Quando se pensa que estamos perto do fim do precipício em que os militares jogaram o país, descobre-se um degrau ainda mais baixo. O fundamental é não se surpreender, porque sempre pode ser pior do que se imagina.
É o que comprova a nova descoberta sobre o orçamento secreto e particular, livre do controle republicano, mantido pelos comandos das Forças Armadas no exterior. Uma espécie de offshore fardada.
O orçamento secreto foi inventado pelo governo fascista-militar para comprar apoio ao plano brutal de pilhagem do Brasil e para assegurar a blindagem do Congresso em relação aos mais de 100 pedidos de impeachment do Bolsonaro.
Deu certo. Ao custo, porém, de uma corrupção bilionária, de malversação em escala industrial e do desvio sistemático de verbas públicas. Com efeitos devastadores para o país.
Coube a um general – sempre eles, os militares, metidos em todo tipo de trampa de/no governo – a condução do assunto em linha com o colaboracionista Arthur Lira, presidente da Câmara.
Um detalhe importante: Ramos ainda estava no serviço da ativa e era o comandante militar do Sudeste. Apesar disso, contudo, do mesmo modo que com o general e ex-ministro da Morte Eduardo Pazuello, nada aconteceu com o delinquente fardado.
Monica Bergamo relata na Folha de São Paulo[18/3] que o Tribunal de Contas da União [TCU] enviará uma equipe de auditores aos EUA “para fazer uma devassa em compras feitas pelos comandos da Marinha, do Exército e da Aeronáutica naquele país entre 2018 e 2022”.
A cifra envolvida está dentro do “padrão orçamento secreto”: foram cerca de R$ 20 bilhões pagos pelos militares no período através das três comissões das Forças Armadas brasileiras instaladas nos EUA, e das outras duas na Europa.
O envio de auditores do TCU para apurarem in loco os gastos deriva “da quantidade de transações detectadas e da recusa dos fardados em conceder acesso integral ao sistema de compras”, informa a jornalista.
Este é mais um caso indecente da coleção interminável de ilícitos e crimes envolvendo militares e que, no entanto, são enfrentados de maneira equivocada pelas instituições civis: ou com leniência, ou com temor, ou com jeitinhos e acomodações.
É absolutamente descabido, porque é inconstitucional e ilegal, o TCU aceitar a recusa das Forças Armadas em conceder o acesso pleno ao controle das despesas públicas. Assim como os servidores civis, os militares também estão sujeitos às normas da Administração Pública; e, quando cometem ilícitos, devem ser demitidos, a bem do serviço público.
Este escândalo evidencia, também, que é equivocado o governo brasileiro manter missões das Forças Armadas no exterior, onde oficiais passam temporadas se locupletando e amealhando fortunas pessoais sem nenhum benefício aos interesses nacionais e à defesa do país.
Em Washington, por exemplo, quase duas centenas de militares se aboletam de tempos em tempos em revezamento num trenzinho da prosperidade; uma estrutura mais inchada que as principais e maiores representações diplomáticas do Brasil no estrangeiro.
Os militares se envolveram de maneira sistêmica e profunda com ilícitos, desvios, corrupção e ilegalidades. Delinquentes fardados são o pior exemplo de servidor público; desonram as Forças Armadas de qualquer Nação.
A sociedade brasileira tem diante de si a melhor oportunidade dos últimos 50 anos para encerrar em definitivo o delírio das cúpulas partidarizadas das Forças Armadas, que reivindicam a fantasia alucinógena de atuar como Poder Moderador.
Desaproveitar esta oportunidade e deixá-los outra vez impunes poderá ter como preço o surgimento futuro de uma nova intentona fascista-militar contra a democracia.
Enquanto tentava se explicar sobre sua atuação diante dos atos terroristas de 8 de janeiro, um coronel da PM do Distrito Federal disse que os bolsonaristas estavam em um “mundo paralelo” e que tinha até gente que dizia ser extraterrestre
Alienígenas ajudariam exército a dar um golpe
Em depoimento à CPI dos Atos Antidemocráticos, promovida pela Assembleia Legislativa do Distrito Federal, o coronel Jorge Eduardo Naime, da PM-DF, afirmou que os bolsonaristas acampados em frente ao quartel-general do Exército em Brasília “viviam em um mundo paralelo”. “Teve um que me abordou e falou para mim que era um extraterrestre, que ele estava ali infiltrado e que assim que o Exército tomasse, os extraterrestres iriam ajudar o Exército a tomar o poder”, relatou o coronel nesta quinta-feira 16. “Eles consumiam só informações deles, era só o que era falado no carro, estavam em uma bolha.”
Bolsonaristas "pediram ajuda extraterrestre"
com luzes de celulares no RS
O fotógrafo Marcelo Nunes compartilhou um vídeo de manifestantes reunidos na frente do Comando Militar do Sul, no Centro Histórico de Porto Alegre, no domingo (20). Eles estão segurando os celulares sobre a cabeça e pedindo socorro a um "general". Mas, não se sabe se de fato a quem eles estariam pedindo ajuda: aos ETs ou ao general do Exército.
Não há como aceitar outra versão de que o envio do colar da Arábia Saudita foi uma operação clandestina. É impossível que tenha sido um presente oficial. Presentes oficiais passam pelas embaixadas, por formalidades públicas.
A versão do Almirante Bento Albuquerque, então Ministro de Minas e Energia, de que se tratava de um presente oficial, não tem sequer verossimilhança.
Segundo seu próprio relato, recebeu duas encomendas fechadas para serem transportadas ao Brasil. E só soube do seu conteúdo após desembarcar no Aeroporto de Guarulhos.
Desde 1965, seguindo a Convenção de Viena,o governo brasileiro reconhece a mala diplomática como veículo para transporte de documentos oficiais ou presentes de governos. Como explicou o presidente da Unafisco aos jornalistas Adriana Fernandes e André Borges, do Estadão – autores do furo -,“se quisessem trazer um presente ao governo do Brasil, tudo seria bem mais simples (…) Agora, uma pessoa que ocupa um cargo desses no governo certamente tem discernimento suficiente para saber que não pode receber qualquer coisa de uma pessoa, que desconheça o conteúdo, e traga para o Brasil.”
Segundo o Estadão,“com a apreensão das joias, o ministro volta para a área restrita do aeroporto, mesmo após ter passado pela alfândega, o que geralmente não é permitido, e faz a segunda tentativa de entrar com as joias no País. Ele alegou que era um presente para a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro”.
Se, no desembarque, o Ministro tivesse declarado que se tratava de um presente de um governo para outro, as jóias seriam tratadas como propriedade do Estado e liberadas. Mas, o Ministro não aceitou.
Peça 2 – os negócios com o príncipe árabe
No início do seu governo, há dois movimentos interligados de Bolsonaro.
