Ignorância, brutalidade, covardia, Cabo Théo do Iscac agride cabo eleitoral. Reprodução de Vídeo
PM Leonardo Lúcio Morais registrado no TRE como Cabo Théo do Iscac foi flagrado pelas câmeras de segurança dando pontapés no garoto com uma arma na mão
O candidato bolsonarista a deputado estadual,Leonardo Lúcio Morais, registrado noTRE-MGcomoCabo Théo do Iscac(PTB), foi flagrado por uma câmera de segurança agredindo e ameaçando um adolescente que era seu cabo eleitoral com uma arma em punho, emSanta Luzia(MG).
Enquanto agredia o adolescente, o candidato gritava: “Pega minha bandeira, pega minha bandeira, coloca no lugar!”. O menino tenta se defender e grita: “Me desculpa, Me desculpa”, mas continua a ser agredido. As agressões prosseguem e já do lado de fora do bar, o candidato segue chutando o adolescente na frente de um carro e uma moto, enquanto a vítima se esquiva e caminha com a bandeira na mão.
Por Tácio Lorran, Metrópoles -A Polícia Rodoviária Federal (PRF) negou acesso a procedimentos administrativos dos agentes envolvidos na morte de Genivaldo de Jesus Santos, de 38 anos, em Umbaúba, Sergipe. A corporação alegou se tratar de “informação pessoal”, o que, na prática, impõe sigilo de 100 anos sobre as informações [As transgressões da Polícia Rodoviária de Bolsonaro ficam escondidas do povo e do Poder Legislativo e do Poder Judiciário. Inclusive crimes de tortura e morte. Idem participação em chacinas nas favelas do Rio de Janeiro. E, possivelmente, crimes de desvios de dinheiro público. A quem a PRF presta contas dos seus gastos com sedes, veículos, armas de guerra contra o povo civil, pobre e negro, soldos, gratificações, diárias, viagens etc?]
Genivaldo foi morto em 25 de maio deste ano em uma espécie de “câmara de gás” improvisada por policiais [assassinos] no porta-malas de uma viatura, após ser abordado [espancado e torturado] por estar sem capacete [Bolsonaro e seguidores, na maioria, não usam capacetes nas motociatas]
Via Lei de Acesso à Informação (LAI), o Metrópoles solicitou a quantidade, os números dos processos administrativos e acesso à íntegra dos autos já conclusos envolvendo os cinco agentes que assinaram o boletim de ocorrência policial sobre a abordagem. São eles: Clenilson José dos Santos, Paulo Rodolpho Lima Nascimento, Adeilton dos Santos Nunes, William de Barros Noia e Kleber Nascimento Freitas [Até hoje a Imprensa conseguiu as fotos de apenas dois torturadores homicidas]
Segundo a procuradora-geral de Registro, no interior de São Paulo, os golpes foram além de socos e cotovelada e duraram muito mais tempo do que os 20 segundos registrados em imagens por uma colega de trabalho.
“O vídeo começa quando eu estava ali no canto, já rendida. Quando as agressões começaram eu estava longe da parede, eu fui arremessada”, disse Gabriela Barros.
Intenção de matar
A procuradora-geral relatou que durante os 20 minutos em que foi agredida não achou que iria sobreviver ao ataque. “Na hora que eu estava sofrendo as agressões, eu achei que ele fosse me matar, achei que eu fosse morrer espancada”, contou.
Gabriela acredita que Demétrius merece ser condenado por tentativa de feminicídio e desacato.
“Se ele tivesse a intenção só de me machucar, ele não teria dado tantos golpes violentos só na minha cabeça. Ele poderia batido em outros locais do meu corpo, ter me dado tapas, ter me chutado nas pernas. A intenção dele estava bem direcionada para me matar.”
Início das agressões
A servidora afirmou que as agressões começaram quando ela parou para conversar na mesa de uma colega de trabalho, antes de deixar a prefeitura no fim do expediente de segunda-feira (20/6).
“Eu estava saindo, ele saiu da sala dele que estava com a porta fechada e me surpreendeu com um golpe”, relatou Gabriela Barros.
De acordo com a procuradora, não houve naquele momento nenhuma conversa entre ela e o agressor, que era seu subordinado.
“Ele não dirigia a palavra para mim, ele só se comunicava comigo formalmente por memorandos. Quando era informalmente, ele mandava bilhetes pelos funcionários”, disse.
Motivação
A procuradora-geral de Registro acredita que Demétrius decidiu agredi-la após ver uma publicação no Diário Oficial, feita por volta das 16h.
“Ele tomou conhecimento de uma comissão que conduziria um processo administrativo contra ele. Eu acho que ele visualizou uma publicação no Diário Oficial e ficou furioso”, afirmou.
Gabriela disse ainda que o procurador não aceitava se subordinar a uma mulher. “Ele me xingou de tudo quanto é nome, de vagabunda, de puta, depois ele me deu uma cotovelada, começou a me dar socos violentos na cabeça”, contou.
