Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

O CORRESPONDENTE

Os melhores textos dos jornalistas livres do Brasil. As melhores charges. Compartilhe

Os melhores textos dos jornalistas livres do Brasil. As melhores charges. Compartilhe

O CORRESPONDENTE

30
Mar22

Moro-lavajatismo e bolsonarismo pavimentaram via do fascismo no Brasil

Talis Andrade

coco fascismo.png

 

por Jeferson Miola 

A absurda tentativa de censura do ministro bolsonarista do TSE Raul Araújo a artistas que se apresentaram no Lolapalooza traz à tona a grave realidade de entranhamento e captura do judiciário e do conjunto das instituições do Estado brasileiro pela extrema-direita.

A extrema-direita se robusteceu nos últimos anos no país com uma atuação em pinça:

[i] numa haste dessa pinça, a existência de agentes públicos atuando por dentro, corroendo e corrompendo as instituições de Estado para atuar partidariamente e interferir na política. Fenômeno notadamente marcante no Ministério Público, judiciário, polícias militares, Polícia Federal, Forças Armadas; e,

[ii] na outra haste da pinça, o protagonismo de organizações emuladas e, inclusive, financiadas desde o estrangeiro. Movimentos como MBL, Vem Pra Rua, Livres e outros, promotores de mobilizações sociais alavancadas com financiamento empresarial, respaldaram todos atentados perpetrados contra o Estado de Direito, conferindo apoio massivo e midiático das classes médias à degradação da democracia.

Think tanks como Instituto Millenium, Instituto Liberal, Instituto Mises Brasil, que atuam como centros ideológicos do grande capital para a elaboração e difusão do ideário conservador, reacionário e ultraliberal, serviram como elos de ligação das duas hastes dessa pinça.

Com impérios midiáticos cada vez mais influentes, as facções extremistas do fundamentalismo neopentecostal cumpriram e seguem cumprindo um papel central na produção de uma subjetividade odiosa e fascista em amplas camadas populares.

É notória a simbiose entre os agentes públicos que depravaram as funções de Estado e o extremismo religioso.

O “fervor religioso” é permanentemente evocado por procuradores-pastores, juízes, policiais e generais “tementes a deus” – muitos deles que, com uma retórica hipócrita, se irmanam na roubalheira em nome de deus”. A devoção religiosa” está inclusive presente no bordão eleitoral ilegalmente convertido em consigna oficial: “deus acima de todos”.

A mídia hegemônica, por meio do jornalismo de guerra para tentar, sem êxito, o aniquilamento de Lula e do PT, funcionou como vetor para a legitimação e, também, para a naturalização dos processos de corrupção institucional e de deturpação do exercício das funções públicas por juízes, procuradores, delegados federais, generais.

As duas facções contemporâneas da extrema-direita brasileira que se firmam neste processo em pinça – a Moro-lavajatista e a bolsonarista [partido dos generais] – agiram em planos paralelos nos respectivos campos de intervenção no período; mas, no entanto, atuaram de modo articulado e coordenado na estratégia comum de desestabilização política que visava a derrubada dos governos petistas para a tomada do poder.

Interessante recordar, neste sentido, as condecorações rotineiras das Forças Armadas, principalmente do Exército, concedidas a Sérgio Moro, aos desembargadores do TRF4 e de outros tribunais, assim como a outros integrantes do judiciário entre os anos 2010 e 2022.

A eleição de Bolsonaro em 2018, que exponenciou o ascenso fascista no Brasil e estabeleceu a hegemonia bolsonarista no espectro que vai da centro-direita à extrema-direita, seria impensável sem a atuação nefasta da gangue da Lava Jato na corrupção do sistema de justiça do país.

As relações convergentes e de camaradagem entre as duas facções só ficaram relativamente abaladas com a saída de Sérgio Moro do ministério bolsonarista. Nem mesmo este episódio, contudo, representou uma ruptura política irreversível no campo da extrema-direita.

A captura e a partidarização disfarçada das instituições de Estado com a conivência da mídia, em especial da Rede Globo, foi essencial para a escalada fascista.

