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Momento em que o deputado Eduardo Bolsonaro parte para cima do deputado Macron na Comissão de Trabalho da Câmara
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Vendilhões, impostores disfarçados de “pastores” mobilizaram multidões nas redes sociais com supostas profecias e revelações sobre intervenção militar, ataque aos Poderes e retorno de Bolsonaro à Presidência. Um insulto à inteligência e à civilidade.
Neste documentário, nosso repórter João Fellet explica como religião e política se mesclaram e como isso influenciou os atos de 8 de janeiro, quando os prédios dos três Poderes foram invadidos e depredados em Brasília. Confira.
No dia 29 de abril de 2018, o deputado federal Jair Bolsonaro, ainda como pré-candidato à presidente, esteve no Congresso Gideões Missionários da Última Hora (GMUH), a convite do pastor Reuel Bernardino. E recebeu oração abdominal. Isso antes da fakeada...
Pastores usam profecias para convocar 'guerra santa' por Bolsonaro - BBC News Brasil
Líderes religiosos atraem centenas de milhares de seguidores nas redes sociais com mensagens que dizem ter recebido de Deus; discursos incluem visões sobre intervenção militar, explosão no STF e retorno de Jair Bolsonaro ao poder. Em 15 de novembro, Lucas Moreira, filho da pastora, postou um vídeo ao lado da mãe numa manifestação que bloqueou a rodovia BR-101. "Nós fazemos a nossa parte, Deus faz a dele, há tempo de paz e há tempo de guerra", afirmou a pastora.
Crédito, Pastora Valdirene Moreira tinha mais de 300 mil seguidores quando o YouTube derrubou seu canal; desde então, recorreu aos canais dos filhos e criou novas páginas para continuar publicando na plataforma.
Crédito, O ex-vereador de Fortaleza Reginaldo Rolim, que se define também como apóstolo e profeta no Ministério Atalaia do Deus Vivo, um pequena igreja no Ceará. Em 29 de outubro, na véspera do segundo turno, Reginaldo disse ter recebido a seguinte revelação: Bolsonaro ganharia a eleição, mas Lula seria declarado o vencedor. "Muitas pessoas dizem que Bolsonaro ia dar um golpe militar, só que eu via que o Exército é que tomava a frente, intervinha nas eleições e divulgava algo que estava em oculto e que estava sendo tramado há muito tempo atrás", diz o pastor.
A atualidade do combate ao escravismo
“Os exemplos brasileiros mostram que você tem que colocar o país em recessão para recuperar a credibilidade” – Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central
Por Roberto Amaral /Pedro Amaral /VIOMUNDO
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Chegamos ao terceiro milênio do que conhecemos como mundo civilizado, quinhentos anos de terra, natureza e homens depredados, dois séculos de país independente, ainda em busca da dignidade: em 2023 navegamos na periferia do capitalismo a cujo anti-humanismo intrínseco acrescentamos a miséria de brutal concentração de renda e riqueza, ou seja, de desemprego e fome, uma espécie de escravismo em plena revolução tecnológica.
Somos campeões de desigualdade mesmo entre os mais pobres: 1% dos brasileiros mais ricos controla 31% da riqueza nacional. O Brasil é o segundo país com maiores desigualdades dentre os membros do G20 (o primeiro é a África do Sul).
A renda média nacional de nossa população adulta é R$ 43,7 mil, sendo que os 10% mais ricos, com renda de R$ 253,9, são donos de 58,6% da renda total do país (dados do World Inequality Lab).
Aqui a classe dominante festeja o desemprego, e um Banco Central autônomo em face dos interesses nacionais combate o desenvolvimento impondo ao país uma taxa de juros que sufoca a atividade produtiva, ao tempo que atribui a persistência inflacionária à queda das taxas de desemprego e aos reajustes salariais, que abjura.
Quando o Banco Central aumenta os juros, seu objetivo claro é reduzir os investimentos produtivos (aqueles que criam emprego e fazem girar a economia) e, na sequência, o consumo das famílias (cujo poder de compra cai), criando um círculo vicioso que termina por promover a recessão, como, aliás, vimos no experimento do ministro Joaquim Levy em 2015.
A chamada “autoridade monetária”, dispensada de prestar satisfações à sociedade, usa a ociosidade mórbida da economia, de particular o freio na já agônica atividade industrial, como medida anti-inflacionária e lamenta (lamenta o BC e lamenta a Faria Lima) que o desemprego tenha caído menos que o projetado, e que menos que o projetado tenha caído o consumo das famílias, adiando a recessão também projetada.
O cenário, no curto e no médio prazos – os tempos que nos interessam, pois no longo prazo todos estaremos mortos, como lembrava o esquecido Lord Keynes – é o encontro da recessão com a política contracionista imposta pelo Banco Central, com seu rol inefável de perversidades: retração da economia, concentração de renda, desemprego e fome.
No segundo ou terceiro maior produtor de alimentos mundo, nada menos que 61 milhões de pessoas passaram dificuldades para se alimentar em 2022, nada menos que 33,1 milhões não têm garantido o que comer (dados do Segundo Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar).
Nosso país, sob o reino do agronegócio, está, desde 2018, de volta ao Mapa da Fome.
Burocratas, empresários e prepostos de empresários e banqueiros pensam em uníssono (todos estudaram nas cartilhas da Escola de Chicago traduzidas pela Fundação Getúlio Vargas), e chegam às mesmas conclusões, porque em suas equações não há espaço para o elemento humano.
Samuel Pessôa, escrevendo em julho de 2015 (“Luzes no final do túnel”) e comentando relatório do IBGE, comemora a queda dos rendimentos dos trabalhadores como fator deflacionário:
“A boa notícia foi a queda de 5% do rendimento médio real. (…) A ´boa notícia`, portanto, foi que os salários nominais têm crescido a taxas cada vez menores (…)”.
Já em nossos dias, o Valor (24/4/2023), em coluna assinada pelo repórter Alex Ribeiro, registra que a inflação não cai, apesar da política de juros altos, porque “a taxa de desemprego não vem subindo, até agora, da forma esperada e os reajustes de salários estão mais fortes do que o Banco Central antecipava”.
O governo se empenha na promoção de emprego e renda, o Banco Central se empenha em gerar desemprego.
O governo precisa investir para promover o desenvolvimento econômico; o BC, expressando a vontade da Faria Lima, cobra a redução de gastos e impõe o “equilíbrio fiscal” – e, assim, e a um só tempo, desorganiza a produção, promove o desemprego e reduz o poder de compra da população.
Confessadamente persegue a recessão e já nos deixa próximos do casamento da estagnação com a inflação.
