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O CORRESPONDENTE

Os melhores textos dos jornalistas livres do Brasil. As melhores charges. Compartilhe

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O CORRESPONDENTE

01
Set23

DISCURSO HISTÓRICO Erika Hilton rebate deputada e viraliza nas redes: 'sociedade enxerga mulher trans como menos mulher e menos cidadã'

Talis Andrade

Parlamentar do PSOL apontou transfobia em discurso de Cristiane Lopes (União-RO) sobre essa população tomar espaço de mulheres que "que parem"

Por Marlen Couto

O Globo

Um registro em vídeo do discurso da deputada federal Erika Hilton (PSOL-SP), na Comissão de Defesa dos Direitos da Mulher da Câmara dos Deputados, viraliza desde a última quarta-feira nas redes sociais. No momento em questão, a parlamentar rebate declarações da deputada Cristiane Lopes (União-RO) na sessão de ontem. Lopes havia dito que mulheres trans estão tomando espaço de mulheres que "parem, que sentem dores do parto e cólicas" em áreas como esporte e em concursos de beleza em feiras agropecuárias.

No vídeo que já teve mais de 2 milhões de visualizações em sua conta no X (ex-Twitter), Erika Hilton afirma que o parlamento não pode admitir falas transfóbicas e que "desqualificar a mulheridade de mulheres trans e travestis é, sim, transfobia". Também apontou que o discurso biológico exclui, desconsidera o contexto de violência e preconceito contra mulheres trans e travestis na população brasileira e evidencia uma visão de que mulheres trans são "menos mulheres" e, por isso, "menos cidadãs". Esse discurso, argumentou, contribui para o contexto de vulnerabilidade dessa população:

— A sociedade ainda nos enxerga como menos mulher e, ao nos enxergar como menos mulher, também nos enxerga como menos cidadãs, que não merecem proteção, que não podem estar nos esportes, que não podem receber, como a deputada falou, ser consagradas em agremiações e em festivais. Nós temos que estar aonde? Nas esquinas de prostituição, nos cárceres, no drogadicídio? Aonde que é nosso lugar, se também não é aqui discutindo uma agenda de direitos a todas as mulheres? A luta das mulheres transsexuais e travestis desse país nunca excluiu nenhum tipo de mulher. Por que a luta de outras mulheres precisa excluir a nossa existência? — questionou Hilton.

A deputada também lembrou que pessoas trans não ocupam espaços de poder e têm dificuldade de acessar o mercado de trabalho. Em 2022, Erika Hilton e Duda Salabert (PDT-MG) foram as primeiras mulheres trans eleitas para o Congresso Nacional.

— As mulheres "de verdade", nas palavras da deputada, estão perdendo espaços para mulheres trans. Que espaços são esses? Porque onde nós estamos é a pergunta que não se calará. Quantas deputadas transsexuais nós temos nessa Casa? Quantas médicas travestis temos nesse país? Quantas juízas, advogadas? Queremos espaços dignos na sociedade, direito à cidadania — afirmou.

A deputada do PSOL enfatizou ainda que falas como a de Cristiane Lopes contribuem para a cultura do ódio e estigma contra pessoas trans:

— Quando parlamentares eleitas pelo povo usam desse espaço de representação para dizer contra a dignidade dessa população o que nós vemos são travestis que têm seus corações arrancados. O que nós vemos são mulheres transexuais e travestis que não conseguem empregos porque não são consideradas dignas, são expulsas de suas casas, porque existe um sentimento no parlamento brasileiro que corrobora com a cultura de ódio, de preconceito e estigma.

