Duro mesmo é engolir ele e seu desgoverno

Do presidente da gripezinha pode se esperar de tudo, já que ele se supera e causa espanto até quando se trata de algo sadio e trivial, como encarar um franguinho com farofa
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Do presidente da gripezinha pode se esperar de tudo, já que ele se supera e causa espanto até quando se trata de algo sadio e trivial, como encarar um franguinho com farofa
por Julier Sebastião /Isso é notícia
Coisa corriqueira nestes três últimos anos, o atual mandatário da Nação foi intérprete de mais uma cena dantesca. Gravou e disseminou um vídeo comendo frango com farofa.
Até ai, nada digno de registro. Porém, a divulgação do vídeo nas redes sociais “causou”, como dizem os mais jovens.
A intenção do protagonista, mal das pernas nas pesquisas eleitorais, foi mostrar-se como alguém “do povo”, simples, humilde e com hábitos alimentares singelos, diferente do Presidente que, cotidianamente, ataca mulheres, homossexuais, negros, pobres, as vacinas, o meio ambiente, a cultura e tudo que representa um mínimo de civilidade. Divulgou-se a imagem de pessoa com hábitos simples e sem qualquer “frescura de rico”.
Como sempre, porém, a armação saiu pela culatra. O vídeo foi excluído das redes sociais pelo Ministro das Comunicações. As imagens divulgadas impressionam pela forma como o Presidente se mostra aos brasileiros, e mais ainda quando torna-se de conhecimento público o gasto do cartão corporativo presidencial de quase 30 milhões de reais durante o reinado do “acabou a mamata!”.
Nas imagens, vê-se a presença de algo absolutamente desconcertante e desconectado daquilo que é vida dos brasileiros mais pobres e extremamente fragilizados pela pandemia e seus efeitos econômicos terríveis.
Apresenta-se como normal serem os mais pobres sujos, sem regras de convivência social e que sequer sabem comer com o mínimo de higiene e limpeza.
No vídeo, o comensal se esforçou para parecer um bárbaro comendo, confundindo simplicidade com falta de educação.
As ações de governo do Presidente comensal deixam claro suas preferências e, dentre elas, não se encontra o povo humilde. Seu governo é contrário a qualquer necessidade da imensa massa de brasileiros empobrecidos pela sua política econômica.
O orçamento federal não contempla a população pobre, embora atenda o “Centrão”, secretamente, ou seja, às escondidas.
A vida do brasileiro foi transformada em verdadeiro martírio. Para exemplificar, basta que se mencione as ações do Presidente e do Ministro da Saúde para não permitir, dificultar ou atrapalhar a vacinação das crianças contra a covid-19.
Com o inicio do ano eleitoral, o Presidente-candidato busca, em desespero, desconstruir sua imagem real e se transformar em outra pessoa. Sabendo ser impossível desfazer toda a maldade já praticada e não querendo desfazê-la, teve a grande idéia de se mostrar aos olhos da população como uma pessoa desprovida de altivez, um sujeito com características modestas e que não se sente mais importante ou melhor que ninguém, apesar do cargo que ocupa. Se era essa a intenção, fracassou miseravelmente.
Quando se assiste a patética cena, a concordância com Friedrich Nietzche é imediata, pois o filósofo definiu “a humildade como uma falsa virtude que dissimula as desilusões que uma pessoa esconde dentro de si”.
Cada um tem o direito de agir na sua vida pessoal como quiser. Se escolher comer no chão suinamente, ninguém tem nada a ver com isso. Menos, é claro, tratando-se da conduta do Presidente da República! Todas as suas ações, omissões e rituais têm relevância e passam pelo escrutínio da Nação e do mundo, considerando a posição do Brasil globalmente.
Assim, quando se tem a coragem de gravar e divulgar para o mundo o “vídeo da farofa”, apresentando o Chefe do Executivo Federal como um glutão, desprovido de educação básica ao alimentar-se, ofende-se aos brasileiros, notadamente os mais pobres, e projeta-se uma imagem errônea do Brasil e de seu povo.
Reconheça-se que as ações e/ou omissões do Governo Federal, em especial, na pandemia e nos altíssimos e abusivos preços dos combustíveis, são muito mais importantes e nefastas do que a forma como o Presidente come frango com farofa. Ainda assim, apesar de o vídeo parecer de menor importância, revela-se algo muito cruel e que diz muito do atual governo, qual seja, a visão (negativa) que o Presidente tem sobre os brasileiros mais pobres e humildes.
É revelador, porque é uma peça de publicidade política/eleitoral desconectada do cotidiano do Presidente da República, que é mais afeito ao cartão corporativo, já estourado em quase 30 milhões de reais, e não aos hábitos higiênicos, educados e de boa mesa do povo pobre.
E, para finalizar, nenhum brasileiro, pobre ou rico, come frango com farofa como o Bolsonaro. Todos têm modos. “Farofafa!”.
O Sujismundo do Planalto acha que ser pobre é sinônimo de maus modos à mesa. Isso tem nome: preconceito de classe
Não é a primeira vez que o Sujismundo do Planalto tenta, à Janio Quadros –famoso por colocar talco sobre os ombros para fingir que era caspa–, encenar a imagem de “homem do povo” utilizando imagens em que se alimenta como um animal, com perdão aos animais. Ainda na campanha eleitoral, o então candidato do PSL divulgou uma fotografia onde comia pão com leite condensado sem utilizar prato, com migalhas e líquido espalhados sobre a mesa.Em maio do ano passado, no dia em que o Brasil ultrapassava a triste barreira dos 10 mil mortos pelo coronavírus, Bolsonaro saiu para andar de jet ski no lago Paranoá como se nada estivesse acontecendo e apareceu comendo cachorro-quente numa barraquinha de rua da capital de boca aberta, com restos de mastigação à vista. Aliás, seu médico já recomendou que aprendesse a mastigar direito para não ser internado novamente com obstrução intestinal. Pelo visto o conselho não surtiu efeito. (Cynara Menezes)
O presidente Jair Bolsonaro parece ter substituído o tradicional "marketing" do pastel de feira do ano eleitoral por um frango com farofa
Filho do presidente responsável pela tática caótica de comunicação do governo aparece em novo vídeo supervisionando a malfadada gravação do pai comendo frango assado na rua como um bárbaro
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