O Moro-lavajatismo e o bolsonarismo pavimentaram a via do fascismo no Brasil. A escalada autoritária, a censura, o gangsterismo político e a “milicianização” das instituições são sintomas disso.

pacote moro anticrime fascismo.jpg

24
Out21

A cada 20 minutos, uma menina estuprada

Talis Andrade

 

 

Criança-de-comuniddae-não-gosta-de-helicopetro

Manuela D'Ávila na mídia

 
Manuela
@ManuelaDavila
Mais um triste dado levantado pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública e o Unicef: jovens negros representam 80% das vítimas de mortes violentas de crianças e adolescentes no Brasil nos últimos 5 anos. Até quando?

violenciario rio criança.jpg

É preciso proteger nossas meninas. Em estudo inédito divulgado pelo Unicef e pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, a cada 20 minutos, uma menina foi estuprada no Brasil no período entre 2017 e 2020. De todos os casos analisados, 86% foram praticados por conhecidos das vítimas, como pais, padrastos, vizinhos e tios. O estudo traz ainda orientações para frear o índice de violência contra as crianças. Entre elas, a capacitação de profissionais que trabalham com crianças e adolescentes, além da educação, de acordo com cada idade, sobre o que é violência sexual e como identificar casos de abuso. Somente com acesso a informação nossas crianças poderão compreender os diversos tipos de violência e assim pedir ajuda.Pode ser uma imagem de uma ou mais pessoas e texto que diz "FIM DA VIOLÊNCIA CONTRA MULHER POUPARIA R$ 214 BILHÕES EM 10 ANOS, DIZ FIEMG Fonte: Universa UOL FEMI NISMO"

Segundo a pesquisa Impactos Econômicos da Violência contra a mulher, feita pela Fiemg, seriam poupados em 10 anos mais de R$ 214 bilhões do PIB brasileiro se houvesse o combate a este problema. Os cálculos levam em conta o fechamento dos postos de trabalho resultantes da violência contra a mulher, que impacta na queda da renda, na redução do consumo, no faturamento das empresas e também na arrecadação de impostos. Violência é sempre ruim para todos.Ato em embaixada do Brasil em Paris usa absorventes para atacar Bolsonaro - Coletivo Alerta França Brasil/MD18 Ubuntu AudiovisualRelatores da ONU cobraram Bolsonaro sobre veto na distribuição gratuita de absorventes para pessoas em situação de vulnerabilidade social. Nosso país precisa garantir dignidade menstrual para quem menstrua. Seguiremos na luta para derrubar esse veto!

Nojento! Acusado de cometer crimes contra humanidade, Bolsonaro segue com seu projeto de morte, espalhando a absurda fake news de que quem está tomando as 2 doses da vacina está adquirindo HIV/AIDS.

zumbi suástica.gifSabem o cartaz com suástica que levaram na Câmara dos Vereadores no dia dos ataques racistas e fascistas? Conforme a delegada da Delegacia de Polícia de Combate à Intolerância, a mulher que levou alegou que recebeu um "chamado divino" para confeccioná-lo. Como pode isso, gente??!Pode ser uma imagem de 1 pessoa, em pé e interioresEu quero voltar a esse episódio para falar sobre como funcionam as redes de ódio da extrema direita. Hoje cedo, li no jornal que dois dos homens envolvidos na violenta manifestação da extrema direita são militantes do movimento cristão conservador do PTB. Não acho uma casualidade que esse seja o Partido de Roberto Jefferson, que numa manifestação recente sugeriu que invadissem plenários e atirassem em parlamentares de oposição. Aliás, essa manifestação foi o que me fez procurar o MP e denunciá-lo e que agora faz com que o supremo o investigue novamente. Muitas vezes ouvimos que esses discursos não causam nada. Sabemos que isso não é verdade. Não causam nada apenas para quem não os enfrenta. Inflamados por esses discursos e por Fake News, “lobos solitários” se movimentam e agem. O discurso falso gera um ódio verdadeiro. Foi isso que vimos na Câmara de vereadores dessa semana. Por isso, a importância de identificar e punir quem produz e distribui os conteúdos falsos e de ódio. Eles são a raiz. Mais um abraço cheio de carinho pras minhas camaradas Daiana e Bruna.