Segunda maior concentração de renda do planeta, convivemos com a maior taxa de juros reais: 9,1%, contra -0,7% do Canadá, 0% dos EUA, 4,4% do México, 2,2% da França, -4,2% da Itália, 4% da Rússia em guerra, 2,9% da China, -4,2% da Turquia e -3,2% do Japão (fonte: https://tradingeconomics.com/).
Nada obstante a realidade, o presidente do BC reafirma que a meta da instituição é combater a inflação mediante a elevação dos juros, e sua vontade é, nas circunstâncias, imperial.
Mas ainda não é tudo, porque a casa-grande é insaciável.
Impõe o culto do ajuste fiscal, mantra do monetarismo que conquista almas à direita e à esquerda, sem necessidade de demonstração.
Assim não se discute, nem no governo nem no Congresso, e muito menos na academia e nos sindicatos, o caráter do modelo econômico que nos é imposto pelo grande capital – sem que tenha por trás de si o amparo da soberania popular que é o arrimo do mandato do presidente Lula, a quem é imposto um modelo de país e de economia que nega o pronunciamento eleitoral do dia 30 de outubro do ano passado.
E nega, acima de tudo, as necessidades de desenvolvimento do país, que requer gastos, investimentos em infraestrutura e saneamento, em saúde, em educação, ciência e tecnologia, além de incentivos à necessária e urgente recuperação da indústria manufatureira.
O país, inerme, não se dá conta dessa violência contra a soberania popular e as bases da democracia representativa, que é a usurpação do poder pelo Banco Central.
A esquerda de um modo geral absorveu o discurso do “equilíbrio fiscal” defendido pelos donos do poder.
Trata-se de um modelo verdadeiramente de fundo escravista, revela o ranço da casa-grande: um modelo baseado na manutenção de baixa atividade econômica, elevado desemprego e achatamento dos salários, tudo para garantir as taxas de lucro do capital.
É o desespero do pobre que garante o “equilíbrio” exigido pelos donos do poder.
Abandonada a alternativa industrial-desenvolvimentista, pela qual oportunamente optaram as grandes potências de hoje, somos, lembrando a origem colonial, uma grande província agroexportadora das commodities requeridas pelo chamado “ primeiro mundo”.
Os principais produtos comercializados pelo Brasil no último ano foram soja (14%), óleos brutos de petróleo ou de minérios betuminosos, óleos crus (13%) e minério de ferro in natura e seus concentrados (8,6%), reforçando o setor primário como protagonista da economia do país (https://www.domaniconsultoria.com). No terceiro milênio como na colônia, no império e na república velha.
Padecemos os males essenciais do capitalismo e contribuímos com a iniquidade de monstruosa desigualdade de renda, que aumenta a pobreza e aprofunda o atraso, na mesma medida em que concentra o poder nas mãos de uma minoria mínima de biliardários desvinculados da produção de riquezas e da geração de emprego.
Nossa burguesia, isto é, a burguesia aqui instalada, se conforma como procuradora da banca internacional.
Naturalizamos a violência em todos os modelos imagináveis, desde o genocídio das populações nativas (recentemente reavivado pelo bolsonarismo), e o escravismo, larvar, ostensivo, da colônia e do império, até, na modernidade capitalista, as mais variadas formas de trabalho análogo à escravidão.
Não me refiro apenas às formas clássicas de exploração do trabalho humano no campo, a corveia, a meação, a exploração do agregado, do morador.
Mas já a formas de espoliação que a imprensa identifica como “similares à escravidão” encontradas nas modernas vinícolas do Sul desenvolvido de hoje.
A herança escravagista e colonial, a ocupação predatória da natureza e dos homens na terra achada, são essenciais na moldagem da sociedade brasileira de nossos dias, exacerbadamente excludente, mas não encerram a história toda.
É preciso ter sempre em conta o papel crucial desempenhado pela classe dominante aportada e aqui criada.
A renúncia a um projeto próprio de sociedade, a opção consciente pelo atraso, pelo agrarismo e pela dependência econômica, política e cultural, o império autoritário e a república sereníssima, sem povo, obra de nossas elites, são essenciais na moldagem da história presente.
Coloca-se para o governo de centro-esquerda a resistência, e para os socialistas a denúncia do modelo político-econômico que aí está.
O modelo capitalista vigente, que, de um lado, exige a expansão da fronteira agrícola para garantir superávits das exportações no mercado global; de outro, tem como pré-condição a produção crescente de pobreza e miséria (pilar do “equilíbrio fiscal”), o que, por exemplo, empurra ribeirinhos e demais trabalhadores precarizados para dentro das reservas indígenas, em busca de sobrevivência – objetivo que a imensa maioria persegue.
A preservação do meio ambiente tanto quanto o combate à fome e ao desemprego está ameaçada pela simples continuidade do modelo – ainda que não tenhamos mais um facínora na presidência.
O grande tema da atualidade brasileira, neste 2023, portanto, é a abolição da escravidão.
Juros altos e dólar nas alturas bom demais para dono de empresas nos paraísos fiscais e traficantes de moedas
O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto tão honesto quanto o avô que enriqueceu com a ditadura militar de 64, disse nesta sexta-feira (21) que, se os juros não estivessem altos no Brasil, a taxa de inflação ficaria em 10% em 2023, não 5,8%, como previsto pelas projeções.
Ele afirmou ainda que a taxa Selic precisaria estar em 18,75% hoje para frear o aumento de preços no país. Pelos preços nas alturas, o brasileiro nada compra, porque não tem grana, e as indústrias estão fechando, coisa da mistura de Campos Neto com Bolsonaro.
Bolsonaro colocou o negro de castigo com fome. E envenenou com mercurio os rios dos indígenas. É o Brasil colônia com lanterna na popa, recebendo joias do Ali Babá das Arábias (Quem foi governo, e não roubou nos tempos de Bolsonaro presidente, levante a mão)
Campos Neto, dono de empresas offshore, tem sido alvo de críticas do governo Lula, parlamentares e empresários pela decisão de manter, em março, a taxa básica de juros em 13,75% — patamar em vigor desde o início de agosto de 2022. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) argumenta que os juros altos emperram o crescimento da economia.
"O Banco Central fez a maior alta de juros num ano de eleição na história do mundo. Isso mostra que o BC atua de forma bastante independente. Na política monetária, quando você age antes, o custo é menor", disse Campos Neto em palestra na conferência da Lide, em Londres. Isso, sim, é vender o Brasil do futuro lá fora, o Brasil do Brics. Isso, sim, é chamar o capital europeu para investir no Brasil de Lula.
"Se a gente não tivesse subido os juros, a inflação não seria 5,8%, seria 10% em 2023 e 14% no ano seguinte. E a taxa de juros estaria em 18,75%."
Falando para uma plateia de empresários, ex-ministros da Fazenda, ex-presidentes do Banco Central e parlamentares, Campos Neto defendeu repetidas vezes a autonomia do Banco Central. O quinta-coluna não quer perder a boquinha.
