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O CORRESPONDENTE

Os melhores textos dos jornalistas livres do Brasil. As melhores charges. Compartilhe

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O CORRESPONDENTE

07
Abr23

“Um país que mata crianças é tudo menos democracia”, diz ministro dos Direitos Humanos após ataque em Blumenau

Talis Andrade

 

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O ataque aconteceu no parque infantil da creche Cantinho do Bom Pastor, em Blumenau
O ataque aconteceu no parque infantil da creche Cantinho do Bom Pastor, em Blumenau AP - Denner Ovidio

A morte nesta quarta-feira (5) de quatro crianças que brincavam num parque infantil na creche Cantinho do Bom Pastor, em Blumenau, no Vale do Itajaí, Santa Catarina, chocou o Brasil. O Ministério Público de Santa Catarina pediu em nota que não sejam divulgados dados do criminoso nem imagens do local, mas que cobertura da mídia foque nas vítimas. O caso, que suscitou reações da classe política, acontece menos de dez dias após uma professora ser morta durante ataque em escola paulista.

No fim de março, uma professora de 71 anos foi morta a facadas por um aluno em colégio público da zona oeste de São Paulo. Somente este ano houve apreensão de vários estudantes com armas em escolas do país, entre eles um no Paraná, outro no Distrito Federal e um no interior do São Paulo, que divulgavam ameaças de massacre nas redes sociais.

“Um país, um mundo que mata crianças é tudo menos democracia. É tudo menos um mundo descente. Estamos falhando miseravelmente com as pessoas mais precisam de nós neste país. E nós temos que admitir para dar um passo à frente. Eu queria, em nome do Estado brasileiro, pedir desculpa para você”, afirmou em tom de desabafo o ministro da Secretaria de Direitos Humanos, Sílvio Almeida, enquanto olhava para uma menina durante um discurso.

 

 

O presidente Lula disse que não dá para entender tamanha violência. “Para qualquer ser humano que tenha o sentimento cristão, uma tragédia como essa é inaceitável, um comportamento, um ato absurdo de ódio e covardia”, afirmou. “Não há dor maior que a de uma família que perde seus filhos ou netos, ainda mais em um ato de violência contra crianças inocentes e indefesas”, completou o chefe de Estado.

Outras autoridades lamentaram a tragédia pelas redes sociais. “Precisamos acabar com esse ambiente de violência no país”, disse o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, comentando as mortes na creche catarinense. O presidente da Câmara, Arthur Lira, também falou sobre o ataque em Santa Catarina, cometido por um homem de 25 anos que pulou o muro da creche com uma machadinha na mão. Lira sugeriu medidas jurídicas mais duras para criminosos nesse caso. “Repugnante, deplorável e injustificável o ataque a creche de SC. Não podemos aplicar atenuantes jurídicos para crimes hediondos. No que for preciso, a sociedade terá o meu apoio para endurecer as medidas punitivas aos que atentam contra a vida”, postou.

Um relatório da equipe de transição do atual governo realizado no fim do ano passado apontou ao menos 35 vítimas de ataques a escolas no Brasil desde o ano 2000. Os dados não incluem as mortes deste ano. O documento aponta como possíveis causas a exposição a bullying e exposição prolongada de processos violentos, como autoritarismo parental, negligência familiar e conteúdo que enaltece a cultura da violência disseminado em redes sociais e aplicativos de mensagens.

Cultura da violência

“Triste a cultura da violência que se espalhou pelo Brasil. Desta vez, atinge a creche Bom Pastor, em Blumenau”, disse o ministro da Secretaria de Comunicação Social do governo, Paulo Pimenta. A ministra do Planejamento, Simone Tebet, também lamentou a morte das crianças. “Que tragédia! Não consigo sequer imaginar a dor dessa terrível e trágica perda. Cada vez mais se fazem necessárias medidas de segurança em escolas e creches do Brasil para prevenir que tragédias como estas não ocorram mais. Punição severa ao assassino!”

A forma como o assassino se portou após o ataque, ao se apresentar à polícia e se entregar, também chamou atenção. Autoridades que investigam o caso não descartam a possibilidade de o caso de São Paulo ter motivado o crime no Sul do país. O Ministério Público de Santa Catarina orientou em nota que profissionais da imprensa evitem identificar o assassino ou divulgar sua biografia, tampouco divulgar imagens da tragédia. “Já há estudos e extensa literatura que indicam que exposição do agressor e de imagens do ocorrido são um estímulo para novos ataques”, afirmou Fernando da Silva Comin, procurador-geral de Justiça do Estado.