📷 Lucas Leffa

 

 
23
Out21

Mais uma vez, a casa da ativista trans Renata Borges foi invadida

Talis Andrade

Casa de Renata Borges revirada

 

Militante entende as invasões como ameaças à sua luta pelos direitos humanos

 
22
Out21

ABMD repudia ameaças a Joaquim de Carvalho e exige ação da polícia e da Justiça

Talis Andrade

fakeada por jota camelo.jpeg

 

 

 

A Associação Brasileira de Mídia Digital divulgou nesta sexta-feira (22) nota de apoio ao jornalista Joaquim de Carvalho, do 247, que está sendo vítima de ameaça por um homem ligado a Jair Renan Bolsonaro

O presidente da ABMD, jornalista Florestan Fernandes Jr, denunciou que pessoas que atuaram como seguranças formais e informais do presidente e de seu filho Jair Renan, durante a campanha de 2018, passaram a ameaçar o jornalista Joaquim de Carvalho e sua família, em razão das apurações jornalísticas sobre a fakeada.

"Já foram solicitadas investigação policial e proteção judicial para Joaquim de Carvalho e seus parentes", diz Florestan. 

Ao 247, Joaquim de Carvalho contou que  o autor da ameaça se chama Allan Gustavo Lucena do Norte. "Fui ameaçado e, se algo acontecer a mim ou alguém da minha família, a responsabilidade deve ser atribuída a Allan Gustavo Lucena do Norte, que foi investigado no caso que envolve a suspeita de lobby juntamente com Jair Renan Bolsonaro".Allan Gustavo Lucena do Norte - ISTOÉ Independente

Lobista Jair Renan e Allan Gustavo Lucena do Norte, vulgo Leão Penteado

 

O jornalista Joaquim de Carvalho, que trabalha na produção do documentário "A máquina de fakeadas da extrema-direita", explicou:

"No documentário que estou realizando sobre a máquina de fake news e o caso Adélio-Bolsonaro, apuro o envolvimento do agente Polícia Federal Luís Felipe Barros Félix num caso de arapongagem em Brasília que teve Allan Gustavo Lucena do Norte como alvo"

A Associação Brasileira de Mídia Digital solidariza-se com o jornalista Joaquim de Carvalho, do portal Brasil 247, e com a família dele. Profissional de rara competência, Carvalho apura há semanas reportagens especiais sobre produção de mentiras em escala industrial pelas falanges comandadas a partir do grupo político do bolsonarismo e de seus braços operacionais na mídia e nas redes sociais. Pessoas que atuaram como seguranças formais e informais do atual presidente da República e de seu filho Jair Renan durante a campanha de 2018 passaram a ameaçar o jornalista e a família dele em razão das apurações jornalísticas. Já foram solicitadas investigação policial e proteção judicial para Joaquim de Carvalho e seus parentes. 

A ABMD coloca-se à disposição do jornalista e do Brasil 247 para quaisquer ações que se façam necessárias a fim de proteger a vida do profissional e de seus familiares e a liberdade de imprensa. Nunca é demais lembrar que o Brasil é considerado zona de risco para a imprensa livre pela organização Human Rights Watch, tendo passado a frequentar essa vergonhosa lista de Nações que não prezam pela vida de jornalistas independentes desde a ascensão de Jair Bolsonaro à Presidência.     

Os irmãos de Adelio Bispo, que moram em Montes Claros (MG), preferem não ter os nomes divulgados. Eles têm medo da exposição e de represálias.

“A gente está levando a vida, né? Não pode parar. Temos que continuar vivendo. A gente fica muito sentido. Às vezes eu deito na cama à noite e fico pensando, mas não chego a conclusão nenhuma”, fala o homem de 54 anos, que é o mais velho entre os cinco irmãos. Todos os parentes estão proibidos de contatar Adelio. Inclusive todos temem que ele seja assassinado antes das eleições de 2022, uma morte anunciada pelo jornalista Joaquim de Carvalho. 