Fabíola Cidral, Leonardo Sakamoto e Josias de Souza entrevistam Erika Hilton

20
Mai23

Consciência negra

Talis Andrade

 

Foto de Christiana Carvalho
 
 

Em vias públicas, mãos, fuzis e revólveres policiais levam a cabo a perfuração que verte o sangue negro no asfalto quente, em becos e vielas nos quais jorram a vida preta entre os ralos da miséria e do esquecimento

 

por Diego dos Santos Reis /A Terra É Redonda

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Passadas as celebrações do novembro negro e do mês que, em nome de Zumbi e Dandara dos Palmares, rememora, denuncia e exige reparações históricas à população negra brasileira, parece vigorar certo silêncio após a efeméride, no que diz respeito à (in)consciência negra nacional. Reinam, todavia, as imagens associadas à violência, ao genocídio, ao caos e aos casos nunca isolados de racismo que, de norte a sul, cortam o território amefricano. Casos que dilaceram famílias e comunidades, aniquilam sujeitos e arrasam possibilidades de vida plena e digna, tal como garantido na Carta Constitucional brasileira.

Imagens de controle, como enunciadas por Patricia Hill Collins, que reforçam práticas de dominação, criminalização e violência, física e simbólica, voltadas à estigmatização e à legitimação de suas próprias operações de morte. Se a morte ocupa um lugar fundamental nessa produção imagética é na medida em que se constitui como ponto de partida, sob a perspectiva do supremacismo branco, do que seja o destino natural e original do corpo negro, que da morte-em-vida à morte factual passaria de um estado de não-ser ao desaparecer, como o desvanecer da imagem de um fantasma – entre mundos, medos e modos de ser pautados pelo negativo.

Em vida, porém, a consciência retinta de ser, de viver e a teimosia tomam forma, rosto, nome e figura do que, sendo, insiste em desarticular os mundos de morte da branquitude e seus mecanismos de sufocamento, acionados por vias diversas. Em vias públicas, mãos, fuzis e revólveres policiais levam a cabo a perfuração que verte o sangue negro no asfalto quente, em becos e vielas nos quais jorram a vida preta entre os ralos da miséria e do esquecimento; em vias privadas, pelas mãos de algozes e feitores que chamam de amor (?) a doença que extirpa, subjuga e liquida as vidas de mulheres, sobretudo negras, encontradas em sacos pretos, rios, azulejos frios, imobilizadas em fotos que estampam, cotidianamente, pequenos retângulos de jornais sanguinolentos (até quando?).

Ceifadas, entre promessas de amor eterno e o eterno pedido de desculpas das forças policiais e chefes de Estado, desaparecem, em preto e branco, histórias, narrativas e memórias daquelas que, chacinadas, são condenadas sem inquérito, enquanto co-mandantes são condecorados em cerimônias oficias e oficiosas.

Penso nesses rostos enquanto escrevo e vejo o sorriso, os sulcos da pele, as marcas e linhas longas da vida – interrompidas. Penso nas vidas negras que importam, dizem, e, todavia, seguem conscientemente exterminadas por mãos apocalípticas enquanto, nas escolas, tentamos fazer valer a lei da vida, a lei da justiça e do ensino de história e cultura daquelas que, antes de nós, em diáspora, fizeram valer com seu suor a contra-lei do mundo dos homens injustos.

Passados 20 anos de promulgação da Lei 10.639/03, silentes ou complacentes, a conveniência segue esbranquiçando itinerários formativos. Mas o poder do brado negro desafia o silêncio reinante. Peleja, retumba, sacoleja e desarranja os ritos (fúnebres) de histórias lineares, pomposas e heroicas que não mencionam Dandara, Aqualtune, Marielle, Lélia e Sueli, porque, ali, o pacto sa(n)grado é branco, no masculino.

A consciência nossa é ciência, suor e roda. É repente, desafio e capoeira, ginga com os arranjos, institucionais ou não, há séculos organizados para transportar os corpos em tumbeiros, caveirões e rabecões, para quem a morte passa a ser pena capital e não parte da existência e do mundo compartilhado com a ancestralidade. Até a morte foi saqueada. E soterrada em covas rasas, sem nome, placa ou documento de identificação, para que a indigência devorasse, com o bico afiado, a carne putrefata de quem sonhava com casa própria, formatura e família grande, como Kethlen Romeu e seu filho, assassinado no ventre.

