos testes realizados em farmácias, por livre e espontânea procura das pessoas que estão com sintomas. São tantos que os testes já estão faltando.
O governo não faz testagem para isolar os casos positivos, possibilitando a livre e acelerada circulação do vírus. A expectativa, infelizmente, é que o número de casos exploda após as festas de fim de ano, com a possibilidade de um novo colapso no sistema de saúde.
Motivo de comemoração, a vacina para as crianças virou preocupação, pois o negacionismo do presidente da República foi além do imaginável. Expôs os técnicos da Anvisa, ameaçou divulgar os nomes dos que aprovaram, insuflando a orda de bolsonaristas, que passaram a ameaçar de morte os profissionais da Agência de saúde.
Outra medida absurda Ministério da Saúde é a exigência de atestado médico, ainda não descartada, que dificultaria muito o acesso da população mais pobre ao imunizante. E também um termo de responsabilização dos pais. São tantas declarações e medidas inapropriadas que o STF (Supremo Tribunal Federal) exigiu do governo uma explicação.
Respaldada pelos cientistas e pelas sociedades de medicina, a Anvisa mantém sua decisão, e Bolsonaro, cada dia mais isolado, sofre derrotas de todos os lados. Governadores e prefeitos, respaldados pelo STF (Supremo Tribuna fl Federal), declararam que vão iniciar a vacinação independente do que faça o Ministério da Saúde.
Com a vacinação das crianças, o reforço para os adultos, a testagem em massa, a manutenção dos cuidados sanitários, já poderíamos ter vencido a pandemia, não fossem as atitudes criminosas desse governo.
Felizmente, teremos eleição nesse ano e, com a mobilização da sociedade, vamos derrotar o negacionismo, elegendo um governo sério, comprometido com o povo, que apoie o desenvolvimento da ciência e a formação dos cientistas. Afinal, se não fossem esses cientistas, não conseguiríamos vencer a pandemia. Graças a eles temos
A CPI da Covid tem que denunciar senadores envolvidos na necropolítica. Pela divulgação de medicamentos ineficazes.
Hospital da polícia militar do RS testou proxalutamida sem autorização da Anvisa em pacientes com Covid-19
Pacientes internados no Hospital da Brigada Militar de Porto Alegre receberam remédio fabricado na China e tratado por Bolsonaro como a “nova cloroquina”. Não havia liberação para testá-lo em seres humanos na capital gaúcha.
Participação na CPI da Covid
Os responsáveis pelo experimento, segundo o major médico Christiano Perin, foram o endocrinologista Flávio Cadegiani e o infectologista Ricardo Zimerman, que trabalha como especialista terceirizado no hospital desde 2017, e teria sido o coordenador principal dos testes rodados na capital gaúcha.
Em maio, Zimerman depôs na CPI da Covid a convite do senador Luis Carlos Heinze (PP-RS), para defender o uso de medicamentos ineficazes contra o coronavírus, de antiparasitários a antimaláricos. Na ocasião, também defendeu o uso de antiandrogênicos, como a proxalutamida. Outro suposto estudo semelhante ao de Porto Alegre, mas realizado em Manaus na mesma época, com participação de Cadegiani e Zimerman, está sob investigação da Conep por indícios de irregularidades e infrações éticas. O órgão prepara uma denúncia ao Ministério Público Federal com base em uma apuração interna sobre as irregularidades cometidas no estado do Amazonas.
Topa tudo por dinheiro
Essa ideia de testar bloqueadores de testosterona para conter o coronavírus existe desde o início da pandemia e tem sido promovida pela Applied Biology, um centro de pesquisas norte-americano focado em inventar e patentear terapias contra a calvície. Um dos idealizadores da tese do potencial dos antiandrogênicos contra a Covid-19 foi o presidente da empresa, o dermatologista norte-americano Andy Goren, que se define como um especialista na “descoberta de novas terapias”.
Infográfico: Pedro Papini
Antes mesmo de publicar o primeiro artigo sobre a teoria ou testar sua eficácia clinicamente, a empresa deu entrada para uma patente do tratamento antiandrogênico contra a Covid-19 nos EUA ainda em março de 2020, com menos de dois meses de pandemia decretada. Esse pedido de patente da Applied Biology tem validade internacional desde julho de 2020, após ter sido registrado na Organização Mundial de Propriedade Industrial (OMPI), na qual o Brasil é signatário. Isso significa que, no caso da aprovação de eventuais tratamentos antiandrogênicos contra a Covid-19, governos e hospitais deverão royalties à Applied Biology pela invenção. E o tratamento com proxalutamida sequer seria a primeira patente da clínica norte-americana no Brasil, que já reserva royalties a duas terapias para calvície criadas pelo centro de pesquisas.
Inicialmente, o tratamento em vias de ser patenteado para Covid-19 previa o uso de outros antiandrogênicos já disponíveis no mercado, como a dutasterida. A escolha pela proxalutamida como droga-propaganda da teoria surgiu após a Kintor, a farmacêutica chinesa que fabrica o medicamento, fazer sua primeira oferta pública de ações na bolsa de valores de Hong Kong, em maio daquele ano. Desde a sua fundação, em 2009, a startup opera no vermelho. A empresa se beneficiou de uma mudança de lei no mercado de capitais chinês que permitiu a oferta de ações de companhias que operam no prejuízo – mas a crise financeira que surgiu no início da pandemia atrapalhou parte do otimismo da startup, que foi forçada a fechar as portas de um centro clínico em Miami. A ideia da abertura das ações era viabilizar os trâmites necessários para a comercialização da proxalutamida, que recém concluía estudos preliminares que sugeriam sua potencial eficácia contra o câncer.
Na época, as ações da Kintor foram vendidas a preços entre HK$ 17,80 e HK$ 20,15 (em valores de dólares de Hong Kong), o equivalente a R$13,30 e R$ 15, segundo o câmbio do período, conforme a calculadora do Banco Central. Dois meses depois, em julho de 2020, a farmacêutica fechou uma colaboração com a Applied Biology dias após o pedido da patente para a terapia antiandrogênica ser registrado pelos norte-americanos. Hoje, com mais de um ano de parceria e as especulações sobre a eficácia da proxalutamida contra a Covid-19, o valor das ações da companhia em Hong Kong atingiu HK$ 79,95 em julho deste ano, o equivalente a R$ 54 por ação, uma valorização de quase 350%, que tem atraído ceticismo de agentes do mercado financeiro.
Um dos motivos dessa desconfiança são informações duvidosas divulgadas pela própria Kintor a investidores: em julho, os chineses anunciaram uma aprovação emergencial para uso da proxalutamida no Paraguai que não existiu, conforme apuração da Agência France-Press. Procurado, o Ministério da Saúde paraguaio não respondeu às tentativas de contato do Matinal. No caso da Covid-19, a vigilância sanitária paraguaia depende das aprovações de nações vizinhas para autorizar vacinas em caráter emergencial – porém, o órgão não explica bem como funciona o processo para a aprovação de outros medicamentos contra o coronavírus. Sobre o caso, a Kintor Pharmaceutical se limitou a indicar as informações oficiais contidas em seu site, que não respondiam a nenhuma das perguntas enviadas.
Após a divulgação de resultados sem revisão de cientistas do estudo com indícios de fraude no Amazonas, em 11 de março, as ações da Kintor Pharma valorizaram mais de 300%. Fonte: Google Finance
O endocrinologista Flávio Cadegiani, um dos coordenadores do experimento realizado em Porto Alegre, foi diretor clínico da Applied Biology, conforme sugerem os “conflitos de interesse” apontados pelo próprio médico nos artigos sobre a proxalutamida que assinou com pesquisadores da companhia. Junto a Andy Goren, o presidente da empresa norte-americana, Cadegiani se reuniu com o ministro de Ciência e Tecnologia Marcos Pontes no ano passado com o objetivo de promover a teoria antiandrogênica no país. Desde ao menos outubro de 2020, o médico promove o uso da proxalutamida em supostos testes clínicos, inclusive com postagens públicas em suas redes sociais e recrutamento de voluntários via WhatsApp – o que não é usual em pesquisas médicas por criar um viés em que apenas os pacientes com tendência a “acreditar” na terapia são selecionados.
No início do ano, a mesma Applied Biology, com apoio da Kintor Pharmaceutical e em parceria com o grupo hospital amazonense Samel, rodou o já mencionado estudo clínico com indícios de irregularidades no estado do Amazonas, com participação da dupla de médicos. Nessa época, Ricardo Zimerman havia viajado para Manaus a convite do Ministério da Saúde para promover o uso de cloroquina no estado por meio do TrateCov. Lá, encontrou-se com Cadegiani e passou a auxiliá-lo na pesquisa com proxalutamida. Em seguida, os dois médicos ampliaram o uso do medicamento para o Hospital da Brigada Militar, onde Zimerman trabalha. O infectologista gaúcho havia sido convidado pela pasta para viajar ao Amazonas por indicação do médico Helio Angotti, o secretário de Ciência, Tecnologia, Inovação e Insumos Estratégicos em Saúde da pasta, um dos principais entusiastas do tratamento precoce no governo federal, que apresentou o experimento com proxalutamida realizado no Amazonas ao presidente Jair Bolsonaro.
Na época, Bolsonaro se animou com a divulgação dos supostos resultados milagrosos da droga e chegou a usar um almoço que debateria a demissão do ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello para discutir uma eventual aprovação do uso emergencial do medicamento. A Anvisa marcou duas reuniões com uma consultoria especializada em regulação de medicamentos contratada pela Applied Biology para discutir a aprovação da proxalutamida no Brasil, mas o escritório desmarcou e nunca mais procurou a agência reguladora.
Em abril, o governo federal tentou convencer a Fiocruz a produzir a proxalutamida no Brasil, diante da falta de interesse de farmacêuticas da iniciativa privada brasileira. À Fiocruz, a Kintor Pharmaceutical garantiu que poderia entregar 100 milhões de comprimidos do medicamento ao País a partir de junho, segundo uma reportagem da CNN Brasil, mas as negociações novamente travaram na falta de anuência da Conep aos experimentos realizados no Amazonas.
