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O CORRESPONDENTE

Os melhores textos dos jornalistas livres do Brasil. As melhores charges. Compartilhe

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O CORRESPONDENTE

26
Set22

Ao Brasil, com amor

Talis Andrade

Imagem: Yayoi Kusama
 

 

Apresentação do livro recém-lançado

de Juliana Monteiro & Jamil Chade

 

por Renato Janine Ribeiro

- - -

Amor é uma palavra onipresente em nossa sociedade. É um dos instrumentos mais poderosos do marketing atual. Amor vende quase qualquer produto. Mas por isso mesmo é importante saber o que ele quer dizer. Os estudiosos se dividem entre os que sustentam a existência de um “verdadeiro amor” e os que aceitam que haja vários tipos dele. A primeira distinção talvez seja entre um amor erótico, predatório no limite, e um amor dedicado, que no seu limite é doação, é o amor materno pelo filho. Não por acaso, nesta bela troca de cartas, tanto Juliana Monteiro quanto Jamil Chade falam da experiência que tiveram ao nascerem seus filhos.

Juliana tece uma oposição entre maternidade e guerra. Vingar, diz ela, para uma mãe, é ver seu rebento vingar, como dizemos de uma planta: é consolidar-se como ser vivo. (É muito diferente, praticamente o oposto, de vingar-se). Mães temem, por dias ou meses, talvez anos, que algo de ruim suceda a seu filho. Felizmente, acrescento eu, a mortalidade infantil despencou no último século, mercê especialmente da saúde pública, da água potável e do tratamento dos esgotos. A morte de crianças caiu, por milhar de nascimentos, de três dígitos para apenas um.

Pais não precisam mais ter inúmeros filhos para que sobrevivam um ou dois que, por sua vez, os amparem na velhice. Jamil fala do receio que teve, ao nascer seu filho Pol, de perdê-lo. Lembrei-me de Montaigne contando que teve “dois ou três” filhos que morreram em tenra infância. Comentando essa passagem, o historiador Philippe Ariès observa: qual pai, hoje em dia, não saberia se foram duas ou três as crianças que morreram na idade de 1 ou 2 anos? Haveria uma frieza maior naquela época ou simplesmente era tão comum a mortalidade infantil que já era aguardada a perda, e a memória se adaptava a ela?

Usualmente, quando falamos em amor, a tendência é distingui-lo da paixão. As definições clássicas de amor o identificam a querer o bem da pessoa amada – o que tem tudo a ver com o amor aos filhos, que antes mencionei. Mas o sentido usual de amor, na cultura atual, como a telenovela e a canção popular, está mais próximo do desejo sexual. Ora, este almeja o bem do amante mais que o da pessoa amada (ou desejada). Crimes passionais são justamente isso: se ela não vai ser minha, que morra.

Minha primeira orientadora, dona Gilda de Mello e Souza, se indignou quando Doca Street assassinou Ângela Diniz no final de 1976. E me disse algo assim: crime passional é uma farsa; para acreditar que um homem não possa viver sem a pessoa que ele diz amar, a lógica seria que ele se matasse. Matá-la e sobreviver mostra muito bem que esse suposto amor era mentira. Não era o querer bem ao outro, mas o desejo de dominá-lo.

Ora, somos inundados por uma mídia que apresenta o amor como sendo desejo, como sendo sexo. (Por isso mesmo tenho insistido em que, se é preciso termos educação sexual nas famílias e nas escolas – até para evitar a gravidez indesejada, o abuso sexual e a transmissão de doenças, inclusive fatais –, faz tanta ou mais falta educar para o amor).

Ao Brasil, com amor eBook : Chade, Jamil, Monteiro, Juliana: Amazon.com.br:  Livros

Falar de amor num tempo de ódio é prioritário, como dizem de vários modos nossos dois autores. Vivemos, entre 1980 e 2010, trinta anos gloriosos – não como os após a Segunda Guerra Mundial, cuja glória esteve no desenvolvimento econômico dos países mais ricos e na formatação de um Estado do bem-estar social, mas como os do combate à fome e do avanço da democracia nos países mais pobres, entre eles o Brasil. Saímos, em 2013, do Mapa da Fome, ao qual lamentavelmente voltamos nos governos seguintes. Parecia vitoriosa a luta pela democracia. Poderíamos imaginar a grande regressão que depois veio? Poderíamos acreditar que pessoas queridas, até parentes nossos, viriam a apoiar governos que querem a morte de tantas pessoas, inclusive de seus consanguíneos ou amigos de infância?

