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O CORRESPONDENTE

Os melhores textos dos jornalistas livres do Brasil. As melhores charges. Compartilhe

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O CORRESPONDENTE

27
Out23

Pergunta eleitoral do inelegível senhor das milícias

Talis Andrade

 

Jair BolsonanoParódia
@JairBolsonano_
- A pessoa diz:
- "Não aguento mais o RJ, virou um inferno com essas milícias"
- Em quem a pessoa vota nas eleições:
Image
 
O RJ votou durante 28 anos em Jair Bolsonaro para deputado federal, e depois duas vezes para presidente do Brasil.
O RJ elegeu Flávio Bolsonaro, filho Zero Um, deputado estadual e depois senador, para empregar milicianos: Fabrício José Carlos de Queiroz, tesoureiro das rachadinhas, e a mãe e a esposa de Adriano da Nóbrega, miliciano chefe do Escritório do Crime no Rio das Pedras e Barra da Tijuca, territórios jamais invadidos pelo interventor militar de Temer, no RJ, general Braga Neto, candidato a vice-presidente votado no RJ, de porteira fechada, pelos milicianos armados até os dentes. 
O RJ elegeu Carlos Bolsonaro, filho Zero Dois, vereador perdidas vezes, para uma vida tranquila, de lazer, na Barra da Tijuca e outras paradisíacas praias.
“No Rio de Janeiro a milícia não é um poder paralelo. É o Estado”
04
Out23

II - Pesca de tubarões aumenta, Brasil na contramão nos tempos de Bolsonaro e Seif (senador tubarão rei da maconha)

Talis Andrade
países exportadores de carne de tubarão.
Mais um dado para mostrar os países que lideram a exportação dos predadores do topo da cadeia alimentar. Veja quanto ganham para exterminar um animal selvagem.
 

 por João Lara Mesquita

Mar sem fim

- - -

Antes de mais nada, vamos lembrar a Declaração Universal dos Direitos dos Animais pela Unescoque, em seu terceiro artigo enuncia: ‘Nenhum animal será submetido a maus tratos e a atos cruéis’, e ‘Se a morte de um animal é necessária, deve ser instantânea, sem dor ou angústia’.

“Sem dor e angústia” cortando barbatanas e devolvendo-os ao mar? Como classificar um sujeito/empresa que faz disso seu ganha-pão em pleno terceiro milênio?

 

Universidade de São Paulo, a USP, a melhor do País

Em tempo: a USP, via a matéria da Unesp, é tão respeitada que a matéria foi traduzida para o inglês e publicada no repositorio.unesp.br com o título, The label “Cação” is a shark or a ray and can be a threatened species! Elasmobranch trade in Southern Brazil unveiled by DNA barcoding (O rótulo “Cação” é um tubarão ou uma arraia e pode ser uma espécie ameaçada! Comércio de elasmobrânquios no sul do Brasil revelado por DNA barcoding).

 

Desafio para Marina Silva: proibir definitivamente a exportação de barbatanas de tubarão

Segundo dados das próprias empresas, ambas empregam entre 1 e 10 funcionários. Você acha que compensa a matança e tortura de animais selvagens para gerar 20 empregos diretos?

Eis aí um bom desafio para Marina Silva. Ela só provará que também se importa com o bioma marinho, e não apenas a Amazônia, se proibir definitivamente a exportação de barbatanas de tubarões. Uma imbecilidade que nos diminui perante o concerto das nações.

tubarão-martelo com as barbatanas decepadas.
Esta imagem é do site www.seasave.org. Não aconteceu no Brasil mas ilustra a sacanagem da matança e tortura de tubarões mundo afora.

 

Voltando ao texto da nopontosc.com.br, ‘Durante a operação, também foram expedidas multas a comerciantes e coletas de amostras de tubarões vendidos, tanto barbatanas quanto postas no mercado local.’

‘Esta operação fiscaliza potenciais ilegalidades na origem da pesca e comércio de tubarões. A equipe investigou dezenas de toneladas de barbatanas de tubarão de duas empresas pesqueiras – o que equivale a milhares de tubarões pescados – além da fiscalização de peixes vendidos no mercado local, notável por uma alta presença de comercialização ilegal destes animais.’

Finalmente, para Juan Pablo Torres-Florez, Coordenador Técnico da Sea Shepherd Brasil, ‘Hoje o Brasil tem 40% de suas espécies (de tubarões e raias) em risco de extinção. Porém, segue sendo o maior mercado para a carne de tubarão no mundo. Neste cenário, vemos um controle do esforço pesqueiro, monitoramento de desembarques e eventuais cotas de captura muito precárias, em particular para tubarões e raias. Uma presença mais constante do IBAMA com a Sea Shepherd em apoio à fiscalização é essencial e urgente para a preservação destes animais essenciais para a saúde do oceano’.

Quando digo que a pesca no Brasil é uma esculhambação é porque, entre outras, não temos estatísticas de pesca desde 2017. Além disso o Ibama, a quem compete fiscalizar, tem apenas três barcos! E tem mais: quem ‘autorizou’ as duas empresas de Itajaí para exportarem barbatanas de tubarão foi o Ibama!!

Ou isto é uma esculhambação, ou avacalhação. Você decide.

 

Tubarões-martelo

A matéria de Suzana Camargo diz que a operação do Rio Grande do Sul, por parte do Ibama e a secretaria de meio ambiente do Estado, apreendeu ’22 toneladas de pescado. Dentre elas 340 tubarões-martelo, e dez bagres brancos também sob ameaça.’

Segundo Suzana, a operação visava coibir a pesca do camarão-rosa. Mas o resultado foi o acima descrito. ‘Três pessoas foram presas.’

Imagine o que encontrariam se o Ibama realmente tivesse condições mínimas de cumprir sua obrigação de fiscalizar. É muito triste observar a especulação imobiliária arrebentando o que sobra de nossas praias, ao mesmo tempo em que nossas águas territoriais são depredadas pela pesca industrial de Itajaí, e pelos chineses com suas frotas ilegais.