O primeiro, a tentativa de transformar Angra dos Reis na Cancun brasileira. Esse anúncio coincidiu com a expansão das milícias da zona oeste do Rio de Janeiro para a região de Angra.
ANGRA DOS REIS, NOSSA CANCÚN BRASILEIRA Participei, na manhã desta segunda-feira (6), do lançamento da iniciativa “Desenvolvimento da Costa Verde”, onde somei esforços com os governos federal, estadual e municipal, além do @sebrae para adotarmos medidas para alavancar o (+)
Ocaminho para viabilizar o projeto era justamente o dinheiro saudita. E, em sua visita a Riade, em outubro de 2019, Bolsonaro jantou com príncipe herdeiro da Arábia Saudita, Mohammed bin Salman, anunciou um investimento saudita de US$ 10 bilhões, declarou total afinidade com o príncipe (envolvido em assassinato de jornalistas).
“Eu propus ao príncipe herdeiro investimento na baía de Angra para nós a transformarmos numa Cancún. Depois de uma explanação, ele falou que está pronto para investir na baía de Angra. Mas isso passa por um projeto para revogar um decreto ambiental”, disse Bolsonaro.
Não se tem notícias nem dos desdobramentos do projeto nem dos US$ 10 bilhões prometidos. Mas criou-se a afinidade.
Peça 3 – as tentativas de recuperar o jabá
Um levantamento primoroso dos dois repórteres do Estadão mostrou todas as tentativas feitas para conseguir recuperar as jóias.
Nela, mostra o envolvimento de vários ministérios na tentativa de recuperar a jóia.
Mas, em nenhum momento, duvidou-se da irregularidade da transação.
“A alegação de que seria um presente para o governo brasileiro não faz sentido nenhum, porque ninguém mandaria um presente desses para a Presidência do Brasil, na mochila do assessor de um ministro”,disse Mauro Silva, presidente da Associação Nacional dos Auditores Fiscais da Receita, ao Estadão.
Alguns pontos chamam a atenção. Inclusive a resistência dos auditores fiscais ao bolsonarismo
O ex-Secretário da Receita Federal, Júlio César Vieira Gomes, que pressionou os auditores da alfândega, era diretor jurídico do Sindifisco nacional em uma gestão que apoiou Bolsonaro. Em novembro de 2021, o grupo perdeu a direção do sindicato para a atual diretoria, cujo presidente é Isac Falcão. Em novembro de 2021, eles se articularam com Flávio Bolsonaro, derrubaram o então Secretário da Receita José Tostes e colocaram Júlio César em seu lugar.
A aposta do grupo é que eles iriam recuperar espaço no Sindifisco e dar a volta por cima se conseguissem convencer o Bolsonaro à regulamentar a lei que instituiu o bônus de eficiência para os Fiscais em 2017, e está pendente de um decreto do presidente. Ocorre que o bônus de eficiência tinha oposição do empresariado ligado a Bolsonaro e acabou não saindo. Durante um ano Bolsonaro manobrou a questão exigindo entregas de Júlio.
Uma das entregas foi o caso do chefe de inteligência, Ricardo Feitosa, que passou a investigar adversários de Bolsonaro – e, atualmente, está sendo investigado pela corregedoria. Outra entrega foi colocar na corregedoria alguém de confiança dos Bolsonaro, no caso João José Tafner.
Depois, pressionar Tafner para arquivar a sindicância de Feitosa. Na última hora, vendo a gravidade dos crimes cometidos, Tafner recuou e não arquivou o caso. Agora, está na mesa do Ministro da Fazenda Fernando Haddad a proposta de demissão de Feitosa.
O último feito de Júlio César foi pressionar a alfândega de Guarulhos para liberar as jóias. Segundo o Estadão, o primeiro-sargento da Marinha Jairo Moreira foi em avião da FAB até Guarulhos e tentou convencer o auditor Marco Antonio Lopes Santana e ouvir, pelo celular, o Secretário Júlio César. Santana não aceitou.
Peça 4 – os suspeitos
Há várias hipóteses para a tentativa de suborno saudita.
Ex-Ministro de Minas e Energia, o Almirante Bento Albuquerque teve uma carreira brilhante na Marinha. Foi da Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação da Marinha e Diretor-Geral de Desenvolvimento Nuclear e Tecnológico da Marinha do Brasil. Depois, teve papel central no Programa de Desenvolvimento de Submarinos (Prosub) e comandou a Força de Submarinos.
Imaginava-se que, com tal currículo, tivesse noção clara sobre segurança nacional e a defendesse das negociatas que passaram a controlar o governo desde a chegada de Michel Temer.
Até agora, é o personagem com maior número de evidências contra ele. Ou foi intermediário da jóia que era para os Bolsonaro, ou ele mesmo seria o beneficiário do presente.
Na véspera da viagem de volta ao Brasil, o ex-Ministro manteve reunião com governo e empresários da Arábia Saudita. As dúvidas que permanecem:
1. O presente foi do governo ou de algum empresário saudita? Até gora não houve manifestação do governo da Arábia Saudita.
2. Bolsonaro sustenta não ter mandado nenhum emissário a Guarulhos em avião da FAB. O militar incumbido do trabalho era da Marinha, área de influência de Bento Albuquerque, não do Exército. Mas, no aeroporto, insistia para que o auditor conversasse com o “coronel”. E o Portal da Transparência registrou que a ida a Guarulhos foi por ordem de Jair Bolsonaro.
3. A comitiva de Bento transportou dois pacotes: o que ficou na alfândega e um segundo, que só foi devolvido um ano depois. A alegação de Bento era que “esqueceu-se” do pacote.
4. Soltou versões conflitantes. A primeira foi a de que recebeu pacotes fechados e não sabia o que havia dentro deles. A segunda, é que, parado na alfândega, declarou que eram presentes para a primeira dama.
5. Bolsonaro afirma não saber nada do episódio mas, ao mesmo tempo, admite que era presente do governo da Arábia Saudita e que seriam incorporados ao patrimônio público da Presidência. A Receita Federal desmentiu a versão, mostrando que em nenhum momento houve tentativa de enquadrar o presente nessa modalidade.
De qualquer modo é curioso que Flávio Bolsonaro tenha levantado o álibi de que, se quisesse cometer alguma irregularidade, bastaria ao Almirante Bento ter solicitado um avião da FAB, que não haveria a necessidade de passar pela alfândega.
Quando se mudou para Orlando, Jair Bolsonaro foi em um avião da FAB. Sabe-se lá o que foi transportado na viagem.
Peça 5 – a viagem de Eduardo Bolsonaro
No dia 15 de junho de 2022, o deputado federal Eduardo Bolsonaro apresentou um Relatório de Viagem à Samara de Deputados, referente a uma missão comercial aos países árabes e leste europeu entre 18 de maio e 6 de junho. A viagem foi em missão da Secretaria Especial de Assuntos Estratégicos da Presidência da República.
