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O CORRESPONDENTE

Os melhores textos dos jornalistas livres do Brasil. As melhores charges. Compartilhe

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O CORRESPONDENTE

19
Out22

A invertida de Lula ao ataque de Jair aos moradores de favela

Talis Andrade

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por Fernando Brito

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Um dos mais fortes momentos do debate da Band se transformou na mais decisiva peça de campanha de Lula: o momento em que ele faz a defesa dos moradores de comunidades faveladas do Rio de Janeiro.

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De peito aberto, ele restitui a verdade sem meias palavras, sem aquele discurso “meia-boca” que a maioria dos políticos, depois de Leonel Brizola faz, respondendo ao energúmeno Jair Bolsonaro, que nem o nome da favela sabe (era Alemão, não Salgueiro), que afirmava que ali havia “só traficante”.

É o “só tinha traficante” que dá cobertura para os massacres que se faz ali, quando em nome de atacar bandidos, atira-se contra mulheres e crianças indefesas.

O vídeo precisa viralizar e chegar a cada um dos 1,7 milhão de moradores de comunidades do Grande Rio e aos 11 milhões de brasileiros que vivem em condições semelhantes.

Podem e vão ser decisivos para a vitória.

 

08
Jul22

Lula: "A violência tem várias razões, mas uma das principais é a ausência do Estado" (vídeo)

Talis Andrade

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Lula foi recebido, na noite desta quinta-feira (7), no Rio de Janeiro, por dezenas de milhares de pessoas, que lotaram a Cinelândia, palco das maiores manifestações populares da história da cidade. Emocionado ao se lembrar das lições da mãe e entusiasmado com a enorme quantidade de pessoas reunidas, o ex-presidente disse ter vontade de governar o Brasil para cuidar dos cariocas e de todos os brasileiros.

“Eu duvido que o estado do Rio de Janeiro tenha recebido em toda a sua história, de qualquer presidente da República, a quantidade de recursos que o PT botou neste estado. E por que nós fizemos isso? Porque o Rio de Janeiro é muito importante para o Brasil, e o Rio de Janeiro não pode ficar aparecendo nas bancas de jornais apenas por conta da violência, apenas por conta das balas perdidas, apenas por conta da morte de filhas, de irmãos, de pais de gente pobre”, discursou.

Segundo Lula, ". “Se o povo tivesse emprego, se tivesse escola de qualidade, se tivesse saúde de qualidade, se tivesse área de lazer, se tivesse cultura, se tivesse água boa, tratamento de esgoto, não teria metade da violência que tem no Rio de Janeiro”, acrescentou

 

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Hoje é um dia de gratidão ao povo do Rio de Janeiro que lotou a Cinelândia. #LulaInRio

📽️: @ricardostuckert pic.twitter.com/A3PeKIUghv

— Lula (@LulaOficial) July 7, 2022

 

Governar com o coração

O ex-presidente ressaltou que a diferença entre o seu governo e o de Jair Bolsonaro é justamente a crença de que o Brasil pode ser grande se o Estado acreditar e apoiar a população, fazendo investimentos. Foi assim que, no governo Lula, a Petrobras descobriu o pré-sal e a indústria naval multiplicou por mais de 20 os postos de trabalho.

“Agora, pergunte quanto esse genocida que está governando investiu no Rio de Janeiro. Pergunte qual foi a grande obra que ele fez. Qual foi a escola técnica, a universidade que ele fez? Qual foi o dinheiro para a saúde que ele colocou? Nada, nada, nada. Só quer tirar”, criticou Lula, referindo-se à insistência de Bolsonaro em privatizar o patrimônio nacional.

“Este país está precisando voltar a ser humanizado. Nós precisamos voltar a ser humanistas outra vez”, prosseguiu. “Quando eu era presidente, eu dizia: ‘A gente precisa pensar com o coração’. Este país, o cara não tem que governar, tem que cuidar. E cuidar de quem? De quem mais precisa”, completou.

E, segundo Lula, não é o rico ou a classe média alta que precisam do governo. “É o povo trabalhador, é o pequeno e médio produtor rural, são as pessoas quem moram nas favelas e nas periferias, são os micro e pequenos empreendedores, são as pequenas cooperativas que precisam do Estado. É para esses que nós temos que governar. Se não, a gente não vai tirar o país da desgraça em que eles meteram.”