No mês seguinte, em maio, na CPI da Covid, o presidente da Anvisa, Antonio Barra Torres, chegou a ser perguntado sobre uma eventual aprovação do uso da proxalutamida pelo senador Eduardo Girão (PODE/CE), um dos defensores do uso do medicamento. Torres relatou o que discutiu sobre o remédio em conversas realizadas nos dias 11 e 15 de março, das quais participaram a Applied Biology, autoridades da Anvisa e o médico Flávio Cadegiani. “Um dos pontos que apresentamos foi, sim, a necessidade da interlocução com a Conep, porque, sem ética em pesquisa, absolutamente, não dá para fazer nada, a ética tem que prevalecer na seleção dos voluntários testadores, enfim, é fundamental. E esse grupo não voltou mais a nos contatar”, respondeu Torres na ocasião.
Anvisa veta uso de remédio defendido por Bolsonaro contra a COVID-19
O medicamento proxalutamida, que vinha sendo testado no tratamento da COVID-19 no Brasil, foi barrado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). A Diretoria Colegiada da agência reguladora decidiu, por unanimidade, suspender o uso da droga em pesquisas científicas no país e a importação da substância. A proibição foi feita de forma cautelar diante de denúncias e investigações que estão sendo feitas a respeito dos estudos com o fármaco, exaltado pelo presidente Jair Bolsonaro.
Em agosto, o Ministério Público Federal do Rio Grande do Sul abriu um inquérito civil público para investigar o uso irregular da proxalutamida em testes no Hospital da Brigada Militar, em Porto Alegre. A medicação teria sido aplicada em cerca de 50 pacientes, em um ensaio supostamente clandestino, apesar de a Brigada ter assegurado que "o estudo obedeceu às exigências dos órgãos competentes e as normas legais aplicáveis aos procedimentos em questão" - afirmou em nota.
Porém, a Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (Conep), órgão vinculado ao Conselho Nacional de Saúde (CNS) - responsável por autorizar a realização de pesquisa com seres humanos no país -, negou ter recebido "qualquer solicitação para a realização de estudo com a substância proxalutamida no Hospital da Brigada Militar de Porto Alegre" [Transcrevi trechos de reportagem de Maria Eduarda Cardim, para o Correio Braziliense]. É desconhecido o número de mortos nesse experimento nazista à Mengele em Porto Alegre.
Unesco denuncia 200 mortes com experiência bolsonarista da proxalutamida no Amazonas como "das mais graves da história"
A Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (Unesco) considerou a denúncia de 200 mortes de voluntários de pesquisa clínica com a proxalutamida feita no Amazonas uma das infrações éticas mais graves da história da América Latina. A declaração foi divulgada nesse sábado (9) por meio da Rede Latino-americana e Caribenha de Bioética (Redbioética-Unesco). A informação foi publicada pelo jornal Folha de S.Paulo.
A Unesco deu seu posicionamento, após a Conep (Comissão Nacional de Ética em Pesquisa) fazer uma denúncia à Procuradoria-Geral da República no mês passado. A entidade é responsável por regular a participação de seres humanos em pesquisas científicas no Brasil.
Jair Bolsonaro defendeu o uso da substância no combate ao coronavírus, mas o remédio não teve eficácia comprovada contra a Covid-19. O uso da substância em pesquisas científicas também foi vetado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) no começo do mês passado.
De acordo com o comunicado da rede de bioética da Unesco, a denúncia da Conep incluiu graves violações dos padrões éticos de pesquisa com a proxalutamida. "É ética e legalmente repreensível, conforme consta do ofício da Conep, que os pesquisadores ocultem e alterem indevidamente informações sobre os centros de pesquisa, participantes, número de voluntários e critérios de inclusão, pacientes falecidos, entre outros", disse.
"Qualquer alteração em um protocolo de pesquisa deve ser aprovada pelo sistema de ética em pesquisa local", afirmou.
Por que o senador Marcos do Val deu “ombrada” no deputado Luis Miranda?
Escreve Caio Barbieri: Em mensagens disparadas por WhatsApp no dia 23 de março deste ano, as quais o Metrópoles teve acesso, Luis Miranda questionou ao ajudante de ordens de Bolsonaro o motivo da falta de respostas do presidente sobre a pressão sofrida pelo irmão dele, Luis Ricardo Miranda, que é concursado do Ministério da Saúde, para autorizar a aquisição do imunizante indiano.
“Bom dia irmão, o PR [presidente da República] está chateado comigo? Algo que eu fiz? Só precisamos saber o que fazer em uma situação como essa”.
Como resposta, o militar que assessora o presidente da República respondeu: “Bom dia. Negativo, deputado. São muitas demandas. Vou lembrá-lo”.
“Obrigado irmão! Você sabe que a vontade é de ajudar. Estamos juntos”, agradeceu o deputado, mas acabou ficando sem respostas.
O militar chefiava desde janeiro a Diretoria de Programas do ministério, mas foi exonerado em meados de abril após a chegada do atual ministro Marcelo Queiroga.
“O coronel Pires foi um dos que pressionou meu irmão a assinar a compra da Covaxin, mas o processo estava todo errado e cheio de falhas. Esse foi um dos pontos que levamos ao presidente Bolsonaro sobre o que estava acontecendo no Ministério da Saúde”, garantiu o congressista em conversa exclusiva.
No print encaminhado à coluna Janela Indiscreta, o militar que ocupava a diretoria da pasta escreveu: “Obrigada, meu amigo, estamos com muitos brasileiros morrendo. Precisamos fazer tudo para ajudar. O representante da empresa veio agora a noite falar com o Elcio para agilizar a LI para embarcar as vacinas esta semana. Quatro milhões”.
Bolsonarista e propagandista do tratamento precoce, do kit cloroquima, o kit me engana, o senador Marcos do Val não gostou do atrapalho dos irmãos Miranda, que colocaram uma pedra no meio do caminho do gabinete paralelo e o gabinete de Bolsonaro.
O deputado Luis Miranda (DEM-DF) e o senador Marcos do Val (Podemos-ES) se desentenderam durante intervalo de sessão da CPI da Covid na sexta-feira 25/6. No vídeo é possível ver que outros parlamentares precisaram apartar a briga entre as partes.
Marcos do Val é instrutor da SWAT desde o ano de 2000 e membro de Honra da SWAT de Beaumont no Texas desde 2003. Fundador e instrutor-chefe do CATI - International Police Training, inc, primeira e única empresa de treinamento policial Multinacional da atualidade, com filiais na Europa e EUA. Criador das inovadoras técnicas de IMOBILIZAÇÕES TÁTICAS®, hoje difundidas em várias unidades policiais ao redor do mundo. Treina policiais para derrubar com pernada, golpe de mão e ombrada.
Do Val era mediador da entrega do kit covid (vide tags). Victor Fuzeira e Luciana Lima registraram: Luís Miranda reclamou da briga. “Aqui mesmo, no intervalo. Sempre admirei o Marcos Durval, e ele teve um descontrole comigo. Onde está a nossa história?”, disse. Onde? Uma história que precisa ser contada. Ninguém bate no próximo, dentro do Senado, de graça.
Bolsonaro mantém no governo o slogan nazista da campanha: "Deus acima de todos. Brasil acima de tudo".
Diante da apologia da violência, do ódio, a divindade de Bolsonaro da Teologia da Prosperidade é bem primitiva, e renovada pela a xenofobia, o racismo, a homofobia, a misoginia nazistas.
Pela exibição do ministro Marcelo Queiroga, esta semana em Nova Iorque, o deus Priapus, evocado com a apresentação do dedo do meio.
O gesto de arma com os dedos, símbolo da campanha de Bolsonaro a presidente, outro signo fálico, considerado representativo dos templários, relacionado a Baphomet, Bafomete ou ainda Bafomé, uma representação de satã criada pelo Papa Clemente V na perseguição aos templários.
Teve propaganda de Bolsonaro em que ele aparece como cruzado no combate "Deus acima de todos" contra o comunismo, a corrupção, religiões indígens e afro-brasileiras, e pecaminosos costumes como o kit gay, a mamadeira de piroca, o aborto.
Eliminados os templários, o culto a Bafomé passou a ser associado aos judeus, mas recentemente ao ocultismo, à maçonaria, que motivou o ataque de Adelio Bispo de Oliveira a Bolsonaro.
Anderson Bahia escreveu em 13 de outubro de 2018: Muita gente anda espantada como a representação de algumas ideias, consideradas toscas, ganharam tanta força recentemente. Que a maioria da população concorda com a frase “bandido bom é bandido morto”, já se sabe há algum tempo. Mas daí a arma feita com os gestos das mãos virar uma onda no país e, pior, ser um dos principais símbolos do candidato que lidera as pesquisas para a Presidência da República parece um absurdo para alguns.
No esforço de entender como isso se deu, algumas respostas vão surgindo. Uma delas é dizer que há uma ascensão das ideias fascistas na sociedade. Sugere que a violência se legitima como prática social e se apoia na ampliação do clima de intolerância que insiste ganhar o tom de “novo normal” do Brasil. Fatos recentes como o assassinato de Moa do Katendê e da jovem que teve uma suástica marcada por canivete em seu corpo parecem corroborar essa compreensão.
Não se pode negar o crescimento do fascismo, mas também não é possível atribuir a ele a resposta única ou principal para o fato da arma ter se tornado um símbolo na proporção que virou. Acreditar nisso é deixar de considerar outros fatores.
Em 3 de setembro de 2017, quase um ano antes da campanha eleitoral para presidente, Kiko Nogueira observava o "drama das pistolinhas de Eduardo Bolsonaro", o filho 03 de Jair Bolsonaro:
Em suas “Conferências Introdutórias sobre Psicanálise”, Sigmund Freud incluiu em suas interpretações dos sonhos as armas como símbolos da genitália e, em particular, do pênis.