Vingar ainda é desafio na diáspora. Vingar até a última gota de vida, o desafio nas 52 semanas e 1 dia de consciência negra, que perfazem um ano. Nele, todos os dias são voltados ao desfazimento do pacto funesto. Todos os dias são voltados à lembrança do que, recalcado, não pode contentar-se com um único dia ou mês do ano. Emerge, dia a dia, porque nascido em zona de emergência. Contra a virulência, insurgente, gesta resistência na negra consciência da luta pelo que é, foi e será. Todos os dias do ano.

 

24
Out22

Bispo é agredido verbalmente por bolsonaristas após missa na Paraíba

Talis Andrade

Bispo de Guarabira é agredido verbalmente por bolsonaristas após missa

 

Sem mencionar candidatos, religioso teria orientado fiéis a votar em quem ajuda os pobres. Diocese emitiu nota repudiando o ataque

O bispo Dom Aldemiro Sena dos Santos foi agredido verbalmente por apoiadores do presidente e candidato à reeleição Jair Bolsonaro (PL) em uma igreja em Guarabira (PB). O caso aconteceu após uma missa na Catedral de Nossa Senhora da Luz, nesse domingo (23/10). O bispo, sem fazer menção direta a Luiz Inácio Lula da Silva (PT), teria orientado os fiéis a votar em quem ajuda os pobres.

Em nota, a Diocese de Guarabira repudiou os ataques contra o bispo e afirmou que “atitudes de violência, como a que foi sofrida pelo Bispo de Guarabira, sinalizam a existência de perseguição ao cristianismo autêntico que tem sua opção pelos mais pobres, vulneráveis, estigmatizados e marginalizados”.

Armas de Bolsonaro destroem as famílias

 
 
13
Out22

Mulheres denunciam “loucura” de Damares como método: crucifixo na vagina a serviço do fascismo

Talis Andrade

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Transcreve 247: A ministra Damares Alves quebrou o silêncio e produziu mais uma coletânea de frases risíveis. O perfil "Partido Jairmearrependi" tuitou: "Saindo de sua pausa na carreira, Damares volta a falar besteira ao afirmar que nenhum jovem de direita lhe ofereceu cigarro de maconha e nenhuma meninA enfiou crucifixo na vagina. A ênfase no menina nos fez concluir que os meninOs tiveram a ousadia."

[Nas estórias de sexo de Damares, as personas sempre são meninas, inclusive bebês]

 

Damares Alves fala de relações sexuais com crianças diante de público infantil

Damares Alves (Republicanos) disse em uma Assembleia de Deus em Goiânia, que o atual governo resgatou crianças vitimas de trafico humano

 

por Jamildo Melo/Jornal do Commercio

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A ex-ministra do governo Bolsonaro e senadora eleita pelo Distrito Federal, Damares Alves (Republicanos), disse em uma Assembleia de Deus em Goiânia, que o atual governo supostamente resgatou crianças vitimas de trafico humano.

Damares detalhou o caso, afirmando ter imagens que comprovam o estado em que as crianças chegavam do resgate. "Nós temos imagens de crianças de 4 anos, 3 anos que, quando cruzam as fronteiras, tem seus dentes arrancados para não morderem na hora do sexo oral. (...) Nós descobrimos que essas crianças comem comida pastosa para o intestino ficar livre para a hora do sexo anal", disse.

A plateia para qual a ex-ministra falou estava repleta de crianças. 

A deputada estadual, Elika Takimoto (PT-RJ), criticou através de suas redes sociais a ação de Damares Alves, afirmando que a atitude da senadora eleita se configura como crime. 

Damares que é CONTRA educação sexual em escolas falou em um (aparente) culto que são arrancados dentes de crianças para elas fazerem sexo oral sem morder e que criança é obrigada a comer comida pastosa para fazer sexo anal. Tinha CRIANÇAS na plateia. Isso é crime, senadora!