 

Alckmin: Lula é esperança

 

O ex-governador Geraldo Alckmin iniciou sua fala fazendo referência à multidão que lotava a Cinelândia. “Quando eu vejo aqui essa grande manifestação na Cinelândia, eu entendo por que que o Bozo está com medo da urna eletrônica. É porque ele está com medo do voto do povo”, disse.

Alckmin contou que, ao percorrer o Brasil ao lado de Lula, tem notado como os brasileiros veem na volta do ex-metalúrgico a esperança de uma vida melhor. E o mesmo acontece no Rio de Janeiro. “O Rio está com saudade. Indústria naval, indústria petroquímica, Comperj, moradia, Minha Casa Minha Vida, saúde, emprego, salário mínimo valorizado, juventude com oportunidade”, enumerou, referindo-se ao governo Lula.

 

“O Rio ama Lula”, diz Ceciliano

 

O presidente da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro, André Ceciliano, pré-candidato do PT ao Senado, começou seu discurso dizendo que a Cinelândia estava lotada porque o povo do Rio ama Lula.

“A favela ama o senhor. Eles querem que você continue a fazer os complexos esportivos, as bibliotecas-parques e as milhares de casas que o senhor construiu na Rocinha, em Manguinhos e no Complexo do Alemão. Nós queremos que o senhor retome o complexo petroquímico porque o que estão fazendo ali é uma covardia”, afirmou.

Ceciliano lembrou ainda que Lula foi o presidente que mais gerou empregos, e o Rio precisa de empregos. “Quando os senhor foi eleito, a indústria naval tinha 3 mil empregos. Uma década depois, tínhamos mais de 80 mil empregos. E o Rio de Janeiro precisa de emprego, precisa de desenvolvimento social e econômico. O Rio de Janeiro precisa voltar a sorrir. E o senhor ama o Rio, nós temos certeza.”

 

Freixo: segurança e oportunidade para a juventude

 

Pré-candidato ao governo do Rio, o deputado federal Marcelo Freixo (PSB)discursou um pouco antes de receber apoio público de Lula. Freixo disse que deseja comandar o estado para que cada menino e cada menina do estado tenha oportunidade de estudo e trabalho e não seja presa fácil do crime.

“O Rio de Janeiro tem 3 milhões de pessoas passando fome, e o Rio tem 80% do petróleo nacional. Isso é porque a gente é governado por uma máfia, por um grupo de criminosos que está aqui há muito tempo e tem que ser afastado do poder”, analisou Freixo.

O deputado também defendeu uma política de segurança que não criminalize a periferia. ”A gente precisa dizer que em cada favela, em cada território, matança não vai ser segurança. A gente vai ter polícia sim, a gente precisa da polícia sim, mas de uma polícia treinada, integrada, modernizada, com equipamento e inteligência e que proteja a nossa juventude, principalmente a juventude preta, a juventude pobre e a juventude da periferia.”

 

Gleisi: “Vamos retomar o Brasil para os brasileiros”

 

A presidenta nacional do PT, deputada federal Gleisi Hoffmann (PR), pediu que todos os presentes se organizem, montem comitês populares de luta e se empenhem para rebater as fake news bolsonaristas. “Nós vamos vencer Bolsonaro sim, vamos retomar o Brasil para o povo brasileiro, e vamos fazer isso com esse movimento amplo de que precisamos, juntando todos aqueles que querem vencer o fascismo e a barbárie”, garantiu.

“O que nós temos de resultado do governo de Bolsonaro são mais de 600 mil mortes por Covid, são 33 milhões de pessoas de novo com a fome, 60 milhões de pessoas com insegurança alimentar. É a carestia dos alimentos, o preço do combustível, o desmatamento na Amazônia, a liberação de armas, o ódio que ele destila contra todos aqueles a que ele se opões. O ódio contra as mulheres, contra negros e negras, contra a população LGBT, contra a população indígena”, completou Gleisi.