“Todas as armas e ferramentas são símbolos do órgão masculino: por exemplo, martelo, arma, revólver, punhal, espada, etc”, escreveu.
Preciso falar com vocês algo que tem me incomodado. Não será uma confissão tipo Sandy e Júnior, mas foi algo que me atingiu profundamente. Em minhas andanças por aí passei por um aeroporto em que a funcionária do raio-x quis encrencar com meus chaveiros de arminhas pendurados em minha mochila. Um revolverzinho de ferro e uma pistolinha de borracha (foto) , ambas com alguns centímetros de comprimento. Sem a minha permissão ela saiu abrindo o zíper da minha mochila e tratando de esconder os chaveiros dentro da mochila. Perguntei o porquê daquilo e ela disse ser uma norma que era proibido ter no aeroporto qualquer coisa que lembrasse uma arma. Eu falei algo que na minha cabeça era óbvio – mas talvez para ela não fosse – disse que aqueles chaveirinhos não atiravam, que ninguém acharia que era um objeto ameaçador.
Ela insistiu, disse que poderia sujar para ela caso alguém visse e etc. Vendo tamanho abismo decidi ser impossível seguir numa argumentação, falei que aquilo estava ferindo meus princípios, minha pessoa, minha moral, tudo – falei isso para evitar de falar outras coisas – tirei os chaveiros escondidos de dentro da mochila, deixo-os a mostra novamente e simplesmente saí dali. Não xinguei, não resmunguei, não fiz cara feia, não queria estressar a menina, apenas saí. Mas saí com vontade de sair do Brasil também. Ridículo uma pessoa se prestar àquilo. Se fosse um chaveiro de metal imitando folha de maconha ou uma genitália de borracha certamente eu não teria tido esse problema…
O sinal dos dois dedos eram usados antes das armas de fogo, do descobrimento da pólvora. Antecede ao deísmo judaico, ao surgimento do cristianismo e do islamismo. Impressionantemente chefes de igrejas, beatas e crianças passaram a exibir o sinal dos dois dedos que, na Idade Média, os tribunais religiososos puniriam com as torturas de Ustra, as fogueiras da Santa Inquisição.
Em uma imagem recente, vide os códigos ocultos de polêmica escultura de Bafomé nos Estados Unidos.
O crescimento da ultra direita como política ou religião, que apela para os mais baixos instintos inconscientes, não é só um fenômeno do bolsonarismo, realisticamente um movimento internacional pela presença dos propagandistas de Trump, viagens internacionais de Bolsonaro a países governados por ditadores ou pela extrema direita, visitas de lideranças alemãs ao Palácio do Planalto, a supremacia branca e a multiplicação de cédulas nazistas, principalmente no Sul e Suldeste, a transformação das escolas do Paraná em miniquartéis.
Steve Bannon participou da campanha presidencial. Outros agitadores da extrema direita estiveram no Brasil, nas semanas que antecederam as manifestações golpistas de 7 de Setembro: Jair Bolsonaro se reuniu com dois membros da cena conspiracionista e negacionista da pandemia na Alemanha. Vicky Richter e Markus Haintz, ligados ao Querdenken ("pensamento lateral" em alemão), movimento que organizou no último ano protestos contra as medidas do governo alemão para frear a pandemia de covid-19. Em abril, o serviço de inteligência interno alemão colocou setores do movimento sob vigilância nacional por suspeita de "hostilidade à democracia e/ou deslegitimação do Estado que oferece riscos à segurança".
Em julho, o presidente recebeu no Planalto a deputada alemã de ultradireita Beatrix von Storch. Filiada à AfD, Von Storch é uma figura influente da ala arquiconservadora e cristã do partido Alternativa para a Alemanha (AfD), que tem membros acusados de ligações com neonazistas. Uma organização ligada ao partido também chegou a ser colocada sob vigilância dos serviços de inteligência alemães no início do ano. Neta do antigo ministro das Finanças de Adolf Hitler, Von Storch ficou conhecida na Alemanha por publicações e afirmações xenófobas.
Deus Priapus exibindo o dedo do meio
Em 2 de junho de 2019, a Folha de S. Paulo publica reportagem sobre a "obsessão fálica" do presidente. Uma impetuosidade que atinge os quatro filhos e membros do governo.
Em 17 de junho de 2020, a secretária de Gestão do Trabalho e Educação na Saúde do Ministério da Saúde, Mayra Pinheiro, tinha a visão de que a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) tinha um pênis na porta.
"É um órgão que tem um poder imenso, porque durante anos eles controlaram, através do movimento sanitarista, que foi todo construído pela esquerda, a saúde do país”, disse a capitã Cloroquina.
A imprensa da Espanha publicou. Eliane Brum, em 19 de junho de 2019, no El País, alertou: "Ei, Bolsonaro, até o pênis está diminuindo". A excelente jornalista pretendeu chamar a atenção dos bolsonaristas: "as liberar agrotóxicos numa velocida inédita, o governo envenena o Brasil".
"Pesquisa feita com jovens da bucólica região do Vêneto, na Itália, foi publicada no The Journal of Clinical Endocrinology & Metabolism, em novembro de 2018. Mas só ganhou repercussão no último fim de semana nas redes sociais no Brasil. Os cientistas analisaram 212 jovens expostos ao veneno, comparando-os a um grupo de controle, de não expostos, de 171. A média de idade era de 18 anos. Embora seja um grupo pequeno, a investigação foi conduzida dentro dos critérios corretos, por uma equipe respeitável. O trabalho aprofunda aspectos que já vinham sendo investigados por outros cientistas. Os jovens expostos aos produtos tinham pênis menores, menor contagem de espermatozoides, menor mobilidade dos espermatozoides e uma redução da “distância anogenital” (distância entre o ânus e a base dos testículos), uma medida que os cientistas consideram uma marca de saúde reprodutiva. A porcentagem de espermatozoides de formato normal no grupo exposto era pouco mais da metade comparada ao grupo de controle. Como os produtos químicos são transferidos das mães para os bebês, é provável que os jovens tenham sido contaminados antes do nascimento.
Como se sabe, a palavra “pênis” é poderosa. Atrai especial atenção nos dias atuais por conta da obsessão de Bolsonaro, que não para de criar oportunidades para falar de pinto e de tamanho de pinto. Os japoneses que o digam. Em 15 de maio, Bolsonaro foi abordado por um homem com traços asiáticos no aeroporto de Manaus. O estrangeiro disse duas palavras: “Brasil” e “gostoso”. O antipresidente reagiu com “Opa!”, levantou os braços, aproximou o polegar do dedo indicador e perguntou: “Tudo pequenininho aí?”.
Dias depois, ao comentar a reforma da Previdência, apresentada ao país como a cura para todos os males da terra com todos os males, afirmou: “Se for uma reforma de japonês, ele (o ministro da Economia Paulo Guedes) vai embora. Lá (no Japão), tudo é miniatura”. No Carnaval, o antipresidente postou no Twitterum vídeo de dois homens fazendo “golden shower” (modalidade sexual em que um urina no outro), para tentar provar que a festa mais popular do Brasil – e que satirizou todas as trapalhadas do seu governo – era uma versão contemporânea de Sodoma e Gomorra. Não colou – e Bolsonaro passou (mais uma) vergonha.
A recorrente referência a pintos segue por mais episódios do que há espaço em um artigo sobre o risco dos agrotóxicos. A inclinação foi amplamente analisada pelo jornalista Naief Haddad, na Folha de S. Paulo de 2 de junho: “De ‘golden shower’; a piada com japoneses, obsessão fálica marca Bolsonaro. Especialistas comentam fixação do presidente com genitais e sexualidade”.
Quando a notícia de que havia um agrotóxico relacionado a redução do tamanho e da largura do pênis repercutiu no Twitter, criou-se a expectativa de que talvez fosse possível chamar a atenção antipresidencial para o que seu governo anda fazendo. Afinal, nada poderia ser mais promissor: pinto e Twitter, duas obsessões de Bolsonaro finalmente juntas. Aparentemente, porém, não completou-se a sinapse no cérebro antipresidencial. Informações que atrapalham as conveniências da família e os lucros dos aliados funcionam como uma espécie de criptonita. Se forem científicas, pior ainda. O fato de jovens poderem estar sofrendo alterações no pênis e na fertilidade já antes do nascimento não parece ser um assunto capaz de interessar Bolsonaro. Importante mesmo é “golden shower” e “piada” com japoneses.
Eliane colocou o título certo, por vários motivos. Em 25 de abril de 2019, Bolsonaro alertava sobre o risco de homens terem pênis amputado por falta de higiene. Falou o presidente:
"Uma coisa muito importante, para complementar aqui. Dia a dia, né, a gente vai ficando velho e vai aprendendo as coisas. Tomei conhecimento uma vez que certos homens ao ir para o banheiro, eles só ocupavam o banheiro para fazer o número 1 no reservado", afirmou o presidente, que em seguida citou um "dado alarmante": mil amputações de pênis por ano no Brasil "por falta de água e sabão".
"Quando se chega a um ponto desses, a gente vê que nós estamos realmente no fundo do poço. Nós temos que buscar uma maneira de sair do fundo do poço ajudando essas pessoas, conscientizando-as, mostrando realmente o que eles têm que fazer, o que é bom para eles, é bom para o futuro deles, e evitar que se chegue nesse ponto ridículo, triste para nós, dessa quantidade de amputações que nós temos por ano", declarou.
Fazer o numero 1, o numero 2 são eufemismos da nossa língua para ir ao banheiro (fazer as necessidades fisiológicas). Fazer o numero 1= urinar. Fazer o numero 2= defecar.
Bolsonaro esqueceu que milhões de brasileiros são miseráveis (vide tag) moradores de favelas, de áreas de risco. Residem em casebres sem banheiro, sem água encanada, e não possuem dinheiro para comprar sabão ou sabonete.