Não por acaso, Juliana e Jamil insistem no papel democrático do amor e das paixões a ele correlatas, como a amizade. Lembro uma passagem de Jorge Luis Borges, quando evoca a homenagem de um guerreiro medieval ao inimigo morto. Lembro também uma observação atribuída a Margaret Mead, que data a humanidade (no sentido figurado e não como espécie, como qualidade ética) do osso humano que se recompôs de uma fratura: foi preciso haver quem cuidasse do ferido, quem o amparasse, até ele cicatrizar-se do machucado.

Noto que, nos últimos meses, me deparei várias vezes com essa referência ao comentário, genuíno ou não, da grande antropóloga. Quer dizer que cresce a esperança na ideia de que a humanidade, enquanto espécie humana, tenha a possibilidade de recuperar a humanidade enquanto sentimento de compaixão e prática de cooperação.

Ou lembremos a questão da ética do cuidado, levantada umas décadas atrás por Carol Gilligan. Ela parte de uma experiência proposta por seu mestre Kohlberg sobre o desenvolvimento moral da criança. Kohlberg colocava cada criança diante de um problema: a mãe dela estava à beira da morte, dependia de um remédio caríssimo para se curar, e o farmacêutico se recusava a dá-lo a ela. O que fazer então? Assim posta a questão, ela praticamente determina uma resposta ao modo de Antígona: a ética exige quebrar a lei. Dessa maneira respondiam os meninos, mas não as meninas, que insistiam em tentar persuadir o farmacêutico. Kohlberg disso inferiu uma deficiência das meninas na compreensão do problema – e do que ele chamou de ética da justiça –, mas Gilligan o contestou. O que elas expressariam seria uma ética do cuidado, um conjunto de valores em torno da convicção de que seria possível uma solução pelo acordo, não pelo confronto, não pelo corte (lembrando que decisão contém cisão, corte, no seu âmago). O modo masculino de ver as coisas seria incisivo, cortante; o feminino seria englobante, includente.

Ora, o avanço do papel das mulheres na sociedade atual não será sinal do que podemos chamar uma feminização crescente de nossa cultura? Notem que, ao contrário do que algumas autoras criticaram em Gilligan, nada disso supõe predicar uma essência masculina ou feminina, uma natureza belicosa do homem ou compassiva da mulher. Podemos seguir sua intuição entendendo-a como uma simples referência a papéis construídos ao longo dos milênios e que foram identificados a dois suportes diferentes, um o dos cromossomos XX e outro dos XY, mas podem estar presentes em homens e mulheres.

Se recuarmos no tempo, veremos que na sociedade medieval as mulheres, ou o feminino, desempenharam papel importante na adoção de costumes mais cuidadosos e respeitosos, processo que Norbert Elias chamou de “civilizar os costumes”. Foi a presença delas que levou, por exemplo, às maneiras modernas, como não cuspir na mesa (ou à mesa), não tomar a sopa diretamente da sopeira, não assoar o nariz sobre os pratos em que se servia o alimento. Esses cuidados, que hoje às vezes são associados, retroativamente, a intuitos higiênicos, na verdade se originaram de formas de respeito. Era respeitoso em relação ao outro, e em especial à mulher, abster-se de práticas que suscitassem o incômodo ou, mesmo, o asco.

A mulher era o outro por excelência. Pretendia-se agradá-la, conquistá-la: por isso, aqueles machões medievais, comparáveis a fazendeiros grosseiros de um Brasil que felizmente foi desaparecendo, a um Paulo Honório como o que Graciliano Ramos coloca em cena no seu São Bernardo, adotam modos que eles imaginam causar prazer às mulheres, e que seriam os delas. Por isso, faz sentido pensar aqui no amor materno: o amor que Juliana e Jamil dedicam ao Brasil é um amor de mãe.

