A Lava Jato uma quadrilha que roubou bilhões que sumiram pelos paraísos dos ladrões de toga - III
O desafio é saber onde foi parar o dinheiro arrecadado com multas e que foi depositado em contas designadas pelo então juiz Moro & sócios
por Márcio Chaer
Usasse o mesmo escrutínio com que atira em seus alvos, a Editora Alvinegra, que publica a Piauí, explicaria aos leitores por que tenta esconder o rastro que a liga ao Itaú-Unibanco. O nome do dono e presidente do Instituto Moreira Salles, João Moreira Salles, estranhamente, não aparece nas informações prestadas à Receita Federal entre os sócios da empresa e do instituto — que está sendo executado pela Prefeitura de São Paulo por um calote de R$ 2 milhões em impostos.
O Instituto Moreira Salles a Editora Alvinegra têm um histórico de prestação de serviços sem licitação para o governo, dezenas de ações trabalhistas e um volume considerável de práticas que a revista Piauí, regularmente, usa para atingir suas vítimas.
Provavelmente porque não se enquadrem no compliance do banco as aventuras tresloucadas do acionista — que emprestou um jatinho da família para dar fuga a um traficante, rumo a Buenos Aires, onde se manteve com um mensalinho pago por Moreira Salles.
A triangulação societária da editora da Piauí também chama a atenção. Perante a Receita Federal, um dos sócios da Editora Alvinegra é o Instituto Artigo 220, criado para “garantir a independência editorial” da revista. Tal instituto foi constituído por Moreira Salles e a Patizeiro Participações, sediada em Matão (SP), num endereço onde consta outra empresa da família, a Cambuhy Agrícola.
A partir das lentes com que enxerga o mundo, a ciosa revista também explicaria por que um relatório do Tribunal de Contas da União apontou, em 2017, uma série de irregularidades na aplicação de recursos da Lei Rouanet pelo Itaú Cultural, em termos como “falta de transparência na movimentação financeira” e “execução de despesas vedadas pela legislação”. Ou ainda: “A despeito de o proponente afirmar na solicitação dos recursos que não utiliza incentivos da Lei Rouanet para realizar gastos administrativos, não é possível atestar a veracidade da informação fornecida pelo Itaú Cultural”. A auditoria analisou as contas no período em que, veja só, Joaquim Falcão integrou o conselho do instituto.
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