Temos os moradores de rua. De acordo com a representante do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) Tatiana Dias, a estimativa entre fevereiro e março do ano passado, momento de eclosão da pandemia, era de 221 mil pessoas. Tudo indica que o número aumentou, como reforça Veridiana Machado, representante do Comitê Intersetorial de Acompanhamento e Monitoramento da Política Nacional para a População em Situação de Rua (Ciamp-Rua). “Não sabemos quantas pessoas estão em situação de rua, mas com a pandemia, é algo que nos salta os olhos. O número é expressivo, inclusive de crianças nos sinais pedindo dinheiro. Basta ir à rua e ver”, destacou.
O vereador do Rio de Janeiro, Carlos Bolsonaro (Republicanos), compartilhou nas suas redes sociais um vídeo ironizando as convocações de panelaço contra o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) na noite desta sexta-feira, 15 de janeiro último. Nas imagens, um homem aparece batendo panela com um pênis de plástico enquanto grita "Fora, Bolsonaro".
O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) atacou as parlamentares mulheres da CCJ (Comissão de Constituição e Justiça), nesta quinta-feira (8), dizendo que elas são “portadoras de vagina”.
A deputada Joice Hasselmann (PSL-SP) vai protocolar uma representação contra o filho 03 do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e, segundo ela, deputadas de todos os partidos devem endossar o documento.
“Ele agrediu todas as parlamentares, inclusive as do partido dele”, disse Joice.
Eduardo Bolsonaro tuitou: "MENINOS TEM PÊNIS, MENINAS TEM VAGINA". A frase é d um menininho no filme "Um tira no jardim de infância" (Arnold Schwarzenegger, anos 90). Mas se passar hoje na tv causará alvoroço na esquerda que acusaria o guri de transfóbico ou algo do gênero.
“Ai, meu Deus! Eu escondo esse álbum dele! Deus me livre!” Heloísa Wolf Bolsonaro, mulher de Eduardo, o filho Zero Três do presidente da República, está zangada com o marido. Ele acaba de pegar o book de fotos que fez quando tentou ser modelo na adolescência para mostrá-las à piauí. “Tu vai vazar?”, ela questiona, insistindo que não quer ver as imagens publicadas na imprensa. Nelas, Eduardo aparece com a pele bronzeada e o cabelo loiro em formato tigela, à la Nick Carter, o integrante bonitinho dos Backstreet Boys. Em uma das fotos, está apenas de sunga vermelha, recostado em uma mureta com as pernas cruzadas, em pose insinuante. “Coisa brega!”, reclama Heloísa. Eduardo olha para o seu segurança e dá um sorrisinho, como quem se diverte com o incômodo da mulher. Conta que nunca mostrou à imprensa o álbum de modelo. “Não me chama de homofóbico, mas nessa época sempre tinham uns caras que queriam ou me comer ou dar para mim”, diz ele. Vigilante, Heloísa observa: “Essa tua frasezinha foi anotada, Eduardo.”
Duda, como Eduardo Bolsonaro era chamado na infância e adolescência, cresceu na Tijuca, na Zona Norte do Rio de Janeiro. Embora o bairro fosse longe da praia, ele vivia pegando onda. Subiu numa prancha de body-board aos 12 anos, inspirado por Flavio, o primogênito. Um ano depois, interrompeu a prática do novo hobby para ser submetido a uma cirurgia para corrigir uma ginecomastia, que é o crescimento excessivo das mamas em homens. Sofreu na mão dos colegas de escola. Seu apelido virou Buba, o nome de uma personagem intersexual na novela Renascer, exibida pela Rede Globo, em 1993. “Falavam que eu tinha vagina e pênis”, diz. “Eu dava risada. Às vezes caía na porrada.”
Curioso que numa família racista, homofóbica e sexista, o filho 04, Renan Bolsonaro postou um vídeo em suas redes sociais onde afirma que tem um pai de criação homossexual e negro.
“Domingo é aniversário do meu pai de criação. Ele é homossexual negro. Meu pai botou dentro da minha casa, da nossa casa pra cuidar de mim. No domingo é aniversário dele e vocês vão saber”, disse Renan.
No domingo (20), o filho de Bolsonaro postou a homenagem em seu Instagram: “Marcelo, ao longo desses anos todos, você tem sido um grande amigo para mim. Você me ensinou muito, especialmente a como me tornar uma boa pessoa. Sua empatia e seu carinho são contagiantes, e eu serei eternamente grato a Deus por tê-lo colocado em nosso caminho. Que neste aniversário seu coração possa transbordar com o dobro da felicidade que você trouxe para nossa família! Obrigado por tudo! Parabéns! Felicidades…”, escreveu.
Em 18 de fevereiro, o antipresidente Jair Bolsonaroprecisava tirar o foco da morte do miliciano Adriano da Nóbrega, pessoa-chave para esclarecer o esquema de “rachadinhas” no gabinete de Flávio Bolsonaro, a relação da família Bolsonaro com as milícias que atuam no Rio de Janeiro e também quem mandou matar Marielle Franco – e por quê. A eliminação de Nóbrega, com vários indícios de execução, voltava a colocar em destaque as relações dos Bolsonaros com as milícias. Era preciso desviar a atenção. Como de hábito, Bolsonaro usou o velho truque: criou um novo fato ao atacar a jornalista Patrícia Campos Mello, da Folha de S. Paulo. A repórter, uma das mais competentes da sua geração, estava entre os jornalistas que denunciaram o uso fraudulento de nomes e CPFs para disparos de mensagens no WhatsApp em benefício de Bolsonaro. Uma de suas fontes, Hans River, ao depor na CPMI das Fake News do Congresso, disse que Patrícia teria tentado obter informações “a troco de sexo”, embora as trocas de mensagens entre os dois provem exatamente o contrário. Em sua coletiva informal diante do Alvorada, a mesma em que costuma mostrar bananas para os jornalistas, Bolsonaro atacou: “Ela [Patrícia] queria um furo. Ela queria dar o furo [pausa para risos] a qualquer preço contra mim”.
Este episódio, amplamente divulgado, revela mais do que o truque do manual dos novos fascistas para desviar a atenção do público. Bolsonaro tem problemas com furos. Em vários sentidos. Sua obsessão com o que cada um faz com seu ânus é notória. Está sempre tentando regular onde cada um coloca o próprio pênis. Volta e meia dá um jeito de falar de cocô, como fazem as crianças pequenas. Para ele, a vagina é um furo, visão bastante surpreendente para um homem com mais de 60 anos que já deveria, para o próprio bem, ter conhecido um pouco mais sobre o órgão sexual das mulheres. Chegou a dizer que a Amazônia “era uma virgem que todo tarado de fora quer”. Só um/a psicanalista que um dia recebesse Bolsonaro no seu divã poderia encontrar pistas para o que essa redução da sexualidade a uma coleção de furos – uns feitos para o estupro, outros proibidos para o sexo – significa. Nós, os governados por tal homem, só conseguimos entender que ele tem obsessão por furos, por cocô e por pênis. E que isso determina seu Governo.
No "Ensaio sobre fertilidade e esterilidade na Bíblia hebraica", Suzana Chwarts começa historiando:
"No que diz respeito à fertilidade, Israel é como todas as outras culturas do mundo. O ideal bíblico é o de fecundidade, abundância e multiplicidade – impulsos naturais de todas as civilizações. Este ideal está expresso no Si 128 :3-4 “Sua esposa será como vinha fecunda, na intimidade do seu lar. Seus filhos, rebentos de oliveira, ao redor de sua mesa. Essa é a bênção para o homem que teme o Eterno”.
Todas as bênçãos de Israel focalizam a abundância e a fecundidade. Em Lv 26 Deus promete que trará
(...) chuvas no seu devido tempo, a terra dará os seus produtos, e a árvore do campo seus frutos (...) comereis vosso pão até vos fartardes, voltar-me-ei para vós e vos farei crescer e multiplicar; depois de vos terdes alimentado da colheita anterior, tereis ainda de jogar fora a antiga, para dar lugar à nova.
Em Dt 28:4,
bendito será o fruto do teu ventre, o fruto do teu solo, o fruto dos teus animais, a cria das tuas vacas e a prole das tuas ovelhas. Bendito será o teu cesto e a tua amassadeira (...) Deus te concederá abundância de bens no fruto do teu ventre, no fruto dos teus animais, e no fruto do teu solo, este solo que Deus jurou a teus pais que te daria.
Aqui a "Fertilidade" tem a mesma importância que a "Abundância" que os cristãos nos Estados Unidos, na década de 1940, vão propagar como Teologia da Prosperidade, e importada para o Brasil somente na década de 1970.
Em 2015, tendo como fonte o Infomoney, a revista Piauí destacava a impressionante riqueza dos pastores brasileiros:
1. Edir Macedo – fundador da Igreja Universal do Reino de Deus, que também tem templos nos Estados Unidos, é de longe o pastor mais rico no Brasil, com um patrimônio líquido estimado pela Forbes de US$ 950 milhões, ou cerca de R$ 1,9 bilhão.
2. Valdemiro Santiago – fundou sua própria igreja, chamada Igreja Mundial do Poder de Deus, que tem mais de 900 mil seguidores e 4 mil templos. Segundo estimativa da Forbes, seu patrimônio líquido é de US$ 220 milhões, ou aproximadamente R$ 440 milhões.
3. Silas Malafaia – líder da maior igreja pentecostal do Brasil. O pastor está constantemente envolvido em escândalos relacionados à comunidade gay. “Ele é defensor de uma lei que poderia classificar o homossexualismo como uma doença e é uma figura proeminente no Twitter, onde tem mais de 440 mil seguidores”, disse a publicação.
4. RR Soares – é o mais ativo em multimídia entre os pregadores evangélicos. O religioso é compositor, cantor e televangelista. Como fundador da Igreja Internacional da Graça de Deus, Soares é um dos rostos mais conhecidos na televisão brasileira. Com isso, sua fortuna estimada pela Forbes, é de US$ 125 milhões, ou R$ 250 milhões.