Segundo ele, embora o "anseio dos juros seja político" o trabalho do Banco Central "é tecnico".
"O timing técnico é diferente do timing político, por isso a autonomia é importante. O custo de combater inflação é alto e sentido no curto prazo, mas o custo de não combater é mais alto e perene", afirmou.
Ele citou a Argentina como exemplo de país que viu a inflação ficar descontrolada depois de reduzir juros, abandonar metas de inflação e retirar a autonomia do Banco Central. Campos pra tudo cita os hermanos como exemplo. É leal dependente do Tio Sam, como era o avô, tanto que alarda uma única moeda para todo o vasto mundo. Moeda só existe o dólar. Ele não tem complexo de vira-lata, não. Tem ganância de investir no dólar. Suas empresas vão bem, obrigado. O dólar sobe, o presidente do Banco Central do Brasil fica mais rico, e pra provar que caminha certo no passo de Midas cita, novamente e sempre, a Argentina.
"Será que vale seguir sistema de metas? Olhamos países que tinham sistemas e abandonaram. A Argentina aumentou meta para ter flexibilidade. Depois abandonou o sistema de metas e a autonomia do BC, e a inflação acelerou", disse.
Para o presidente do Banco Central a taxa Selic alta se justifica porque previsões econômicas para os próximos anos no Brasil se deterioraram.
"De novembro para cá, as expectativas começaram a se deteriorar, tanto para 2025 quanto 2026", agoura Campos Neto, o profeta do fim do Brasil. O Brasil quebrado, pária, republiqueta de bananas, com um presidente do Banco Central terceiro mundista aqui, e Primeiro Mundo nos paraísos fiscais. O Roberto Campos cria de Paulo Guedes, com suas empresas estrangeiras, e seus ideais da extrema direita fascista, que nem o avô, que também levou uma fakeada tal Bolsonaro.
Jornal do golpe de 1964 dá curso a plano de Bolsonaro de forjar ligação da facção criminosa a Lula e ao PT
por Joaquim de Carvalho
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O evento de Juiz de Fora que decidiu os destinos do Brasil entre 1o. de janeiro de 2019 e 1o. de janeiro de 2023 ainda tem muitos pontos de interrogação e um jornal do tamanho da Folha de S. Paulo, em vez de dar respostas, coloca mais dúvida.
Poderia ser apenas mau jornalismo, mas, pela reincidência, parece cumplicidade. No caso de Juiz de Fora, a dúvida interessa a quem procura construir a narrativa de crime encomendado. Bolsonaro é declaradamente um desses.
Aos fatos: o jornal publica nesta quarta-feira (19/04) reportagem com o título "Apuração da PF cita elo entre PCC e Adélio, mas direção vê tese furada". O texto longo não chega a lugar nenhum, mas serve como adubo a quem quer propagar desinformação.
Um advogado da banca de Zanone Júnior recebeu R$ 315 mil de empresas usadas pela facção criminosa para patrocinar defesas jurídicas, e, com base em informações frágeis, o jornal dá curso à tese de que a facção criminosa poderia estar por trás da ação de Adélio.
A reportagem ainda elogia o autor da tese, o delegado Martin Bottaro Purper, chamado de "um dos principais especialistas em PCC na PF", que passou a presidir o inquérito sobre o episódio de Juiz de Fora depois que o delegado Rodrigo Morais caiu para cima no governo Bolsonaro.
Resistente à pressão para jogar a fumaça do crime encomendado no caso de Juiz de Fora, Morais foi nomeado para um cargo no exterior em janeiro de 2022, no ano em que Bolsonaro tentaria a reeleição. Para o seu lugar, foi escolhido Martin Bottaro, que já havia trabalhado em casos que envolvem o PCC.
Bottaro era a peça que se encaixava à perfeição na narrativa de Bolsonaro. Durante a campanha eleitoral, o então presidente foi multado e teve que excluir postagens que tentavam associar Lula à facção criminosa.
Durante a campanha de 2022, Bottaro tentou tomar um novo depoimento de Adélio, na Penitenciária Federal de Campo Grande. O delegado pediu também acesso ao laudo psiquiátrico sobre Adélio de agosto de 2022. Mas o juiz Luiz Augusto Iamassaki Fiorentini negou o pedido, feito às vésperas do segundo turno.
A Folha, sempre ela, noticiou que Martin Bottaro pediria autorização da Justiça Federal para tomar depoimento de Adélio, mas esse pedido nunca foi protocolado, serviu apenas para manchete a poucos dias antes do segundo turno da eleição de 2022.
E, claro, alimentou a desinformação na rede social, o que atendia ao interesse de Bolsonaro. Gerou a fumaça que o antigo delegado do caso, Rodrigo Morais, sempre evitou.
Antes de deixar o inquérito, em janeiro de 2022, Morais e integrantes de sua equipe estiveram duas vezes com Bolsonaro, em Brasília. A missão deles era mostrar ao então presidente como estava o inquérito.
Bolsonaro não pediu nada, mas a simples convocação já indicava que ele queria alguma coisa, sobretudo porque a presença dos policiais no palácio era antecedida de manifestações dele sobre o episódio, tentando associar o evento de Juiz de Fora à oposição política.
Em julho de 2021, Rodrigo Morais foi indicado pelo então diretor-geral da PF, Paulo Maiurino, para ocupar um posto na Diretoria de Inteligência. Era uma nomeação que exigia que a documentação passasse pela Casa Civil, mas esta não deu andamento.
Antes disso, na segunda apresentação sobre o inquérito, um policial da equipe de Morais comentou na sala em que estava Bolsonaro que havia tido a oportunidade de conversar com Gustavo Bebianno – que morreu em 14 de março de 2020.
Era blefe, mas a reação de Bolsonaro surpreendeu a todos na sala. "Foi a primeira vez que vi Bolsonaro se desconcertar", comentou um dos presentes.
Bebianno, como se sabe, havia manifestado estranheza quanto à presença de Carlos Bolsonaro em Juiz de Fora, em 6 de setembro de 2018.
No programa Roda Viva, depois que foi demitido da Secretaria Geral da Presidência, Bebianno mencionou que era a primeira vez que o filho de Bolsonaro participava de um ato de campanha.
E disse mais: Carlos Bolsonaro ficou o tempo todo no carro, comandando um drone, cujas imagens foram usadas como peça de propaganda na internet, logo depois do evento envolvendo Adélio.
Bebianno disse ainda que, nos primeiros dias de governo, Carlos Bolsonaro pediu a ele para nomear quatro policiais federais para a Abin. Nas palavras de Bebianno, seria uma "Abin paralela".