No dia 1o de junho, Eduardo encontrou-se com o Ministro de Investimentos da Arábia Saudita, Khalid AlFalih. Segundo o relatório,
“Conversaram sobre o Encontro MBS G-20, food security (Embrapa), privatização da Petrobras, diesel e gás, sustentabilidade, entre outros assuntos (…) Durante almoço com o Ministro de Investimentos, Khalid AlFalih, o Deputado Eduardo Bolsonaro fez uma ligação de viva voz para tratar da questão do Diesel. O Almirante Rocha conectou os atores técnicos”.
Almirante Rocha tem estreita ligação com o Almirante Bento Albuquerque, e é figura central no projeto do Prosub
Retirantes da pobreza, da fome, do desemprego, o exilado brasileiro, a exilada brasileira tiveram de escolher: na ditadura militar, a ponta da praia na terra natal ou a esquina da rua nas capitais dos Estados Unidos e Europa.
O racismo nos Estados Unidos, a xenofobia das ditaduras nos países da Europa, e a extrema direita no mundo hodierno facilitaram a pecha infame: brasileiro, brasileira, inclusive em alguns dicionários, sinônimos de gay, de prostituta.
O presidente gigolô, do lema nazi=fascista "deus, pátria e família", para propagar a má fama, o turismo sexual, convidou: "Quem quiser vir fazer sexo com mulher, fique à vontade", disse Jair Bolsonaro.
Os estrangeiros jamais celebraram o carnaval brasileiro como uma diversão inocente, colorida, de serpentinas, confetes, da alegria nas ruas, dos blocos de papangus, a festiva brincadeira, pela participação de crianças, pela música, pela dança do samba, pelos passos do frevo.
Este ano o carnaval vai propagar o escândalo da orgia. Escrevem Taís Codesco, Luana Reis e Giovanna Durães:
Mamilos à mostra no carnaval: com política contra assédio, mulheres se sentem mais livres na folia do Rio.
Depois de dois anos de privação, nos blocos de 2023 só se fala em uma coisa: liberdade. Em meio às fantasias elaboradas , apenas uma hot pant e um tapa-mamilo, que estão em alta entre as mulheres, foram capazes de expressar a alegria desse momento. Não se sabe ao certo quando o adereço tomou conta dos cortejos, mas se tornou uma verdadeira tendência. Os acessórios lembram aqueles usados pelas dançarinas em espetáculos burlescos nos séculos XIX. Se antes remetia a sensualidade feminina, hoje foi ressignificado como um símbolo de autonomia do próprio corpo.
Os melhores do carnaval: Beija-Flor é a melhor escola pelo Estandarte de Ouro
Carnaval 2023: confira em tempo real tudo sobre os desfiles das escolas de samba e os cortejos dos blocos de rua no Rio
É a primeira vez que Luciana Abud, 35 anos, de São Paulo, está saindo de casa para pular carnaval usando somente um pequeno pedaço de fita colante nos seios, a hot pant, uma peça que há vários carnavais virou hit. Ela conta que, a princípio, se sentiu insegura, e até levou uma blusa, mas depois o sentimento de liberdade foi tomando conta. O seu maior medo era o assédio, mas Luciana se surpreendeu com o respeito das pessoas nos espaços.
— Está sendo uma experiência muito legal. Todo mundo olha, isso é inevitável, até mesmo mulheres. Mas não me incomoda. Sinto que isso gera uma curiosidade — conta.
Sua amiga, Lorena Ribeiro, advogada de 28 anos e também de São Paulo, aderiu a um visual parecido, com uma blusa de renda transparente e sem nenhuma outra peça tapando os mamilos.
— É óbvio que os caras olham, mas eu acho que há 10 anos seria muito pior. Eu sinto que a gente venceu, mesmo que um pouquinho, mas só de conseguir andar pela orla sem ser importunado já é uma vitória. Isso para mim também é uma evolução pessoal, tanto mulher quanto como feminista, considero até mesmo uma licença poética — diz Lorena. Elas concordam que o visual é mais confortável, ainda mais em meio ao calor e à multidão dos blocos.
O Brasil devia realizar programas para eliminar a má dos brasileiros e brasileiras no exterior. O Governo Brasileiro precisa promover campanhas contra a xenofobia, o racismo, tormento dos exilados brasileiros nos Estados Unidos e países europeus, notadamente Portugal. Criar políticas que evitem o tráfico humano, a propaganda sexual, inclusive a permanência de sites pornôs 'verde e amarelo', as cores de uso exclusivo das prostitutas na Roma Antiga.
Publica a revista 'Veja':
O mistério sobre a assinatura de Carta Zambelli em site pornô
Suposto extrato do "Brasileirinhas" em nome da deputada circula pelas redes sociais
Desde a manhã desta quarta-feira, 22, circula pelas redes sociais um suposto extrato de débito, atribuído à deputada federal Carla Zambelli (PL-SP), referente à assinatura mensal do site pornô Brasileirinhas. No recibo, não aparece o nome da parlamentar, apenas uma montagem com sua foto. O assunto tornou-se um dos mais comentados do Twitter. Desde que recuperou acesso às redes sociais, a parlamentar tem se manifestado sobre vários temas, mas ainda não tocou no caso Brasileirinhas, apesar das insistentes cobranças dos internautas.
Procurada pela reportagem de VEJA, a parlamentar não respondeu aos pedidos para confirmar ou não a informação. O diretor do Brasileirinhas, Clayton Nunes da Silva, em contato com a revista, afirmou que precisaria ter acesso aos dados pessoais da parlamentar para confirmar ou não se a assinatura realmente foi feita por ela. Ou seja, o mistério permanece.
Este proxeneta Clayton Nunes da Silva devia ser processado por usar o nome de "Brasileirinhas" em site pornô. Não é de estranhar tal absurdo, esse crime contra a imagem do Brasil, contra a mulher brasileira, que Paulo Guedes, que era super ministro da Economia de Bolsonaro, criou sites de relacionamentos, segundo reportagem publicada pelo jornal O Globo. De acordo com o texto, Guedes é dono, ao lado do irmão, da empresa Nol Web Services, que se propõe a encontrar “soluções para solteiros que procuram um relacionamento sério”. O grupo Nol atua em inúmeras frentes, mantendo diversas marcas na área amorosa. “O Romance Cristão” é um site de relacionamento para evangélicos e “Nunca é Tarde para Amar” dedica-se à terceira idade. Já o “Namor o Online” é a versão mais liberal. Ao inscrever-se, o usuário pode dizer se tem interesse em amizade, namoro, sexo casual, casamento ou apenas em “ficar”. Há opções para heterossexuais e homossexuais.
Os Estados Unidos querem "que o Brasil calce os sapatos da Ucrânia" e condene a invasão da Rússia ao país do leste europeu de forma mais incisiva, disse nesta quinta-feira (16) a subsecretária de Assuntos Políticos do Departamento de Estado americano, Victoria Nuland.