Também discursaram o presidente nacional do Psol, Juliano Medeiros, e o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AC). 

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06
Nov21

Maríia Mendonça: Ele não

Talis Andrade

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O jornalista Moisés Mendes explica

"Por que a morte de Marília Mendonça nos comove

É frouxo o artista que fica à sombra dos distanciamentos, como se nada fosse com ele. Marília Mendonça desafiou a ira da extrema direita com apenas 23 anos, quando disse que não votaria no sujeito por uma questão de bom senso. 

Não era e nunca foi uma artista engajada, nem uma militante, era apenas uma artista dizendo o que pensava ali naquela hora. 

Ela disse em 2018 que era impensável votar naquele que todos sabiam (uns fingiam não saber) de quem se tratava. Participou da campanha do Ele, não, e foi o que bastou. 

Posicionou-se sobre uma questão crucial, foi perseguida e ameaçada e teve de recuar, como muitos recuaram para sobreviver. Por isso mesmo, pela perseguição e pela urgência do recuo, a breve história de Marília nos comove".

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Ele, não, em São Paulo

Ele , Não, o posicionamento da maioria dos compositores, cantores, poetas. Escute Ele, não, com Khalil Magno:

Ele é a faca que matou kantendê
Ele é a bala em marielle
Ele é o ódio à flor da pele
Ele é o sangue na favela
Ele é o mal

Onde nos quero livre ele é a jaula
A hipocrisia em ditos cidadãos de bem
Que se escondem num discurso isento
Ele é você que não se vê ao lado
De quem goza da coragem de dizer

Pro fascismo: Não mais!
Pro machismo: Não mais!
Homofobia: Não mais!
Pra transfobia: Não mais!
Para o nazismo: Não mais!
Para o racismo: Não mais!
Xenofobia: Não mais!
Qualquer fobia: Não mais!
Intolerância: Não mais!
Não mais! Não mais!
Não!

Ele não!

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09
Jun21

Kathlen Romeu: racismo tem cor e endereço no Brasil

Talis Andrade

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Por Lilia Moritz Schwarcz /Universa

O Brasil foi “inventado” pelos colonizadores europeus a partir de uma tecnologia da violência. Junto com o projeto colonial criou-se a escravidão mercantil, que pressupunha a posse de uma pessoa por outra. Por isso, só foi possível sustentar um sistema tão perverso, na base da violência diária e naturalizada contra as populações indígenas e negras.

Recebemos quase a metade dos africanos e africanas que tiveram que deixar, compulsoriamente, seu continente de origem, e distribuímos essa população, de cinco milhões de pessoas, por todo o território, dos séculos 16 ao 19. Fomos o último país a abolir a escravidão e só o fizemos depois dos Estados Unidos, Cuba e Porto Rico, com uma lei conservadora que não previu inclusão social.

Quando o sistema escravocrata já estava no final, foram também as populações dirigentes brancas que introduziram as teorias do darwinismo racial, as quais estabeleciam que a diferença entre as raças seria biológica e não histórica. Criamos, ainda, teorias do branqueamento que pressupunham que em três gerações os brasileiros seriam brancos; gregos até.

PRODUZIMOS, ENTÃO, UM RACISMO MARCADO PELA COR E PELA ORIGEM, QUE SEGMENTA A POPULAÇÃO NA BASE DO ESTEREÓTIPO FÍSICO, ASSOCIADO A UM PASSADO AFRICANO. RACISMO TEM COR E ENDEREÇO NO BRASIL.

Nos anos 1930 criamos uma imagem externa do país que em nada correspondia à realidade: a ideia de que vivemos numa democracia racial, que distribui igualdade de oportunidades a todos.

Essa é uma balela nacional desmentida pelas pesquisas oficiais que mostram como as pessoas negras morrem mais e mais cedo, ganham menos para desempenharem as mesmas funções, tem menor acesso à educação, à saúde, à moradia e aos transportes. Não somos apenas vítimas do legado pesado do passado; agimos cotidianamente para reforçar uma forma de racismo que estrutura a nossa sociedade.

Todas essas teorias, amparadas por um esquema repressivo muito bem montado, fizeram com que, por aqui, os grupos dirigentes silenciassem e tornassem invisíveis diferenças e processos de subordinação.

