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O CORRESPONDENTE

Os melhores textos dos jornalistas livres do Brasil. As melhores charges. Compartilhe

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O CORRESPONDENTE

08
Ago22

Nota de Solidariedade a Manuela D’Ávila

Talis Andrade

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O Partido das Trabalhadoras e dos Trabalhadores do Rio Grande do Sul e a Secretaria Nacional de Mulheres do PT vêm expressar sua solidariedade à Companheira de lutas, Manuela D’Ávila e expressar veementemente o nosso repúdio aos ataques inaceitáveis e criminosos sofridos por Manuela e sua família.

Não podemos aceitar nenhum tipo de ataque, tampouco quando isso acontece com a intenção de intimidar para silenciar uma das vozes mais importantes na luta por igualdade e por mudanças na sociedade brasileira.

Exigimos que as autoridades investiguem e punam o autor dessas ameaças, por fim, mas uma vez reafirmamos nossa irrestrita solidariedade à Manuela e sua família com a certeza que seguiremos juntos e juntas na luta contra a misoginia e demais crimes de ódio.

 

MANUELA D'ÁVILA: HÁ VIDA POLÍTICA FORA DE ELEIÇÕES?

 

Manuela d’Ávila, convidada do programa 20 MINUTOS ENTREVISTA,  defendeu a adoção imediata de ações emergenciais para o combate à fome na base da população brasileira. Para a ex-vereadora, deputada estadual e deputada federal filiada do Partido Comunista do Brasil (PCdoB), setores progressistas brasileiros se afastaram da esfera pública tanto no mundo virtual como no real e, portanto, se desconectaram da vida cotidiana da maioria do povo. "Muitos de nós resistimos a iniciativas de solidariedade prática, como quem diz que é assistencialismo, mas são espaços de articulação de saídas para o dia a dia do povo”, afirma.

O período da pandemia evidenciou ainda mais essa ausência de articulação e de atuação prática: “Como não tivemos um grito unificado em defesa das cozinhas das escolas públicas abertas produzindo alimento para o povo? Não tem explicação para isso”. Tais espaços vagos, como já vinha acontecendo, acabaram preenchidos por comunidades de base como as reunidas em torno de igrejas evangélicas.

A ex-candidata a vice-presidenta da República em 2018, na chapa de Fernando Haddad, localiza os “feixes de luz” que despontaram na “escuridão severa” pós-2014: estão representados pela juventude que se manteve na rua, pelas mulheres mobilizadas a partir da construção do golpe contra Dilma Rousseff e pelos negros e negras que constituem a base trabalhadora do país e se expressam em bancadas antirracistas em diversas instâncias legislativas.

D’Ávila combate a ideia de um “sujeito universal” evangélico, difundida habitualmente à esquerda, e diz não reconhecer uniformidade na população neopentecostal. “Na primeira vez que fui a um templo desses, o que me impactou foi a auto-estima das mulheres negras super-exploradas no trabalho, vítimas de violência, que chegam ali e celebram, cantam se arrumam.” De modo análogo, ela questiona a uniformização corrente da “classe operária” ou “classe trabalhadora” na compreensão da desigualdade brasileira.

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11
Abr22

Basta de ordem unida vamos aprender a dançar e cantar o frevo

Talis Andrade

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Nenhuma descrição de foto disponível.

Flaira Ferro

 

O Programa Nacional das Escolas Cívico-Militares é uma iniciativa do Ministério da Educação, em parceria com o Ministério da Defesa, que apresenta um conceito de gestão nas áreas educacional, didático-pedagógica e administrativa com a participação do corpo docente da escola e apoio dos militares.

O Estado do Paraná da supremacia branca, do racismo, do conservadorismo, do prefeito de Curitiba que tem nojo de pobre, do Ratinho pai que ameaça mulheres de morte, do Ratinho Filho também podre de rico, seguindo a política da extrema direita do governador Richa, danou-se a criar escolas cívico-militares. Foi a represália, o castigo imposto pela ousadia dos estudantes com o Movimento Ocupa Escola.

As escolas cívico-militares é uma pobre compensação, que nas escolas militares impera o corporativismo. A prioridade das matrículas uma herança dos filhos dos militares. 

As escolas cívico-militares ensinam ordem unida, valores do conservadorismo caduco da Tradição, Família, Propriedade - a triunfante TFP da pregação do golpe de 1964, misturada com a Teologia da Prosperidade da campanha bolsonarista de 2018, bem representada pelos pastores dos negócios da educação, e pelos coronéis da vacina na militarização do Ministério da Saúde.Nenhuma descrição de foto disponível.

Ana Júlia Ribeiro Ocupa Escola

 

Duvido nas escolas militares e nas escolas cívico-militares um movimento ocupa escola para prostestar contra o kit robótica (roubótica), para um exemplo. Duvido chegar uma Ana Júlia, que liderou o Ocupa Escola no Paraná, para falar na sala de aula:

"O pior ministro da educação da história acaba de ser exonerado. Milton Ribeiro sucedeu o pior ministro da educação da História, Abraham Weintraub, que sucedeu o pior ministro da educação da história, Vélez, e deve dar lugar, mais uma vez, ao pior ministro da educação da história.