 

O papel do consumidor de peixes no Brasil

É importante que cada consumidor de pescados saiba o que está por trás da venda de peixes nos mercados. É mais importante ainda, que o consumidor se preocupe em saber a origem do peixe que leva para casa. Ou seja, se ele está comprando um peixe cuja espécie não corre riscos ou se, ao contrário, ele sem saber consome peixes ameaçados de extinção.

 

O consumo de pescados per capita no Brasil

Segundo o site do governo federal, ‘O pescado reúne todos os peixes, crustáceos (camarões), moluscos (ostras e mexilhões), anfíbios (rãs), répteis (jacaré e tartarugas), equinodermos (ouriços e pepinos-do-mar) e outros animais aquáticos usados na alimentação humana. Segundo recomendações da Organização Mundial de Saúde (OMS), o consumo dessa proteína deve ser de forma harmônica e de no mínimo 250 gramas semanais, divididas em duas refeições.’

Agora, preste atenção nesta informação: “No Brasil, o consumo de peixes pela população é, em média, de aproximadamente 9 kg/habitante/ano. A recomendação da FAO é de 12 kg/habitante/ano (Lopes; Oliveira; Ramos, 2016).”

Em outras palavras, consome-se pouco pescado no Brasil. Isso  significa que o consumo tende a aumentar com o esforço do governo (seguindo recomendações da FAO), e da própria indústria pesqueira de Itajaí.

Tubarão tigre à venda no mercado.
Os pescadores artesanais igualmente não respeitam as espécies ameaçadas. Esta foto mostra tubarões-tigre à venda em barracas do Rio de Janeiro. O tubarão-tigre ainda não entrou em extinção, mas a União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN) os considera como uma espécie quase ameaçada. Imagem, Hugo Bornatowski.

 

Brasil, o maior mercado para a carne de tubarão no mundo

Então, você igualmente sabe que 40% das espécies de tubarões/cações do País estão ‘em risco de extinção’. Do mesmo modo, ficou sabendo que a indústria de pesca de Itajaí, apesar de estar ciente deste fato, pesca até mesmo tubarões-martelo ‘criticamente ameaçados’ de extinção.

carne de cação à venda em supermercados
Se você se preocupa com as questões ambientais evite carne de tubarão que a indústria de Itajaí batiza como ‘cação’. Vc pode estar comendo um tubarão-martelo ‘criticamente ameaçado’ de extinção sem saber.

 

Esta tendência do crescimento do consumo de pescado reforça o papel do consumidor em procurar saber a origem do que leva para sua mesa. E temos um problema grande pela frente porque a indústria pesqueira e o governo se omitem sobre o consumo de tubarões/cações, apesar de sermos o maior consumidor da espécie no mundo.

 

‘Carne de cação’, uma das mentiras da indústria da pesca de Itajaí

O fato concreto é que a indústria de Itajaí mente ao batizar a carne de tubarão como ‘cação’. E o poder público, neste caso Ibama, finge que não vê. Isso é uma tapeação barata contra o consumidor.

Se os pacotes dos supermercados mencionassem a verdade, ou seja, ‘Carne de Tubarão’, o consumidor ou não compraria, ou diminuiria o consumo. Mas a falsidade prossegue impunemente em Pindorama.

Contudo, até no exterior a fraude é conhecida. Apenas uma das provas é a matéria da conceituada revista ForbesMislabeling Shark Meat In Brazil Is Cause For Concern (Rotulagem incorreta de carne de tubarão no Brasil é motivo de preocupação).

A matéria aborda as ‘práticas de pesca insustentáveis, colocando em risco a vida selvagem marinha’. E destaca que a prática ‘ameaça os meios de subsistência de muitas populações. A Economia Oceânica Sustentável da OCDE relata que três bilhões de pessoas dependem do oceano para sua subsistência’.

E prossegue a Forbes: ‘O comércio ilegal de espécies ameaçadas (ou produtos desses animais) é frequentemente ocultado por rotulagem incorreta deliberada ou inadvertida. E uma espécie em que vemos isso acontecer repetidamente são os elasmobrânquios (tubarões e raias). Apesar de sua vulnerabilidade e risco de extinção, o comércio de carne de tubarão aumentou.’

Ela aborda a inverdade: ‘Para falar sobre o consumo de elasmobrânquios, é preciso olhar para o Brasil, que é o maior consumidor mundial de carne de tubarão. O país frequentemente serve a fonte barata de proteína em refeitórios escolares e universitários, mas não está claro que espécie está naquele prato, pois é simplesmente rotulado como “cação”.

Leia também matéria do jornal.unesp.br  confirmando que o maior importador de carne de tubarão é o Brasil. Em outras palavras, além da matança que ocorre no País, ainda somos o maior importador do mundo! Por quê? Porque os brasileiros consomem demais esta espécie ameaçada mundialmente.

É preciso mais informação para mudar radicalmente esta situação que nos envergonha e que pode ser perigosa para a saúde da população conforme mostramos abaixo.

 

Porque você não deve consumir tubarões/cações

Muitos brasileiros fazem confusão. Acham que cação é uma espécie; tubarão, outra. Engano. São nomes diferentes para o mesmo peixe.

Os tubarões ou cações são muito mais antigos do que os primeiros dinossauros, insetos, mamíferos ou mesmo árvores. Eles estavam no mar antes que os primeiros animais deixassem os oceanos para caminhar na terra, antes de nossos continentes se dividirem.

Como se vê, são animais que enfrentaram todos os tipos de ameaças que surgiram no planeta exceto uma, o ser humano mal informado. Por isso, hoje eles estão ameaçados de extinção. Aos cações/tubarões  resta apenas uma chance: o nosso poder de escolha como consumidores.

carne de cação à venda em supermercados
Veja a sacanagem da indústria de Itajaí: eles vendem tubarões como se fosse um ‘cação’. Por quê eles não colocam o nome correto? Porque sabem que se colocassem tubarão à venda ninguém compraria. Simples assim.

 

Um estudo feito por brasileiros e publicado em novembro de 2016 na revista científica Marine Policy, entre eles um biólogo da Universidade Federal do Paraná, alerta para os riscos ambientais do consumo inadvertido desse tipo de peixe no Brasil.