"Se [o Brasil] tivesse um grande vizinho pegando pedaços de seu território e o invadindo com militares, esperaria e ansiaria pelo apoio da comunidade democrática para resistir e repelir isso?", questionou em conversa com jornalistas. "Trata-se de defender a Carta da ONU e as regras do mundo que permitiram que nossos filhos crescessem em um ambiente internacional relativamente civilizado", afirmou.
Nuland ocupa o cargo mais alto da carreira diplomática no país -os cargos de secretário e vice no Departamento de Estado, equivalente ao Ministério das Relações Exteriores nos EUA, são políticos.
A fala desta quinta representa um aumento do tom do governo americano quanto à postura do governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT), herdada da gestão Jair Bolsonaro (PL), de evitar interferência mais direta no conflito. O novo presidente brasileiro negou pedido da Alemanha para repassar munições a tanques do lado ucraniano e afirmou na última semana que "o Brasil não participará" da guerra.
Até aqui, os EUA vêm tratando em público a postura de Lula como parte do jogo diplomático uma vez que as nações têm diferentes interesses. John Kirby, coordenador de comunicação estratégica do Conselho de Segurança Nacional, disse na última semana que os EUA respeitam a posição de Lula -com a ressalva de que para os americanos, segundo ele, não é hora de "agir de modo habitual" quando o assunto é Rússia.
Mas, na visita de Lula a Joe Biden na Casa Branca na última sexta (10), o governo brasileiro cedeu e aceitou condenar de forma mais dura a Rússia no comunicado divulgado ao fim do encontro. Versão preliminar do texto não condenava diretamente Moscou e falava apenas sobre a cooperação entre Brasil e EUA em questões regionais e globais, como o conflito no Leste Europeu. O texto final, porém, diz que "ambos os presidentes lamentaram a violação da integridade territorial da Ucrânia pela Rússia e a anexação de partes de seu território como violações flagrantes do direito internacional."
Biden está na "Ucrânia dando milhões de dólares para as pessoas de lá, não para nós, e estou furioso", disse o prefeito Trent Conaway
247 -Trent Conaway, prefeito deEast Palestine, Ohio, disse na segunda-feira (20) que a visita do presidente Joe Biden à Ucrânia foi o "maior tapa na cara", enquanto sua cidade continua a lidar com as consequências de um descarrilamento de trem que espalhou substâncias tóxicas pela região.
Durante uma aparição na Fox News, Conaway foi convidado a dar sua opinião sobre a visita surpresa de Biden a Kiev.
“Esse foi o maior tapa na cara, que diz a você agora, ele não se importa conosco”, disse Conaway ao apresentador Jesse Watters. "Então ... ele pode enviar todas as agências que quiser, mas descobri isso esta manhã e em um dos briefings que ele estava na Ucrânia dando milhões de dólares para as pessoas de lá, não para nós, e estou furioso".
“Sim, o Dia do Presidente em nosso país. Ele está… na Ucrânia”, acrescentou. “Então isso diz que tipo de cara ele é".
Nesta terça-feira (21), após as declarações do prefeito, Biden foi àPolônia.
O incidente em Ohio causou um grande incêndio e levou as autoridades a evacuar cerca de metade dos 4.800 residentes na área circundante. A Norfolk Southern, empresa ferroviária responsável pelo trem de 151 vagões que descarrilou, disse que o evento contaminou 1,1 milhão de galões de água. (Com The Hill).
Em carta, 46 congressistas pedem ao líder americano que revogue permissão de permanência do ex-presidente brasileiro. Texto também exige investigação de possíveis ações tomadas nos EUA em apoio aos ataques em Brasília.
Cresce a pressão nos Estados Unidos para que o presidente do país, Joe Biden, force Jair Bolsonaro a deixar o território americano, na esteira dos ataques perpetrados por apoiadores extremistas do ex-presidente na Praça dos Três Poderes, em Brasília, em 8 de janeiro.
Um grupo de 46 congressistas do Partido Democrata enviou uma carta a Biden pedindo que ele revogue o visto diplomático ou qualquer permissão que Bolsonaro tenha para permanecer nos EUA.
No documento, os parlamentares também exigem que o governo "investigue qualquer ação tomada em solo americano para ajudar a insurreição" ocorrida em Brasília, seja apoiando, coordenando ou financiando os atos golpistas e violentos.
"Não devemos permitir que Bolsonaro ou qualquer outro ex-funcionário do governo brasileiro se refugie nos Estados Unidos para escapar da justiça por crimes que possam ter cometido durante seu mandato, e devemos cooperar plenamente com qualquer investigação do governo brasileiro sobre suas ações, se solicitado", escreveram os congressistas na carta.
Visto de autoridade
O ex-presidente de extrema direita está na Flórida desde o fim de dezembro, quando abandonou a Presidência da República dois dias antes da posse de Luiz Inácio Lula da Silva.
Na carta, os democratas observam que Bolsonaro entrou nos EUA ainda como chefe de Estado brasileiro, portando então um visto A-1, concedido a diplomatas ou funcionários de governos.
"Como ele não é mais o presidente do Brasil, nem está servindo atualmente como funcionário do governo brasileiro, solicitamos que se reavalie o status dele no país para determinar se existe uma base legal para sua estada e se revogue qualquer visto diplomático que possa ter", afirmam.
O governo americano ainda não se manifestou sobre o status legal que Bolsonaro mantém nos Estados Unidos.
Contudo, o porta-voz do Departamento de Estado americano, Ned Price, afirmou na segunda-feira que estrangeiros que entram nos EUA com um visto A-1 têm 30 dias para deixar o país se não fizerem mais parte de um governo.
"Ameaça às instituições democráticas"
Na carta, os congressistas também dizem que Bolsonaro, durante seu governo, ameaçou as instituições democráticas e que suas ações incitaram apoiadores radicais a cometerem atos de violência.
"Sua disseminação de desinformação, sua recusa em pedir a seus apoiadores que aceitassem os resultados das eleições e seus apelos ativos para se mobilizar contra as instituições democráticas incitaram milhares de manifestantes a invadirem prédios do governo e se envolverem em atos violentos", afirma o texto.
Após os ataques golpistas de 8 de janeiro, Biden conversou por telefone com o presidente Lula e expressou "o apoio inabalável dos Estados Unidos à democracia no Brasil".
A condenação entre congressistas americanos também foi rápida, bem como o apoio à expulsão de Bolsonaro do país. Ainda no dia 8, o deputado democrata Joaquín Castro, do Texas, pediu a extradição do ex-presidente brasileiro.
"Ele é um homem perigoso. Deveriam mandá-lo de volta para seu país natal, o Brasil", disse o deputado. "Apoio o presidente Lula e o governo democraticamente eleito no país", completou o democrata, que também relacionou a invasão em Brasília com o ataque ao Capitólio americano em 2021. "Terroristas domésticos e fascistas não podem usar a cartilha de Trump para minar a democracia."