Milton Ribeiro correu e se escondeu pra evitar que o governo sangrasse com mais um escândalo. Mas e agora? Os atos do ex-ministro precisam ser investigados e punidos".

O governo Bolsonaro forma o aluno disciplinado, obediente, subordinado, hierarquizado, nivelado, passivo, decoreba, elogiado pelo comportamento automático, treinado na ordem unida, no passo de ganso. Um estudante robotizado. 

A corrupção do Mec vai além da comelança do dinheiro público. 

Não vou teorizar aqui. 

E sim propor a volta das aulas de História. 

Que a ginástica da ordem unida e as aulas de hinos marciais sejam substituídas pelo frevo. O frevo é ritmo, arte, educação física, ginástica, dança, cântico, poesia, música, cultura popuar, alegria, liberdade, democracia, fraternidade, igualdade, felicidade, (re) união, união, povo. 

Ditadura nunca mais

Tortura nunca mais

Exílio nunca mais

A Democracia não constrói cemitérios clandestinos

02
Abr22

Prazo para tirar o título de eleitor para todos que tenham 16 anos até o dia da eleição vai até 4 de maio

Talis Andrade

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Todos os brasileiros a partir de 16 anos têm até o dia 4 de maio para pedir a primeira via do título de eleitor ou regularizá-lo a tempo de votar nas Eleições de 2022. O procedimento pode ser feito pela internet, por meio do Título Net.

O primeiro turno da votação está marcado para 2 de outubro. Já o segundo turno, nos estados e nacionalmente, caso preciso, ocorrerão em 30 de outubro, último domingo do mês.

  • Conhece alguém com 16 e 17 anos que ainda não tirou o título de eleitor? Compartilhe esta notícia por WhatsApp ou Telegramque ainda dá tempo. Leia mais

Vamos derrotar as forças do mal. Os inimigos da Claridade, da Liberdade, da Democracia, da Fraternidade. Vamos calar os golpistas. Vamos fechar o gabinete do ódio e sua máquina de fake news.

Tortura nunca mais. Exílio nunca mais. Ditadura nunca mais. 

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OAB Nacional promove campanha pelo voto consciente
 
31
Out20

"Todos os dias, os dominantes ignoram direitos e rasgam a constituição" (vídeos)

Talis Andrade

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Que sejamos mais baderneiros

 
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Sempre que realizamos algum protesto de expressão popular sobre qualquer reivindicação que seja (saúde, educação, direitos trabalhistas, etc) a primeira crítica que escutamos da mídia conservadora ou quando lemos alguns comentários nas redes sociais é de que tudo não passa de obra de um bando de baderneiros.

No entanto, todas as nossas manifestações dos últimos anos são reivindicações de princípios e direitos já garantidos na constituição brasileira. A baderna da juventude que ocupa escolas e universidades, muito além de lutar por uma educação pública de qualidade (Art. 6º da Constituição), também promove a autonomia e a participação social e politica dos jovens, previstos tanto no Estatuto da Criança e do Adolescente quanto no Estatuto da Juventude.

A baderna, promovida pelos grupos feministas, é a luta pela equidade de gênero e pela dignidade humana da mulher, da mesma maneira que a baderna realizada pelos movimentos negros é a luta antirracista e pela igualdade. Outro exemplo é a baderna dos sem terra e dos sem teto, que apenas lutam pela realização da função social da terra rural e da terra urbana. Até porque, segundo a própria constituição, a propriedade privada deve cumprir a sua função social porque senão ela servirá apenas como mais um instrumento de acumulação de riquezas e de promoção da desigualdade.

 

As ditas badernas giram em torno do que já está garantido no papel, mas que precisa se concretizar na vida cotidiana das minorias!

Todos os dias, os dominantes ignoram direitos e rasgam a constituição. Em casos como o de Rafael Braga, preso por estar com pinho sol e 0.6g de maconha - o que não deixaria nenhum filhinho de papai de pele clara na delegacia por mais de duas horas - é um clássico exemplo de que a lei não é aplicada para todos da mesma maneira.

O episódio dos 18 jovens do Centro Cultural de São Paulo (CCSP) que estão sendo processados por estarem indo a um protesto do “Fora Temer” - que se por ironia fosse uma manifestação pró-impeachment de Dilma Rousseff nem sequer teriam sido abordados - é também um exemplo de desrespeito ao direito de livre manifestação.

Os detentores do poder, que se escondem debaixo de togas, de mandatos e de empresas, tentam inverter os papéis da sociedade. Eles não se enxergam como responsáveis por perpetuar as desigualdades e ainda se consideram vítimas das ações afirmativas; entendem como regalias os direitos que são concedidos pelo Estado aos trabalhadores mais vulneráveis. Por isso que todas as vezes que questionamos e tomamos as ruas pela luta por direitos, o sistema contra-ataca nos intitulando de baderneiros. Esquecem que os causadores do verdadeiro caos são eles mesmos, que persistem na manutenção de seus próprios privilégios.

Essa classe raivosa atropela direitos dos trabalhadores, dos negros, das mulheres e LGBTIS. Cinicamente conseguem transformar a luta por direitos em arma de criminalização e repressão aos movimentos sociais. Eles passam por cima do crivo popular em seus projetos de lei, medidas provisórias e propostas de emendas constitucionais - e de tempos em tempos golpeiam a democracia.