É nosso país um filho? Todo país o é. Nenhum país é uma essência prévia a seus cidadãos. Toda pátria, ou mátria se assim preferirmos, é uma criação constante do afeto. Em português, chamamos de criança a pessoinha que estamos criando. Criar, em nossa língua, não é um ato fulgurante, instantâneo, como a criação divina do mundo a partir do nada, na versão judaico-cristã. É um trabalho longo, com muito afeto investido, que dura dez anos ou mais. Até pouco tempo atrás, por sinal, era uma tarefa da mãe, mais que do pai. E não é fortuito que o ódio que nestes últimos anos tomou conta de nosso país, e de tantos outros, nas mãos da extrema direita tenha tanto a ver com um retorno furioso do machismo.

Há homens que se sentem estranhos, perdidos num mundo em que perderam os privilégios que tinham por tão só haverem nascido num determinado sexo, classe, orientação sexual: e com o declínio da democracia desde a crise econômica iniciada em 2008, eles se consideraram autorizados a vingarem-se daqueles que se atreveram a se colocarem como seus iguais, pior que isso, a pensarem que podiam lhes ensinar algo novo e diferente.

Mas é esse o caminho do futuro, o dos diferentes, do “outro por excelência”, como foi a mulher por milhares de anos: e por isso Juliana e Jamil, querendo ambos devolver amor a um país que foi pilhado pelo ódio, escrevem ao Brasil (e sobre o Brasil) a partir da alteridade europeia, mas com um coração de quem se dirige a uma criança amada.

Referência


Jamil Chade & Juliana Monteiro. Ao Brasil, com amor. Belo Horizonte, Autêntica, 2022, 136 págs.

 

 
 
 
 
 
26
Jan22

Com ajuda da Record uma concessão do governo, Igreja Universal amplia campanha de demonização da esquerda

Talis Andrade

Mundo da Meire: Provas de que Edir Macedo Investe o Dinheiro dos Dízimos E  Ofertas em Boas Obras

 

O sentimento anti-esquerda permeia as igrejas da Universal. Na Record, de Edir Macedo, há uma "cruzada para reeleger" Jair Bolsonaro

 

247 - Texto publicado nesta semana no site da Igreja Universal apresenta razões pelas quais "um cristão de verdade não pode nem deve compactuar com ideias esquerdistas". O material ideológico lista cinco supostas diferenças entre a forma de pensar de uma pessoa cristã e uma de esquerda, defendendo a ideia de que são incompatíveis, informa o jornalista Maurício Stycer, no UOL.

O texto é encerrado com uma frase do bispo billionário Renato Cardoso, genro de Edir Macedo, fundador da igreja e proprietário do Grupo Record, da RecordTV e várias outras empresas: "Se você se diz cristão e ainda vota na esquerda, há apenas duas possibilidades: ou você não segue realmente os ensinamentos do cristianismo ou os segue e ainda não entendeu o que a esquerda é verdadeiramente".

O sentimento anti-esquerda permeia as igrejas da Universal, onde o discurso é pró-Bolsonaro, pró-extrema direita. Na emissora, há uma "cruzada para eleger" o chefe de governo, segundo o jornalista Juremir Machado. O Jornal da Record chegou a exibir uma série de reportagens em que acusa, sem provas, o PT e seus dirigentes de terem sido financiados pelo narcotráfico. Quando existe denúncia que a Record foi complada com o dinheiro do tráfico internacional de cocaína. Conheça várias reportagens sobre mercadores do templo. Idem sobre religião

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05
Set21

Bolsonaro conseguiu desempregar até os desempregados

Talis Andrade

 

Deu no TwitterImage

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Enfermeira VIVA O SUS!
@clonazepaula
Meu irmão era jovem, bonito e essa filha linda pra criar. O não deu chance pra ele viver mais. As vacinas demoraram, o genocídio é plano de governo. Tristeza imensa pra uma família, indiferença para o desgoverno.
 