5. Estevam Hernandes Filho e sua esposa Sonia – fundadores da Igreja Apostólica Renascer em Cristo, Apóstolo Estevam Hernandes Filho e sua esposa, Bispa Sonia, supervisionam mais de mil igrejas no Brasil e no exterior, incluindo a Flórida. Juntos, o casal tem um patrimônio líquido estimado pelo site em US$ 65 milhões dólares, ou R$ 130 milhões.
O deus da Prosperidade esteve bem representado no grande comício golpista de Jair Bolsonaro no dia 7 de Setembro último. Comentou Juan Arias:
"Um dos muitos detalhes simbólicos foi o surgimento na cena de um pênis gigante com as cores verde e amarelo da bandeira do Brasil, que foi apropriada pelas forças mais golpistas do país. O pênis inflado estava colocado sobre um carrinho vazio de supermercado. Estava rodeado por homens de idade.
Dizem que o presidente não sabe chorar, e muito menos pela dor alheia. Sua melhor identidade é a raiva; seu lema, a destruição; sua vocação, a terrorista; sua sexualidade, misteriosa; seu sonho de poder absoluto depois de ter ameaçado todas as instituições, com o agravante de que essas instituições parecem amedrontadas e acovardadas pelas ameaças fanfarronas do aprendiz de ditador e terrorista.
Melhor, mais simbólico e mais real do que o pênis gigante e grotesco verde e amarelo da avenida Paulista teria sido uma fila de carrinhos vazios de supermercado para simbolizar o drama que aflige e faz chorar em silêncio tantas famílias vítimas da incapacidade de governar de quem há muito deveria estar fora do poder para permitir que o país recupere a esperança que lhe foi tragicamente roubada. E como ensina a psicologia, nada é mais difícil para uma pessoa e para uma nação do que a desesperança que seca a alma e arrasta para a depressão".
Bolsonaro perder a eleição porque fez um péssimo governo é um julgamento do eleitor. Voto contra Bolsonaro cidadão.
Para que não voltem a ser usados pela misteriosa Terceira Via, a campanha de Lula, para exemplificar, deve ser contra os slogans e símbolos que elegeram Bolsonaro. O ideário. As ideologias da direita, da extrema direita, do nazismo, do fascismo, do integralismo. Para que jamais sejam utilizadas novas cores para propagar antigas mensagens de um Brasil escravocrata, racista, preconceituoso, colorista, fundamentalista, com um militarismo golpista e cruel e um judiciário elitista e parasita.
"Vamos correr com isso para que possamos salvar as vidas das pessoas que precisam ser vacinadas", escreve um "vendedor" de vacinas a um gestor municipal de Londrina, no sul do Brasil, tentando convencê-lo a fechar o negócio. Ele é um dos vários vendedores de vacinas que se diziam representantes da Davati, a empresa com sede nos Estados Unidos que ofereceu imunizantes contra a covid-19 ao governo federal.
Cidades e Estados brasileiros receberam ofertas de milhares de doses de vacina de supostos representantes da empresa - a BBC News Brasil encontrou ao menos mais três, além de Luiz Paulo Dominghetti Pereira, que depôs na CPI da Covid na semana passada. O problema? A Davati nunca teve acesso a imunizantes.
Luiz Paulo Dominguetti Pereira
Antes de obter as vacinas, os supostos vendedores buscavam acumular cartas de intenção de compra de governos. À BBC News Brasil a secretaria de Estado de Planejamento e Gestão de Minas Gerais, a secretaria municipal de Gestão Pública de Londrina, no Paraná, e o Consórcio Paraná Saúde, que gerencia a compra de medicamentos para 398 municípios do Estado, disseram ter recebido ofertas de vacinas de supostos representantes da Davati.
Mas a própria empresa emitiu nota dizendo não deter "posse das vacinas". No caso do Ministério da Saúde, diz que a documentação mostra que ela atuou "na aproximação entre o governo federal e um allocation holder, empresa que possuía créditos de vacinas junto ao laboratório AstraZeneca".
A AstraZeneca diz que não disponibiliza a vacina por meio de intermediários. E o Brasil já tinha acordo com a AstraZeneca por meio da Fiocruz, que produz as vacinas ou importa doses prontas do Instituto Serum, na Índia.
Em nota, a Davati disse que "não é representante do laboratório AstraZeneca e jamais se apresentou como tal" (leia mais no fim dessa reportagem).
A suposta negociação do governo brasileiro com a Davati veio à tona há duas semanas, quando Dominghetti, suposto representante da empresa, disse ao jornal Folha de S.Paulo que funcionários do Ministério da Saúde cobraram propina de US$ 1 (R$ 5,26) por dose para fechar o contrato.
O diretor exonerado do departamento de logística do Ministério da Saúde que teria cobrado a propina, Roberto Ferreira Dias, negou na CPI da Covid nesta semana que tivesse pedido propina e disse que não levou adiante a oferta da Davati porque Dominghetti não apresentou documentos comprovando que a empresa tinha vacinas para entregar.
Roberto Ferreira Dias
A Davati também diz que nunca tomou conhecimento da alegação de pedido de propina e que Dominghetti não tinha poder para negociar em nome da empresa.
Vendas
Supostos representantes da Davati abordaram o governo federal duas vezes. A primeira, por meio de Dominghetti. A segunda, três semanas depois, no dia 9 de março, pelo advogado Julio Caron, segundo e-mails disponibilizados pelo Ministério da Saúde em resposta a um pedido via Lei de Acesso à Informação.
O advogado ofereceu, por e-mail, 300 milhões de doses ao governo federal, apresentando a Davati como "distribuidor autorizado da AstraZeneca". Seu e-mail foi encaminhado a outras instâncias do ministério com prioridade "alta".
À BBC News Brasil, Caron diz que também ofereceu vacinas para vários Estados interessados, sem especificar quais.
Mas a Davati diz que só um representante estava "credenciado" para "facilitar a oferta de vacinas contra a covid-19": Cristiano Alberto Carvalho, que "detinha poderes limitados". Caron teria apenas "se oferecido para atuar como representante da empresa no Brasil", mas a empresa "retornou que já possuía representantes no país", segundo nota da Davati.
Segundo o jornal O Globo, uma análise do Ministério da Saúde concluiu que a oferta não teria sido procedente, "uma vez que a própria AstraZeneca informa que apenas realiza negociação de ofertas de vacina diretamente com os governos".
Procurado por e-mail pela BBC News Brasil para comentar as supostas negociações com a Davati desde sexta (2/7), o Ministério da Saúde não respondeu até a conclusão desta reportagem.
Outras ofertas de vacinas foram feitas por "vendedores" diferentes, que às vezes nem sabiam da existência um do outro.
Uma das entidades procuradas foi o Consórcio Paraná Saúde, por Paulo Ignácio Uhlmann, conhecido como Paulinho Uhlmann em sua cidade natal, Taió, Santa Catarina, onde já foi vereador pelo PR. Hoje, tem uma empresa de importação de produtos da China chamada Factoall.
É por ter experiência com importação, diz ele, que foi procurado por Caron para prospectar e verificar interessados no sul do país. Se o negócio fosse fechado, ganharia "30 e poucos centavos por dose". Caron confirma que o acordo com Uhlmann era que, caso conseguissem fechar alguma venda, ele teria parte de sua comissão.
"Esse pessoal me ofereceu representação para fazer processo de importação. Nossa intenção era buscar clientes", diz Uhlmann. "Nosso trabalho era ter juntado as LOIs e repassado para eles."
LOI, termo usado também por Dominguetti na CPI, significa Letter Of Intent, ou Carta de Intenção de Compra.
"Posso ser bem sincero? Desde o início, para falar a verdade, a gente pouco acredita nesse tipo de negócio. Mas assim, tratando-se da vacina, que era uma solução, e não havia dinheiro antecipado… Nosso trabalho era angariar quem tinha intenção de compra. Eu não estava fazendo nada de errado. Só fiz uma busca para eles."
O Consórcio Paraná Saúde chegou a enviar uma carta de intenção de compra expressando interesse em 2 milhões de doses. Mas "nenhuma tratativa avançou, tampouco houve qualquer formalização de compra de vacinas por parte do Consórcio Paraná Saúde, inclusive com a informação da inviabilidade de entrega", diz o consórcio. Ao receber um e-mail da Davati, consultaram o site da AstraZeneca, confirmando que o laboratório não usava intermediários.
A cidade de Londrina, no Paraná, também foi procurada, mas por outro "vendedor".
"Não apresentaram nenhuma informação crível. Não havia o mínimo de formalidade para prosseguir com uma negociação", diz o secretário municipal de gestão pública da cidade, Fabio Cavazotti. "Como gestor de compras, via ali todos os elementos para desconfiança."
Um homem que se apresentou como representante da Davati mandou mensagens insistindo no acordo. "Nosso intuito principal é tentar salvar esse pessoal todo de Londrina", disse, em um áudio de WhatsApp. "Quem não aproveitar a chance que estamos oferecendo ficarão (sic) sem vacinas e serão (sic) responsáveis por omissão, quando a oportunidade em adquirir chegou até suas mãos", escreveu, em determinado momento.
O vendedor ofereceu vacinas da Janssen e da Sinovac. Tanto a Janssen quanto o Instituto Butantan, que tem acordo com a Sinovac, dizem só fornecer vacinas ao Ministério da Saúde. Cavazotti pediu diversas vezes documentos que comprovassem que ele tinha autorização para negociar em nome das empresas, mas recebeu apenas um documento mostrando que Cristiano Alberto Carvalho era representante oficial da Davati no Brasil.
O vendedor pediu que o secretário preenchesse um documento em anexo se tivesse interesse em comprar vacinas para Londrina e que então, só depois, ele poderia solicitar todos os documentos necessários.
