Pedem ainda a revogação da medida que proíbe calouradas; pagamento de indenização à família de Janaína; um dossiê que reúna o nome de Janaína e de todos os alunos que denunciaram casos de assédio; e a formalização do dia 28 de janeiro como um dia de memória à estudante assassinada.
"Não foi a calourada que matou a Janaína, então a gente não vai aceitar que seja criminalizada", alegou uma estudante.
Durante a conversa, a coordenadora de Avaliação e Regulação Acadêmica, Edna Magalhães, informou que a UFPI vai lançar um Protocolo de Combate à Violência Contra a Mulher.
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Estudantes ocupam reitoria da UFPI e pedem respostas sobre estupro e morte de aluna em sala da instituição
Ao final, a reitora em exercício Regilda Moreira se comprometeu a levar as reivindicações à administração superior da instituição, para adoção de medidas.
Não posso responder sozinha pela reitoria. Me comprometo com vocês a conversar com o reitor, levar isso pra administração. E enquanto reitora em exercício, garanto que podem me procurar, porque a gente só resolve as coisas com diálogo. Sou altamente sensível a tudo que aconteceu. Às vezes não depende só da administração, mas entendam que, o que tiver ao alcance da administração, vamos fazer. E vamos fazer o mais rápido possível. Estamos abertos pra ouvir vocês, nós somos a universidade", declarou.
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Reitora em exercício da UFPI, Regilda Moreira, recebe reivindicações de estudantes — Foto Pedro Melo
A ocupação aconteceu durante segundo dia de vigília e após assembleia entre os estudantes. Os alunos retornaram ao local às 7h da manhã desta terça-feira (31).
Vigília continua e alunos denunciam assédios
No encontro, representantes de movimentos sociais pela vida das mulheres e do movimento negro denunciaram casos de assédio ocorridos dentro da Universidade Federal do Piauí (UFPI) e afirmaram que nenhuma das denúncias teve a devida atenção.

Durante vigília, amigos e estudantes da UFPI fazem homenagens para Janaína
Há previsão de uma roda de conversas com um professor do futuro curso de psicologia do campus Teresina com alunos, funcionários e quem mais tiver interesse em participar. O momento deve acontecer nesta quarta-feira (01), às 16h.
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Homenagens à Janaína Bezerra na UFPI. — Foto Andrê Nascimento / g1
A cultura do machismo e do estupro, e o estopim no caso de Janaína, bem como a perpetuação dessas práticas dentro da universidade e a falta do combate à esses atos criminosos foram também pauta na assembleia.
Em relato emocionante, a estudante do curso de História, Maria Clara, afirmou que o caso de Janaína foi um "ápice anunciado".
Não temos voz aqui dentro. Mesmo com todo o esforço que fazemos, somos assediadas. Não falamos com medo de reprovar. Mas eu sei que as únicas pessoas que podem mudar isso somos nós. Não deixem que a morte da Janaína seja esquecida”, disse.
Ela denunciou ainda já ter sido vítima de assédio dentro da sala de aula. “Um professor já me assediou e nada aconteceu. Temos medo. Porque quem coloca a ‘cara no mundo’ aqui dentro, corre o risco de ser expulsa e perseguida. Até alunos já foram denunciados como assediadores e estão impunes”, afirmou.
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Membro do Centro Acadêmico de Jornalismo, Guilherme Cronenberg (à direita), fala sobre o caso. — Foto: Andrê Nascimento / g1
O membro do Centro Acadêmico do curso de Jornalismo, Guilherme Cronemberg, comentou que poucas aulas estão acontecendo no curso, a depender dos professores.
“Ainda não há clima para estudar hoje. No Centro Acadêmico os estudantes colocaram flores e velas em homenagem a Janaína”, disse.
Segundo Guilherme, houve a ideia de deixar homenagens na porta da sala onde Janaína foi assassinada, mas que acabaram não acontecendo.
"Ontem até pensamos em começar lá e vir voltando, mas o local e o clima é muito pesado. Achamos melhor ficar aqui mesmo, na reitoria e nas homenagens no Centro Acadêmico", comentou Guilherme.
Estão presentes representantes da Associação dos Docentes da Universidade Federal do Piauí (Adufpi), do Diretório Central dos Estudantes (DCE), do Sindicato dos Trabalhadores da Universidade Federal do Piauí (Sintufpi) e do Centro Acadêmico dos cursos de Jornalismo e Matemática, representantes movimentos sociais pela vida das mulheres e do movimento negro.
Estupro e morte na UFPI
Janaína da Silva Bezerra, 22 anos, foi estuprada e assassinada na madrugada do dia 28 de janeiro, sábado, durante uma festa de calourada ocorrida no espaço do Diretório Central dos Estudantes (DCE), no campus de Teresina, na Universidade Federal do Piauí (UFPI).
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Janaína Bezerra foi morta dentro da UFPI
O suspeito, Thiago Mayson da Silva Barbosa, 28 anos, está preso. Ele é estudante do mestrado em matemática da instituição e foi encontrado com a jovem desacordada nos braços por seguranças da instituição, que conduziram a vítima e o suspeito ao Hospital da Primavera.
Conforme investigação da polícia, com base em colheita de provas e depoimentos, os dois já se conheciam e se encontraram na festa. O jovem, por usar uma das salas do mestrado para estudos, tinha a chave do local, onde levou a vítima.
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O assassino Thiago Mayson teve a prisão decretada suspeito de ter matado a estudante de jornalismo na UFPI
Ele chegou a relatar à polícia que os dois tiveram sexo consensual, até que a jovem desmaiou em dois momentos. Na segunda vez, ele saiu da sala com a jovem nos braços, segundo ele, para buscar ajuda. Os seguranças informaram, segundo a polícia, que a jovem tinha manchas de sangue nas partes íntimas e já estava sem pulsação.
No hospital, a equipe médica relatou que ela já chegou sem vida. O laudo do IML constatou que ela sofreu estupro e morreu em decorrência de ter tido o pescoço quebrado, o que pode ter acontecido por torção ou tentativa de asfixia
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