Bebianno recusou, com o argumento de que aquelas nomeações poderiam levar ao impeachment de Bolsonaro. No Roda Viva, Bebianno não disse por que a nomeação era tão prejudicial aos interesses do governo, e também se recusou a revelar quem eram esses policiais.
Hoje se sabe que, naquele mesmo ano, depois da queda de Bebianno, foram nomeados para a Abin três agentes da PF que atuaram na segurança de Bolsonaro em Juiz de Fora, além do delegado Alexandre Ramagem, que assumiu a direção-geral da Agência.
Os agentes da Abin são Luíz Felipe Barros Félix, Marcelo Araújo Bormevet e Flávio Antonio Gomes. Para fazer o documentário "Bolsonaro e Adélio - Uma fakeada no coração do Brasil", censurado pelo YouTube, procurei os agentes, mas eles não retornaram ao meu pedido de entrevista.
Se a Folha quer, efetivamente, investigar jornalisticamente o caso de Juiz de Fora, pautas não faltam, sobretudo neste momento, em que o isolamento de Adélio apresenta as primeiras fissuras.
Em 30 de março, depois de quatro anos e meio, a dona de casa Maria das Graças Ramos de Oliveira visitou o irmão. O 247 acompanhou e fez uma videorreportagem. Na última segunda-feira (17/04), a titular da 2a. Vara de Família e Sucessões, Cíntia Xavier Letteriello, esteve na Penitenciária Federal de Campo Grande, para entrevistar Adélio.
A magistrada é responsável pelo processo em que Maria das Graças pede a curatela do irmão, diagnosticado como inimputável no processo sobre o evento de Juiz de Fora.
A juíza já tinha ouvido Maria das Graças em audiência, e causou boa impressão, ao demonstrar que tratará o processo como todos os outros em sua jurisdição, sem atentar para os aspectos políticos que poderiam envolver o caso.
Ao mesmo tempo, a Defensoria Pública da União, representada pelo defensor Welmo Rodrigues, tem travado uma luta dura por justiça no caso de Adélio, que, sendo doente mental, não poderia ficar trancado em cela isolada na penitenciária com Regime Disciplinar Diferenciado (RDD).
O último laudo psiquiátrico, de agosto do ano passado, aponta a piora do estado de saúde dele, que, desconfiado, evita tomar medicamentos. A irmã contou que Adélio acredita que há um desejo de que ele morra na prisão.
Adélio reclamou do advogado que assumiu seu caso logo depois do episódio em Juiz de Fora, o criminalista Zanone Júnior. "Ele me trancou aqui e jogou a chave fora", disse à irmã.
A pedido de Zanone é que Adélio foi trancado na penitenciária federal, declarado inimputável e processado com base na Lei de Segurança Nacional, que fez seu caso permanecer na Justiça Federal, em vez de transitar pela Justiça Estadual de MInas Gerais, onde responderia por lesão corporal e, certamente, já estaria em liberdade.
No final de 2019, Adélio enviou carta de próprio punho à Defensoria Pública da União em que pediu a remoção do advogado.
Zanone deixou de atuar na causa como advogado, mas, estranhamente, foi nomeado curador processual, embora Adélio tivesse família em Montes Claros.
O juiz que nomeou Zanone disse que tomou a decisão para que o processo não perdesse agilidade, já que a família de Adélio é pobre e mora distante.
Apenas uma das muitas cartas que Adélio escreveu para a família chegou a Maria das Graças. Nela, Adélio pedia empenho para que pudesse ser transferido para perto da família.
Mesmo afastado do processo como advogado e na condição de curador processual, Zanone nunca deixou de se empenhar para manter Adélio na penitenciária.
A Folha, sempre ela, publicou entrevista em que ele falava da melhora do estado de saúde de Adélio na Penitenciária, uma vez que estaria sendo atendido por equipe médica, o que era mentira.
Continuava sendo apresentado como advogado e, em agosto do ano passado, nomeou assistente técnico para acompanhar a junta médica que elaborou o segundo laudo.
A Justiça Federal em Campo Grande não aceitou o psiquiatra indicado por Zanone e, a pedido da Defensoria Pública Federal, o removeu da condição de curador.
Quem ficou com a função foi a própria Defensoria, o que faz sentido, até que a Justiça Estadual em Mato Grosso do Sul decida sobre o pedido de Maria das Graças.
A Defensoria também atua em outra frente, a da transferência de Adélio para um hospital psiquiátrico perto da família ou, na ausência de vaga, para a residência da irmã.
O juiz Bruno Savino, de Juiz de Fora, se manifestou contra, e a decisão cabe a ele, já que o STF julgou que compete ao juiz da origem do fato decidir em que estabelecimento o sentenciado deve cumprir medida de segurança.
A decisão do STF foi relatada por Kássio Nunes Marques, o primeiro ministro indicado por Jair Bolsonaro.
Foi em 2020, quando a Justiça Federal em Campo Grande entendeu que Adélio não poderia continuar na penitenciária, Bruno Savino (e Zanone) se manifestou contra.
Estabeleceu-se à época um conflito de competência, que foi parar no STF.
Nunes Marques entendeu que o presídio é "estabelecimento adequado" para cumprimento de medida de segurança, conforme o artigo 96 do Código Penal.
Diante do último laudo psiquiátrico, o de agosto do ano passado, que mostra um quadro de deterioração mental de Adélio, a Defensoria Pública da União entende que esse argumento caiu por terra.
Por isso, recorreu da decisão da Justiça Federal em primeira instância. O recurso está no gabinete do relator do Tribunal Regional Federal da 3a. Região, para ser levado a julgamento.
A Defensoria postula a transferência de Adélio para um hospital ou, na ausência de vaga, para a casa da família, para que receba tratamento em ambulatório.
O Ministério Público Federal concorda com a transferência para hospital, mas é contra a ida para a casa da família e o consequente tratamento ambulatorial.
O juiz Bruno Savino estendeu a medida provisória até agosto de 2024.
Na visita virtual da irmã, em fevereiro deste ano, quando perguntado sobre o que ocorreu em 6 de setembro de 2018 em Juiz de Fora, Adélio respondeu: "Não vem ao caso".
Sem as grades de ferro, Adélio se sentiria mais à vontade para falar?
Momento em que o deputado Eduardo Bolsonaro parte para cima do deputado Macron na Comissão de Trabalho da Câmara
Eduardo Bolsonaro (PL-SP) se envolveu, nesta quarta-feira (19), em nova baixaria na Câmara dos Deputados.
Eduardo perdeu o controle quando o deputado Marcon (PT-RS) disse que a facada sofrida por Jair Bolsoanro em 2018 era fake. Eduardo disparou: “Facada teu cu, seu viado, filho da puta. Te enfio a mão na cara, perco o mandato, mas com dignidade, coisa que vc não tem".