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Maria do Rosário
@mariadorosario
Tá vendo isso aqui, governo Bolsonaro?
Sem gás, família se queima ao usar álcool para cozinhar 
 
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Deprimida
@Oideprimida
É sobre issoImage
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  • Mateus 26,51: Nesse momento, um dos que estavam com Jesus estendeu a mão, puxou da espada, e feriu o empregado do sumo sacerdote, cortando-lhe a orelha.
  • Marcos 14,47: Mas um dos presentes puxou a espada, e feriu o empregado do sumo sacerdote, cortando-lhe a orelha.
  • Lucas 22,50: E um deles feriu o empregado do sumo sacerdote, cortando-lhe a orelha direita.
  • João 18,10: Simão Pedro tinha uma espada. Desembainhou a espada e feriu o empregado do sumo sacerdote, decepando-lhe a orelha direita. O nome do empregado era Malco.
20
Jul18

A inacreditável história do general-presidente que adotou a neta para deixar pensão militar

Talis Andrade

medici.jpg

 

 

O general Emílio Garrastazu Médici adotou a neta Cláudia Candal aos 79 anos, um ano e oito meses antes de morrer. Onze dias após a adoção, em fevereiro de 1984, declarou a então filha adotiva como beneficiária na Seção de Pensionistas do Exército. Cláudia tinha 21 anos, não residia com o avô e tinha pai vivo com emprego de alta remuneração. Leia mais 

 

 

12
Jun18

Bolsonaro Propõe Esterilizar Mulheres Pobres Para Combater Miséria

Talis Andrade

A esterilização de mulheres foi praticada no Brasil

durante a ditadura militar

 

bolsa família Oleksy Kustovsky.jpg

 

 

por Gilberto De Souza

 

Representante do fascismo nas eleições presidenciais deste ano, o deputado Jair Bolsonaro (PSL) não desce aos detalhes; mas sua receita para combater a crise econômica passaria até pela esterilização das mulheres pobres. Como pretexto, conter a criminalidade e a miséria no país. Em recente discurso, durante a marcha dos prefeitos a Brasília, afirmou que, em seu plano de governo, consta a proposta do planejamento familiar.

 

— Não estou autorizado a falar isso que botei na mesa; mas eu gostaria que o Brasil tivesse um programa de planejamento familiar. Um homem e uma mulher com educação, dificilmente, vão querer ter um filho a mais para engordar um programa social — afirmou.

 

‘Diploma de burro’

 

Nas dezenas de discursos que ele proferiu sobre o assunto, na Câmara, nos últimos 25 anos, contudo, Bolsonaro defendeu a adoção por parte do Estado de um rígido programa de controle de natalidade; com foco nos pobres. Segundo o pensamento manifestado nesse período, este seria o caminho para a redução da criminalidade e da miséria.

 

No passado, Bolsonaro afirmou que programas como Bolsa Escola e Bolsa Família serviriam apenas para incentivar os pobres a ter mais filhos . Com isso, aumentar o número de pessoas que recebem de benefícios.

 

— Só tem uma utilidade o pobre no nosso país: votar. Título de eleitor na mão e diploma de burro no bolso, para votar no governo que está aí. Só para isso e mais nada serve, então, essa nefasta política de bolsas do governo — afirmou, em novembro de 2013; no plenário da Câmara.

 

Na ditadura

 

finados marcha família.jpg

 

 

Em uma inflexão sobre o período ditatorial no país, a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) instaurada no Congresso em 1992 e encerrada em 1993, investigou denúncias de esterilização em massa de mulheres no Brasil. O programa contou com apoio direto da USAID; a agência norte-americana que implantou, na maioria dos países latino-americanos; a política de esterilização em massa entre as comunidades pobres.

 

O processo, segundo o relatório apresentado, foi colocado em prática entre outras instituições, pelo Centro de Pesquisas de Assistência Integrada à Mulher e à Criança (CPAIMC); uma instituição privada do Rio de Janeiro. A instituição mantinha um acordo operacional com a USAID, segundo a pesquisa.