Sequelas
A servidora pública ainda tem cortes na cabeça, um inchaço grande no olho e dificuldade para abrir a boca. Ela terá que passar por avaliações de um oftalmologista e um médico especialista no maxilar.
Traumatizada e com medo, ela diz que não fica sozinha e que está tomando medicamentos para conseguir dormir. A procuradora afirmou que quer voltar a trabalhar, mas ainda não tem condições psicológicas.
“Estou temendo mais do que antes, porque tomou uma proporção muito grande e ele com certeza está vendo tudo isso. Acho que ele pode me matar se me encontrar na rua”, contou.
Na tarde desta quarta-feira (22/6), a Polícia Civil pediu aprisão preventivado servidor.
Ministro do Supremo Tribunal Federal usou as redes sociais para se manifestar sobre o assassinato do congolês. Jovem de 24 anos foi espancado até a morte em um quiosque na Barra da Tijuca. Três homens estão presos pelo crime.
Por g1 Rio
O ministro do Supremo Tribunal FederalGilmar Mendesusou as redes sociais para se manifestar sobre o assassinato do congolêsMoïse Kabagambe, de 24 anos. Ele associou o crime “ao poder paralelo do estado e a invisibilidade do controle armado”.
A ocupação irregular de áreas estratégicas por grupos de milícias está por trás da crise da segurança pública. O MPRJ e o MPF precisam avançar nessa área. O caso Moïse traça suas raízes no poder do Estado paralelo e na invisibilidade do controle armado”, postou o ministro na noite deste domingo (6).
Gilmar Mendes
A ocupação irregular de áreas estratégicas por grupos de milícias está por trás da crise da segurança pública. O MPRJ e o MPF precisam avançar nessa área. O caso Moïse traça suas raízes no poder do Estado paralelo e na invisibilidade do controle armado
O crime
O congolês foi vítima dasequência de agressõesno dia 24 de janeiro, segundo a família, após ter cobrado dois dias de pagamento atrasado. O corpo dele foi achado amarrado em uma escada.
Para a polícia, entretanto, a confusão e, em seguida, o espancamento não aconteceram por conta da suposta dívida. A motivação do crime ainda é investigada por policiais da Delegacia de Homicídios da Capital.
As imagens mostram que Moïse recebeu ao menos30 pauladas dos agressores— parte delas enquanto estava imobilizado no chão, sem chance de defesa.
Uma testemunha que viu o espancamento de Moïse contou que os agressoresdisseram para ela não olharporque o homem que estava apanhando com um porrete de madeira era um assaltante.
No primeiro deles, o mais cruel, é sob tortura e espancamento de ódio. Um linchamento público, com assistência sob o sol, chope e passividade. Se um negro está sendo morto a porrada, alguma ele fez. Aliás, os negros sempre estão fazendo qualquer coisa de errado.
Assim foi com Moïse Kabagambe, que trabalhava no Rio de Janeiro em um quiosque da praia. O seu erro, a sua petulância. a sua loucura foi não reconhecer o seu lugar, quando cobrou dois dias de pagamento por seu trabalho. Para quê? Foi brutalizado por cinco bárbaros que o destruíram com pedaços de madeira e um taco de beisebol. Um dos assassinos falou que "resolveu extravasar a raiva que estava sentindo" e que, por isso, bateu no congolês com um taco de beisebol.
Mas hoje mesmo, em qualquer cidade brasileira, jovens são amarrados em postes, numa recuperação dos velhos pelourinhos. Os novos escravos são espancados, enquanto comunicadores na televisão aprovam e ganham dinheiro e fama por açular a massa para o linchamento de marginais. Alguma coisa eles fizeram.
No segundo e frequente modo, acaba-se com negros, com crianças negras de preferência, pelo terrorismo mais elementar das “balas perdidas” nas favelas e comunidades mais pobres. Meninos e meninas negros, negríssimos, negros claros, negras mestiças, mas sempre negros. Esses são crimes sem criminosos, de mortes sem investigação, porque é o natural morrer em razão da natureza da cor e lugar. Alguma coisa essas crianças fizeram.
No terceiro modo, com aparência suave, mas igualmente infame, negros morrem por desprezo, por descaso, ou pela mais simples desconsideração. Assim foi o caso do menininho Miguel, filho da empregada doméstica Mirtes. Ali, tivemos a revelação do horror da injustiça de classes no Brasil. E no seu crime, o costume em vigor de acabar com os negros entre brasileiros. Dessa morte típica não podemos nem falar em tragédia, tamanha é a vulgarização de como se anula a vida negra.