O documento enviado era um modelo que servia para diferentes municípios. "Município de NNONONONNO - SP, 27 de abril de 2021", dizia a primeira linha. "Ao Senhor Cristiano Carvalho, Representante da DAVATI MEDICAL SUPLY no Brasil. ASSUNTO: Interesse na Aquisição da Vacina Jansen. Caro Senhor, Nós do Governo do Município de NONONONONNON, pessoa jurídica de direito público interno, inscrito no CNPJ 00.000.000/0001-22, abaixo assinado manifestamos nosso interesse na aquisição de 50 mil doses da Vacina Jansen. Para tanto solicitamos, o envio de PROPOSTA COMERCIAL FORMAL com as condições para o fornecimento da Vacina Jansen."
Cavazotti não preencheu nada e parou de responder às mensagens.
A BBC News Brasil tentou contato com o vendedor por ligações de telefone e mensagens no WhatsApp, mas não recebeu resposta.
A Secretaria de Planejamento e Gestão de Minas Gerais também confirmou que foi procurada pela Davati no dia 12 de abril. A secretaria diz que o representante que a procurou foi Cristiano Carvalho - o único, segundo a Davati, credenciado para representar a empresa no país.
A pasta manifestou seu interesse por 20 milhões de doses, emitindo uma LOI e uma LOA (carta de autorização), mas, ao solicitar documentação de habilitação técnica e jurídica - incluindo a comprovação de que a empresa citada representava a indústria — a secretaria diz nunca ter recebido os documentos. A proposta não foi pra frente. Carvalho confirma as tratativas com Minas Gerais.
Davati
A Davati Medical Supply LCC, que negociou com o governo brasileiro, foi criada na metade de 2020. Está registrada no mesmo endereço da Davati Building Products, uma empresa de produtos de construção civil, e da incorporadora Impact Developers, em Austin, no estado americano do Texas.
"Para auxiliar com a crise sanitária global, passou a atuar como facilitadora entre governos e instituições e detentores de cotas de vacinas de Covid e distribuidores autorizados em todo o mundo, com representantes em diferentes países. No Brasil, a empresa atua por meio de representantes e não possui diretores ou sócios locais", disse a Davati, em nota.
Uma reportagem de 2014 descreve Cardenas como um "empreendedor" que vendeu suas "empresas de tecnologia" nos anos 2000 e que, com sua incorporadora, queria disponibilizar casas com preços acessíveis para compradores de primeira vez. Em seu Linkedin, Cardenas se descreve como "visionário, pioneiro e empreendedor em série com paixão por construção e tecnologia" que fundou diversos negócios durante sua carreira. A BBC Brasil entrou em contato com Cardenas por e-mail, mas não obteve resposta.
A Davati Medical Supply LCC virou notícia pela primeira vez neste ano quando ofereceu seis milhões de doses de vacina da AstraZeneca, também por US$ 3,50 cada, a uma nação indígena do Canadá, segundo a imprensa local.
Em nota à BBC News Brasil, os Serviços Indígenas do Canadá (ISC) disseram ter recebido uma solicitação da Federação das Nações Indígenas Soberanas e da nação indígena James Smith Cree em 3 e 17 de fevereiro com relação à compra de vacinas AstraZeneca. Os fabricantes de vacinas confirmaram que essas ofertas não eram legítimas. "Dadas as sérias preocupações com relação à legitimidade dessas ofertas, o ISC procurou a autoridade apropriada."
O negócio nunca aconteceu. Em nota, a Davati diz que apresentou "todos os documentos necessários ao Departamento de Segurança Interna dos Estados Unidos à Polícia Federal do Canadá e não foi encontrado nenhuma inconsistência ou acusação com relação à atuação da empresa".
Na época, Cardenas disse à rede canadense CBC que uma fonte "muito confiável" poderia potencialmente colocá-lo em contato com vacinas da AstraZeneca. "Não somos um distribuidor da AstraZeneca. Temos acesso a pessoas que são e estamos testando esse canal para termos certeza de que podem entregar", afirmou.
Procuradoria da República no DF entrou com ação de improbidade na Justiça Federal na semana passada. Documento detalha todos os atos e omissões na condução da pandemia
por Camila Bomfim /TV Globo
O Ministério Público Federal afirmou à Justiça Federal que a gestão do ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello na pandemia foi "imoral e antiética". A declaração está na ação de improbidade administrativa contra Pazuello que o MPF protocolou na semana passada. Nesta quinta-feira (8), a TV Globo teve acesso à íntegra do documento, que lista os erros “dolosos” (cometidos intencionalmente) e “graves” de Pazuello.
A peça é assinada por oito procuradores. Eles relatam que “no que concerne aos fatos articulados na presente ação, há, no mínimo, negligência grave do ex- ministro na ausência de adoção de providências imprescindíveis para a contenção da pandemia”.
Pazuello foi o terceiro ministro da Saúde na pandemia. General da ativa do Exército, ele sucedeu Luiz Henrique Mandetta e Nelson Teich, que discordaram do presidente Jair Bolsonaro sobre a condução da pandemia e, por isso, deixaram os cargos.
Ao longo de toda a pandemia Bolsonaro tem contrariado autoridades sanitárias do mundo inteiro ao isolamento social e ao uso de máscaras, além de ser defensor do uso da cloroquina contra a Covid, remédio comprovadamente ineficaz.
Pazuello não contestou as visões do chefe, ao contrário de seus
antecessores. Em outubro de 2020, após Bolsonaro dizer que o Brasil não compraria a vacina CoronaVac, Pazuello gravou vídeo dizendo: "É simples assim: um manda e o outro obedece".
Os procuradores apontam que as ações de Pazuello foram “dolosas” e amparadas em argumentos não científicos e vindos de pessoas de fora do governo.
Os procuradores entenderam que “o conjunto dos fatos ora trazidos à apreciação do poder Judiciário constitui amostragem suficiente da gestão gravemente ineficiente e dolosamente desleal (imoral e antiética) do requerido Eduardo Pazuello.”
Pfizer e Butantã
Na ação de improbidade, os procuradores relatam que a Pfizer informou datas e pautas das principais reuniões realizadas desde maio de 2020 com o governo brasileiro, relativas à vacina.
Lembram ainda que foram encaminhadas à Procuradoria da República no Distrito Federal 81 cópias de e-mails enviados pela Pfizer a representantes do Ministério da Saúde desde 20 de maio do ano passado sobre ofertas da vacina da farmacêutica.
“O desinteresse pelo imunizante da Pfizer era tamanho que o requerido Eduardo Pazuello não participou de nenhuma das reuniões com a empresa”, destaca o documento.
Os procuradores salientaram os efeitos negativos dessa atitude.
“Resta claro, das informações prestadas pela Pfizer sobre os atos de negociação da vacina, que o ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello foi omisso e negligente na consideração das propostas apresentadas pela empresa, postura que retardou o início da vacinação da população brasileira. A campanha de vacinação poderia ter-se iniciado ainda em dezembro de 2020 e o país poderia ter recebido, até o final do primeiro semestre de 2021, pelo menos 22 milhões de doses da vacina."
Sobre a Coronavac, os procuradores afirmaram que o instituto Butantã fez, desde julho de 2020, diversas ofertas da vacina ao Ministério da Saúde, mas o contrato só foi firmado em sete de janeiro de 2021.
No documento, a conclusão é que “não restam dúvidas de que o ministro da Saúde quedou-se inerte em relação às necessidades de vacinação da população brasileira contra a Covid-19, limitando-se a firmar um único contrato bilateral com a Fiocruz [AstraZeneca] no ano de 2020”.
O documento aponta que “essa inércia impediu que o Brasil tivesse, ainda no 1º trimestre de 2021 (janeiro a março), a disponibilidade de 4,5 milhões de doses da Pfizer e de 60 milhões de doses da Coronavac, montante que teria possibilitado a vacinação antecipada de 32 milhões de brasileiros, tão logo os imunizantes fossem aprovados pela Anvisa”. Continue lendo
Ex-diretor da Saúde Lauricio Monteiro Cruz e reverendo Amilton Gomes de Paula
por Fernando Brito
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Algumas balizas para pensar.
O veterinário Laurício Cruz, que acaba de ser demitido pelo Governo do Ministério da Saúde, era um indicado de Eduardo Pazuello, pois foi nomeado já em sua gestão, para ocupar a vaga do epidemiologista Julio Croda, da Fiocruz.
O lugar, em plena pandemia da Covid-19, não era de pouca importância: o cargo de diretor do Departamento de Imunização e Doenças Transmissíveis da Secretaria de Vigilância em Saúde representa a chefia do Plano Nacional de Imunização, isto é, a aplicação de centenas de milhões de doses das vacinas por todo o Brasil.
Alguém com essa missão não pode alegar que poderia acreditar que o tal Reverendo Amilton Gomes de Paula tinha na algibeira 400 milhões de doses, em tese o suficiente para imunizar todos os brasileiros acima de 18 anos com as duas doses necessárias.
Mas Laurício deu a mão ao pastor e a um major da FAB, Hardaleson Araújo de Oliveira, e foi, com um séquito de coronéis, levando-o por caminhos em que se cogitava até de uma reunião com o presidente da República.
Sabe-se que ontem cedo o governo tentou patrocinar um acordo entre os representantes de Ricardo Barros e do centrão e as “forças especiais” de Pazuello, comandadas pelo coronel Élcio Franco.
Mas não se sabe a razão de, logo depois da encrenca causada pela ordem de prisão de Roberto Ferreira Dias, ter sido tomada a decisão de atirar rapidamente ao mar Laurício Cruz.
Não vai demorar para se saber, também, porque há um clima de salve-se quem puder na guerra das baratas que assolava o Ministério da Saúde.
A polêmica sobre a suposta propina para a venda da de 400 milhões de doses da vacina AstraZeneca, denunciada por um vendedor de uma empresa que se diz distribuidora de vacinas, trouxe novos episódios. Além das polêmicas já denunciadas no vídeo “O Modelo do Golpe dos Remédios“, a empresa Davati Medical Supply traz em seu histórico outros indícios que denotam outras possíveis irregularidades.