 

O inquérito foi inconcluso quanto a essas acusações; mas teria marcado uma guinada histórica que influenciou o teor da Lei de Planejamento Familiar (1996); de acordo com estudo promovido pela Escola de Serviço Social da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

 

USAID

 

“A denúncia contra o CPAIMC, capitaneada por parlamentares, entidades feministas e especialistas na área da saúde e de estudos populacionais; contribuiu para a promoção do conceito de direito reprodutivo das mulheres, então discutido na sociedade, mas ainda não estabelecido legalmente”, afirma a pesquisadora Andrea Moraes Alves; professora da UFRJ e autora do estudo “A trajetória do CPAIMC: A introdução da esterilização feminina no Brasil”.

 

Além do acompanhamento das sessões parlamentares e seu contexto, o estudo percorreu a trajetória do fundador e diretor do centro, o médico Helio Aguinaga, entrevistado por Moraes Alves em 2013, aos 97 anos. Ele morreu dois anos depois.

 

O CPAIMC foi criado em 1974 por um grupo de médicos, enfermeiros e assistentes sociais do Hospital São Francisco de Assis, no Rio; e registrado no ano seguinte como “sociedade civil sem fins lucrativos”. Os recursos financeiros vieram, de início, do Fundo da População das Nações Unidas e em seguida da agência do governo norte-americano para ajuda internacional (USAID) e de várias organizações internacionais, sobretudo dos Estados Unidos.

 

Nessa época, o grande debate internacional sobre controle da natalidade tinha como motor a preocupação com a então chamada “bomba populacional” – a ideia, baseada em projeções estatísticas, de que o crescimento do número de habitantes do planeta superaria a capacidade de geração de alimentos para todos.

 

 

30
Mai18

SÍNDROME DE ESTOCOLMO De joelhos pela ditadura

Talis Andrade

alegrete alienado de joelho        .jpg

 Um alienado, ontem, na porteira de um quartel em Alegrete, 

ódio de joelho 1.jpg

repete os analfabetos políticos do golpe contra Dilma 

 

 

Um povo que fica de joelhos para reivindicar é um povo escravo.

Um povo que fica de joelhos, para pedir a volta da ditadura, o fim da democracia, da liberdade, da fraternidade, dos direitos humanos, é um povo alienado, masoquista, passivo, covarde.

 

 

Muitos não viveram os anos de chumbo da ditadura militar. Só o assédio moral na escola, no trabalho, e o medo de ser demitido pode explicar a Síndrome de Estocolmo nos pedidos de intervenção militar. Ou o assédio sexual, a tradição do incesto, que não é crime, e a cultura do estupro.  

 

adao ditadura  lambe botas.jpg

Adão 

 

O povo tem que ser livre. Tem que partir para a greve, para os protestos, gritar altar o que deseja. Reivindicar o mínimo direito, quando se ganha o salário mínimo. Quando se vive nas favelas, acossado pela polícia, que chega atirando e derrubando portas.

 

Se não tem justiça tem escracho

Por que aceitar, dando a outra face, o assédio policial, o assédio judicial, as costumeiras prisões sob vara? 

Por que a sociedade não protesta quando um preso fica mais de sessenta dias encarcerado sem julgamento?

"Bem-aventurados os que têm sede de justiça".

 

 

Temos que ir para a rua, por nossas filhas.

As filhas dos militares e dos togados, maiores de idade, recebem pensões vitalícias.

 

É o Brasil das castas, dos direitos adquiridos das elites, e nenhum direito para os pobres, inclusive os trabalhistas, que o golpe de Michel Temer rasgou a CLT, assim como o primeiro ato institucional da ditadura de 1964, implantada pelo marechal Castelo Branco, foi cassar a estabilidade no emprego dos trabalhadores.

 


A perturbadora presença dos militares na América Latina


Militarização da política de segurança traz como consequência

o aumento no poder irrestrito do Exército

 

laerte intervenção militar.jpg

 Laerte

por Manuel Alcántara Sáez

A mobilização do Exército brasileiro para reduzir os bloqueios dos caminhoneiros nas rodovias que colapsaram o país e a recente prisão de 38 militares na Venezuela envolvidos em atividades conspiratórias colocou nas manchetes a evidência de que um ator que presidiu a política latino-americana durante grande parte de sua vida republicana continua sendo um ator inevitável com poder político.