Particularmente considero o adjetivo “baderneiro” muito mais como um elogio. Pois, se estamos exigindo o compromisso com a constituição e reivindicando direitos das minorias ainda não consolidados, significa dizer que estamos exercendo a cidadania, que apenas se inicia nas urnas.

Mais do que nunca é preciso ser mais baderneiro e ir às ruas, porque denunciar as injustiças dos ordeiros e paladinos da moralidade não cabe dentro de um vídeo de 15 segundos feito para a televisão.

Gostem ou não, a cidadania é construída nas ruas por quem mais gera riquezas para o país: o povo. É da cidadania plena que eles mais têm medo, porque sabem que é através dela que podemos vencê-los. Enquanto a nossa baderna girar em torno da luta pela justiça social, pela verdadeira democracia e pela fraternidade entre as pessoas, estaremos no caminho certo.

Que sejamos todos cidadãos, que sejamos mais baderneiros.

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16
Jan20

Formandos da USP desbancam paraninfa ministra de Bolsonaro: Não nos representa

Talis Andrade

Tereza Cristina foi convidada pelo diretor e aceitou ser a paraninfa de mais de 200 estudantes. Mas nessa terça-feira, 14, os estudantes deram o troco em Dourado Neto, pois a ministra levou um carão na frente de todos os presentes ao encontro:

- De um agro que é pop, que é tech, que é tudo. Temos a certeza de que a senhora, ministra, e o governo Bolsonaro como um todo, representam, geram e reproduzem em seu projeto de país esse modelo. 

Um modelo que é a cara da bancada ruralista. Um projeto de governo fundamentado e sustentado no capital e na desigualdade. 

Desde 17 de janeiro de 2019, Durval Dourado Neto é diretor da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz da Universidade de São Paulo (Esalq/USP).

Localizada em Piracicaba, interior de São Paulo, ela é voltada aos cursos de ciências agrárias, sociais aplicadas e ambientais.

Em menos de um ano de gestão, um “feito” dele já tem lugar garantido na história da escola: a pressão sobre os alunos para a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, ser a paraninfa das oito turmas de formandos de 2019.

A  intromissão do diretor na escolha funcionou.

Tereza Cristina foi convidada e aceitou ser a paraninfa de mais de 200 estudantes.

Mas nessa terça-feira, 14/01, os estudantes deram o troco em Dourado Neto, pois a ministra levou um carão na frente de todos os presentes ao encontro.

Nara Perobelli, formanda em Gestão Ambiental, desbancou a ministra.

Durante o encontro, ela leu uma dura carta dos estudantes, criticando a escolha da paraninfa, o modelo do agronegócio e o projeto da ministra e do governo Bolsonaro, que é a “cara da bancada ruralista”.

A carta termina com uma homenagem à agrônoma Ana Maria Primavesi, pioneira da agroecologia, que faleceu dia 5 de janeiro de 2020, aos 99 anos:

Acreditamos, trabalhamos para isso e seguiremos na luta em direção a um sistema, que, como diz nossa sempre presente Ana Maria Primavesi, “não é para vender adubos e defensivos, mas para produzir bem e barato”.

A agrônoma Ana Maria Primavesi, pioneira da agroecologia no Brasil

 

Íntegra da carta dos formandos das turmas de 2019 da Esalq/USP, lida por Nara Perobelli:

Bom dia a todas e a todos! 

Aqui na ESALQ nós passamos de 4 a 7 anos de nossas formações ouvindo, independentemente do curso que fazemos, sobre o agronegócio. Desde a administração, passando por ciência dos alimentos e engenharia florestal, todos, exceção, entram em contato com esse universo. 

De um agro que é pop, que é tech, que é tudo. Temos a certeza de que a senhora, ministra, e o governo Bolsonaro como um todo, representam, geram e reproduzem em seu projeto de país esse modelo. 

Um modelo que é a cara da bancada ruralista. Um projeto de governo fundamentado e sustentado no capital e na desigualdade. 

Que em 2019 gerou incêndios de proporções assustadoras;  

Que prendeu e matou ambientalistas, indígenas, quilombolas, agricultores, mulheres, negros, lgbtqi+; 

Que buscou silenciar cientistas, pesquisadores, professores e todos que com dados escancaravam os problemas trazidos pelo tipo de agricultura que vocês incentivam com palavras e dinheiro. 

Nós passamos de 4 a 7 anos aqui dentro ouvindo de muitos que essa era a única maneira possível de acabar com a fome no Brasil e no mundo. 

Ouvimos de muitos, mas não de todos. 

Hoje, segurando este microfone tenho o orgulho de representar quem entende, por meio da ciência, da ética, e do amor sem rótulos, que uma outra agricultura e modelo de sociedade são possíveis. 

Esse grupo de pessoas é formado por estudantes, professores e funcionários que fazem pesquisa e extensão fundamentados na agroecologia nesta universidade, que é pública e que deve ser de todos e todas. 