A Davati não só não estava autorizada pela AstraZeneca a vender suas vacinas contra a Covid-19, como a mediação, que poderia ser “ilegal”, será investigada pela farmacêutica britânica. Herman Cardenas, o dono da Davati, que tem sede em Austin, Texas, chegou a admitir publicamente que não é “distribuidor da AstraZeneca”.
Reportagem da Folha de S.Paulo publicou que a empresa foi criada somente no ano passado, em 2020. E-mails obtidos pelo jornal mostraram que, ao contrário do que afirmou Cardenas, a empresa negociou a venda das vacinas AstraZeneca com o governo federal e obteve resposta positiva:
“Precisamos de uma carta do representante ou algum documento que mostre a Davati Medical como representante da Astra Zeneca. Depois disso, podemos ir em frente, uma vez que essa proposta comercial parece boa diante de outras recebidas até agora”, escreveu, em um email, o ex-diretor de Logística da Saúde, que foi demitido, Roberto Ferreira Dias.
Roberto Ferreira Dias
Desde quando existe a Davati Medical Supply?
O GGN averigou que a Davati Medical Supply não tem CNPJ, não sendo registrada no Brasil. Nos Estados Unidos, a data de abertura da companhia é controversa. O GGN apurou junto à Controladoria de Contas Públicas do Texas e, oficialmente, as informações mais atualizadas confirmam que a empresa foi registrada no dia 15 de junho de 2020:
A mesma informação pode ser conferida em outras páginas de dados corporativos abertos, como a “OpenCorporates”, com base no que é fornecido pela Controladoria do Texas, publicando o certificado de formação:
Entretanto, a ferramenta “SignalHire”, que rastreia informações públicas de companhias e profissionais para possibilitar os contatos de vendas e contratações, divulga que a data de fundação da Davati Medical Supply foi no ano de 2014.
Por fim, a plataforma de negociação em comércio internacional “TradeWheel”, também com uma base de dados de companhias de todo o mundo para o acesso a fornecedores e compradores, informa que a data de criação da Davati Medical Supply ocorreu no ano de 2008.
A página caracteriza a Davati como “distribuidora de equipamentos de proteção individual (EPI) de qualidade”m que “projeta, fabrica e importa produtos” em diversos países “há mais de 22 anos”:
Diante das divergências, com o número de contribuinte no imposto de pessoa jurídica do Texas, o GGN solicitou ao órgão estatal oficial a íntegra do Relatório de Informação Pública da Davati Medical Supply e aguarda o retorno.
Instituição desacredita e nega certificado
Os questionamentos sobre a data de criação e a confiança da empresa, contudo, não são recentes. Uma reconhecida agência credenciadora de empresas, que atua nos Estados Unidos, Canadá e México, o BBB (Better Business Bureau), fez uma revisão da Davati Medical Supply em março deste ano, publicou um alerta e negou o certificado à companhia.
Na revisão da empresa, o BBB informa que contestou as alegações divulgadas pela própria Davati Medical Supply de que “operava em seu setor por mais de 22 anos e que tinha uma parceria com um fabricante farmacêutico de longa data estabelecido em 1961”.
A instituição que certifica empresas disse que “encontrou registros do Secretário de Estado do Texas indicando que a empresa foi criada em 2013 e não conseguiu encontrar nenhuma informação sobre quaisquer parcerias ou relacionamentos que tinha com empresas farmacêuticas”.
“O BBB contatou a empresa solicitando que comprovasse as alegações feitas em seu site, porém nenhuma resposta foi recebida”, acrescentou. Com a falta de informações confiáveis, a Davati Medical Supply não foi acreditada pela instituição.
Após as denúncias com a CPI da Covid, a Davati retirou o seu site do ar. Ao justificar “as razões para a classificação”, o BBB elenca “há quanto tempo a empresa está operando”, que não foi confirmado, e “problemas de publicidade encontrados pelo BBB”.
Vende ou não vende AstraZenenca?
Cabo Dominguetti da PM do País da Geral
Logo após a polêmica do vendedor das vacinas Luiz Paulo Dominguetti Pereira, a Davati chegou a dizer que o vendedor que compareceu à CPI da Covid no Senado não era nem seu representante, nem seu empregado.
Logo após o depoimento de Dominguetti, na última quinta (01), a AstraZeneca enviou nota à imprensa afirmando que “não disponibiliza a vacina por meio do mercado privado ou trabalha com qualquer intermediário no Brasil” e que “todos os convênios são realizados diretamente via Fiocruz e governo federal”.
Em seguida, Herman publicou uma nota no site da Davati tentando se blindar: “Não somos distribuidores autorizados da AstraZeneca, e nunca dissemos que éramos”. Segundo a empresa, o trabalho que eles faziam era o de receber pedidos dos clientes e, depois, tentar encontrar os fornecedores das vacinas e que eles tinham “acesso a pessoas” que seriam distribuidores da AstraZeneca.
Comitiva de pastor, militar da FAB e Dominguetti tentou negociar vacinas + Grupo evangélico ofereceu doses ao valor de US$ 11 a unidade + Outro representante da Davati procurou Pazuello para vender Astrazeneca +
Em março, uma organização evangélica que articulou a aquisição de vacinas com o Ministério da Saúde (MS) ofereceu imunizantes da AstraZeneca e da Johnson para prefeituras e governos estaduais junto à Davati Medical Supply, revela apuração exclusiva da Agência Pública. A reportagem teve acesso à carta encaminhada aos prefeitos e governadores pela Secretaria Nacional de Assuntos Humanitários (Senah) — presidida pelo reverendo Amilton Gomes de Paula — na qual a entidade oferece as doses no valor de US$ 11 a unidade, com prazo de entrega de até 25 dias. O valor seria 3 vezes maior que o fechado pelo Governo Federal para a mesma vacina da AstraZeneca com a Fiocruz, que foi de US$ 3,16, e o dobro do valor do Instituto Sérum, de US$ 5,25.
Reprodução da carta enviada pela Senah
Conforme a apuração, a carta da Senah teria sido enviada a diversas prefeituras da região Sul do país. Uma delas foi parar em Ijuí, município de pouco mais de 80 mil habitantes no noroeste do Rio Grande do Sul. A Agência Pública conversou com Luciana Bohrer (PT), vereadora do gabinete coletivo das Gurias, na cidade. Ela conta que tomou conhecimento da oferta por meio de uma pessoa ligada à Senah e que não teve contato com representantes da Davati.
Na época, de acordo com a vereadora, a organização evangélica junto à Davati já haviam tentado “por mais de trinta dias” negociar diretamente em reuniões com o Ministério da Saúde em Brasília, mas não teria obtido sucesso. “Eram 400 milhões de doses, que eu me lembre, ainda seria fechado em quatro pacotes de 100 milhões”, diz Bohrer. A carta da entidade chegou à vereadora de Ijaí no dia 23 de março de 2021 e foi encaminhada ao prefeito Andrei Cossetin, do Progressistas (PP). Segundo Bohrer, a negociação não foi para frente. Procurada pela reportagem, a assessoria do prefeito afirmou que ele estava em viagem e não respondeu até a publicação da reportagem.
O reverendo Amilton Gomes, fundador e presidente da Senah, esteve no Ministério da Saúde, conforme fotos publicadas em suas redes sociais no dia 4 de março de 2021. Na postagem ele afirma que se reuniu com representantes da pasta “para articulação mundial em busca de vacinas”. Na visita, estava ao seu lado o policial militar de Minas Gerais cabo da PM Luiz Paulo Dominguetti, que afirmou à Folha de S. Paulo que o diretor do Departamento de Logística (DLOG) do Ministério da Saúde, Roberto Ferreira Dias, teria cobrado propina para compra de vacinas . Também esteve na visita o major da Força Aérea Brasileira (FAB) Hardaleson Araújo de Oliveira, antigo conhecido do pastor.
Na foto, o pastor Amilton Gomes, da Senah, em visita ao Ministério da Saúde junto a Dominguetti (o primeiro da foto à esquerda), o diretor do Departamento de Imunização e Doenças Transmissíveis, Lauricio Monteiro Cruz (ao meio) e major da Força Aérea Hardaleson Araújo de Oliveira (segundo à direita)
Pastor Amilton Gomes no Ministério da Saúde
Pastor Amilton Gomes foi à vigilância sanitária do Ministério da Saúde tentar articular vacinas, junto a major da Força Aérea Brasileira
A carta da Senah encaminhada aos gestores é assinada por Amilton Gomes e indica um e-mail da organização religiosa, da Davati e do empresário Renato Gabbi como contatos para “maiores esclarecimentos”. Gabbi é dono de um bar em Chapecó, em Santa Catarina. A reportagem procurou o empresário, que não respondeu até a publicação.
Roberto Dias, que foi indicado ao cargo pelo líder de governo na Câmara, Ricardo Barros (PP/PR), foi exonerado nesta quarta-feira (30/06), após denúncia do jornal.
Também teriam participado desse encontro, segundo Dominguetti, o tenente-coronel Marcelo Blanco, que era assessor do DLOG na gestão de Roberto Dias, e um empresário de Brasília.
Pastor Amilton Gomes ao lado do senador Flávio Bolsonaro
Líder da Senah criou frente parlamentar religiosa
O reverendo Amilton Gomes parece ter bom trânsito no meio político de Brasília. Em suas redes sociais ele tem fotos com o filho do presidente Jair Bolsonaro, o senador Flávio Bolsonaro (Patriota/RJ), como mostra a imagem acima, publicada em junho de 2019. Em uma outra postagem de maio daquele ano, o religioso comemorou receber uma moção de louvor na Câmara dos Deputados. Recentemente, o pastor apareceu na divulgação da “Conferência Nacional de Liderazgo” ao lado da deputada federal bolsonarista Carla Zambelli (PSL/SP).