Logo depois da fakeada, duas pessoas morreram, em 2018, na pensão em que morava Adelio Bispo, prisioneiro incomunicável da Polícia Federal. Que Bolsonaro pretende novamente explorar eleitoralmente. Gazeta do Povo publicou em 11.05.2020: 

Segundo o advogado Frederick Wassef: "Testemunha ainda anônima foi responsável por segurar e conduzir Adélio Bispo para um prédio logo após a facada que ele desferiu em Bolsonaro. 'Fui procurado por esta pessoa, que é quem detém Adélio. Há uma testemunha que o detém e o conduz até um prédio e ali eles ficam por um tempo. Sim, essa pessoa esteve por um tempo a sós com Adélio e tem gravação disso, vou levar à Procuradoria-Geral e à Polícia Federal', disse o advogado, durante o programa Aqui na Band. Wassef evitou dar mais detalhes: 'não estou imputando nada a ninguém, apenas relatando fatos', afirmou".

Acrescenta a Gazeta do Povo: "O caso voltou à tona após a demissão do ex-ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro. O presidente da República nunca se conformou com o resultado das investigações, de que Adélio agiu sozinho, e voltou a citar o assunto em tom de insatisfação no pronunciamento que fez após Moro pedir demissão. 'Foi um lobo solitário. Como pode um lobo solitário com três advogados? Quatro celulares? Inclusive, andando pelo Brasil', questionou".

Joaquim de Carvalho já desmoralizou todos as historietas de Wassef e os argumentos de Bolsonaro no documentário "Bolsonaro e Adélio - Uma fakeada no coração do Brasil": 

 

02
Set21

Bolsonaro segue blefando com Sete de Setembro

Talis Andrade

 

por Fernando Brito

- - -

Jair Bolsonaro – provavelmente repetindo algo que ouviu falar – apelou hoje para uma frase do romano Flavius Vegecio, que passou à história como Se vis pacem, para bellum – Se queres a paz, prepara-te para a guerra.

Numa homenagem a atletas medalhistas em Tóquio que são mantidos pelas Forças Armadas, depois de um conselho “esportivo” dado a um boxeador – “Enfia a porrada, Hebert [Conceição, medalha de ouro]!

Ok, mas para qual guerra e contra quem se prepara Bolsonaro. Guerra às urnas, se vão se delineando contra ele? Contra o Supremo, que tem colocado limites aos urros armamentistas de seus adeptos? Contra os 60% dos brasileiros que o consideram ruim ou péssimo presidente?

Qual seria a “oportunidade para o povo brasileiro (que nunca) foi tão importante ou será importante quanto esse nosso próximo 7 de Setembro”? O “o norte para todos nós que estamos em Brasília”, o que será ““um recado para o Brasil e para o mundo, dizendo para onde esse país irá”?

A menos que tenha havido uma capitulação das Forças Armadas aos desejos golpistas, tudo indica que estamos diante de um grande blefe, esperando que todos recuem e deem poderes imperiais ao presidente da República diante dos urros e gritos de sua falange, rebocada por ônibus fretados, dinheiro como o apreendido com o prefeito de Cerro Grande, um certo Gilmar João Alba ( do PSL bolsonarista e conhecido como “Gringo Loco”) e por “ordens unidas” dentro das polícias militares.

Não importa quanta gente irá, mas o seu grau de selvageria.

Qualquer transbordamento, com tentativas de invasão ao Senado ou ao Supremo vai ser debitado a ordens presidenciais e gerar consequências. A menos que se feche o Supremo, o que beira a impossibilidade e que, politicamente, não se faz com um cabo e um soldado.

Tenho insistido que Bolsonaro se comporta como um jogador, ambicioso e imprudente.

Ele próprio disse ter três opções: vitória, morte ou prisão.