A deputada democrata Alexandria Ocasio-Cortez, de Nova York, também relacionou os eventos em Brasília com o Capitólio: "Vemos fascistas tentando fazer o mesmo no Brasil." Na mesma mensagem, ela manifestou solidariedade a Lula e apoiou o fim do "refúgio" de Bolsonaro nos EUA.
CRÉDITO, REUTERS. Mais de 40 deputados americados do Partido Democrata enviaram carta ao presidente americano, Joe Biden. Eles pedem ainda que os EUA não sejam usados como 'refúgio' para Jair Bolsonaro.
por Mariana Sanches /BBC News
Quatro dias após os ataques de bolsonaristas que depredaram a Praça dos Três Poderes, em Brasília, 46 deputados americanos do partido Democrata enviaram carta ao presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, na qual pedem que o governo do país tome medidas para que o território americano não seja usado como "refúgio" pelo ex-mandatário brasileiro Jair Bolsonaro, a quem os parlamentares conectam à invasão do Palácio do Planalto, Congresso e Supremo Tribunal Federal (STF) no domingo (8/1).
"O ataque ilegal e violento em 8 de janeiro contra as instituições do governo brasileiro foi construído sobre meses de invenções pré e pós-eleitorais do Sr. Bolsonaro e seus aliados, alegando que a eleição presidencial de 30 de outubro havia sido roubada", afirmam os parlamentares a Biden, exortando o presidente a "cooperar totalmente" com o Brasil para esclarecer o papel de Bolsonaro no episódio. A carta foi enviada na noite de quarta-feira (11/01).
Bolsonaro está na Flórida desde o dia 30 de dezembro. Ele deixou o Brasil em um voo das Forças Armadas Brasileiras sem passar a faixa ao sucessor, Luiz Inácio Lula da Silva, e entrou nos EUA antes do fim oficial de seu mandato, possivelmente de posse de passaporte e visto diplomáticos - concedidos a chefes de Estado.
Bolsonaro costuma repetir que sempre jogou dentro das "quatro linhas da constituição" para refutar acusações de envolvimento com atos violentos. Sobre os atos de domingo, ele disse que "fugiam à regra" pela violência. Após os distúrbios de domingo, porém, o ex-presidente chegou a compartilhar em redes sociais um vídeo que dizia que Lula "não foi eleito", e sim "escolhido pelo STF e pelo TSE".
Depois de uma breve internação nos EUA por causa de uma obstrução intestinal, Bolsonaro disse à CNN que pretende voltar ao Brasil "nos próximos dias". Antes, o plano, segundo ele, era ficar até o final de janeiro nos EUA.
Nesta quarta (11/1), o secretário de Estado americano Anthony Blinken afirmou que o Brasil não solicitou formalmente cooperação para investigação nem entrou com pedido para extradição de Bolsonaro.
Revogação do visto
"O Sr. Bolsonaro voou para a Flórida antes do final de seu mandato (…) e estamos preocupados com os relatos de que ele atualmente reside em Orlando. Os EUA não devem dar abrigo a ele ou a qualquer autoritário que tenha inspirado tamanha violência contra as instituições democráticas. (…)", recomendam os parlamentares americanos, na carta a qual o Washington Post e a BBC News Brasil tiveram acesso.
Os legisladores prosseguem, pedindo que Biden revogue o visto diplomático americano de Bolsonaro.
"Segundo nosso entendimento, já que o Sr. Bolsonaro entrou nos Estados Unidos quando ainda era presidente do Brasil, ele pode ter feito isso com um visto A-1, que é reservado para indivíduos em visitas diplomáticas ou oficiais. Como ele não é mais o Presidente do Brasil e tampouco exerce atualmente o cargo de oficial brasileiro, solicitamos que reavalie sua situação no país para verificar se há base legal para sua estada e revogue qualquer visto diplomático que ele possa possuir", dizem os parlamentares.
A recusa de Bolsonaro em participar da transferência de poder, as inúmeras acusações sem provas de fraude eleitoral e seus ataques a membros do STF são listados pelos parlamentares americanos como indícios de que ele esteve por trás das cenas de destruição na capital federal no último domingo.
Na carta a Biden, os parlamentares pedem que o presidente coloque o FBI, a polícia federal americana, para investigar se e como os ataques à Praça dos Três Poderes foram planejadas em território americano. E que responsabilize legalmente possíveis mentores e financiadores dos atos em Brasília que estejam baseados na Flórida.
Bolsonaro é aliado próximo ao ex-presidente Donald Trump e a alguns de seus principais assessores, como Steve Bannon e Jason Miller.
As imagens dos ataques em Brasília, estampadas na capa dos principais jornais americanos, remetem os americanos à memória da invasão ao Capitólio por trumpistas em 6 de janeiro de 2021. O episódio, ocorrido no momento em que o Congresso dos EUA certificava a vitória de Biden, é considerado uma ferida aberta no país que se orgulha de ser a democracia mais antiga do planeta. Cinco pessoas morreram e centenas foram presas e respondem a processo - ou já estão condenadas - pelos atos.
'Conhecemos em primeira mão o impacto'
"Dois anos atrás, os EUA enfrentaram um ataque semelhante à nossa democracia. Conhecemos em primeira mão o impacto — imediato e de longo prazo — quando funcionários do governo subvertem as normas democráticas, espalham desinformação e fomentam o extremismo violento", escreveram os deputados na carta.
Após os ataques, Biden telefonou a Lula para expressar apoio e convidou o colega brasileiro a visitar a Casa Branca em fevereiro. O ex-presidente dos EUA Bill Clinton também telefonou a Lula e Barack Obama foi às redes sociais dizer que o sucesso da democracia no Brasil importa ao mundo todo.
A carta é a formalização de um mal-estar que circula entre a base democrata no Congresso o último domingo. A missiva foi liderada por Joaquín Castro, representante sênior da minoria democrata no Comitê de Hemisfério Ocidental da Câmara. À CNN americana, Castro disse no começo da semana que "os EUA não deveriam ser um refúgio para o autoritário que inspirou terrorismo doméstico no Brasil".
Outros colegas de Castro também vieram a público se posicionar. Uma das estrelas jovens e da ala mais esquerdista do partido, a deputada Alexandria Ocasio-Cortez, conhecida como AOC, parte da ala mais à esquerda dos democratas, tuitou: "Os EUA devem deixar de dar guarida a Bolsonaro".
Mas mesmo figuras tidas como moderadas, como o deputado Gregory Meeks, assinaram a declaração a Biden.
A carta que pede revogação do visto de Bolsonaro e investigação pelo FBI tem uma dupla função: expressar eventuais sentimentos da Casa Branca que, politicamente, seriam sensíveis demais para a administração admitir em público e indicar ao governo Biden o que sua base congressista deseja ver acontecer.