Dos filhos de Bolsonaro, Eduardo é o 03 deputado federal por São Paulo. O 01 o senador, pelo Rio de Janeiro, Flávio Bolsonaro. O 03, Carlos Bolsonaro, considerado vereador geral do Brasil, por morar em Brasília, onde comandava, no Palácio do Planalto, anexo ao gabinete do pai, o chamado Gabinete do Ódio. Em 2018, o pai presidente, Carlos foi reeleito vereador do Rio de Janeiro.
Bolsonaro espera eleger o 04, Renan, em 2024, vereador por São Paulo.
De acordo com o blog da Andréia Sadi, o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL) quer tomar medidas para frear "baixarias" na Casa.
A presidência da Câmara anda incomodada com as agressões verbais entre oposicionistas e governistas, especialmente em reuniões de comissões com sabatinas de ministros.
A avaliação é de que as baixarias não mancham as imagens dos parlamentares individualmente, mas sim da Câmara. E Lira quer dar um freio nessas situações.
Ao g1, o corregedor da Câmara, deputado Domingos Neto (PSD-CE), informou que busca uma espécie de "acordo de convivência" entre os deputados, para evitar situações de desrespeito e agressões.
Mais de quatro anos preso, em uma penitenciária federal de segurança máxima, como louco, e nunca recebeu visita de parente, de médico, de advogado. Sobrevive sob tortura. Na escuridão do isolamento, sem poder contatar sequer outros prisioneiros
Publica 247: "Querem me ver morto", diz Adélio à irmã, que o visitou na penitenciária (vídeo). Joaquim de Carvalho seguiu os passos de Maria das Graças Oliveira em Campo Grande, onde, além de visitar o irmão, esteve com a juíza que deve ouvir Adélio num caso de interdição. Um contato possível porque acabou o mando de Bolsonaro
por Joaquim de Carvalho
A dona de casa Maria das Graças Ramos de Oliveira visitou o irmão, Adélio Bispo, na Penitenciária Federal de Campo Grande. Foi a primeira visita presencial, e o 247 acompanhou (veja vídeo abaixo).
"Querem me ver morto", disse Adélio, segundo a irmã. Adélio acusou o antigo advogado, Zanone Júnior, de ter atuado contra os interesses dele. "(O advogado) pediu medida de segurança, me trancou aqui dentro e nunca veio me visitar, saber como estou", afirmou.
Maria das Graças também acusou o advogado de não ter atendido ao pedido da família para visitar o irmão. "Nem atende aos telefonemas do meu menino (filho)", declarou.
No entanto, o advogado se tornou curador processual de Adélio, depois de ser afastado a pedido dele. E é entrevistado pela imprensa corporativa como se ainda fosse responsável por sua defesa. Disse que Adélio estava sendo medicado na penitenciária e, por isso, opinava que ele não deveria sair de lá.
Não é verdade. Adélio disse à irmã que não toma remédio, porque não sabe o que lhe está sendo entregue. E também porque estaria se sentindo bem.
O último laudo psiquiátrico sobre sua situação de saúde, de julho do ano passado, confirma que ele não é medicado, e recomenda sua transferência para um hospital psiquiátrico, o que a Justiça ignorou.
Dois advogados, Edna Teixeira e Alfredo Marques, assumiram a causa da irmã de Adélio e, além da visita, deram entrada na Justiça com uma ação para que Maria das Graças tenha a curatela do irmão, o que afastaria Zanone Júnior e permitiria à família ter acesso aos autos, além de pleitear sua transferência para tratamento ambulatorial, residindo em casa.
A juíza Cíntia Xavier Letteriello, da 2a. Vara de Família e Sucessões de Campo Grande, aceitou a ação e disse que ouvirá Adélio, conforme determina o Código de Processo Civil, em caso de interdição.
Como Adélio escreve cartas e tem plena consciência de sua situação jurídica, ele poderia ser considerado capaz ou semi-incapaz, o que provocaria uma reviravolta no caso.
Na hipótese de que seja considerado incapaz, também poderia haver repercussão no processo que ainda tramita em Juiz de Fora – o inquérito foi reaberto, e assim permanece.
É válida a procuração que um incapaz passa para um advogado? A princípio, não. Nesse caso, ele teria sido sentenciado à medida de segurança – quando o autor de um crime é considerado insano e não pode ser condenado – sem ter tido, efetivamente, defesa.
A juíza Cíntia Letteriello recebeu Maria das Graças no Fórum de Campo Grande. Os advogados também participaram da audiência, por acesso remoto. A magistrada disse que Maria das Graças deveria ficar tranquila porque o caso será tratado como todos os outros em sua Vara, sem levar em conta os aspectos políticos que envolvem o episódio.
Nada indica que o ex-juiz tenha inventado as ameaças, mas dá sim para afirmar que ele criou uma narrativa para se beneficiar politicamente.
EM JANEIRO DESTE ANO, o ministro da Justiça Flávio Dino coordenou a transferência de Marcola do presídio federal de Rondônia para o presídio federal de Brasília. O motivo foi a descoberta de um plano do PCC para resgatar Marcola, o seu principal líder. A Polícia Federal foi acionada pelo Ministério Público de São Paulo, que descobriu os planos da facção após monitorar suas ações durante anos. Com a transferência de Marcola para Brasília, o plano foi por água abaixo. A facção, então, se preparou para o plano B: sequestrar e matar autoridades públicas para forçar a libertação ou pelo menos a transferência do seu líder para São Paulo. Entre os alvos estavam o senador Sérgio Moro e o promotor Lincoln Gakiya, o homem que lidera as investigações do Ministério Público contra o PCC.
Esses são os fatos. Agora vamos às mentiras, à politicagem barata e ao show de demagogia do bolsonarismo. Logo que saiu a notícia de que Moro seria um alvo do PCC, a grande imprensa quase que de maneira unânime afirmou que, quando ministro da Justiça, “Moro foi o responsável pela transferência para penitenciárias federais de líderes da facção criminosa” — essas aspas são da CNN Brasil. Trata-se de uma mentira descarada e bastante utilizada durante as últimas eleições por Bolsonaro e Moro. À época, o bolsonarismo tentou de toda maneira associar Lula e o PT à Marcola e ao PCC. Embriagado pelo vale-tudo da campanha, Moro espalhou a mentira:
"Por que Lula, no Governo, nunca transferiu os líderes do PCC, Marcola entre eles, para presídios federais de segurança máxima? E isso mesmo após os atentados de 2006. Perguntado, não respondeu. Em fevereiro de 2019, com 2 meses de Governo, foi feito o que Lula não fez em 8 anos.