A vitória não está ao alcance de um autogolpe, a morte é inevitável para todos e a prisão, bem , a prisão é sugestão dele próprio.

cercadinho bozo direita e avesso.jpg

 

30
Ago21

O impeachment que Bolsonaro queria e Rodrigo Pacheco não deu

Talis Andrade

 

por Wilson Gomes /Cult

O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, resolveu não seguir o exemplo de Arthur Lira e colocar para dormir, em uma de suas gavetas, o pedido de impeachment do ministro Alexandre de Moraes, feito, com pompa e circunstância, pelo presidente da República. Não se passou nem uma semana e Pacheco veio a público nesta quarta-feira (25) para dizer que estava rejeitando a denúncia feita e determinando o arquivamento do processo.

Para não dar ares de decisão monocrática ou inteiramente política, Pacheco disse ter pedido um parecer jurídico à Advocacia Geral do Senado acerca do fundamento da denúncia, que teria como base a Lei nº 1.079. A AGS teria concluído, segundo ele, “que carece para o pedido a chamada justa causa”, não havendo correspondência entre as acusações feitas e as condições tipificadas na referida lei. “Consequentemente, a recomendação da AGS é pela rejeição dessa denúncia. Essa manifestação é pela Presidência e por mim acolhida”, disse ele.

Pacheco sabe de leis, foi uma carreira bem-sucedida como advogado criminalista que o levou à política. Por outro lado, foi apoiado por Bolsonaro na sua disputa ao Senado por Minas Gerais em 2018, surfando na onda da direita para enfrentar a competição com Dilma Rousseff. Além disso, sabe-se que faz parte do núcleo do DEM que se inclina mais fortemente para o bolsonarismo. Por fim, dá-se o fato de que o presidente alugou o apoio do condomínio dos partidos fisiológicos conhecidos como Centrão, do qual o DEM de Pacheco faz certamente parte, pagando muito caro para ser protegido. Alguma coisa ele esperava como recompensa por tão grande investimento.

Não era, portanto, um movimento fácil ter que lidar com esse pedido-bomba do presidente da República.

Pacheco também sabe de política e claramente entendeu o que estava em jogo. Bolsonaro simplesmente quer passar por cima de tudo e a simples admissão da denúncia já seria um desastre. Do lado de Bolsonaro hoje, na guerra declarada contra o Judiciário, só estão os mais fiéis membros da seita bolsonarista.

Por isso mesmo, não se fez de rogado. Sopesou perdas e ganhos, sentiu para onde sopra o vento, e resolveu apostar na sobrevivência das instituições e contra o furor absolutista do presidente. “Quero crer que esta decisão”, declarou suntuosamente em pronunciamento, “possa constituir um marco de reestabelecimento da relação entre os Poderes, da pacificação e da união nacional que tanto reclamamos.” Na verdade, deve ter pensado: Bolsonaro que resolva lá o seu B.O., não vou participar disso, prefiro ficar bem com o STF e garantir paz e tranquilidade para as minhas operações no mercado político.

Dá para entender por que Pacheco resolveu não ser acólito da loucura proposta, mas por que não empurrou o pedido de impeachment com a barriga, como o faz há meses o presidente da Câmara com as denúncias contra o próprio Bolsonaro?

Duas hipóteses.

Primeiro, porque Pacheco sente que não há mais como ignorar a escala autocrática de Bolsonaro, que, com o pedido de impeachment de um ministro do STF, esgotou todas as possibilidades de garroteamento do Judiciário ainda dentro do marco constitucional. O próximo passo, se houver um, teria que ser já fora das “quatro linhas da Constituição”. Cozinhar em fogo brando os desejos de Bolsonaro significava manter acesa dentro do próprio Senado uma bomba capaz de destruir a República. Melhor cortar logo o pavio e acabar de vez com essa agonia.

Segundo, porque Pacheco não é estúpido e sabe que a usina de dramaturgias de Bolsonaro simplesmente o havia incluído como personagem de um dos seus enredos, o drama A fantástica história de um ministro do STF que nem deixa o presidente governar nem os conservadores serem felizes. Ser envolvido nas narrativas do bolsonarismo pode ser bom negócio para os membros da seita, mas para a imagem do presidente do Senado seria um problemão. A aproximação com o presidente cobra hoje um custo altíssimo em termos de imagem pública, que só os incautos gostariam de pagar. Vejam quanto custou a Sérgio Reis, em termos de imagem e dinheiro, aquelas manifestações públicas de adesão incondicional a um Bolsonaro desprezado por quase todos.