 

sto, como ensina a história, é uma vicissitude que apresenta riscos à democracia que, longe de serem imprevisíveis, fazem parte da tradição militar do continente. O envolvimento das Forças Armadas por parte do Governo de Salvador Allende para enfrentar a greve dos caminhoneiros no Chile abriu as portas para sua intervenção política e foi um fator que facilitou o golpe de Estado, assim como o ruído dos sabres na sala de bandeiras dos quarteis.

 

No Brasil, foi aprovada em outubro a Lei 13.491/17, que ampliou a competência da Justiça Militar Federal relacionada aos graves problemas do crime organizado que assola o país. A lei não confere nenhum poder à polícia civil para investigar ações de soldados que causem a morte de civis. Desse modo, é ignorada a jurisprudência da Corte Interamericana de que a justiça militar tem caráter restrito, funcional e excepcional. Na mesma direção se discute no Senado o projeto de lei 352/201725 que pode alterar o Código Penal brasileiro para qualificar como legítima defesa quando um agente de segurança pública mata ou fere quem porta ilegal e ostensivamente uma arma de fogo. A militarização da política de segurança traz como consequência o aumento do poder irrestrito do Exército e a consequente ampliação das garantias legais que acabam conferindo impunidade às suas ações. Desde a pré-campanha eleitoral no país, a oferta de Jair Bolsonaro, ex-militar e ardente defensor do legado da ditadura, que mantém altas expectativas da disputa pela presidência, é coerente com esse estado de coisas. Tudo isso, juntamente com a presença dos militares no debate político, que aumentou no calor da destituição da presidenta Dilma Rousseff e se acelerou em relação à situação processual de Lula, gera um clima de ansiedade. Nesse sentido, a posição explícita do Comandante em Chefe do Exército, Eduardo Villas-Boas, e outros generais, como Luis Gonzaga Schroeder, que declarou ao jornal O Estado de S. Paulo que se Lula não for mandado para a prisão, “o dever das Forças Armadas é restaurar a ordem”, geram um clima de opinião que pode permear o resto de uma região que começava a olhar seu futuro com algum otimismo depois da desmilitarização vivida na Colômbia. [Transcrevi trechos

 

 

 

 

 

 

28
Mai18

Filhas de militares recebem pensões que superam R$ 5 bilhões e alienados pedem a volta da ditadura

Talis Andrade

Exército estima que, pelo menos até 2060, haverá quem tenha o direito; Hoje, elas somam mais de 110 mil

 

 

 

Pensões pagas às filhas de militares mortos, muitas delas casadas e em idade produtiva, custam aos cofres públicos mais de R$ 5 bilhões por ano, mais do que toda a receita previdenciária das Forças Armadas em 2017, que ainda resistem em apresentar dados detalhados sobre um dos benefícios mais polêmico.

 

Exército estima que há filhas de militares com direito a pensão até 2060.

 

Embora o benefício tenha sido extinto no fim de 2000, ele ainda poderá ser pago nas décadas seguintes. O Exército estima que, pelo menos até 2060, haverá filhas de militares com direito a pensão. Hoje, elas somam mais de 110 mil.

 

O GLOBO tenta desde fevereiro do ano passado, via Lei de Acesso à Informação, obter a relação das pensionistas e outros detalhes, como valor, data em que o benefício foi concedido e data de nascimento da beneficiária.

 

E para acabar com a corrupção, com as mamatas, com o jeitinho brasileiro de levar vantagem em tudo, alienados  ajoelhados nas portas dos quartéis rogam pela volta da didadura.

 

LEIA: Veja quem recebe pensões vitalícias no Brasil

 

manifestantes de joelho.jpg

Ajoelhados, e de quatro, por uma ditadura militar, na porta de um quartel em Cascavel

 

alegrete.jpg

 Um maluco qualquer em Alegrete

 

volta da dita bem dura.jpg

Locaute-General ditadura.jpg

volta sem volta.jpg

 

 

 

 

 

 

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