— Sergio Moro (@SF_Moro)" October 16, 2022
Moro voltou agora a espalhar a mesma mentira sem o menor pudor e conta com o suporte de boa parte da grande imprensa. Quem pediu a transferência foi o promotor Lincoln Gakiya, que virou o principal alvo dos criminosos. Segundo o próprio Gakiya, Moro entrou na mira do PCC porque baixou uma portaria proibindo visitas íntimas aos presos no sistema penitenciário federal quando foi ministro da Justiça. Moro poderia faturar politicamente com o episódio falando apenas a verdade, mas a sua megalomania não deixou. Uma proibição de visita íntima não é tão grandiosa e midiática quanto uma transferência de presos para presídio de segurança máxima.
Mas, convenhamos, não dá pra se esperar nada além disso de um moralista sem moral. Estamos falando de um sujeito que rugiu como um leão quando se demitiu do governo fazendo graves acusações contra o presidente e, pouco tempo depois, voltou miando como um gatinho para debaixo das calças de Bolsonaro para apoiar a tentativa de reeleição deste e garantir sua vaga no Senado. O oportunismo e a demagogia barata são as principais marcas da carreira política de Moro — uma carreira que teve início dentro dos tribunais da Lava Jato.
O plano do PCC contra autoridades públicas fez com que o bolsonarismo ressuscitasse as velhas mentiras associando Lula e o PT ao crime organizado. Jair Bolsonaro reviveu em suas redes sociais as teoria conspiratórias envolvendo o assassinato de Celso Daniel e a facada de Adélio Bispo. Seu filho, Flávio Bolsonaro, lembrou da recente visita de Flávio Dino ao Complexo da Maré no Rio de Janeiro e sugeriu que Lula e o governo estão associados ao crime organizado. Deltan Dallagnol talvez tenha sido o bolsonarista que ficou mais ouriçado com o caso. Ele, que também iniciou sua carreira política usando os tribunais lava-jatistas, passou a fazer insinuações ardilosas sobre uma possível ligação do governo Lula com o plano do PCC em sequestrar Moro.
Moro e Dallagnol, que hoje formam o braço lavajatista do bolsonarismo no parlamento, fingem esquecer que quem tem fortes ligações com o crime organizado é a família Bolsonaro’.
Moro e Dallagnol, que hoje formam o braço lavajatista do bolsonarismo no parlamento, fingem esquecer que quem tem fortes ligações com o crime organizado é a família Bolsonaro. Essa não é uma suposição ou uma forçação de barra. Essas conexões já foram fartamente comprovadas. Flávio Bolsonaro empregou familiares do chefe de milícia em seu gabinete. Ele e seu pai fizeram diversas declarações públicas em defesa de milicianos e chegaram até prestar homenagens a um chefe de milícia. A liberação maciça de armas feita durante o governo Bolsonaro foi responsável por facilitar ainda mais o acesso do PCC às armas. Em 2019, o MPF enviou uma nota técnica ao governo Bolsonaro afirmando que os decretos de liberação de armas facilitariam o desvio de armas para o crime organizado. Graças ao governo Bolsonaro, a “cesta básica do crime” – formada por fuzis, carabinas e pistolas – ficou até 65% mais barata. Moro era ministro da Justiça e nada fez.
Lula errou feio ao sugerir que o plano do PCC poderia ser “mais uma armação do Moro”. Mesmo se isso for verdade — nada indica que seja — um presidente da República não deve fazer esse tipo de ilação sem apresentar provas. A fala atabalhoada mostra que a comunicação é o calcanhar de aquiles do governo atual. Em tempos de fascismo e redes sociais, não se pode levantar uma bola açucarada dessa pros adversários. Moro e os bolsonaristas se indignaram, posaram de vítimas e faturaram politicamente em cima da fala infeliz. O governo precisa resolver esse problema de comunicação ou continuará tomando bola nas costas. O governo do PT tinha tudo pra ganhar politicamente com o caso, mas a fala de Lula virou alimento para a hipocrisia do bolsonarismo. Lula poderia enaltecer a independência da Polícia Federal e ressaltar que o seu governo não interfere em investigações, diferente do governo Bolsonaro do qual Sérgio Moro fez parte.
os bandidos que queriam matar Moro foram presos por um órgão subordinado ao ministério da Justiça do governo petista’
Lula poderia lembrar que ele próprio foi alvo do crime organizado quando foi presidente. Em 2008, uma investigação da Polícia Federal descobriu um plano de Fernandinho Beira-Mar para sequestrar um dos seus filhos. O objetivo era conseguir a sua soltura e a de Marcola, chefe do PCC. Outro registro importante: foi durante os governos do PT que se construíram todos os presídios federais de segurança máxima — que hoje representam o maior pesadelo do crime organizado. No caso envolvendo Moro, o atual governo Lula tem atuado de maneira exemplar. A Operação Sequaz da Polícia Federal cumpriu 24 mandados de busca e apreensão e prendeu 9 criminosos envolvidos no caso. Ou seja, os bandidos que queriam matar Moro foram presos por um órgão subordinado ao ministério da Justiça do governo petista. A PF atuou com a mesma independência que atuou nos governos anteriores do PT. Quem diz isso sobre os governos petistas não sou eu, mas — vejam só! — um ex-procurador da Lava Jato. Em 2016, Carlos Fernando dos Santos Lima afirmou: “um ponto positivo que os governos que estão sendo investigados, os governos do PT, têm a seu favor é que boa parte da independência atual do Ministério Público, da capacidade administrativa, técnica e operacional da Polícia Federal decorre de uma não intervenção do poder político”.
As ações da PF do governo atual contra o PCC mostram que essa independência continua de pé. Isso não acontecia no governo Bolsonaro, como atestou o próprio Sérgio Moro à época de sua demissão. Ligar o governo, Lula e o PT ao crime organizado é, portanto, mais uma mentira escabrosa servida nas mamadeiras de piroca do bolsonarismo. Quem senta à mesa com o crime organizado é o bolsonarismo.
Moro, Botaro, o relatório da PF com assinatura de Bottaro e papel apócrifo que cita o Intercept (Foto: Waldemir Barreto/Agência Senado | Reprodução)
Martin Bottaro, que assina um relatório fraco, assumiu a investigação da fakeada em Juiz de Fora no ano passado, quando Bolsonaro tentava impor a propaganda eleitoral mentirosa de ligar PCC a Lula
por Joaquim de Carvalho
O relatório da Polícia Federal liberado pela juíza Gabriela Hardt sobre a operação Sequaz chama a atenção por dois aspectos: a inconsistência narrativa e o nome de quem o assina, Martin Bottaro Purper, que é o delegado que assumiu o caso de Adélio Bispo de Oliveira no ano passado, depois que o policial que vinha presidindo o inquérito, Rodrigo Morais, foi transferido para um posto no exterior.
Na época em que Bottaro Purper assumiu a investigação, o que se disse sobre ele é que é especialista em PCC, o que despertava a suspeita de que Jair Bolsonaro tentava ligar o caso de Juiz de Fora à organização criminosa.