Nesta quarta (11/1), 35 deputados americanos e 39 brasileiros divulgaram uma declaração conjunta na qual afirmam que "atores autoritários e antidemocráticos da extrema direita" agem em conluio para atacar as democracias do Brasil e dos EUA.
"Não é segredo que agitadores da extrema direita no Brasil e nos EUA estão coordenando esforços", escrevem os parlamentares, citando encontros o deputado federal Eduardo Bolsonaro, filho do ex-presidente, e de ex-assessores de Donald Trump, como Jason Miller e Steve Bannon, que "encorajaram Bolsonaro a contestar os resultados das eleições no Brasil". A declaração foi costurada peloWashington Brazil Office.
Os americanos acompanham de perto a movimentação política no Brasil. Antes da posse de Lula, os democratas fizeram uma articulação para destravar a nomeação da nova embaixadora americana no Brasil, Elizabeth Bagley, após quase dois anos sem representante de mais alto nível em Brasília.
Em setembro, poucos dias antes do primeiro turno, o Senado dos EUA aprovou resolução na qual recomendava que a Casa Branca reconhecesse o resultado do pleito tão logo ele fosse anunciado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Biden levou menos de 40 minutos para parabenizar Lula. A mesma resolução recomendava rompimento das relações bilaterais em caso de golpe militar no Brasil.
Os titulares dos Três Poderes, com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva à frente, fecharam o cerco, nesta segunda-feira (9), aos “atos terroristas” ocorridos em Brasília no domingo, quando milhares de bolsonaristas invadiram e depredaram o Palácio do Planalto, o Congresso Nacional e o Supremo Tribunal Federal (STF).
Em uma incomum declaração conjunta publicada no Twitter de Lula, os presidentes do Senado, da Câmara dos Deputados e do STF repudiaram os “atos terroristas, de vandalismo, criminosos e golpistas que aconteceram na tarde de ontem em Brasília”.
“Conclamamos a sociedade a manter a serenidade na defesa da paz e da democracia em nossa pátria”, afirmaram no texto.
Os representantes dos poderes públicos se reuniram na manhã desta segunda-feira no Palácio do Planalto, onde Lula despacha durante o dia, apesar de a sede do Executivo ter sido um dos prédios vandalizados, com vidraças quebradas e alguns gabinetes destruídos.
No domingo, milhares de bolsonaristas ocuparam os edifícios por quase quatro horas, exigindo uma intervenção militar para afastar Lula do cargo ao qual foi empossado em 1º de janeiro.
Os atos lembraram os ataques ao Capitólio, em Washington, executados há dois anos por apoiadores do então presidente americano Donald Trump, de quem Bolsonaro é admirador.
Acampamentos desmontados
Os ataques de domingo foram condenados em uníssono pela comunidade internacional, dos governos dos Estados Unidos e da França aos de Rússia e China.
“Estou impactado com o que vejo e com o que vi. Mas devo dizer que confio no Brasil. Confio em instituições resilientes. E estou absolutamente convencido de que o Brasil enfrentará esta situação com a responsabilidade adequada”, reagiu o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres.
Já na noite de domingo, as autoridades brasileiras abriram inquéritos e tomaram medidas judiciais para encontrar os responsáveis pelos distúrbios e seus financiadores.
Até o momento, 1.500 pessoas foram detidas, informou Flávio Dino, ministro da Justiça e Segurança Pública, destacando que a maioria foi interpelada em um acampamento em Brasília de onde saiu boa parte dos invasores.
Centenas de policiais e militares foram mobilizados nesta segunda-feira em diferentes cidades do país, como Brasília, São Paulo e Rio de Janeiro, para desmontar essas estruturas, de onde manifestantes exigiam, há dois meses, uma intervenção militar para evitar que Lula voltasse ao poder.
A liberação atendeu à ordem do ministro do STF Alexandre de Moraes para desocupar completamente “em 24 horas” essas estruturas, montadas em frente a quartéis militares por apoiadores de Bolsonaro, insatisfeitos com sua derrota no segundo turno das eleições, em 30 de outubro.
“Não concordo com o que foi feito ontem. É vandalismo, é destruição do nosso patrimônio. Se eles querem se manifestar, devem fazer de outra forma”, disse à AFP Ionar Bispo, de 43 anos, morador da capital federal.
Uma multidão invadiu os prédios e muitos manifestantes agitavam a bandeira do Brasil e vestiam a camisa da seleção brasileira, símbolos nacionais dos quais o bolsonarismo se apropriou.
A Confederação Brasileira de Futebol (CBF) repudiou com veemência o uso da camisa “em atos antidemocráticos e de vandalismo”.
Diversos deputados americanos condenaram as invasões golpistas em prédios dos Três Poderes em Brasília, mas ao menos quatro democratas mais progressistas foram além: demandaram a expulsão do ex-presidente Jair Bolsonaro, que está na Flórida desde o dia 30 de dezembro. Se uma extradição parece difícil neste momento, há outro recursos que que geram dilemas para o governo do presidente Joe Biden.
O primeiro a se pronunciar foi o texano Joaquin Santos, deputado do Texas, que disse em seu Twitter apoiar Lula e o governo democraticamente eleito do Brasil, além de afirmar que “terroristas domésticos e fascistas não devem ter permissão para usar o manual de [Donald] Trump para minar a democracia”. Em seguida, fez um adendo afirmando que "Bolsonaro não deve receber refúgio na Flórida, onde está se escondendo da responsabilização por seus crimes.”
— Bolsonaro não deve ficar na Flórida — disse ele posteriormente à CNN. — Os Estados Unidos não devem dar refúgio para este autoritário que inspirou terrorismo doméstico no Brasil. Ele deve ser enviado de volta para o Brasil.
Pedido na mesma linha foi feita por Alexandria Ocasio-Cortez, deputada nova-iorquina e uma expoente progressista do Partido Democrata. Quem a ecoou foi a colega Ilhan Omar, do Minnesota, outro proeminente nome da esquerda partidária — as duas são integrantes do "Esquadrão", quarteto de deputadas eleitas pela primeira vez em 2018 notórias por sua ferrenha oposição a Trump.
Em seu Twitter, Omar disse que prestava suas solidariedades ao Brasil e que "Bolsonaro não deve receber refúgio na Flórida". Já Ocasio-Cortez, habitualmente chamada por suas iniciais AOC, afirmou que “os EUA devem parar de dar refúgio para Bolsonaro". O deputado Mark Takano, democrata da Califórnia, também se juntou a elas.
Os parlamentares, na prática, pedem para a extradição de Bolsonaro para o Brasil — ou seja, que o governo americano o envie de volta. Os países têm um tratado de extradição firmado desde 1961, que possibilita o retorno de indivíduos processados por acusações que sejam crimes em ambos países. A Justiça brasileira, contudo, não fez nenhum pedido formal para a extradição de Bolsonaro, algo necessário para os trâmites prosseguirem.