[Por falar em tráfico humano, Damares foi acusada de sequestrar uma criança indígena, de 6 anos, coincidentemente para tratar dos dentes. Esta criança, hoje adulta, jamais foi adotada por Damares. 

As relações de Damares com essa indígena deveriam ser investigadas sim. É uma "filha de criação" escrava doméstica? ]

 

Deputada defende Damares, ataca Xuxa e relembra filme polêmico

Após oferecer aos seguidores versão completa de filme da década de 1980 gravado por Xuxa, deputada distrital Júlia Lucy apagou comentário

Mulher segura microfone com a mão direita

 
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A deputada distrital Júlia Lucy (União Brasil) usou o perfil pessoal do Instagram, nessa quarta-feira (12/10), para criticar a apresentadora Xuxa Meneghel. Por meio de um abaixo-assinado, a apresentadora pede a cassação de Damares Alves (Republicanos), ex-ministra de Jair Bolsonaro (PL) e recém-eleita senadora pelo Distrito Federal.
 

Na publicação, a deputada recorda um filme gravado por Xuxa na década de 1980. No longa-metragem, em que interpreta uma prostituta de 16 anos, a apresentadora aparece em uma cena de nudez com um ator de 12 anos. À época, Xuxa tinha 18.

“Agora, a ‘rainha dos baixinhos’ tenta criar uma onda contra a nossa senadora Damares Alves porque se pronunciou quanto ao abuso sexual das crianças da Ilha de Marajó. Faz sentido pra vc?”, questiona a deputada distrital, que incluiu a hashtag “xuxahipocrita” no post.

Em seguida, Júlia Lucy escreveu que poderia compartilhar a íntegra do vídeo com quem enviasse mensagens a ela no privado. No entanto, usuários do Instagram criticaram a postura da deputada. “@julialucydf armazenar e compartilhar conteúdo pornográfico é crime”, escreveu uma seguidora. “Estou sem acreditar”, comentou outra pessoa.

Após a repercussão, a parlamentar excluiu o comentário da publicação. Questionada pelo Metrópoles sobre o caso, Júlia Lucy afirmou que “pensando em evitar a propagação desse tipo de conteúdo”, decidiu apagar a mensagem “para não incentivar essa prática nefasta”.

Veja a publicação:A deputada distrital Júlia Lucy posta frame de filme estrelado por Xuxa,

 

[Julia Lucy exagera ao classificar o filme de pornô. Eu assisti o filme no lançamento e não fiquei com tesão. Parece que o filme deixa Lucy excitada para ela guardar. O filme é de 1982. 

A masturbação com crucifíxo é cena de outro filme que deve ter tocado a libido de Damares]

 

Mulheres denunciam “loucura” de Damares como método: crucifixo na vagina a serviço do fascismo

Paradise: Faith

 

Comentários publicados pelo Vio Mundo

Damares é uma atormentada pelo q sofreu, tem alucinações, persegue, oprime, estigmatiza, delira; nos exemplos q dá, as fantasias eróticas, sádicas e cruéis pontificam, c/o uma orgia de suplícios sexo-religiosos só concebidos por uma mente insana. Marcia Denser, escritora, no twitter.

Eu na minha vida JAMAIS soube de uma menina enfiando um crucifixo na vagina. As fantasias sexuais da ministra Damares são porcas demais. Eu não deixaria uma filha minha perto dessa gente. Cynara Menezes, jornalista.

O discurso de Damares Alves é um astucioso exemplo de tecnologia política que usa “sexo” como fator de mistificação. Na perversa Sexologia Política do choque, sexo é arma. Sexo passou a ser tecnologia do poder obscurantista contra o Gênero como fator de esclarecimento. Marcia Tiburi, filósofa.

Damares não é louca muito pelo contrario. É uma mulher extremamente fria, perigosa , capaz de qualquer coisa para alcançar seus objetivos.
Usa a fé das pessoas para convencê-las de suas ideias conservadores e sem ética. Uma sociopata. Biazita Gomes, professora de Filosofia.