Na mesma época, a rede social era repleta de fake news que tentavam associar Lula a quadrilhas de traficantes, como o vídeo em que um líder comunitário negro da Bahia era cumprimentado por Lula durante a campanha, como se a cena tivesse sido no Complexo do Alemão, no Rio de Janeiro.
Durante a campanha, Purper Bottaro tentou colher depoimento de Adélio, o que poderia ser usado como peça de campanha. Mas a Justiça Federal em Campo Grande não autorizou o depoimento. O inquérito sobre Adélio e Bolsonaro segue aberto na Polícia Federal.
Mesmo assim, Purper Bottaro assinou de Cascavel, no Paraná, o relatório que embasou a decretação das prisões de personagens supostamente envolvidos em uma trama contra Sergio Moro.
Nas 83 páginas do relatório, o fato que poderia ligar os criminosos a essa suposta trama é um print de tela de celular em que o homem apresentado como líder da quadrilha transmite à mulher um código de mensagens.
"Vou te mandar umas msg q são códigos p eu não esquece e e ter aí qundo chegar então não apaga e importante o mim ok amor. Só para deixar aí no seu telefone (sic)", escreve no WhatsApp Janeferson Aparecido Mariano Gomes, que seria conhecido como Nefo. "Tabom amor" (sic), responde Aline de Lima Paixão.
Em seguida, ele passa os códigos: "Ms - México/ Moro - tokio/ Sequestro - Flamengo/ Ação - Fluminense.
Segundo o promotor Lincoln Gakiya, o líder do PCC Marcos Willians Herbas Camacho, o Marcola, teria liberado R$ 60 milhões para a execução de um plano A, que era o seu resgate do presídio federal de Brasília, ou um plano B, que seria o ataque a Moro.
É crível que, com tanto dinheiro, o coordenador mobilizado pelo PCC fosse um amador completo a ponto de registrar na rede mundial de computadores códigos tão importantes para eles?
Há também a imagem de um caderno que teria sido transmitida por outra mulher que manteria relacionamento amoroso com Nefo. Aline Ardnt Ferri teria enviado informações sobre Moro, Rosângela, a filha e do filho dos dois. Não há nada de extraordinário nas anotações.
São dados que podem ser obtidos na internet, como CNPJ de Rosângela, o endereço da empresa e os bens declarados por Moro. Consta ainda o nome da faculdade onde o filho estuda.
Das 83 páginas do relatório, o delegado dedica nove para transcrever uma conversa interceptada, em que Aline de Lima Paixão conversa com o telemarketing de uma provedora de internet, para tentar contratar um serviço. Não consegue, porque o CPF informado não teve cadastro aprovado.
A justificativa para a transcrição da conversa é demonstrar que Aline usava nome de terceiro, para instalar internet na própria casa, em um condomínio. A ausência de transcrições detalhadas de outras conversas pode revelar que não há nada de mais relevante na investigação.
Há referência também de moradias locadas por eles. Uma delas no edifício Bellagio, Jardim Botânico, Curitiba, de onde saíram "por causarem transtornos" e "por não pagarem os valores devidos". É muito amadorismo.
Também merece registro imagem da página 10 do relatório do delegado Bottaro Purper. É de um texto sem assinatura, em que um autor não identificado relaciona 22 ações realizadas. O nome do site The Intercept Brasil é o item 17. Não há identificação de valores nem de serviços. No final da página, o que aparece é o local onde o texto teria sido escrito, além da data: "Santos, 24/08/2022".
Essa referência serviu de base para reportagem da Jovem Pan, que tenta ligar o Intercept ao PCC. A emissora, conhecida pelos vínculos com a extrema direita, deixou de publicar a resposta do site num primeiro momento.
Horas depois da reportagem ter sido exibida e, portanto, com a possibilidade de compartilhamento, é que a emissora acrescentou a posição do site, que refuta categoricamente a insinuação.
"Como era de se esperar, a nota foi ao ar. E nela sequer havia o posicionamento do Intercept, enviado 40 minutos antes da publicação do texto e dentro do prazo exigido pelo jornalista. O autor afirma que procurou o Intercept e 'não teve resposta'. É uma mentira intencional ou uma falha grosseira dos padrões jornalísticos, se não ambos", disse o Intercept.
O Intercept não fala, mas a inclusão de seu nome no caso, por meio de um texto apócrifo, aumenta a suspeita de que o plano de ataque do PCC a Moro é uma perigosa armação, que junta elementos para construir a narrativa que coloque o ex-juiz como vítima.
Todos sabem que Moro foi desmoralizado a partir da publicação de mensagens acessadas pelo hacker Walter Delgatti nos arquivos da conta de Deltan Dallagnol no Telegram.
E quem publicou as mensagens foi o intercept.
Coincidência o nome do site aparecer no papel apócrifo? Coincidência a juíza que autorizou as prisões a partir de um relatório inconsistente ser uma notória aliada de Moro? Coincidência o delegado que fez o relatório sobre Moro ser o mesmo que preside o inquérito sobre Adélio?
Nesta sexta-feira, num debate na CNN sobre o caso Moro, o pastor-deputado Marcos Feliciano fez declarações que podem indicar uma narrativa em construção.
Em três ocasiões, de forma muito grave, disse que Lula está ligado ao PCC e que existe o risco de o estado brasileiro se tornar um narcoestado.
Mentiras grosseiras, mas que, se não forem rebatidas devidamente, podem se espalhar. Só falta incluírem o Adélio Bispo de Oliveira e o caso de Juiz de Fora na trama.
O delegado Bottaro Purper, o mesmo do caso Moro, teria sido colocado no inquérito justamente para cumprir uma missão que agradaria a Bolsonaro. Por suas declarações, parece ser esta a expectativa dele, a de ligar Adélio ao PCC e este a Lula. Nunca é demais lembrar que, tão logo a notícia do suposto plano de ataque a Moro vir à tona, Bolsonaro escreveu no Twitter:
"Em 2002 Celso Daniel, em 2018 Jair Bolsonaro e agora Sérgio Moro. Tudo não pode ser só coincidência. O Poder absoluto a qualquer preço sempre foi o objetivo da esquerda. Nossa solidariedade a Sérgio Moro, Lincoln Gakiya e famíliares. A CPMI assombra os inimigos da democracia."
A serpente do fascismo ainda se movimenta, e talvez tente dar agora seu bote mais perigoso.