Hugo Bornatowski, um dos autores e biólogo da UFPR, sugere que a indústria pesqueira nacional sediada em Itajaí, conhecedora da confusão de nomes no Brasil, mata os tubarões mas, ao vender a carne do animal filetada as batiza como ‘cações’.

Com isso, várias espécies selvagens ameaçadas de extinção vão pra mesa dos que comem cações/tubarões.

 

O perigo da contaminação por mercúrio

Por último, é bom saber que a Agência de Proteção Ambiental dos EUA e a Food and Drug Administration recomendam que mulheres grávidas ou amamentando, mulheres que possam engravidar e crianças, que evitem completamente o consumo de espadarte, tubarão/cação (Apesar de dois nomes são o mesmo animal), cavala, atum e albacora.  Além disso, não se deve consumir mais de 340 gramas por semana de outros peixes e mariscos. Se você exagerar em uma semana, reduza na seguinte para manter o consumo médio dentro dos limites sugeridos.

Recomendação da Food and Drug Administration e da Agência de Proteção Ambiental dos EUA sobre consumo de pescados.
Recomendação da Food and Drug Administration e da Agência de Proteção Ambiental dos EUA sobre consumo de pescados.

 

Para saber como os predadores estão contaminados por mercúrio clique neste link. E saiba que este tipo de recomendação das agências norte-americanas jamais acontecerá no Brasil. O governo é omisso, enquanto a indústria de Itajaí tapeia os consumidores conforme demonstramos.

 

Por que o Mar Sem Fim insiste nestas matérias?

Antes de encerrar, insistimos em matérias como estas porque no Brasil o consumidor não sabe o que está por trás daquilo que leva para a mesa. Muitas vezes são barbaridades como as demonstradas neste post. Pesca excessiva de espécies ameaçadas mundialmente é apenas uma delas. Sem falar na tortura sofrida por animais que têm suas barbatanas arrancadas!

Atenção caro leitor, todas estas indecências acontecem em plena Década dos Oceanos da ONU!

Enquanto o consumidor continuar calado ante estes fatos, ou seja, sem pressão da opinião pública, o poder público prosseguirá oferecendo carne de tubarão em refeitórios escolares e universitários‘, como disse a Forbes, muito menos mudará sua atuação negligente, espúria, e imprudente com relação à pesca e ao bioma marinho como um todo.

bolsonaro_e  motorista _pescando.png

Bolsonaro pescando com Queiroz parsa de humocídio de Adriano da Nóbrega do Escritório do Crime

04
Out23

Pesca de tubarões aumenta, Brasil na contramão nos tempos de Bolsonaro e Seif

Talis Andrade

Vídeos: Caminhão em nome da família do senador Jorge Seif carregado de maconha e barcos com barbatanas de tubarão. Ibama apreendeu 28,7 toneladas. A maior apreensão do mundo de pesca ilegal

 

 

Por João Lara Mesquita

Já cansamos de mostrar a esculhambação da pesca no Brasil e no mundo. Como disse o titã do ambientalismo, Enric Sala, a pesca parece uma conta bancária da qual só se retiram recursos, nunca é feito um depósito. Não pode dar certo. Infelizmente, notícias recentes nos fazem voltar ao tema. Uma delas, do Conexão Planeta de autoria de Suzana Camargo, fala sobre a  apreensão de 20 toneladas de pescado no Rio Grande do Sul, dentre elas, tubarão-martelo. Para o leitor saber, a espécie está ‘criticamente ameaçada’ de extinção. A outra é do nopontosc.com.br. O site denuncia a apreensão de um pesqueiro de Itajaí com ‘toneladas de barbatanas de tubarões’. Na ciência, a espécie é conhecida como elasmobrânquios, que compreendem animais popularmente conhecidos como tubarões e raias, peixes com esqueleto cartilaginoso. Como se vê, aumenta a pesca de tubarões no Brasil.

Barbatanas de tubarão.
Aumenta a pesca de tubarões. Imagem, Sea Shepherd Brasil.

 

Por que não se deve pescar tubarões

Os predadores do topo da cadeia alimentar têm a função de manter em boas condições os cardumes das regiões que frequentam. Por outro lado, mostramos que de 1970 para cá, as 31 espécies de tubarões e raias oceânicas diminuíram em nada menos que 70%, como demonstra estudo na Nature.

O que espanta é a rapidez. No curto espaço de uma vida humana, a diminuição das espécies atinge uma escala que, em outras eras, levaria séculos. Não é preciso lembrar que o planeta tem cerca de 4,5 bilhões de anos. Isso, mais uma vez, demonstra que o maior ‘predador’ do planeta é o ser humano moderno.

Acumulo da poluição em predadores marinhos.
A ilustração é do jornal da Unesp, ou seja, uma fonte científica isenta. Ela mostra o perigo do consumo de tubarões/cações pela população brasileira.

 

Além disso, em razão do aquecimento global, o mundo enfrenta vários problemas. Mas um deles, que nos coloca em risco, é a acelerada perda de biodiversidade. Ao mesmo tempo que esta predação, digamos, ‘normal’ ocorre na pesca,  há uma atividade que é sinistra.

 

Tortura impune aos animais marinhos

Talvez o melhor termo seja horripilante: em outras palavras, a procura desenfreada de barbatanas de tubarões, quando pescadores submetem os animais a uma inominável tortura. Ao serem trazidos ao convés, têm suas barbatanas decepadas. Em seguida são atirados ao mar ainda vivos e sangrando para morrerem dolorosamente.

ilustração do mercado internacional de carne de tubarão.
Mais uma ilustração da USP, a melhor universidade do País. Ela confirma que o Brasil é o maior importador de carne de tubarão do mundo. Isso tem que mudar!

 

Por mais que tente, não encontro palavras fortes o suficiente para qualificar esta ação criminosa. Peixes são seres que, como nós, têm sistema nervoso. Como tal, sentem dor. Muitos dos ‘defensores de animais das redes sociais’ fazem um escarcéu com filmes que mostram cachorros ou gatos abandonados por seus donos. Palmas para eles.