Diferentes jfome eitos de matar

O ministro da Secretaria de Direitos Humanos afirmou que a situação da infância como um todo precisa ser revista pelo governo e pela sociedade. “É culpa da sociedade brasileira, do Estado brasileiro, da maneira como temos tratado crianças e adolescentes neste país. Há muito tempo. A maneira como a sociedade em geral, os governos, eu diria que as entidades todas, as empresariais, todo mundo, do jeito como temos tratado as crianças neste país”, disse Sílvio Almeida. “Mas há outro jeito de matar crianças também. Temos cultivado isso e normalizado isso há muito tempo. Temos permitido que as crianças passem fome. Crianças morrem de fome. Temos permitido que crianças fiquem sem escola. Temos permitido, isso há muito tempo, que as crianças morem, não é moradia na verdade, que as crianças fiquem nas ruas”, completou.

Crianças na rua sobrevivendo em meio ao caos do Rio de Janeiro. Trabalho infantil escancarado entre ruas e avenidas. Matéria veiculada na Record RJ.

Infância roubada pela ditadura militar brasileira
 

Realização: Emanuelle Menezes, Erik Ferrazzi, Julia Cicala, Maiara Farias, Mayara Soares. O golpe militar, que atingiu o Brasil durante 21 anos, reconhecidamente torturou, matou e perseguiu todos aqueles que ousaram enfrentá-lo. Mas não foi só isso. A perseguição e a tortura também fizeram parte da história de crianças que cresceram em um ambiente de opressão onde a liberdade e a inocência lhes foram tiradas brutalmente. Filhos da Ditadura resgata a história desses brasileiros que desde muito cedo vivenciaram os prejuízos e os traumas de se viver em um ambiente antidemocrático. São vozes de um país que precisa, mais do que nunca, conhecer seu passado para entender seu presente e não repetir o mesmo erro 
 
21
Out22

O amor cristão e o ódio do deputado bolsonarista que ameaça queimar estudantes como aconteceu na boite kiss

Talis Andrade

Veja a íntegra da leitura da carta de Lula aos evangélicos - Vídeo  DailymotionNexo Jornal

Um menino reza pelo Brasil, pela vitória de Lula, na leitura da Carta aos Evangélicos. Outro pergunta ao Papa Francisco se o pai ateu, "um bom bom" que morreu recentemente, está no céu.

Dois lindos momentos do cristianismo. Quando o malígno deseja que os estudantes de Santa Maria, porque denunciaram a corrupção do orçamento secreto no Ministério da Educação, sejam queimados vivos como aconteceu na boite Kiss.

Deputado diz que estudantes têm de ser queimados vivos

O deputado federal bolsonarista Bibo Nunes (PL-RS) critica um protesto feito pelos universitários de Santa Maria contra o bloqueio de verbas do MEC (Ministério da Educação) promovido pelo governo Bolsonaro. Ele também cita os alunos da Universidade Federal de Pelotas, usa termos como vergonha, escória do mundo, miseráveis e coitados para se referir aos estudantes e faz referência a uma cena do filme “Tropa de elite”. “É o filme Tropa de elite. Sabe o que aconteceu. Olha o um. Olha o filme um. Pegaram aqueles coitadinhos. Que coitadinhos? Aqueles riquinhos, ajudando pobre, se deram mal. Queimaram vivo dentro de pneus! Queimaram vivo dentro de pneus! E é isso que esses estudantes alienados, filhos de papai, que têm grana, merecem”, diz o parlamentar, com o tom de voz bastante elevado.

Foi na cidade gaúcha de Santa Maria que ocorreu o incêndio na boate Kiss, em janeiro de 2013. Na ocasião, chamas causadas por fogos de artifício detonados dentro da danceteria se alastraram de forma descontrolada, o que resultou na morte de 242 pessoas. Entre as vítimas, havia 113 estudantes da universidade citada por Nunes no vídeo

Nesta sexta, a deputada federal Fernanda Melchionna (PSOL-RS) anunciou que vai denunciar Nunes ao Conselho de Ética da Câmara e ao Ministério Público. “Inadmissível fazer uma ameaça sórdida de que os estudantes da UFSM deveriam ser queimados vivos, ainda mais na cidade que sofreu a tragédia da Boate Kiss”, afirmou a parlamentar. Também houve reação do ex-reitor da Universidade Federal de Santa Maria, Paulo Burmann, que foi candidato a deputado federal pelo PDT, mas não se elegeu. Ele postou um vídeo nas redes sociais classificando as falas do bolsonarista como “um ataque arrogante, carregado de ódio, sem nenhum sentimento humano”.

Antes de entrar para a política, o gaúcho Bibo Nunes trabalhou como apresentador e repórter em diversos veículos de imprensa do Rio Grande do Sul, como a RBS TV Cruz Alta, o jornal Zero Hora e a TVE RS. Concorreu a uma vaga na Câmara dos Deputados pelo PSD, em 2014, e a ao cargo de vereador de Porto Alegre pelo PMDB, em 2016, mas não obteve sucesso em nenhuma das ocasiões. Em 2018, se associou ao bolsonarismo e foi eleito deputado federal pelo PSL, com mais de 91 mil votos. Migrou para o PL em 2021 e tentou a reeleição em 2022, mas não conseguiu.