Documenta incrimina Moro e sócios de Rosângela Moro. Leia recado de Tacla Durán para os cobradores de propinas da Lava Jato. Delegado do caso Moro é o mesmo de Adélio Bispo da fakeada em Bolsonaro
por Joaquim de Carvalho
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247 - O advogado Rodrigo Tacla Durán será ouvido nesta segunda-feira (27/03) pelo juiz Eduardo Appio, que é titular da 13a. Vara da Justiça Federal em Curitiba, posto que foi de Sergio Moro, que conduziu a Lava Jato, operação que provocou desinvestimento direto de mais de R$ 172 bilhões e a extinção de 4,4 milhões de empregos.
Tacla Durán teve a prisão decretada por Moro em novembro de 2016, na 36a. fase da Lava Jato, que foi batizada de Operação Dragão. O que pouco se fala é que, seis meses antes, Tacla Durán foi procurado pelo advogado Carlos Zucolotto Júnior, que era sócio de Rosângela Moro.
Em conversa que teve pelo aplicativo Wickr Me, Zucolotto propôs benefício num acordo de delação premiada, que seria fechado com a concordância de DD (Zucolotto usa apenas as iniciais de Deltan Dallagnol). Em troca, queria 5 milhões de dólares.
Autoproclamando-se "Antifeminista do fuzil", Zanatta é amiga íntima da família Bolsonaro e protagonizou muitas polêmicas
por Patricia Faermann /jornalggn@gmail.com
A deputada federal bolsonarista Júlia Zanatta (PL-SC), que postou uma foto com metralhadora e vestindo uma camiseta com a mão de Lula alvejada por tiros, na última sexta (17), foi alvo de denúncias no Conselho de Ética da Câmara dos Deputados e no Supremo Tribunal Federal (STF).
As reações começaram após a deputada divulgar postagem empunhando uma metralhadora, usando uma camiseta com a mão do presidente com tiros e afirmando que “com Lula no poder, deixamos um sonho de liberdade para passar para uma defesa única e exclusiva dos empregos, do pessoal que investiu no setor de armas”.
Ainda neste domingo (19), o líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE), informou que denunciaria Zanatta no Conselho de Ética da Casa. “Esse tipo de conduta é crime e fere o decoro”, afirmou o líder petista.
Outros deputados do PT, o líder do partido na Câmara, Zeca Dirceu (PR), e o vice-líder do governo na Câmara, Alencar Santana (SP), também encaminharam representação contra a deputada bolsonarista ao Supremo Tribunal Federal (STF).
“Veja-se que a Representada ostenta na publicação, arma de grosso calibre e de alta letalidade, veste uma camiseta com frase que veicula ameaça subliminar (come and take it) de eventual resposta armada às ações do Presidente LULA e de seu Governo e, o que é mais estarrecedor, destaca na camiseta que veste, uma mão cravejada de tiros e com quatro dedos, numa alusão ostensiva à pessoa do Presidente da República.”
Os deputados pedem a instauração de uma investigação criminal e possível denúncia, além de medidas administrativas e civis contra Júlia Zanatta. Na peça, os parlamentares falam em “grave ameaça contra a vida do presidente”, em “conduta de extrema violência e intolerância democrática, convenientemente presente num ambiente de clube de tiro”.
Mas as atuações da deputada bolsonarista junto a clubes de tiro não se isolam no episódio da fotografia compartilhada.
Quem é Júlia Zanatta, a “Antifeminista do fuzil”
Júlia Zanatta foi eleita deputada federal por Santa Catarina, com ampla votação em seu estado (110 mil votos). Em 2020, concorreu à Prefeitura de Criciúma (SC), ficando em terceiro lugar na disputa. A bandeira armamentista de Zanatta já era exposta deliberadamente em sua campanha ao posto, apresentando-se como a “Antifeminista do fuzil”.
Amiga pessoal de Helosia Bolsonaro, esposa de Eduardo Bolsonaro (PL), Zanatta se considera amiga de toda a família. Foi nomeada Diretora da Embratur no Sul, pela relação com o núcleo Bolsonaro. No dia 7 de setembro de 2021, hospedada na casa de Eduardo Bolsonaro, apareceu em vídeo chamando bolsonaristas para “manifestações”.
Assim como a clã, anunciou não ter tomado vacina de Covid-19 e denunciou um professor de artes que exibiu uma música de Criolo que discute homofobia a alunos de 12 anos e acabou sendo demitido, mas sua principal bandeira polêmica é a armamentista.
A deputada é assídua frequentadora do Clube .38, o clube de tiro bolsonarista de Santa Catarina e um dos mais polêmicos do país – o mesmo que chegou a ser frequentado por Adélio Bispo de Oliveira, o autor da facada – e que era muito frequentado pelo próprio ex-presidente Jair Bolsonaro e seus filhos Eduardo e Carlos.
Recentemente, reportagem de Vinícius Valfré, do Estadão, revelou que o Clube 38. continuou oferecendo experiências de tiro para pessoas sem registro de atiradores esportivos, afrontando o decreto assinado por Lula, no início do ano, que proíbe a prática.
O clube é do empresário Tony Eduardo, grande apologista das armas no Brasil e amigo de Eduardo Bolsonaro. Reportagem de Victor Farinelli para o especial Xadrez da Ultradireita, do GGN, detalhou como as relações de Eduardo Bolsonaro com Tony Eduardo alavancaram os interesses da indústria armamentista e da NRA (Associação Nacional do Rifle) durante o governo Bolsonaro.
Além do Clube .38, Tony Eduardo também é instrutor do polêmico clube de tiro estadunidense 88 Tactical, reconhecido por adotar referências nazistas. Frequentadora deste núcleo, com a camiseta com tiros contra Lula, Júlia Zanatta fez a recente postagem de incitação às armas, apesar dos decretos do presidente.
Como deputada federal, inclusive, ela assumiu o compromisso, no dia 6 de janeiro, em reunião com proprietários de clubes de tiro para derrubar o revogaço das armas de Lula, ao lado de outros parlamentares pró-armas e ruralistas.
Durante a campanha para deputada, ela afirmava que o estatuto do desamarmento era uma “lei genocida”. Quando Lula lançou o slogan “trocar arma por um livro”, ela lançou a resposta: “Quem quer trocar seu clube de tiro por um clube de leitura?”.
A fala de Zanatta foi feita no dia 9 de julho de 2022, no palco do terceiro encontro nacional do grupo Proarmas, ao lado de Eduardo Bolsonaro.
Momentos depois, o filho do então presidente vociferava: “a esquerdalha nunca imaginou que tantas pessoas pudessem vir às ruas para falar que, sim, eu quero estar armado porque eu prefiro um bandido embaixo da terra do que a minha esposa estuprada.” Naquele mesmo dia, Marcelo Arruda era assassinado, em seu aniversário, por um bolsonarista.
O trecho da fala de Eduardo Bolsonaro e a relação da família com a indústria armamentista é um dos principais capítulos do documentário Xadrez da ultradireita mundial à ameaça eleitoral, da TVGGN, lançado em setembro de 2022. Relembre:
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