Mas, simultaneamente, não levantam um dedo para comentar a tortura a que são submetidos entre 70 a 100 milhões de tubarões que têm suas barbatanas decepadas anualmente!

Esta crueldade acontece para satisfazer asiáticos ricos e esnobes que oferecem sopa de barbatanas em suas festas (um caldo insípido já que é uma cartilagem). Copiam os  ricos ocidentais inconsequentes que oferecem caviar em seus coquetéis. (continua)

 

Jorge Seif dos contrabandos de barbatanas de tubarão e maconha chora na CPMI dos atos golpistas de 8 de janeiro, e acusou o general Gustavo Henrique Dutra de ser covarde. Durante sua fala, o parlamentar chegou a chorar e questionou o militar se as pessoas que mostrou anteriormente em vídeo, de militantes, eram criminosas. "O senhor é um covarde. E o senhor traiu seu povo, tinha todas as condições de desmobilizar os acampamentose não fez para deixar depois Flávio Dino", disse. "O senhor encaminha senhoras, senhores, crianças, para serem presos, para agora terem pena, general?". 

Bolsonaro e o parsa de pesca ilegal homicida Fabrício José Carlos de Queiroz parsa fo Adriano da Nóbrega

fabrício queiroz pescaria.jpg

20
Ago23

'É a sua vida que está em risco': Damares é acusada de ameaçar Walter Delgatti durante depoimento na CPI

Talis Andrade

bolsonaro milícia.jpeg

 

Quem não tem medo do Escritório do Crime (formado pelos militares bandidos acoitados pelo clã Bolsonaro), dos milicianos do Rio das Pedras, dos assassinos e torturadores da ditadura militar de 1964, dos traficantes do avião presidencial e da igreja do tio de Damares, dos madeireiros e grileiros de terra que passaram a 'boiada' na Amazônia e assassinaram mãe Bernadete Pacífico?

 

labirintob marielle vivendas da barra ronnie lessa

 

casa-vivendas lessa.jpg

 

A senadora Damares Alves, durante a oitiva de Walter Delgatti na CPI do 8 de Janeiro, chamou a atenção das redes sociais e de parlamentares aliados ao governo. Em um trecho de sua fala na sessão, a ex-ministra de Jair Bolsonaro (PL) — acusado pelo depoente de tê-lo contratado para atacar as urnas eletrônicas — afirmou que a vida do hacker "está em risco", o que foi visto como uma ameaça por internautas, que colocaram o nome da parlamentar entre os termos mais mencionados no Twitter. 

— A vida dá voltas, e é a sua vida que está em risco. Pense em mudar a sua vida, mas você não tem credibilidade nenhuma aqui hoje — disse a senadora.

Na reta final do depoimento, o deputado Rogério Correia (PT-MG) recuperou essa passagem, sem citar nominalmente Damares. O mineiro disse se tratar de uma ameaça feita por uma "senadora da República" e citou uma possível entrada de Delgatti no Programa de Proteção à Testemunha. O petista acrescentou que Delgatti teria "feito bem" ao se manter em silêncio diante dos questionamentos da oposição.

— O senhor Walter Delgatti foi aqui ameaçado, não vou colocar o vídeo para não constranger quem fez ameaça, que é membro da CPI e senadora da república, mas que chegou a dizer a seguinte frase... — disse o deputado, antes de citar o trecho da declaração de Damares.

26
Jul23

Bolsonaro mandou matar Marielle?

Talis Andrade
(Marcelo Camargo/Agência Brasil)
 

 

Agora que as investigações estão sem as correntes que as impediam de prosseguir, o crime será finalmente solucionado

30
Mai23

Os desafios, as soluções e a importância da rastreabilidade para o mercado do ouro

Talis Andrade

aroeira chuva de ouro.jpg

Chuva de ouro no Governo Bolsonaro, que Roberto Campos Netos comprou escondido toneladas e toneladas de oiro, orozinho, orobó

 

No formato de painéis, o Correio Braziliense realiza debate com a presença de especialistas, autoridades e profissionais do segmento.

Partcipam dos painéis:

Moderação: - Vicente Nunes, correspondente do Correio Braziliense em Portugal; - Denise Rothenburg, colunista de Política no Correio Braziliense.

Abertura: - Gilmar Mendes, ministro do Supremo Tribunal Federal (STF).

Pré-pain: - Joenia Wapichana, presidente da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (FUNAI).

Painel 01 - Caminhos políticos: legislação e transparência - Raul Jungmann, presidente do Instituto Brasileiro de Mineração (IBRAM); - Zé Silva, presidente da Frente Parlamentar da Mineração Sustentável; - Vitor Saback, secretário de Geologia e Mineração do Ministério de Minas e Energia;

Painel 2 - Caminhos jurídicos: segurança e legalidade - Andrea Costa Chaves, subsecretária de Fiscalização da Receita Federal; - Frederico Bedran, presidente da Comissão de Direito Minerário da OAB/DF; - Márcio Luís Gonçalves Dias, diretor da Casa da Moeda.

Painel 3 - Caminhos tecnológicos: exploração e rastreabilidade - Larissa Rodrigues, gerente de Portfólio do Instituto Escolhas; - Leonardo Abdias, diretor de Inovação e Mercado da Casa da Moeda; - Erich Adam Moreira, diretor de Administração da Associação Nacional dos Peritos Criminais Federais. Encerramento: - Marivaldo Pereira, secretário Nacional de Acesso à Justiça.

O Ministério Público abriu recentemente uma ação judicial contra três dos maiores exportadores de ouro do Brasil. Com base em pesquisa de uma universidade brasileira, eles alegam que quase 30% do ouro exportado do Brasil foi extraído ilegalmente. Acontecia no governo Jair Bolsonaro. Os três maiores exportadores, de nomes desconhecidos, não se lembram da compra de ouro por Roberto Campos Neto. 

Os repórteres Lucas Rodrigues e Mauro Zambroti percorreram a rota do ouro e dos diamantes, formada por quatro caminhos: o Velho, o Novo, o Sabarabaçu e o Caminho dos Diamantes.