Damares Alves: “Estou há quase 24 horas com este público, a maioria jovem, e ninguém me ofereceu um cigarro de maconha e nenhuma menina enfiou um crucifixo na vagina”, ela só esqueceu que essa galera não curte maconha por preferir cocaína, a parte do crucifixo é loucura mesmo. Patrícia Lélis.

A tensão sexual é um dos pilares de uma técnica para obter e manter poder chamada fascismo. Ao dizer que a esquerda introduz crucifixos em vaginas, Damares ensina seu público a temer e a odiar o “outro lado”. Meteoro BR.

 

Cena de masturbação com crucifixo causou escândalo no Festival de VenezaParadise: Faith (2012) - IMDb

 

Por Thiago Dearo 

A comunidade católica está indignada com uma cena do filme do irreverente cineasta Ulrich Seidl, “Paradise: Faith”, apresentado no 69 edição do Festival Internacional de Cinema de Veneza.

O escândalo no Festival de Veneza veio três dias após a exibição do filme “Paradise: Faith” (‘ Paraíso: Fé ‘) de Ulrich Seidl, um filme que concorre pelo Leão de Ouro, juntamente com 17 outros filmes.

A cena em que Anna Maria, uma devota católica, chega a se masturbar com um crucifixo, que  ela pega na parede de seu quarto, o carícias, beija com grande intensidade , até que finalmente ela se masturba com o objeto sagrado, já foi qualificado como um dos mais provocantes do cinema contemporâneo.

“A protagonista não entende que a adoração cega por Cristo torna-se um ser desumano, incapaz de sentir amor e comunicar a virtude mais importante cristã: amar o próximo”, disse o diretor.

O filme conta a história de uma mulher totalmente dedicada ao catolicismo, que decide ir de porta em porta em toda Veneza para tentar convencer as pessoas a aderir cristianismo.

A Película de Seidl, segundo os especialistas em cinema, denuncia com uma linguagem irônica o fanatismo religioso, no entanto para alguns católicos, é uma ofensa gratuita contra a comunidade religiosa na Itália, que é um dos países mais católicos do mundo.

O advogado Pietro Guerini, que dirige uma associação de radical católica na Itália, entrou com uma ação contra o diretor do filme, Seidl, a atriz Maria Hofstätter e contra os seus produtores e organizadores da edição 69 do Festival de Cinema de Veneza.

Todos eles “por meio de uma manifestação de uma das cenas blasfemas e ultrajante”, que violou os artigos 403 e 404 do Código Penal da Republica Italiana (“crimes a uma confissão religiosa por degrinir as pessoas e através do desprezo”), diz a ação judicial.

Enquanto isso, Seidl afirmou que não vai pedir desculpas aos católicos. “Eu não tenho nenhuma razão para pedir perdão. Ao invés disso, eu estou feliz. Se por alguma cena mostrada no meu filme é um tabu, isso não significa que não tenho o direito de incluir esta cena no filme”, disse o diretor do polêmico filme, em entrevista, publicada na terça-feira ao jornal ‘The Hollywood Reporter’.

 

Filme com cena de masturbação com crucifixo causa polêmica em Veneza

Image

 

 

O irreverente filme do austríaco Ulrich Seidl, "Paradise faith", que compete pelo Leão de Ouro na Mostra de Veneza, junto com outros 17 filmes, escandalizou nesta sexta-feira (31) com uma cena de sexo com um crucifixo.

"Faith provoca escândalo", afirma o jornal italiano "Coriere della Sera" ao resenhar o filme decididamente anticlerical, protagonizado por uma fervorosa católica que se flagela, usa o cilício, caminha pela casa de joelhos, impreca os pecadores e chega a se masturbar com um crucifixo.

A cena, na qual a católica Anna Maria, uma auxiliar de raio-x, lentamente tira o crucifixo da parede de seu quarto, o acaricia, o beija, torna a beijá-lo cada vez mais intensamente, até que finalmente se masturba com ele sob as cobertas, é certamente uma das mais impressionantes do cinema contemporâneo.