Fanáticos pagam esse preço, pragmáticos, como Pacheco, querem distância disso. A proximidade de Bolsonaro é péssima para os negócios, para quem vive das operações de fisiologismo e clientelismo político, da troca de apoio legislativo por acesso às nomeações e aos cofres públicos. O PP, o PL e o DEM querem o dinheiro e os cargos que passam por Bolsonaro, não uma vida de casal e amor sincero. Querem uma distância prudente e um ambiente sem sustos institucionais para as operações políticas da vida como ela é. Nada de mãos dadas, nada de beijos em público e, sobretudo, nada de embarcar em aventuras e loucuras.

Bolsonaro é hoje um navio indo a pique, do qual certas agremiações de baixa convicção republicana vão retirar tudo o que puder ser aproveitado, mas só enquanto os botes salva-vidas estiverem ao alcance da vista e do braço.

16
Mar21

Onde está a PF para saber quem ameaçou “quase ministra”?

Talis Andrade

 

por Fernando Brito

Imagina-se que o Ministério da Justiça esteja, neste momento, despachando equipes para o hotel onde ficou a Dra. Ludhmila Hajjar, para obter as imagens de câmaras de segurança que registraram as imagens das pessoas que, segundo ela declarou ao G1, tentaram acessar seu quarto alegando serem “de sua equipe”.

Se não pertenciam, como ela garante, certamente eram pessoas que procuravam intimidá-la ou, pior, agredi-la, para que o governo Bolsonaro não nomeasse uma “esquerdopata” e “médica da Dilma” para o cargo de Ministro da Saúde.

Os grupos de assalto bolsonaristas agem assim e vão continuar agindo se continuar a não haver consequências de suas atividades intimidatória.

Começaram lá atrás, com o ataque à casa do falecido ministro Teori Zavascki, à época em que eram esquadrões “moristas”, que decaíram a Falanges do Capitão.

O senhor André Mendonça não precisa esperar ordens de Jair Bolsonaro para agir. Ele não as dará, mesmo sendo a Dra. Hajjar sua convidada e, portanto, digna de proteção ainda mais cuidadosa do que aquela que seria devida a qualquer cidadã.

- - -

Nota deste correspondente: Ludhmila Hajjar era uma convidada de Jair Bolsonaro. Somente ele sabia da presença da médica em Brasília. Sabia a hora de chegada, nome do hotel. Marcou o dia e a hora de um encontro. Audiência para tratar do honroso convite para substituir um incompetente general da ativa, Eduardo Pazuello, no ministério da Saúde. Quem, da compadrice palaciana, quebrou a confidencialidade, e ameaçou a vida de uma cientista de renome internacional?Image

Charge do Zé Dassilva: oportunidade de emprego | NSC Total

Mais sobre mim

foto do autor

Subscrever por e-mail

A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.

Arquivo

  1. 2023
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  14. 2022
  15. J
  16. F
  17. M
  18. A
  19. M
  20. J
  21. J
  22. A
  23. S
  24. O
  25. N
  26. D
  27. 2021
  28. J
  29. F
  30. M
  31. A
  32. M
  33. J
  34. J
  35. A
  36. S
  37. O
  38. N
  39. D
  40. 2020
  41. J
  42. F
  43. M
  44. A
  45. M
  46. J
  47. J
  48. A
  49. S
  50. O
  51. N
  52. D
  53. 2019
  54. J
  55. F
  56. M
  57. A
  58. M
  59. J
  60. J
  61. A
  62. S
  63. O
  64. N
  65. D
  66. 2018
  67. J
  68. F
  69. M
  70. A
  71. M
  72. J
  73. J
  74. A
  75. S
  76. O
  77. N
  78. D
  79. 2017
  80. J
  81. F
  82. M
  83. A
  84. M
  85. J
  86. J
  87. A
  88. S
  89. O
  90. N
  91. D
Em destaque no SAPO Blogs
pub