Discurso de ódio bolsonarista na boca malígna de Bibo Nunes

Papa consola criança que perguntou se seu pai ateu estava no céu

Cidade do Vaticano - O papa Francisco afirmou neste domingo que Deus não abandona as pessoas boas, ao responder a uma pergunta feita por um menino que queria saber se seu pai, que era ateu e morreu há pouco tempo, estava no céu.

Durante uma visita à paróquia do bairro de Corviale, na periferia de Roma, Francisco respondeu às perguntas dos fiéis, entre os quais estava Emanuele, um menino de oito anos, cuja voz estava embargada pelo choro.

Diante desta situação, o papa lhe encorajou a fazer sua pergunta perto de seu ouvido, lhe abraçou e ambos conversaram durante alguns minutos. Posteriormente, o pontífice pediu permissão ao menino para revelar sua inquietação.

Francisco explicou então que Emanuele lhe contou que seu pai havia morrido há pouco tempo e que, embora não fosse crente, tinha batizado seus quatro filhos, mas sua dúvida era "se o papai estava no céu".

"Que lindo que um filho diga que seu pai era bom. Um lindo testemunho daquele homem para que seus filhos possam dizer dele que era um homem bom. Se esse homem foi capaz de ter filhos assim, é verdade que era um grande homem", declarou o papa.

Francisco ressaltou que embora este homem "não tivesse o dom da fé, não fosse crente, fez batizar os filhos" e, perante a dúvida de Emanuele, respondeu: "Quem diz quem vai para o céu é Deus".

Então Francisco perguntou aos presentes: "Deus abandona seus filhos quando são bons?", ao que responderam "não" em coro.

"Bom, Emanuele, esta é a resposta. Deus seguramente estava orgulhoso do seu pai, porque é mais fácil batizar os filhos sendo crente que batizá-los não sendo crente. E seguramente Deus gostou muito disso", acrescentou.

E concluiu: "Fale com seu pai, reza ao seu pai. Obrigado, Emanuele, pela sua valentia ".

Outra das perguntas ao papa foi se todos, "inclusive os não batizados", somos "filhos de Deus", ao que Francisco explicou: "Somos todos filhos de Deus, inclusive os que são de outras religiões distantes".

"Inclusive os mafiosos, embora estes prefiram comportar-se como filhos do diabo", completou.

As crianças também lhe questionaram sobre o que sentiu quando foi escolhido papa e Francisco respondeu que "não sentiu medo, nem uma grande alegria (...), mas uma grande paz". EFE

Campanhas de Lula lançam cartas aos evangélicos desde 1989; veja a primeira
A liberdade religiosa era o compromisso número 1 da carta lançada na eleição contra Collor. Veja íntegra do exemplar obtido por CartaCapital


A carta aos evangélicos lançada na quarta-feira 19 pelo ex-presidente Lula (PT) não foi a primeira a ser divulgada por uma campanha do petista ao Palácio do Planalto: a iniciativa pioneira ocorreu em 1989, na campanha que disputou contra Fernando Collor, que lançou as mesmas mentiras hoje repetidas por Jair Bolsonaro de fechar igrejas. 

Carta de Lula aos religiosos rebate fake news dos fariseus e cita Evangelho de São João

por Vinicius do Valle 

Depois de semanas de discussão e especulação sobre a possibilidade de Lula lançar uma carta para evangélicos, saiu ontem, no dia em que se comemora Nossa Senhora Aparecida, um documento da campanha petista, assinado por Lula, destinado aos religiosos do Brasil. O documento sai após uma versão anterior, destinada especificamente aos evangélicos, ter sido vazada para a imprensa – revelando a dificuldade da campanha petista em lidar com o tema de forma interna.

Para muitos do comitê eleitoral petista, a campanha de Lula deveria focar na agenda econômica e social, as quais Lula teria muito a mostrar, ao invés de alimentar a agenda moral e religiosa. No entanto, a enxurrada de fake news de conteúdo religioso e o alívio relativo nas condições de vida de parcela da população, gerado pelo auxílio Brasil turbinado e redução do preço da gasolina – feitos sob medida para a campanha bolsonarista e com prazo de duração limitado — tornaram a agenda moral inescapável.

A versão final do documento parece, nesse sentido, ter ficado no “meio termo” entre a posição de não entrar no embate religioso e a de um documento voltado especificamente ao segmento evangélico, com compromissos específicos e fechados. Na carta, Lula afirma o respeito ao direito à religião e à liberdade religiosa. Reconhece o papel das religiões na sociedade brasileira, e se compromete a respeitar a Constituição, todas as religiões, os templos e locais de culto, públicos ou privados. Cita ainda o evangelho de João, capítulo 10 e versículo 10, manifestando o desejo de construir uma sociedade em “que todos tenham vida em abundância”.

 

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