O filme, uma história de excessos místicos na qual inclusive a fotografia do papa Bento XVI é difamada, arrancou risos e foi aplaudido durante a primeira projeção à imprensa especializada e provavelmente gerará reações na Itália, um dos países mais católicos do planeta, e no Vaticano.

Para Anna Maria, o caminho que a levará ao paraíso reside em Jesus, e por isso decide percorrer toda a cidade de Viena com uma imagem da Virgem Maria de cerca de quarenta centímetros nas mãos batendo de porta em porta para convencer as pessoas a se unirem ao cristianismo.

O retorno inesperado após anos de ausência de seu marido, um muçulmano egípcio prostrado em uma cadeira de rodas, termina por reforçar sua fé. "A protagonista não entende que a adoração cega pro Cristo a converte em um ser inumano, incapaz de sentir amor e de comunicar a mais importante virtude cristã: amar ao próximo", comentou o diretor.

O filme, que faz parte da trilogia Paradise (os outros dois são "Paradise: love" e "Paradise: hope"), do diretor Seidl, produzido por França, Áustria e Alemanha, denuncia com uma linguagem irônica o fanatismo religioso.

"Somos as tropas de assalto da Igreja" é o lema da comunidade religiosa a qual a protagonista pertence, que encarna a paixão tanto espiritual quanto carnal por Cristo.

O diretor, renomado documentarista, premiado em 2001 em Veneza por seu primeiro longa-metragem "Hundstage", disse ter se inspirado nas peregrinações religiosas para convencer adeptos. "Ela é uma mulher decepcionada com o amor, com os homens e frustrada sexualmente. Sente um vazio interior", explicou.

11
Set22

O terrorismo contra petistas e a responsabilidade da mídia

Talis Andrade

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por Jeferson Miola     

A mídia hegemônica tem enorme responsabilidade no processo prolongado de demonização do PT e na propagação do ódio e do fascismo que assumiu dimensões trágicas, culminando na explosão recente de assassinatos e atentados terroristas contra petistas por motivos políticos.

A guerra semiótica da mídia com o objetivo de aniquilar Lula e o PT vem de muito longe. Desde o nascimento do PT a mídia oligárquica tratou de estigmatizar o Partido e suas maiores lideranças, em especial Lula.

Com a chegada do PT ao governo central do Brasil, esse jornalismo de guerra assumiu ainda maior proeminência e funcionalidade no combate antipetista.

Os grupos midiáticos foram decisivos na fabricação das monstruosas farsas políticas e jurídicas armadas pelas oligarquias dominantes para manchar a imagem do PT e destruir a reputação do Lula, como os chamados “escândalos” do “mensalão” e do “petrolão”.

A gangue da Lava Jato não teria conseguido concretizar a maior corrupção judicial da história com o objetivo de prender Lula sem a conivência da mídia e sem o trabalho articulado de policiais, procuradores e juízes inescrupulosos com os grupos de comunicação, sobretudo a Rede Globo.

A mídia foi determinante na estigmatização do PT e dos petistas. O veneno mortal do ódio, da intolerância e do preconceito foi inoculado em amplos segmentos da sociedade. Os petistas passaram a ser tratados como inimigos internos, do mesmo modo como judeus, gays, ciganos e comunistas eram considerados na Alemanha hitlerista dos anos 1930.

A espiral de violência política contra petistas infelizmente não chega a surpreender, era até esperável, pois é decorrência natural da ambientação subjetiva incutida pela mídia na sociedade – processada de modo sistemático e permanente durante décadas.

A atuação enviesada da mídia contra Lula e o PT foi fundamental na produção do imaginário antipetista e do clamor popular odioso que no contexto do governo fascista-militar assumiu um padrão de pistolagem política.

Bolsonaro e os militares capturaram o sentimento de ódio e a ojeriza midiaticamente produzida contra o PT e, com este insumo potente, catalisaram a formação de um movimento de massas fascista, engajado e radicalizado.