Conhecido como "Estrada Real", eles foram abertos pela Coroa Portuguesa, para ligar as antigas regiões das minas e das pedras preciosas, no interior do Estado de Minas Gerais ao litoral do Rio de Janeiro, passando ainda por São Paulo. São mais de 1600 quilômetros, sinalizados com marcos, onde é possível percorrer esse trajeto, que passa por estradas de terra, asfalto e também por dentro das cidades. Um circuito que envolve quase 200 municipios.

Partindo de Diamantina, a equipe do Caminhos da Reportagem seguiu até Ouro Preto -- o primeiro trecho construido para escoar a riqueza do Brasil colônia até Portugal. A região, que já foi tão cobiçada pelas riquezas minerais, se tornou hoje o destino de mais de três milhões de turistas por ano. Um circuito que resgata o passado, preserva as tradições e está cheio de sabores e da hospitalidade mineira. São aventuras pela natureza, com cachoeiras gigantes; o brilho das pedras preciosas que ainda desperta sonhos em muitos garimpeiros, as minas de ouro; as igrejas barrocas e seus "santos do pau oco"; o contrababando das pedras preciosas escondidas da coroa portuguesa. E a obra de dois mestres geniais: Aleijadinho e Ataíde. O programa conta como se descobriu o diamante -- pedrinhas brilhantes que, na falta de conhecimento da população, eram usadas para marcar jogos de cartas, como tentos. Só quando amostras foram levadas a Portugal, se descobriu que ali tinha diamantes puríssimos. E mostra as cidades históricas: Diamantina, cidade de Chica da Silva, a escrava que virou senhora -- símbolo de luta e coragem. Terra também de Juscelino Kubistcheck, que tinha paixão pelas serestas, uma tradição mantida até hoje na cidade.

A cidade de Mariana -- a primeira vila, cidade e capital do Estado de Minas Gerais. No século XVII uma das maiores produtoras de ouro para a coroa portuguesa. As igrejas barrocas dominando a arquitetura. Distante apenas 20 quilômetros de Ouro Preto, tem, no meio do caminho, a "mina da passagem". Foi a maior mina de ouro da região. No meio do mato, conserva o sistema antigo de cabos de aço que servia aos mineiros e que hoje leva turistas para o fundo da mina. Os túneis são iluminados e levam a uma profundidade que equivale a um prédio de trinta andares.

E finalmente a equipe chega a Ouro Preto, com o Museu de Ciência e Técnica da Escola de Minas, onde se pode entender mais o que foi o ciclo dos minérios, no Brasil Colônia. A relação da quantidade de ouro brasileiro e a revolução industrial da Inglaterra. O ouro como lastro monetário. Ouro Preto, a cidade histórica encravada em um vale profundo das montanhas de Minas. O centro do Império, escolhida pela realeza, quando da transferência da corte para o Brasil. O maior conjunto barroco do país.

A Inconfidência Mineira, movimento de revolta à política tributária de Portugal. A chamada "derrama", com a exigência de um imposto ainda maior. A luta dos mineiros que pregavam a independência da coroa portuguesa.Tiradentes morto e os poetas amargando o exílio na África. Hoje os tropeiros não passam mais por lá, não sobem e descem a estrada construida pelos escravos, a mando de Portugal. Os santos do pau oco estão vazios e nem os diamantes e o ouro chegam de todos os cantos na Vila Rica. Mas a cidade permanece com outras riquezas -- nas festas cristãs, na religiosidade, nos becos intocados, nas igrejas de Aleijadinho e Ataíde, nos detalhes dos altares enfeitados com ouro. O caminho dos diamantes é uma pequena parte de uma grande história que continua por outros caminhos do país.

O Brasil Colônia governava os caminhos do ouro e dos diamante. O Brasil independente e republicano nada sabe. Nem mesmo como e onde o presidente do Banco Central comprou toneladas de ouro.

 

Banco Central escondeu compra de 129 toneladas de ouro

Em três meses, no ano terminal do governo Bolsonaro, Roberto Campos Neto comprou a maior quantidade de ouro dos últimos 20 anos. A compra está avaliada em R$ 39 bilhões

 

bolsonaro chuva de ouro ral.jpg

O Banco Central do Brasil ignorou a Lei de Acesso à Informação em 2021, e optou por não responder aos questionamentos da imprensa sobre uma enorme compra de ouro. No ano passado, o BC totalizou a maior quantidade de compra de ouro nas últimas duas décadas, porém, em um curto período de três meses.

Ao ser questionado sobre as aquisições, o BC alegou a necessidade do sigilo bancário, que lhe garantiu carta branca para segurar informações de interesse público, de acordo com informações do “Portal do Bitcoin”, do Uol.

Confira mais informações no BP Money, parceiro do Metrópoles. (Publicado in 22.05.2022)

05
Abr23

MORO MENTIU MUITO PARA FATURAR COM AS AMEAÇAS DO PCC

Talis Andrade

enxada vaza jato.jpg

 

Nada indica que o ex-juiz tenha inventado as ameaças, mas dá sim para afirmar que ele criou uma narrativa para se beneficiar politicamente.

 

por João Filho /The Intercept

EM JANEIRO DESTE ANO, o ministro da Justiça Flávio Dino coordenou a transferência de Marcola do presídio federal de Rondônia para o presídio federal de Brasília. O motivo foi a descoberta de um plano do PCC para resgatar Marcola, o seu principal líder. A Polícia Federal foi acionada pelo Ministério Público de São Paulo, que descobriu os planos da facção após monitorar suas ações durante anos. Com a transferência de Marcola para Brasília, o plano foi por água abaixo. A facção, então, se preparou para o plano B: sequestrar e matar autoridades públicas para forçar a libertação ou pelo menos a transferência do seu líder para São Paulo. Entre os alvos estavam o senador Sérgio Moro e o promotor Lincoln Gakiya, o homem que lidera as investigações do Ministério Público contra o PCC. 