Amilton Gomes participou ainda da criação da Frente Parlamentar Mista Internacional Humanitária pela Paz Mundial (FremhPaz) junto ao pastor Laurindo Shalom, da Associação Internacional Cristã Amigos Brasil-Israel, e do deputado federal Fausto Pinato (PP/SP), em 17 de setembro de 2019.
No estatuto da frente, a Senah aparece com a missão de dar apoio jurídico “para pessoas e comunidades em situações de guerras, calamidades, e aos refugiados, em ajudas humanitárias nacionais e internacionais”. No mesmo artigo do estatuto, que trata da cooperação interdisciplinar, diz que a frente irá “fomentar e financiar cursos de formação na temática da proteção à liberdade religiosa e aos refugiados, especialmente por meio da Senar [atual Senah], promovendo o intercâmbio de experiências nacionais e internacionais”. A entidade também integra o conselho consultivo da frente.
A Secretaria Nacional de Assuntos Humanitários, que até o ano passado se chamava Secretaria Nacional de Assuntos Religiosos, foi fundada por Amilton Gomes em 1999. “Hoje nosso DNA está na cultura pela paz mundial, na fomentação de apoio ao meio ambiente, sempre buscando meios sustentáveis para o desenvolvimento da sociedade harmonizando Homem e Meio Ambiente”, informa em sua página na internet a entidade que tem sede em Brasília.
Líder da Igreja Batista Ministério da Nova Vista, Amilton Gomes também foi cabo do Exército, na década de 1990. Ele publicou imagens do Movimento Cristão Conservador Brasileiro com sua assinatura e sua foto e se apresenta como reitor da Faculdade Batista do Brasil, além de participar da direção de entidades de psicologia, como, por exemplo, a Sociedade de Psicologia do Centro-Oeste.
Procurado, Amilton Gomes confirmou as negociações e a visita ao Ministério da Saúde.
Amilton Gomes, foi homenageado no Congresso e participou de criação de Frente Parlamentar
Davati procurou Pazuello para vender vacinas
Também em março, um representante oficial da Davati Medical Supply procurou o ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello enquanto ele chefiava o ministério para negociar a venda de vacinas, revelam documentos que Pública acessou via consulta de Acesso à Informação do governo federal.
De acordo com a troca de emails, o advogado Julio Adriano de Oliveira Caron e Silva procurou Pazuello no seu email oficial da pasta no dia 9 de março deste ano. Na mensagem ele oferecia 300 milhões de doses da vacina AZD1222, da Astrazeneca, para compra imediata pelo Ministério da Saúde. O advogado informou que representava a empresa Davati Medical Supply LLC.
O advogado disse não conhecer Dominguetti. “Como a empresa me deu uma autorização de apenas representá-la aqui e oferecer as vacinas, eu não sei se ela fez isso com outras pessoas. Talvez tenha feito, mas eu não conheço essa pessoa, não sei das relações dele com o governo”, disse.
Caron também disse desconhecer qualquer operação da empresa e de que a Davatti estaria ofertando a vacina da Johson.
O email enviado por Caron ao Ministério da Saúde foi respondido no dia seguinte, 10 de março, pelo chefe de Gabinete do Ministro de Estado da Saúde, o capitão Paulo César Ferreira Junior. O militar está à frente do gabinete desde maio de 2020, quando Pazuello se tornou ministro. Homem de confiança de Pazuello, ambos estiveram na intervenção federal em Roraima, em 2018, e receberam a Ordem do Mérito Forte São Joaquim.
Em resposta ao advogado, o capitão pediu uma carta de autorização da Astrazeneca que concordasse com a intermediação da Davati. Caron disse à Pública que as negociações não avançaram porque a empresa não o retornou com os documentos solicitados pelo Ministério da Saúde.
“Dando seguimento com a Davati, pedindo maiores informações sobre as vacinas, eles não conseguiram me confirmar a disponibilidade do estoque e nem de que eles estavam autorizados pela empresa de vender vacinas aqui no Brasil, então o negócio não seguiu em frente”, justificou Caron. “Não marquei reunião nenhuma e a conversa não seguiu em frente”, acrescentou. Ainda segundo o advogado, “a Davati deixou bem claro que iria buscar junto à fabricante das vacinas toda a documentação necessária para vender”. “Se ela estava tentando negociar com a Astrazeneca a possibilidade de oferecer essas vacinas para o Brasil, ou qualquer outro país, e ela não conseguiu por algum motivo, talvez seja esse o motivo de que ela não me mandou a informação porque o negócio seria fechado com a Astrazeneca, a Astrazeneca que iria fornecer a vacina. Se ela não conseguiu autorização da Astrazeneca para vender, parou de me mandar informação e eu não poderia vender um produto que ela não tinha”.
Linha do tempo
25 de fevereiro — segundo Dominguetti, diretor de logística do MS pediu propina para oferta de vacinas feita em nome da Davati 4 de março — pastor Amilton Gomes da Senah posta foto no MS e anuncia articulação para vacinas 23 de março — carta da Senah assinada por Amilton Gomes chega a Ijaí oferecendo vacinas da Davati
4 de março — pastor Amilton Gomes da Senah posta foto no MS e anuncia articulação para vacinas
23 de março — carta da Senah assinada por Amilton Gomes chega a Ijaí oferecendo vacinas da Davati
VÍDEO: 'Rebanho se aplica a animais, e fomos tratados desta forma', diz Cláudio Maierovitch
Claudio Maierovitch, da Fiocruz, criticou a tese da imunidade de rebanho, segundo a qual o país se livraria da pandemia depois que um grande número de pessoas fosse infectado
por Marcela Mattos, Beatriz Borges e Luiz Felipe Barbiéri /G1
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O médico sanitarista Claudio Maierovitch, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), ao comentar a tese da imunidade de rebanhona CPI da Covid, afirmou que essa palavra se 'aplica animais' e que assim foi tratada a população brasileira durante a pandemia.
A imunidade de rebanho pressupõe que o país supere a pandemia por meio de um alto número de infectados, o que, em tese, deixaria grande parcela da população imunizada. Só que essa estratégia, de acordo com especialistas, não funciona para a Covid. Muitas pessoas morreriam no processo e, além disso, quem já teve a doença pode ser reinfectado.
Rebanho se aplica a animais, e fomos tratados dessa forma. Acredito que a população brasileira tem sido tratada dessa forma ao se tentar produzir imunidade de rebanho às custas de vidas humanas. Infelizmente, o governo brasileiro se manteve na posição de produzir imunidade de rebanho, com esta conotação toda para nossa população, ao invés de adotar as medidas reconhecidas pela ciência para enfrentar essa crise
Maierovitch apontou ainda que a estratégia da imunidade de rebanho implica na morte das pessoas mais frágeis. Ele criticou que a economia fosse colocada antes da defesa da vida.
"Morreriam, provavelmente, os mais frágeis, desonerando a previdência, desonerando os serviços de saúde. Ou seja, do ponto de vista econométrico poderia ter-se até um acontecimento positivo, então, aquilo que foi chamado de produção de imunidade de rebanho", continuou o sanitarista.
Plano de imunização
Cláudio Maierovitch sobre plano de imunização: 'É um plano pífio'
Maierovitch também criticou o Plano Nacional de Imunização contra a Covid, coordenado pelo Ministério da Saúde. Para o especialista, faltou, por exemplo, a definição de critérios homogêneos para o país inteiro.
O Plano de imunização que tivemos é um plano pífio. É um plano que não entra nos detalhes necessários para um plano de imunização que deve existir no país
"Não tivemos, por exemplo, critérios homogêneos definidos pelo Brasil inteiro, de forma que ficou a cargo de cada estado, cada município definir os seus próprios critérios, o que pode parecer democrático, um sistema descentralizado, mas frente a uma epidemia dessa natureza e com a escassez de recursos que temos isso deixa de ser democrático para induzir iniquidades", completou.
247 - Convocada para depor nesta terça-feira (25) na CPI da Covid, a secretária de Gestão do Trabalho e da Educação do Ministério da Saúde, Mayra Pinheiro, gravou um áudio criticando a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), ao afirmar que a instituição tem um "pênis" em sua porta e é pautada somente por questões relativas a minorias. O áudio começou a circular entre gestores da área de saúde no início de maio do ano passado e teria sido gravado em 2019, sendo um exemplo do que pensa a dirigente.
"Eles têm um pênis na porta da Fiocruz. Todos os tapetes das portas são a figura do Che Guevara, as salas são figurinhas do Lula Livre, Marielle Vive. É um órgão que tem um poder imenso, porque durante anos eles controlaram, através do movimento sanitarista, que foi todo construído pela esquerda, a saúde do País", disse.
"Eles dão as regras, mandam no Ministério da Saúde. O Conep (Comissão Nacional de Ética em Pesquisa) é a mesma coisa, o presidente do Conep é nomeado pelo Conselho Nacional de Saúde, que é uma representação popular. A gente paga pra cinco mil pessoas virem a Brasília para tirar a roupa, andar nu, fazer cocô em crucifixo", complementou.
CPI da Covid
A secretária foi alvo de quatro requerimentos de convocação aprovados pela CPI. Os integrantes da Comissão Parlamentar de Inquérito querem que dirigente explique o colapso da saúde de Manaus (AM).
Em janeiro deste ano, pacientes morreram por falta de oxigênio na capital amazonense. Pouco antes do colapso, Mayra esteve na cidade e defendeu o "tratamento precoce".
João Cezar de Castro Rocha
Não é apenas a corajosa ignorância, a expressão grosseira, o português claudicante, o horizonte-avestruz, o cérebro-casca-de-noz, mas a MENTIRA DESAVERGONHADA como forma de ação autoritária! A Fiocruz deveria processar esta senhora. Aí o mais acabado retrato do governo Bolsonaro.
Alvaro quer vacina
@alvaroborba
Esse é nível da Capitã Cloroquina. Seria delicioso se alguém a questionasse sobre o pinto na porta da Fiocruz durante a CPI.