É inaceitável, por isso, que diante do segundo assassinato de um petista por um bolsonarista em menos de dois meses, a mídia associe o crime à polarização política. É incorreto e desonesto dizer que há uma guerra entre petistas e bolsonaristas, como se existissem dois bandos em confronto – há, sim, terrorismo e agressão unilateral, inclusive armada, perpetrada por bolsonaristas contra petistas e contra pessoas que deles divergem.

A teoria dos “dois extremos”, além de rigorosamente falsa, também é irresponsável. Por um lado, esta abordagem esconde a responsabilidade exclusiva da extrema-direita e, por outro lado, escamoteia o papel histórico dos próprios meios de comunicação na gênese desta violência fascista que, com o avanço da extrema-direita, alcançou nível assombroso.

A perseguição midiática implacável e impiedosa ao Lula – processo equiparável ao que Hannah Arendt analisou nos seus estudos sobre as origens do totalitarismo –, foi o motor da máquina de produção da subjetividade antipetista.

O momento é grave. Com Bolsonaro, o terrorismo contra petistas atingiu seu paroxismo. O assassinato de brasileiros por motivos políticos não mata apenas petistas, mas fere de morte a democracia.

É inaceitável que os mesmos grupos de comunicação que contribuíram decisivamente para a fascistização da sociedade brasileira continuem reforçando a absurda ideia de confronto entre dois polos extremistas.

Referindo-se ao PT, Bolsonaro defendeu extirpar “essa praga” [9/9]. Em 2005, Bornhausen [ex-PFL] proclamou “o fim da raça dos petistas”. O extremismo, como mostra a história política brasileira, ocupa um único lado do espectro ideológico. Em qual lado da história a mídia escolherá ficar?

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01
Jun21

Intolerável e atentatória à Constituição da República a reação violenta desencadeada pela Polícia Militar do estado de Pernambuco contra manifestantes

Talis Andrade

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Nota em apoio às manifestações populares de 29 de maio

 

Grupo Prerrogativas, que reúne juristas comprometidos com as lutas democráticas, expressa o seu inconformismo com os episódios de abusiva repressão às manifestações populares realizadas em 29 de maio de 2021 e com os atos de estigmatização e intimidação pessoal praticados pelo presidente da República contra os seus participantes.

Nesse sentido, consideramos intolerável e atentatória à Constituição da República a reação violenta desencadeada pela Polícia Militar do estado de Pernambuco contra manifestantes, na cidade do Recife. Não se pode admitir o uso truculento do aparato policial para coibir o engajamento pacífico em protestos legítimos contra a situação perversa e macabra de desgoverno, que a permanência de Jair Bolsonaro na presidência da República impõe ao país.

Diversos integrantes do nosso grupo tomaram parte das manifestações, na condição de cidadãos e de membros de organismos de defesa de direitos humanos, com o propósito de garantir a integridade física e a incolumidade dos participantes dos protestos.

Nesse sentido, revela-se também inaceitável que o próprio presidente da República, ao comentar as manifestações populares, invista contra um dos nossos integrantes, o advogado Antônio Carlos de Almeida Castro (Kakay), nele personalizando declarações depreciativas e ameaçadoras, em um estilo sombrio de inspiração miliciana. Da mesma forma, é repugnante a tentativa do chefe de governo de estigmatizar os manifestantes, tentando a eles imputar condutas antissociais, em seu deturpado juízo.

O Grupo Prerrogativas alerta para o imperativo de pleno respeito às liberdades democráticas, asseguradas as condições para que as manifestações populares ocorram sem que delas resultem abusos repressivos. Também são inadmissíveis as reações impertinentes de cunho pessoal protagonizadas pelo presidente da República, a submeter manifestantes a ataques pessoais mobilizadores da perseguição por sua rede de apoiadores, contaminada pela pior espécie de fanatismo.

Grupo Prerrogativas, 1 de junho de 2021

 
 
 
 
 

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