Esses são os fatos. Agora vamos às mentiras, à politicagem barata e ao show de demagogia do bolsonarismo. Logo que saiu a notícia de que Moro seria um alvo do PCC, a grande imprensa quase que de maneira unânime afirmou que, quando ministro da Justiça, “Moro foi o responsável pela transferência para penitenciárias federais de líderes da facção criminosa” — essas aspas são da CNN Brasil. Trata-se de uma mentira descarada e bastante utilizada durante as últimas eleições por Bolsonaro e Moro. À época, o bolsonarismo tentou de toda maneira associar Lula e o PT à Marcola e ao PCC. Embriagado pelo vale-tudo da campanha, Moro espalhou a mentira:

"Por que Lula, no Governo, nunca transferiu os líderes do PCC, Marcola entre eles, para presídios federais de segurança máxima? E isso mesmo após os atentados de 2006. Perguntado, não respondeu. Em fevereiro de 2019, com 2 meses de Governo, foi feito o que Lula não fez em 8 anos.

— Sergio Moro (@SF_Moro)"  October 16, 2022

 

Moro voltou agora a espalhar a mesma mentira sem o menor pudor e conta com o suporte de boa parte da grande imprensa. Quem pediu a transferência foi o promotor Lincoln Gakiya, que virou o principal alvo dos criminosos. Segundo o próprio Gakiya, Moro entrou na mira do PCC porque baixou uma portaria proibindo visitas íntimas aos presos no sistema penitenciário federal quando foi ministro da Justiça. Moro poderia faturar politicamente com o episódio falando apenas a verdade, mas a sua megalomania não deixou. Uma proibição de visita íntima não é tão grandiosa e midiática quanto uma transferência de presos para presídio de segurança máxima. 

Mas, convenhamos, não dá pra se esperar nada além disso de um moralista sem moral. Estamos falando de um sujeito que rugiu como um leão quando se demitiu do governo fazendo graves acusações contra o presidente e, pouco tempo depois, voltou miando como um gatinho para debaixo das calças de Bolsonaro para apoiar a tentativa de reeleição deste e garantir sua vaga no Senado. O oportunismo e a demagogia barata são as principais marcas da carreira política de Moro — uma carreira que teve início dentro dos tribunais da Lava Jato.  

O plano do PCC contra autoridades públicas fez com que o bolsonarismo ressuscitasse as velhas mentiras associando Lula e o PT ao crime organizado. Jair Bolsonaro reviveu em suas redes sociais as teoria conspiratórias envolvendo o assassinato de Celso Daniel e a facada de Adélio Bispo. Seu filho, Flávio Bolsonaro, lembrou da recente visita de Flávio Dino ao Complexo da Maré no Rio de Janeiro e sugeriu que Lula e o governo estão associados ao crime organizado. Deltan Dallagnol talvez tenha sido o bolsonarista que ficou mais ouriçado com o caso. Ele, que também iniciou sua carreira política usando os tribunais lava-jatistas, passou a fazer insinuações ardilosas sobre uma possível ligação do governo Lula com o plano do PCC em sequestrar Moro. 

 Moro e Dallagnol, que hoje formam o braço lavajatista do bolsonarismo no parlamento, fingem esquecer que quem tem fortes ligações com o crime organizado é a família Bolsonaro’.

Moro e Dallagnol, que hoje formam o braço lavajatista do bolsonarismo no parlamento, fingem esquecer que quem tem fortes ligações com o crime organizado é a família Bolsonaro. Essa não é uma suposição ou uma forçação de barra. Essas conexões já foram fartamente comprovadas. Flávio Bolsonaro empregou familiares do chefe  de milícia em seu gabinete. Ele e seu pai fizeram diversas declarações públicas em defesa de milicianos e chegaram até prestar homenagens a um chefe de milícia. A liberação maciça de armas feita durante o governo Bolsonaro foi responsável por facilitar ainda mais o acesso do PCC às armas. Em 2019, o MPF enviou uma nota técnica ao governo Bolsonaro afirmando que os decretos de liberação de armas facilitariam o desvio de armas para o crime organizado. Graças ao governo Bolsonaro, a “cesta básica do crime” – formada por fuzis, carabinas e pistolas – ficou até 65% mais barata. Moro era ministro da Justiça e nada fez.

Lula errou feio ao sugerir que o plano do PCC poderia ser “mais uma armação do Moro”. Mesmo se isso for verdade — nada indica que seja — um presidente da República não deve fazer esse tipo de ilação sem apresentar provas. A fala atabalhoada mostra que a comunicação é o calcanhar de aquiles do governo atual. Em tempos de fascismo e redes sociais, não se pode levantar uma bola açucarada dessa pros adversários. Moro e os bolsonaristas se indignaram, posaram de vítimas e faturaram politicamente em cima da fala infeliz. O governo precisa resolver esse problema de comunicação ou continuará tomando bola nas costas. O governo do PT tinha tudo pra ganhar politicamente com o caso, mas a fala de Lula virou alimento para a hipocrisia do bolsonarismo. Lula poderia enaltecer a independência da Polícia Federal e ressaltar que o seu governo não interfere em investigações, diferente do governo Bolsonaro do qual Sérgio Moro fez parte. 

 os bandidos que queriam matar Moro foram presos por um órgão subordinado ao ministério da Justiça do governo petista’

Lula poderia lembrar que ele próprio foi alvo do crime organizado quando foi presidente. Em 2008, uma investigação da Polícia Federal descobriu um plano de Fernandinho Beira-Mar para sequestrar um dos seus filhos. O objetivo era conseguir a sua soltura e a de Marcola, chefe do PCC. Outro registro importante: foi durante  os governos do PT que se construíram todos os presídios federais de segurança máxima — que hoje representam o maior pesadelo do crime organizado. No caso envolvendo Moro, o atual governo Lula tem atuado de maneira exemplar. A Operação Sequaz da Polícia Federal cumpriu 24 mandados de busca e apreensão e prendeu 9 criminosos envolvidos no caso. Ou seja, os bandidos que queriam matar Moro foram presos por um órgão subordinado ao ministério da Justiça do governo petista. A PF atuou com a mesma independência que atuou nos governos anteriores do PT. Quem diz isso sobre os governos petistas não sou eu, mas — vejam só! — um ex-procurador da Lava Jato. Em 2016, Carlos Fernando dos Santos Lima afirmou: “um ponto positivo que os governos que estão sendo investigados, os governos do PT, têm a seu favor é que boa parte da independência atual do Ministério Público, da capacidade administrativa, técnica e operacional da Polícia Federal decorre de uma não intervenção do poder político”. 