O ex-presidente, que perdeu o foro privilegiado ao deixar o Palácio do Planalto, não responde legalmente pelos atos de domingo, mas há algumas investigações em curso que preocupam o entorno bolsonarista. Entre eles, o inquérito no qual a Polícia Federal já concluiu que houve um delito de “incitação ao crime”, com pena prevista de detenção de três a seis meses, por incentivar a população a não usar máscaras por meio da divulgação de notícias falsas em uma live.
Mesmo que venha o pedido, o processo não é necessariamente célere: um exemplo é a demora para a extradição do blogueiro bolsonarista Allan dos Santos, foragido nos EUA. Ele teve sua prisão preventiva decretada em outubro de 2021 pelo ministro do STF Alexandre de Moraes, com um pedido de extradição apresentado pela Embaixada do Brasil em Washington ao Departamento de Estado no mês seguinte. Dúvidas sobre o visto.
Também há a possibilidade de o visto de Bolsonaro ser cancelado caso o portador não cumpra com as regras estipuladas. Procurada pelo GLOBO, a Embaixada americana no Brasil disse que não comenta sobre o status de vistos, mas é provável que o ex-presidente tenha ingressado nos EUA com o visto do tipo A-1, reservado para representantes de países estrangeiros.
Como ex-presidente, Bolsonaro tem direito a manter seu passaporte diplomático, mas não está imediatamente claro qual é a validade de seu visto A-1. A autorização é geralmente cancelada quando um chefe de Estado deixa o poder, mas como o ex-presidente desembarcou na antevéspera do fim de seu mandato, é provável que o documento ainda esteja válido. Também não se sabe ao certo por quanto tempo o ex-presidente poderá permanecer em solo americano.
Pelas regras listadas no site do Departamento de Estado, qualificam-se para o visto A-1 quem viaja "representando seu governo nacional exclusivamente para se engajar em atividades oficiais de tal governo":
"As tarefas específicas ou serviços que serão realizados devem ser governamentais em carater ou natureza, como determinado pelo Departamento de Estado dos EUA, de acordo com as leis de imigração", diz o órgão. "Funcionários de governo viajando para os EUA para realizar tarefas não governamentais de natureza comercial, ou que viajam como turistas, precisam de vistos adequados e não se qualificam para vistos turísticos."
A revogação do documento e a subsequente expulsão de seu portador são possibilidades, pondo a decisão nas mãos do governo americano. Biden nunca foi próximo de Bolsonaro, um aliado próximo de seu antecessor, Donald Trump, e os pedidos de correligionários, se ganharem força, podem pô-lo em uma saia justa.
Até o momento, tanto o presidente quanto seu Departamento de Estado condenaram os atos golpistas em Brasília e reforçaram o apoio a Lula, mas permanecem em silêncio sobre Bolsonaro. A pressão é ainda maior frente aos paralelos entre o ocorrido em Brasília e o ataque ao Capitólio por turbas trumpistas em 6 de janeiro de 2021, o maior teste de estresse que a democracia americana enfrentou em sua História recente.
Após o 6 de janeiro, Bolsonaro foi da direção oposta das condenações internacionais. Na época, comentou a situação fazendo menção às alegações infundadas de fraude eleitorais feitas pelo americano e reforçando seu apoio a Trump.
Rosto mais conhecido do grupo racista Ku Klux Klan (KKK) nos Estados Unidos, o historiador americano David Duke fez um raro comentário sobre a política brasileira no programa de rádio que comanda.
"Ele soa como nós. E também é um candidato muito forte. É um nacionalista", disse o ex-líder da KKK sobre Jair Bolsonaro, candidato à presidência pelo PSL.
"Ele é totalmente um descendente europeu. Ele se parece com qualquer homem branco nos EUA, em Portugal, Espanha ou Alemanha e França. E ele está falando sobre o desastre demográfico que existe no Brasil e a enorme criminalidade que existe ali, como por exemplo nos bairros negros do Rio de Janeiro", afirmou Duke, que frequentemente classifica o prêmio Nobel da Paz sul-africano Nelson Mandela como um "terrorista", em declaração que foi ao ar em um programa de rádio no dia 9.
Os KKK, como se tornaram conhecidos, começaram a atuar em 1865 nos Estados Unidos. Frequentemente usavam capuzes brancos para proteger sua identidade e fazer com que parecessem ainda mais assustadores para suas vítimas. O grupo, que defende a supremacia branca sobre os negros e judeus, foi responsável por muitas das torturas e linchamentos que ocorreram com os negros no país.
O historiador, conhecido também por negar o Holocausto, fez ressalvas à proximidade do candidato brasileiro com Israel, comparando o que classifica como "estratégia" de Bolsonaro à que teria sido adotada por Donald Trump, na visão dele.
Após a publicação desta reportagem, o candidato do PSL respondeu, pelo Twitter, às declarações de Duke. Bolsonaro disse rejeitar qualquer apoio "vindo de grupos supremacistas".
"Sugiro que, por coerência, apoiem o candidato da esquerda, que adora segregar a sociedade. Explorar isso para influenciar uma eleição no Brasil é uma grande burrice! É desconhecer o povo brasileiro, que é miscigenado", acrescentou o ex-capitão.
Um dos organizadores dos protestos em defesa da supremacia branca em Charlottesville, no ano passado, e cabo eleitoral de Donald Trump entre membros da extrema-direita americana (o presidente diz que não o conhece pessoalmente e que rejeita o apoio), Duke apontou Bolsonaro como parte de um fenômeno nacionalista global, mas fez ressalvas sobre sua proximidade com judeus, a quem, em uma clara manifestação de antissemitismo, acusou de promoverem uma "lavagem cerebral no mundo".
"Ele vai fazer coisas a favor de Israel, e acredito que ele esteja tentando adotar a mesma estratégia que Trump: acho que Trump sabe que o poder judaico está levando a América ao desastre, levando a Europa e o mundo ao desastre. Então, o que ele está tentando fazer é ser positivo em relação aos judeus nacionalistas em Israel como uma maneira de obter apoio", disse o americano.
'O incrível Bolsonaro'
Diferentemente de Duke, Bolsonaro mantém em sua vida política uma postura de proximidade com a comunidade judaica e a defesa do Estado de Israel.
'Minha primeira viagem como presidente será para Israel', disse Bolsonaro
Há dois anos, enquanto o Senado votava o impeachment de Dilma Rousseff, o capitão brasileiro foi batizado nas águas do rio Jordão. Durante a campanha eleitoral, o candidato reforçou o elo com o país e promete expandir relações políticas, culturais e comerciais se eleito.
"Minha primeira viagem como presidente será para Israel", disse Bolsonaro em transmissão ao vivo no Facebook, no último domingo.
Como Bolsonaro, Trump é um defensor do Estado de Israel e apoia um alinhamento político com o país - ele fez sua segunda viagem internacional como presidente ao país, em maio do ano passado.