Para este grupo do qual eu faço parte, é intragável que esta Escola, que se diz gloriosa, seja conivente com uma forma de produção e um projeto de país que se baseia no lucro, excluindo as pessoas do campo e as múltiplas funções da agricultura. 

Um governo que cerceia a ciência e a autonomia das universidades, que distorce informações, que não se propõe a ouvir as nossas vozes nas ruas, mas que suporta nos escutar por dois minutos em troca de publicidade e uma placa de homenagem. 

Não, não representa a nenhuma ou nenhum de nós uma paraninfa ou paraninfo que do alto cargo de liderança que possui, escolha fazer política dessa forma. 

Acreditamos, trabalhamos para isso e seguiremos na luta em direção a um sistema, que, como diz nossa sempre presente Ana Maria Primavesi, “não é para vender adubos e defensivos, mas para produzir bem e barato”.

 

 

08
Set19

Dia 7 de preto na rua, dia de luto pelo Brasil

Talis Andrade

Mais do que a mais garrida a minha pátria tem
Uma quentura, um querer bem, um bem
Um libertas quae sera tamen
Que um dia traduzi num exame escrito:
"Liberta que serás também"
E repito!

Fotos: / Mídia NINJA

 

Ato de hoje em São Paulo, dando o recado de que não vamos nos calar diante das atrocidades do governo.

 

Ato em São Paulo, em defesa da educação e da Amazônia. Foto: Nacho Lemus / TeleSUR

 
 

,o que há a celebrar? Democracia ameaçada, Amazônia queimando, indígenas assassinados, direitos sendo retirados.

 

Dia 7 de Setembro todos nas Ruas de preto.

 

Mais aula de história nas ruas! Os caras-pintadas voltaram!

 
15
Ago19

Professores, estudantes e demais trabalhadores foram às ruas para protestar novamente contra os cortes do governo federal na educação.

Talis Andrade

A batalha contra o desmonte da educação pública ganhou mais um capítulo. Professores, estudantes e demais trabalhadores foram às ruas na terça-feira para protestar novamente contra os cortes do governo federal na educação.

Professores, estudantes e demais trabalhadores foram às ruas para protestar contra os cortes do governo federal

 

Correio do Brasil - Convocada pelos movimentos estudantis, e realizada em 38 cidades de 18 Estados, esta foi a terceira mobilização nacional em favor da pasta desde que Bolsonaro tomou posse.

A primeira aconteceu em 15 de maio. A segunda no dia 30 do mesmo mês. Entre as pautas dos manifestantes, além do fim da política de austeridade imposta pelo ministro da Educação, Abraham Weintraub, a Reforma da Previdência também foi alvo dos protestos, assim como o ministro Sérgio Moro.

A mobilização dos atos começou logo nas primeiras horas da manhã de terça-feira. Distrito Federal, São Paulo, Rio de Janeiro, Ceará, Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte, Piauí, Bahia, Sergipe e Alagoas foram alguns dos estados que registraram manifestações.

Manifestantes

Na capital carioca, os manifestantes se concentraram na Igreja da Candelária a partir das 17 horas. Depois, caminharam até as fachadas do prédio da Petrobrás e do BNDS, onde gritaram palavras de ordem em defesa do pré-sal e da soberania nacional.

Para o presidente da CUT, Vagner Freitas, a ideia é pressionar os deputados em suas bases. “Vamos fazer manifestações na praça, no coreto da cidade em que eles têm mais votos, espalhar cartazes mostrando que são contra a classe trabalhadora”, analisou.

Conforme noticiado nos últimos dias, o governo retirou R$ 16 milhões do orçamento bloqueado da UFRJ e repassou os recursos para emendas parlamentares. O revés não se restringiu a maior universidade federal do país. O Projeto de lei do Congresso Nacional nº 18/2019 liberou nesta semana R$ 3 bilhões de vários ministérios para projetos indicados pelos deputados.

Centrais sindicais

Entre falas e discursos das centrais sindicais, o protagonismo do ato ficou com os movimentos estudantis e suas ramificações. Ao contrário de manifestações anteriores, onde parlamentares falavam ao público, os estudantes foram os donos da palavra no carro de som.

Para estudante Ana Bia, do coletivo estudantil Kizomba, “a adesão popular ao ato foi surpreendente. Conseguimos fazer oposição aos cortes, ao governo Bolsonaro, mas, sobretudo notamos que os atos pela educação conseguem trazer a participação dos demais trabalhadores, que se sentem também prejudicados”. “Esse é um processo construído com muitas mãos. A unidade nas ruas se faz necessária”, completou.

Acima do carro de som, a maioria dos estudantes ressaltou que no último dia oito o Conselho Universitário da UFRJ rejeitou de forma unânime a adesão ao Programa “Future-se”. Decisão que deve ser seguida pelas demais universidades. Para o presidente da UNE Iago Montalvão, “Nossas universidades pedem socorro e só nossa luta organizada poderá dar resultados’’. Para ele, o programa é uma forma de privatização, e poderia até se chamar “fature-se”.