As ações da PF do governo atual contra o PCC mostram que essa independência continua de pé. Isso não acontecia no governo Bolsonaro, como atestou o próprio Sérgio Moro à época de sua demissão. Ligar o governo, Lula e o PT ao crime organizado é, portanto, mais uma mentira escabrosa servida nas mamadeiras de piroca do bolsonarismo. Quem senta à mesa com o crime organizado é o bolsonarismo.

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21
Mar23

Pátria Voluntária: mais um rolo de Michelle

Talis Andrade
 
Charge: Fredy Varela

 

Por Altamiro Borges

Paparicada pelo chefão do PL – o que tem gerado ciumeira no maridão que fugiu para os EUA –, Michelle Bolsonaro não está com essa bola toda para disputar a presidência da República ou outro cargo eletivo. O seu telhado de vidro é enorme. Na semana passada, o site Metrópoles revelou que “uma auditoria realizada pelo Tribunal de Contas da União encontrou uma série de ilegalidades no programa Pátria Voluntária, chefiado pela ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro”. 

Segundo documento obtido com exclusividade pelo site, o TCU “constatou que o programa, que obtinha arrecadações privadas e as direcionava para entes privados, não respeitava o princípio da impessoalidade orçamentária e não usava critérios objetivos, amparados pela legislação, para definir quem recebia doações. Por considerar que o modelo de gestão adotado era ilegal, o tribunal chegou a indicar que recomendaria a extinção do programa”. 


Ingerência sobre o destino dos recursos

De acordo com o relatório assinado pelo ministro Antônio Anastasia, “o programa de voluntariado era uma maneira de agentes públicos promoverem arrecadações para, depois, terem uma ingerência sobre o destino de recursos privados sem autoridade para isso. Em tese, os recursos eram geridos pela Fundação Banco do Brasil (FBB). A auditoria descobriu, porém, que no Conselho de Solidariedade, criado na pandemia, o governo Bolsonaro definiu a destinação de algumas arrecadações. Além disso, o TCU verificou que os beneficiários das doações eram escolhidos pela Casa Civil”. 

“Embora a arrecadação dos recursos financeiros e a sua gestão sejam de competência da FBB, a seleção das entidades beneficiárias era efetuada no âmbito da Casa Civil”, escreveu o ministro, apontando a grave ilegalidade. No programa, não havia “critérios objetivos e isonômicos para a seleção de instituições sociais a serem beneficiadas com recursos financeiros oriundos de doações privadas”. Os gestores do programa tampouco tinham respaldo legal para administrar os recursos. 


Negociatas na compra de vacinas para Covid
 
Esse não é o único caso escabroso envolvendo a ex-primeira dama – que já tinha o apelido de Micheque, em alusão aos R$ 89 mil em cheques que recebeu do miliciano Fabrício Queiroz, e que agora passou a ser chamada também de MisSheik, em referência às joias de R$ 16,5 milhões que recebeu da ditadura saudita. No início de 2021, no pico das mortes na pandemia do coronavírus, por exemplo, ela foi denunciada por suposto envolvimento nas negociatas para a compra de vacinas. 

Na ocasião, a revista Veja publicou que “uma nova leva de mensagens do cabo da PM Luiz Paulo Dominguetti, em poder da CPI da Pandemia, insere um novo personagem na nebulosa negociação de vacinas superfaturadas com o governo. Trata-se da primeira-dama Michelle Bolsonaro”. O militar citou o reverendo Amilton Gomes de Paulo, que operava como lobista no Ministério da Saúde e “atuou para aproximar os supostos vendedores das vacinas do gabinete presidencial”. 

“Dominguetti comenta assustado sobre os avanços do reverendo. 'Michele [sic] está no circuito agora. Junto ao reverendo. Misericórdia', escreve. O interlocutor se mostra incrédulo diante do nome da primeira-dama. 'Quem é? Michele Bolsonaro?'. E Dominguetti retorna: 'Esposa sim'”. O depoimento bombástico faz parte do relatório da CPI do Genocídio, que infelizmente foi esquecido – para a sorte da hoje “presidenciável” ex-primeira-dama. Mas ele pode ser recuperado em uma futura campanha eleitoral.
 
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21
Jan23

Tenente-coronel ‘caixa 2’ de Bolsonaro ligado a atos golpistas e rachadinhas palacianas

Talis Andrade
 
 
 
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Principal investigado é o ajudante de ordens do ex-presidente, mas materiais mostram que o ex-presidente estava ciente de tudo

 

por Yahoo! /Metrópoles

Investigações que correm no Supremo Tribunal Federal (STF), obtidas pelo Metrópoles, conectam o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) à suposta existência de um ‘caixa 2’ dentro do Palácio do Planalto e o ligam à realização de atos antidemocráticos.

De acordo com a reportagem publicada pelos jornalistas Rodrigo Rangel e Sarah Teófilo, um homem de confiança de Bolsonaro gerenciava o suposto 'caixa 2', que funcionava com dinheiro vivo proveniente de saques feitos a partir de cartões corporativos da Presidência e de quartéis das Forças Armadas.

O dinheiro era usado, entre outras coisas, para pagar um cartão com despesas pessoais da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro – criado no nome de uma amiga dela, Rosimary Cardoso Cordeiro, funcionária do Senado - e para pagar contas pessoais do clã presidencial.

As investigações estão sob o comando do ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal).

Entenda

O tenente-coronel do Exército Mauro Cesar Barbosa Cid – conhecido como “coronel Cid” – é o personagem central das investigações. Homem de confiança de Bolsonaro, ele era:

  • Ajudante de ordens do ex-presidente até o final do mandato;
  • Guardião do celular de Bolsonaro, atendendo ligações e respondendo mensagens;
  • Responsável por tarefas corriqueiras da família, como pagar as contas – a mais sensível, no caso;
  • Camareiro real

Ele também era encarregado de pagar contas pessoais da família de Michelle.