FIZERAM AINDA COM QUE AS ELITES DIRIGENTES SE DESSEM AO LUXO DE ‘VER’, MAS FIZESSEM QUESTÃO DE NÃO ‘ENXERGAR’ AS ATROCIDADES COMETIDAS PELA POLÍCIA, QUE TEM NAS POPULAÇÕES NEGRAS SEU PRINCIPAL ALVO.

Os jornais do século 19 publicavam, todos os dias, anúncios de fuga, venda, leilão, e seguro de escravizados, sem que ninguém se incomodasse com essa tentativa de desumanizar os corpos negros. Já hoje em dia andamos anestesiados diante da dor dos “outros”; que têm origem afro-brasileira e que moram nas periferias das cidades. Eles viraram estatística negativa.

Kathlen Romeu, que tinha 24 anos e trabalhava como designer de interiores, morreu na comunidade do Lins, na tarde desta terça-feira (8). Ela foi vítima de bala perdida numa ação da Polícia Militar na comunidade do Lins, na zona norte do Rio. Segundo moradores, ela foi assassinada durante o confronto com policiais da UPP (Unidade de Polícia Pacificadora) Lins.

Mais um assassinato sob o guarda-chuva da segurança e da proteção públicas. Segurança e proteção para quem? Não para Kathlen e outras milhares de pessoas covardemente assassinadas por forças que deveriam cuidar da população.

Já a Polícia Militar, em nota pública, informou que “os agentes foram atacados a tiros por criminosos na localidade conhecida como “Beco da 14″, dando início a um confronto”. Agentes alegaram também que apreenderam um carregador de fuzil, munições de calibre 9mm e drogas. Essa é uma nova, velha história.

DESDE QUE O BRAZIL (COM Z) É BRASIL (COM S) ASSISTIMOS IMPÁVIDOS A ESSA MATANÇA DE PESSOAS NEGRAS, QUE TEM NÚMERO DE GUERRAS CIVIS COMO OS DA SÍRIA E DO AFEGANISTÃO. POR SINAL, ABRIGAMOS A POLÍCIA QUE MAIS MATA E MAIS MORRE; O QUE NADA RESOLVE SE CONTINUARMOS A PERMITIR ESSE GENOCÍDIO COM LOCAL PRÉVIO.

Pretos e pardos — segundo dados e termos do IBGE — correspondem a 54.2% da nossa população de 212 milhões de pessoas. Não são, pois, minoria em nosso país. Mas são “maiorias minorizadas” nos direitos, na representação, no acesso à infraestrutura e à segurança.

NO SÉCULO 19, SE MATAVA E PRENDIA POR ‘SUSPEITA DE ESCRAVO’; HOJE O TERMO GENÉRICO É ‘BALA PERDIDA’.

Kathlen estava grávida de quatro meses. No seu perfil do Facebook, postou, horas antes de ser baleada: “Bom dia Neném”. Nas mídias, a futura mãe não disfarçava a sua alegria diante do futuro que a aguardava. Dizia estar “totalmente grávida”, com fome e desejos. Desejos de vida.

DIZEM QUE PESSOAS NEGRAS MORREM DUAS VEZES: FISICAMENTE E NA MEMÓRIA. KATHLEN ROMEU TINHA NOME CAPRICHADO E UMA VIDA TODA PELA FRENTE, JUNTO COM SEU BEBÊ E O NAMORADO. SEU CASO NÃO É UMA EXCEÇÃO DIANTE DESSE QUE É UM PROJETO DE ESTADO; SÓ SE FOR A ‘EXCEÇÃO QUE CONFIRMA A REGRA’.

Quando escravizados entravam no país tinham logo seu nome apagado e ganhavam outro, escolhido pelo senhor. Nas fotos do Oitocentos, amas de leite apareciam ao lado de seus pequenos senhores. Eles tinham nome, elas não.

Não podemos deixar que o nome de Kathlen Romeu caia no esquecimento e na vala comum das estatísticas. É preciso falar e lembrar de Kathlen, pois no Brasil a memória é uma forma de insubordinação e de resistência.

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