 
15
Ago19

Milhares vão às ruas em todos os estados em defesa da Educação e da Previdência

Talis Andrade

Mais de 200 cidades tiveram atos nesta terça (13), denunciando a lógica privatista imposta pelo projeto “Future-se”

Emilly Dulce*

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Segundo a CNTE, 211 cidades do Brasil registraram mobilizações. Na foto, o ato na Avenida Paulista, em São Paulo (SP) - Créditos: Foto: Elineudo Meira

Segundo a CNTE, 211 cidades do Brasil registraram mobilizações. Na foto, o ato na Avenida Paulista, em São Paulo (SP) / Foto: Elineudo Meira

 

Durante toda a terça-feira (13), as ruas do país foram tomadas por mobilizações em defesa da Educação e contra a reforma da Previdência. Milhares de estudantes, professores, sindicalistas, trabalhadores e ativistas dos movimentos populares denunciaram retrocessos do governo de Jair Bolsonaro (PSL). O terceiro “Tsunami da Educação” contou com atos nos 26 estados brasileiros, além do Distrito Federal. 

Segundo levantamento da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE), pelo menos 211 municípios brasileiros registraram atos nesta terça. A população somada dessas cidades é de quase 83 milhões de pessoas, cerca de 40% da população do país. 

Assim como nas últimas grandes jornadas de protesto, nos dia 15 e 30 de maio, o repúdio aos cortes no orçamento do Ministério da Educação (MEC)e de tramitação da proposta de reforma da Previdência permanece. A novidade deste 13 de agosto é o protesto contra o projeto “Future-se”, que prevê a criação de um fundo de R$ 102 bilhões para atrair investimentos internacionais no ensino superior.

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Multidão protesta em frente ao Congresso Nacional, pela manhã, em Brasília (DF) (Foto: Rafael Tatemoto)

 

Reitores, ex-ministros da Educação e outros especialistas da área afirmam que o projeto ameaça a autonomia orçamentária das universidades e representa um ataque à gratuidade do ensino superior.

O dia de mobilizações foi convocado pela União Nacional dos Estudantes (UNE), que já manifestou posição contrária ao "Future-se". Segundo a UNE, o programa tem um viés privatizante e precisa ser combatido. 

Além das mobilizações de rua, aderidas por uma série de categorias, a UNE anunciou que vai buscar apoio na sociedade, no parlamento e no meio acadêmico para apresentar no Congresso Nacional um projeto de lei que garanta investimentos em Educação para além do teto de gastos do governo e que proíba o contingenciamento de verbas das universidades públicas e institutos federais.

A professora Cátia Barbosa foi uma das participantes da concentração na praça da Candelária, região central da capital carioca. Ela leciona Geoquímica na Universidade Federal Fluminense (UFF) e denuncia a falta de diálogo com as instituições de ensino na elaboração do "Future-se".

"O projeto surgiu das trevas. Em pouquíssimos meses que o novo ministro se instalou no governo ele já lança uma proposta dessa, completamente imatura e sem discussão com a comunidade científica, que mata a ciência brasileira, a educação superior e a esperança de muitos jovens de conseguirem concluir um ensino público no Brasil", afirmou em entrevista ao Brasil de Fato.

 

Professora Cátia Barbosa, durante concentração para o ato no centro do Rio de Janeiro (RJ) (Foto: Clívia Mesquita)

Região Nordeste

Na capital cearense, Fortaleza, a concentração aconteceu na Praça da Gentilândia, no bairro Benfica. Em Juazeiro do Norte (CE), professores, estudantes e servidores da Educação também marcharam contra a privatização do ensino público. 

Reunidos na Praça José de Barros, em Quixadá, no sertão central cearense, estudantes e professores do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará (IFCE), da Universidade Federal do Ceará (UFC) e da Universidade Estadual do Ceará (Uece) realizaram aula pública sobre o programa “Future-se”. 

Estudantes, professores, servidores públicos e movimentos populares também realizaram manifestações no interior do Ceará. Pela manhã, foram registrados atos e caminhadas nos municípios de Amontada, Cascavel, Crateús, Iguatu, Itapipoca, Jaguaribara, Limoeiro do Norte, Morada Nova, Russas e Tabuleiro do Norte. Em Sobral, região norte do estado, o ato aconteceu à tarde em frente ao prédio do IFCE.

 Em São Luís (MA), o chamado “Tsunami da Educação” reuniu estudantes, professores, centrais sindicais e movimentos populares contra o desmonte da Educação e em defesa da aposentadoria. (Foto: Laís Alanna)

Pernambucanos se mobilizaram em Recife. O ato se concentrou às 15 horas na Rua da Aurora, em frente ao Colégio Ginásio Pernambucano, no centro da cidade. O ato unificado foi protagonizado por um bloco formado por diversas organizações estudantis. Também aconteceram atos em Caruaru (PE) com estudantes e profissionais da Educação. 

Em Petrolina (PE), no Vale do São Francisco, cerca de 500 pessoas se reuniram na Praça do Bambuzinho, no centro da cidade, no Dia Nacional de Luta Pela Educação e Contra a Reforma da Previdência.

Raimunda de Souza é professora do curso de Geografia da Universidade de Pernambuco (UPE) e participou do ato. Para ela, a mobilização tem o papel de mostrar o posicionamento contrário da população à atual agenda política do Congresso e do MEC.