Muitas das operações realizadas pela equipe de Cid era com dinheiro em espécie, na boca do caixa de uma agência bancária localizada dentro do Palácio do Planalto.

Durante as investigações, os policiais identificaram que o modus operandi de Cid era parecido com o apurado nas rachadinhas que envolviam o atual senador Flávio Bolsonaro, filho 01 do ex-presidente. As ações envolviam:

  • Dinheiro manejado à margem do sistema bancário;
  • Saques em espécie;
  • Pagamentos em espécie;
  • Uso de funcionários de confiança nas operações;
  • Versão palaciana do miliciano Fabrício José Carlos de Queiroz. 

A partir daí, os investigadores começaram a enxergar fortes indícios de lavagem de dinheiro. Além dos saques a partir de cartões corporativos, Cid recebia valores provenientes de saques feitos por militares lotados em quartéis de fora de Brasília. Uma zona. 

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07
Dez22

O recado indecoroso e ameaçador de Flávio Bolsonaro para Alexandre de Moraes

Talis Andrade

nando flavio bolsonaro queiroz.jpg

 

O senador criminoso miliciano propõe que todos se acovardem diante do poder que a família e a extrema direita ainda pensam ter. Essa é a pacificação

 

 

por Moisés Mendes

- - -

O choro de Bolsonaro diante dos militares levou o filho Flávio a entregar armas como um derrotado desastrado e prepotente. 

Flávio mandou dizer a patriotas e manés ainda nas estradas e diante dos quartéis que a ideia do golpe nunca existiu. E aproveitou para fazer uma proposta.

Sugeriu que Alexandre de Moraes arquive os inquéritos contra ele, o pai dele, os irmãos, os milicianos, os empresários e os amigos golpistas.

Fez a sugestão com a candura de uma mãe que pede clemência a um juiz por ter furtado um pacote de massa miojo para enganar a fome de quatro filhos.

Foi isso o que disse Flávio em entrevista a Paulo Cappelli, do Metrópoles: 

“A pacificação do país passa pelo arquivamento dos inquéritos que estão com o Alexandre de Moraes no STF. A defesa da democracia passa pelo arquivamento desses inquéritos. Se Moraes continuar nessa toada, o próximo Bolsonaro será o Lula. Amanhã, será a vez da esquerda”.

Nessa toada, Moraes toca os inquéritos mais importantes da República, porque juntam os principais desmandos da extrema direita desde a eleição de 2018. 

As investigações tratam das milícias digitais, das fake news, dos atos golpistas em Brasília, do que chamam, no conjunto, de gabinete do ódio, dos tios do zap que se organizaram para defender o golpe, dos manés que ocuparam estradas e ruas depois da eleição e dos financiadores das arruaças.

Há no recado do senador uma advertência: Moraes pode fazer com Lula amanhã o que faz hoje contra Bolsonaro. 

É uma tese que circula inclusive entre carnavalescos de esquerda do bloco do eu-estou-avisando.

Há na fala de Flávio uma ofensa grave ao ministro que relata os crimes da família e dos agregados dos derrotados. 

Há também uma aposta no pano quente e nos imbróglios da burocracia judiciária, diante da possibilidade de transferência de parte dos casos para a Justiça Comum. 

E aí tudo pode acontecer e não acontecer, ainda mais agora que as próprias autoridades finalmente reconhecem que o bolsonarismo expôs muitos xerifes sem brio. E brio não é mercadoria barata. 

Há ainda no recado de Flávio, mesmo que não explicitado, o alerta que o fascismo dissemina com insistência sobre a granada que espera Moraes no Senado. 

A forte bancada de extrema direita manterá o ministro e seus colegas sob ameaça de impeachment, mesmo que pareça improvável. 

O Senado bolsonarista poderia puxar o pino da granada quando quisesse.

Nessas circunstâncias, a ideia da pacificação é um truque raso, mesmo que seja da natureza da política e de seus apêndices fazer arranjos sujos e limpos, alguns até hoje mantidos sob os pântanos. 

Foi assim na anistia de 1979. Todos estavam cansados, e os exilados queriam voltar. Não havia o que fazer. 

Aceitaram o que havia sido imposto. Os exilados voltaram, os dois lados seguiram a vida, mas em algum momento se daria um jeito de pegar os criminosos. 

Alguns tentaram fazer o que argentinos, no melhor exemplo, e chilenos e uruguaios fizeram. 

Tentaram revisar a anistia, para pelo menos processar os torturadores. Faltou lastro político em todas as esferas, do povo às elites que poderiam transmitir alguma bravura e confiança.  

E foi assim que o Supremo decidiu: não mexam com isso daí. Não mexeram, apesar da Comissão da Verdade e de valentes mobilizados pela reparação de crimes de lesa humanidade.

E assim o país elegeu um presidente que elogia torturadores. Foi essa a pacificação à brasileira. 

Bolsonaro é produto desse esforço pacificador, com o Supremo e com tudo, patrocinado por, terei de repetir, autoridades sem brio.

É o que Flávio propõe que se repita, mas sem que exista reciprocidade, como se pretendeu que existisse na anistia de 1979. 

O que o Brasil ganha com a anistia para as quadrilhas investigadas por Alexandre de Moraes? Nada.

A pacificação proposta é o que é. Uma tentativa de passada de mão na bunda. É um acinte do porta-voz dos investigados, incluindo sonegadores que patrocinam o golpe. 

Flávio pede que instituições e autoridades façam fila para que ele toque suas partes, enquanto o pai e os filhos dão gargalhadas. 

O senador propõe que todos se acovardem diante do poder que a família e a extrema direita ainda pensam ter.

Essa é a pacificação. Um gesto em que Flávio é apenas o emissário do pai. A atitude do empreendedor da família é o que há muito tempo chamavam de desplante. 

Promotores, procuradores, juízes, desembargadores e ministros das altas Cortes sabem que é desfaçatez mesmo.

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