David Duke foi um dos organizadores da marcha em defesa da supremacia branca em Charlottesville no ano passado
Na publicação sobre o programa de rádio em seu site pessoal, o americano se referiu ao brasileiro como "o incrível Bolsonaro". Na última segunda-feira, Duke compartilhou um vídeo com legendas em inglês em que o capitão reformado discursa "contra a degradação da família" e a "desconstrução da heteronormatividade".
Assim como a campanha de Bolsonaro, Duke também não respondeu aos pedidos de comentários enviados pela BBC News Brasil.
"A verdade é que os movimentos nacionalistas, que são basicamente pró-europeus, estão definitivamente varrendo o planeta. Mesmo em um país que você jamais imaginaria", afirmou Duke em referência à ascensão de Bolsonaro, que aparece com 59% das intenções de voto no segundo turno, segundo o Ibope (Fernando Haddad, do PT, tem 41%).
Dias antes do comentário de Duke, a agência internacional de notícias judaicas JTA classificou Bolsonaro como um "candidato extremamente pró-Israel que divide a comunidade judaica por sua retórica racista e homofóbica", ressaltando que o político "conta com o apoio apaixonado de grande parte dos judeus" no Brasil.
Manifestantes exibiram bandeiras nazistas e dos Estados Confederados da América, que representa os estados sulistas nos EUA na época da Guerra Civil, durante marcha em Charlottesville
No ano passado, em palestra no clube judaico Hebraica, no Rio de Janeiro, Bolsonaro fez críticas a quilombolas e afirmou que "o afrodescendente mais leve lá pesava sete arrobas, não fazem nada, eu acho que nem pra procriador servem mais". A fala foi aplaudida por parte dos presentes, mas depois recebeu críticas de lideranças judaicas.
À JTA, na semana passada, o cônsul honorário de Israel no Rio de Janeiro, Osias Wurman, disse que Bolsonaro "se destacou entre os muitos candidatos por incluir o Estado de Israel em seus discursos principais de campanha".
"Ele é um apaixonado pelo povo do Estado de Israel", continuou Wurman.
Do Partido Nazista a 'BlacKkKlansman'
Nos anos 1960, antes de se juntar à KKK, David Duke foi membro do extinto "Partido Nazista da América", depois renomeado para Partido Nacional Socialista das Pessoas Brancas.
A liderança de Duke no Klan começou em 1974 e foi retratada no no filme BlacKkKlansman ("Infiltrado na Klan", em português), que narra a história de um policial negro que se infiltrou na Ku Klux Klan no Colorado, em 1978, e foi lançado pelo cineasta Spike Lee em agosto. O filme foi o vencedor do Grande Prêmio do Júri do festival de Cannes de 2018.
Spike Lee (à dir.) e John David Washington, que faz o papel de Ron Stallworth, no set de filmagens de BlacKkKlansman
A produção mostra como Duke, então líder nacional da organização supremacista, foi enganado pelo policial Ron Stallworth, que fingiu ser branco com a ajuda de um colega e conseguiu se tornar membro oficial da KKK.
Stallworth, que escreveu o livro que deu origem ao filme e chegou a ser designado como guarda-costas de Duke, conta que conversava com supremacista branco por telefone.
"Um dia ele me disse que era capaz de reconhecer um negro pelo telefone, porque eles falavam diferente. E me disse que, por exemplo, sabia que eu era um homem branco. Dei muitas gargalhadas depois."
Depois de sair da KKK, Duke foi congressista pelo Estado da Luisiana entre 1989 e 1992 e se candidatou, sem sucesso, a uma série de cargos nos anos 1990, incluindo senador e governador.
Em 2002, ele foi preso por um ano após de confessar que enganou apoiadores em troca de apoio financeiro e sonegou impostos.
Autor de três livros sobre o que classifica como "supremacia judaica" e defensor de teses contestadas, como a que sugere que negros seriam mais violentos e teriam QI inferior aos dos brancos, Duke voltou a ganhar projeção mundial em 2016, quando passou a apoiar a campanha presidencial de Donald Trump.
Após críticas por não se posicionar sobre o cabo eleitoral, Trump afirmou que mantém distância do historiador e se referiu a Duke como "um cara ruim". Duke, por sua vez, continuou a apoiá-lo nas redes sociais e em entrevistas.
No ano passado, o ex-líder da Ku Klux Klan agradeceu aos comentários pouco enfáticos do presidente americano sobre os protestos que liderou em Charlottesville, onde milhares de manifestantes da extrema direita empunharam tochas como as da KKK e fizeram saudações nazistas.
"Trump nos empoderou", afirmou Duke na época, após o presidente americano igualar a violência entre supremacistas brancos e grupos contrários no protesto.
Quando Trump, dias depois, fez críticas mais contundentes aos supremacistas, Duke reagiu. "Foi o voto branco esmagador que o colocou na Casa Branca e ele deveria se lembrar disso."
Jovem Pan se posiciona após jornalista fazer comentário bizarro sobre nazismo
O comentarista José Carlos Bernardi, do Jovem Pan News, associou o desenvolvimento econômico da Alemanha com o Holocausto. O episódio é conhecido como um dos piores momentos da história da humanidade. Na ocasião, seis milhões de judeus foram assassinados entre as décadas de 1930 e 1940. Por conta da declaração do jornalista, a emissora se desculpou.
“Por meio desta nota, jornalista José Carlos Bernardi pede desculpas após posicionamento feito no Jornal da Manhã. Transmitido em 16/11/21, em uma discussão com a comentarista Amanda Klein”, iniciou o comunicado.
“’Peço desculpas pelo comentário infeliz que fiz hoje no Jornal da Manhã, primeira edição, ao usar um triste fato histórico para comparar as economias brasileira e alemã’”, falou Bernardi.
“Fui mal-entendido. Não foi minha intenção ofender a ninguém, a nenhuma comunidade, é só ver o contexto do raciocínio. Mas, de qualquer forma, não quero que sobrem dúvidas sobre o meu respeito ao povo judeu e que, reitero, tudo não passa de um mal-entendido. Obrigado”, concluiu.
Entenda o caso envolvendo o comentarista da Jovem Pan
Bernardi entrou em uma discussão com a jornalista Amanda Klein. Ele criticou a chanceler alemã Angela Merkel e a acusou de tentar interferir na soberania da Amazônia, argumento muito usado pelo presidente Jair Bolsonaro.
Amanda Klein rebateu: “Quem dera o Brasil chegar aos pés do desenvolvimento econômico da Alemanha”.
Foi aí que José Carlos Bernardi soltou a franga. Em tom irônico, ele afirmou que o país teve sucesso após assaltar e matar “todos os judeus”.
“É só assaltar todos os judeus que a gente consegue chegar lá. Se a gente matar um monte de judeus e se apropriar do poder econômico dos judeus, o Brasil enriquece. Foi o que aconteceu com a Alemanha pós-guerra”, declarou.