"Esse presidente não consegue compreender que a Educação é primordial no desenvolvimento de um país, tanto a educação básica quanto o ensino superior. Um depende do outro, porque é no ensino superior, nas licenciaturas, onde se formam os professores da educação básica.  Mas a intenção dele é sucatear a universidade e a Educação de um modo geral para poder começar um ritmo de privatizações", afirmou a professora.

O ato reuniu sindicatos de educadores das cidades circunvizinhas, como Araripina, Orocó, Salgueiro, Ipubi e Garanhuns. O poeta e cantor Maviael Melo recitou um cordel sobre a reforma da Previdência.

 

Na Paraíba, o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e a Comissão Pastoral da Terra (CPT) organizaram a Marcha das Margaridas. Manifestantes saíram da cidade de Conde para encontrar o grande ato da Greve da Educação, no centro de João Pessoa (Foto: Cida Alves)

Em João Pessoa, capital paraibana, a Associação Brasileira de Juristas pela Democracia (ABJD) participou dos atos junto a 15 mil estudantes e professores. 

No estado de Alagoas, a capital Maceió teve mais de 12 mil pessoas nas ruas para defender a Educação e contra a política de cortes do atual governo. No centro de Aracaju (SE), um ato unificado se concentrou na Praça General Valadão.

Em Salvador (BA), o “Tsunami da Educação” reuniu cerca de 35 mil estudantes, professores, servidores e sociedade civil nas ruas da capital baiana contra o desmonte da Educação e em defesa da Previdência.

Na capital potiguar, a concentração do ato foi marcada para acontecer no cruzamento das avenidas Bernardo Vieira e Salgado Filho. A atividade se encerrou na Praça da Árvore de Mirassol. 

 

Em Natal (RN), estudantes e trabalhadores se aglomeraram em frente ao shopping Midway Mall e ao Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte (IFRN) (Foto: Kenet)

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Região Norte

Em Belém (PA), a mobilização se concentrou na Praça da República desde às oito horas da manhã. Estudantes, professores, servidores públicos e sociedade civil marcharam nas ruas da capital paraense contra o projeto do governo Bolsonaro.

 

Manifestação pela manhã na capital paraense (Foto: Catarina Barbosa) 

 

Em Marabá (PA), cerca de 400 manifestantes ocuparam as ruas do município pelo futuro do Brasil e contra os desmontes do governo Bolsonaro.

No protesto, os manifestantes carregavam cartazes com nomes e fotos dos deputados que votaram a favor da reforma da Previdência. A caminhada seguiu até a Assembleia Legislativa do Estado do Pará (Alepa) para cobrar um posicionamento do governo estadual de Helder Barbalho (MDB) com relação ao “Future-se”. 

 

Região Centro-Oeste

Em Brasília (DF), o ato desta terça-feira se somou à Primeira Marcha das Mulheres Indígenas. A manifestação seguiu até o Congresso Nacional, na capital federal. 

Além da capital Goiânia, em Goiás, o “Tsunami da Educação” ocorreu em municípios como Simolândia, Quirinópolis e Jataí. Em Cuiabá (MT), o ato se concentrou à tarde na Praça Alencastro e reuniu cerca de três mil pessoas.

 

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Manifestação nas ruas de Goiânia (GO) (Foto: Karol Santos)

Região Sudeste

Em Barra do Piraí (RJ), município no sul fluminense, uma aula pública debateu Educação e Previdência. Também nas ruas, um ato se concentrou na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj) para denunciar os desmontes do governo Bolsonaro. A porta da Prefeitura do Rio de Janeiro também foi palco de resistência de profissionais da Educação. 

Um grande ato unificado também ocorreu na Candelária (RJ) e marchou em direção à sede da Petrobras. Na Cinelândia (RJ), policiais militares se aglomeraram no entorno da aula pública organizada pela Frente Parlamentar em Defesa da Educação Pública, presidida pelo vereador Reimont Otoni (PT). A caminhada reuniu 40 mil pessoas, segundo a organização.

Nesta manhã, o Sindicato dos Bancários de Campos dos Goytacazes e Região (RJ) realizou passeata no centro financeiro da cidade em defesa da soberania nacional e por mais empregos. A atividade terminou com ato público no calçadão. 

Em Taquara, zona oeste do Rio de Janeiro, o Sindicato Estadual dos Profissionais de Educação (SEPE), a Frente Brasil Popular e o Sindicato dos Professores do Município do Rio de Janeiro (Sinpro-Rio) organizaram mobilizações na praça central. 

O “Tsunami da Educação” em Vitória (ES) foi marcado por aulas sobre o projeto “Future-se” e, logo após, às 16 horas, um ato tomou conta da capital. 

Em Belo Horizonte (MG), a manifestação se concentrou a partir das 15 horas na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG). Milhares de pessoas caminharam pela capital mineira contra o programa “Future-se” e a reforma da Previdência.

 

Seminário sobre o "Future-se" realizado na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), organizado pelo movimento estudantil (Foto: Ana Carolina Vasconcelos)

Estudantes da Universidade Federal de Viçosa (UFV), também em Minas Gerais, realizaram um ato na manhã de hoje. Os manifestantes saíram do campus da universidade e tomaram as ruas da cidade.

Em São João del Rei (MG), na cidade do campo das Vertentes, também ocorreram mobilizações durante a tarde.

No ato em São Paulo a concentração foi em frente ao Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand (Masp), na Avenida Paulista, que ficou obstruída no sentido bairro. Os manifestantes saíram em marcha rumo à Praça da República. 

A estimativa é de que 100 mil pessoas tenham participado. A Polícia Militar armou um cordão policial obrigando os manifestantes a interromperem a marcha diversas vezes. 

Larissa Carvalho Mendes, estudante de Construção Civil da Faculdade de Tecnologia de São Paulo (Fatec-SP), participou da manifestação. Ela falou ao Brasil de Fato sobre a importância da universidade pública na sua vida e na de seus colegas.

"São realmente pessoas que dependem de um trabalho para conseguir se manter mesmo na faculdade pública. A gente sabe que os custos ainda não são tão acessíveis. Dentro da Fatec a gente não tem tantas políticas de inclusão social, não tem um bandejão, um auxílio estadia. Então a gente vem também reivindicar tudo isso. Se hoje já é difícil se manter dentro de uma universidade estadual, com a cobrança de mensalidades seria impossível", argumentou.

 

A estudante Larissa Carvalho Mendes, de 22 anos, durante protesto na Paulista (Foto: Igor Carvalho)

O interior de São Paulo também participou do “Tsunami da Educação”. Cidades como Ribeirão Preto, Piracicaba, Sorocaba e Itapeva protestaram contra o governo Bolsonaro. Exemplares do jornal Brasil de Fato foram distribuídos na Praça Anchieta, em Itapeva.

Ribeirão Preto foi marcado por uma aula pública na Esplanada do Teatro Pedro II com professores ligados ao Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (APEOESP). Um ato também aconteceu em frente à Diretoria de Ensino em defesa da Educação e contra a reforma da Previdência.

No Largo do Rosário, em Campinas (SP), mais de cinco mil pessoas participam do ato em defesa da Educação e da Previdência.

 

Região Sul

Em Florianópolis (SC) a concentração desta terça-feira aconteceu na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). O centro da capital foi o palco do ato unificado. A partir das 16 horas manifestantes chegavam ao Largo da Catedral para defender a Educação e a Previdência. A estimativa é de ao menos cinco mil pessoas participaram. 

 



Na capital catarinense, estudantes, movimentos sociais e sindicatos se reuniram no centro da cidade (Foto: Murilo Lula Mariano)

Reunidos no Teatro da Reitoria da Universidade Federal do Paraná (UFPR), em Curitiba, professores, estudantes e técnico-administrativos da instituição realizaram uma assembleia comunitária para debater as ameaças do governo Bolsonaro. 

No encontro, foi aprovado que a próxima reunião do Conselho Universitário assuma posição de rejeição ao programa “Future-se”. Após a assembleia, a comunidade acadêmica se somou ao ato na Praça Santos Andrade, na capital paranaense. Pela noite, 10 mil pessoas fizeram um protesto no centro da cidade.  

 



Tsunami da Educação em Curitiba. (Foto: Eduardo Matysiak)

No Rio Grande do Sul, estudantes e trabalhadores se mobilizaram em diversas cidades. Na capital, as atividades iniciaram pela manhã, com o painel “O Futuro das Universidades Públicas e Institutos Federais no Brasil”, realizado na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). No fim da tarde, a concentração ocorreu na esquina democrática, centro de Porto Alegre. Organizadores anunciam mais de 30 mil pessoas.

O presidente do Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior (Andes), Antônio Gonçalves, participou do ato em Porto Alegre e avaliou o terceiro “Tsunami da Educação” como uma sinalização do descontentamento da população com as “políticas neoliberais” de Bolsonaro. 

"A gente acredita que isso é um processo e que vamos acumulando forças. É nessa perspectiva que eu avalio o 13 de agosto como um dia positivo na perspectiva da construção de uma greve geral", enfatizou.

14
Ago19

É gente que não importa aos jornais…

Talis Andrade

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por Fernando Brito

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Os números, para que sejam insuspeitos, são os noticiados pela Veja.

Mas nos grandes jornais brasileiros, ou se resumiram a notas microscópicas ou a nada.

A foto da Avenida Presidente Vargas, no Rio, mostra que tinha gente, muita gente.

Ventania braba na cidade, tal como chuva em São Paulo, porque São Pedro tem sido mas generoso com os domingos “coxinhas” e a gente nunca reclama do sol brilhar.

Em qualquer lugar do mundo, uma manifestação deste tamanho seria notícia importante e não faltariam editoriais e articulistas alertando para dano de serem várias as universidades próximas de ter de interromper aulas e pesquisas por falta de verbas.

Mas a elite brasileira não ama a educação, embora dê muito valor aos títulos acadêmicos, sobretudo aos de fora.

E se não ama a educação, não ama os estudantes, não ama a juventude, não ama o progresso.

Não ama o Brasil.

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13
Ago19

Brasil volta às ruas: o papel dos repórteres na defesa da democracia

Talis Andrade

 

Por Ricardo Kotscho

no Balaio do Kotscho

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Há várias semanas estão sendo organizadas manifestações de protesto contra o governo pelas 12 centrais sindicais unidas, a União Nacional dos Estudantes e centenas de outras entidades mobilizadas em todo o país.

Você viu alguma notícia sobre os atos programados para esta terça-feira, dia 13 de agosto de 2019?

O único registro que encontrei até agora foi uma nota no Painel da Folha, com o título “Bloco na rua”:

“Organizadores de novos protestos contra cortes na educação se animaram com o monitoramento de adesões aos atos marcados para esta terça (13). Além de professores e alunos, que estão deliberando o assunto em assembleias nos diretórios acadêmicos, artistas reforçaram a mobilização”.

Não são só os estudantes, professores e artistas.

 

A inédita união das centrais sindicais está mobilizando trabalhadores de todas as áreas, assim como os movimentos sociais e populares, que andavam sumidos das ruas.

É a sociedade civil organizada que está voltando a se manifestar, num momento de sufoco extremo, em que ninguém aguenta mais os desmandos desse governo demente e entreguista, comandado por um capitão desvairado, que agora deu para desfilar de motocicleta e jet-sky por Brasília.

 

Por onde andei neste final de semana _ não sei como ficaram sabendo dos protestos _ muita gente já se programava para ir à avenida Paulista, local da manifestação aqui em São Paulo, a partir das 16 horas.

Hoje cedo, o primeiro e-mail que abri foi o do premiado escritor Luiz Ruffato, comunicando a um grupo de amigos que estava desmarcando outros compromissos para ir à avenida, e os convidando a fazer o mesmo. Me deixou animado.

São pessoas de todas as tendências políticas, que já andavam desesperançadas, e agora voltam a se juntar para dar um basta ao avanço deste desgoverno cívico-militar contra a democracia.

É um clima muito semelhante ao do final de 1983, nos estertores da ditadura militar, quando líderes de diferentes partidos e de movimentos sociais começaram a discutir formas de mobilização pela redemocratização do país, com a volta de eleições diretas para a Presidência da República.

Repórter de geral, como se dizia na época, eu tive a oportunidade de acompanhar, desde o início, a formação embrionária de um movimento popular que, no dia 25 de janeiro de 1984, inundaria de gente a praça da Sé, sob chuva, com faixas e cartazes, gritando “Diretas Já!”

Conto a história completa no livro “Explode um Novo Brasil” (Editora Brasiliense).

Era o dia do aniversário da cidade, e muitos colegas se surpreenderam ao ver aquela multidão de mais de 400 mil pessoas, reunida pela primeira vez desde o golpe dentro do golpe do AI-5 de 1968, que mergulhou o país na fase mais cruel da ditadura.

Não existiam ainda as redes sociais e a imprensa da época tentou esconder até o último momento a mobilização que crescia silenciosa nas periferias da cidade e do poder (a TV Globo registrou a grande festa democrática da praça da Sé como um evento do aniversário da cidade).

A cobertura política se limitava aos gabinetes nada arejados de Brasília. Poucos se arriscavam a sujar os sapatos para ir, como cantava Milton Nascimento, onde o povo está.

Achavam, até no jornal onde trabalhava, que eu estava maluco por acreditar que aquele primeiro comício da praça da Sé logo se reproduziria em outras capitais, com concentrações cada vez maiores, até o ponto em que a chamada grande imprensa não poderia mais ignorar o que estava mudando no Brasil.

Quem acreditou desde o primeiro momento nesta grande aventura, como dizia o velho Ulysses Guimarães, foi o dono da Folha, onde eu trabalhava, o visionário Octavio Frias de Oliveira.

O jornal abriu suas páginas para cobrir o dia a dia do movimento em todo o país, informando os preparativos, locais e horários das manifestações, e deslocando repórteres para cobrir todos os comícios.

Além dos partidos de oposição, estavam à frente do movimento a Ordem dos Advogados do Brasil(OAB), a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e a Associação Brasileira de Imprensa (ABI), além da União Nacional dos Estudantes (UNE).

Não por acaso estas siglas da sociedade civil se uniram novamente para lançar nesta quinta-feira, dia 15, na sede da OAB, em Brasília, a Comissão Arns Contra a Violência, movimento criado em março por várias igrejas e entidades de defesa dos Direitos Humanos.

O nome da comissão foi dado em homenagem a D. Paulo Evaristo Arns, arcebispo de São Paulo na época das Diretas Já, que teve importante papel nas articulações para mobilizar a sociedade e foi o responsável pela edição do livro “Brasil Nunca Mais” sobre as torturas de perseguidos políticos durante o regime militar, do qual participei, junto com Frei Betto e outros jornalistas e advogados.

Por pior que seja a situação, as coisas podem mudar de uma hora para outra, se cada um de nós cumprir seu papel de cidadão, sem ficar esperando um milagre caído do céu.

Nós, repórteres, precisamos estar sempre atentos a essas mudanças e, para isso, precisamos ir aos lugares onde a vida real pulsa, independentemente do governo.

Confesso que não esperava viver tudo isso de novo, a esta altura do campeonato da vida, mas tem hora em que não há outra escolha.

É lutar, resistir, juntar forças, fazer reportagens e renovar esperanças.

Vida que segue.

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