Minutos antes da queda da criança Miguel, madame estava pintando as unhas em casa. Havia ficado com o filhinho Miguel da empregada Mirtes, que saíra para a rua com a cadela da patroa. A criança ficou a brincar com a filha da madame. Mas a desgraça de Miguel foi ter amor demais por sua mãe. Quando ela se ausentou, ele se pôs a chorar, a pedir por seu abrigo e colo. Mas por que o menininho, além de amar a mãe, de repente sentiu tanta falta do seu carinho? Alguma ele fez! O fato é que o menino, teimoso, rebelde, “cheio de vontades” – como se não fosse filho de negra – incomodou tanto, que outro jeito não teve a patroa a não ser deixá-lo à própria sorte. Azar, azar, azar, azar. Ou seja: quer sua mãe? Nas imagens do vídeo, a madame aparece levando o condenado a seu destino de menininho negro. Deixa-o sozinho no elevador do arranha-céu no Recife. E volta para as belas unhas. Súbito, um baque, um pequeno estrondo. Ossos quando batem no chão, descidos de boa altura, soam como bombas.
Um terceiro modo de se acabar com negro é confundi-los com assaltantes. Eles não precisam estar armados ou com um objeto furtados. Mas alguma eles fazem, sempre. Porque eles furtam mais que valores materiais: furtam a paciência de quem vê aquela cor. Então não perguntem por que um homem honesto, trabalhador, é confundido com um ladrão sem nunca ter roubado. Pois não veem que é negro? Se não roubou, vai roubar. Se não foi ele, foi um seu comparsa, Portanto, é preciso acabar com a sua raça.
Escrevi lá em cima que existem vários modos de acabar com uma raça. Depois, no primeiro parágrafo, disse que existem vários modos de acabar com os negros. Mas aqui devo fazer uma ressalva: existem vários modos de acabar com as pessoas de pele preta. No Brasil, negro é uma cor. Se alguém descende de negros, mas possui uma pele clara, não é negro. Pode até ser promovido a papel de espancador e assassino da sua raça. Para um cão danado, todos a ele. Até mesmo os cães moreninhos vão pra cima, porque não possuem o mal de ser negro. Apenas possuem a raiva raivosa e ruim de acabar com um negro legítimo. Acabando-se, assim, na própria alma que entregam ao inferno. Pois todo fogo é pouco para os racistas.
Um dos homens que participaram do espancamento e da morte de Moïse Kabamgabe no Rio de Janeiro gravou um vídeo. Diz que ninguém quis matar Moïse. E que ninguém bateu nele por ser preto. Pode ser.
Mas Moïse Kabamgabe morreu. E morreu por ser preto.
Escrevi acima “um dos homens que participaram do espancamento e da morte de Moïse Kabamgabe”. É como nós, da imprensa, falamos no caso de brancos que admitem ter assassinado alguém.
Seria mais fácil falar “assassino”. Talvez seja justo, ainda mais com a confissão. Mas nós, da imprensa, somos cuidadosos. Ainda mais quando se trata de um branco “envolvido com o espancamento e a morte” de um preto. Pode ser que ele não tenha dado o golpe derradeiro. Pode ser que com isso consiga não ser chamado de assassino. Pode ser que quem o chame de assassino seja culpado por isso mais tarde.
No Brasil, muita coisa pode acontecer. Principalmente se você for preto. Como era o caso de Moïse Kabamgabe.
Você pode morrer por dever R$ 200 a alguém. Ou pode morrer porque alguém te deve R$ 200. É estranho, mas pode acontecer, principalmente se você for preto.
Alisson, o homem que admitiu estar “envolvido na morte” de Moüse Kabamgabe, disse que viu uma briga entre o homem preto e um senhor do quiosque ao lado. E foi defender o senhor. Disse assim, como se não soubesse sequer o nome do senhor. Um homem que estava com um pedaço de pau, segundo as imagens. Moïse Kabamgabe não tinha um pedaço de pau. Mas era preto. Alisson, envolvido no espancamento e na morte do homem preto, foi proteger o branco que carregava um pedaço de pau.
Mas não foi racismo.
Moïse Kabamgabe veio para o Brasil fugido da guerra. Morava no Congo, um país em que os belgas, brancos, causaram um dos maiores morticínios da história moderna. E depois foram embora. O branco Joseph Conrad fez um de seus personagens dizer algo sobre isso. O horror.
No cinema, Marlon Brando diz isso sobre o Vietnã. Um país de não-brancos explorado por brancos até que acontece uma guerra.
O Congo é um dos países mais pobres do mundo. Ninguém liga. Só há pretos lá. Fossem nórdicos os habitantes do Congo, o mundo estaria mobilizado para tirá-los da miséria e da guerra.
O PIB da República Democrática do Congo é de 50 bilhões de dólares ao ano. Significa que todos os congoleses juntos ganham, num ano, um quarto da fortuna de Jeff Bezos.
No Congo, só 0,2% da população estão vacinados contra a Covid.
O PIB per capita no Congo é de R$ 3 mil por ano.
Jeff Bezos, estima-se, ganha 3 mil por segundo. Não reais, mas dólares.
Mesmo assim, Moïse Kabamgabe estava melhor no Congo do que no Brasil. Lá, apesar da pobreza, da guerra, do abandono da comunidade internacional, ele estava vivo.
No Brasil, não. No Brasil, ele foi cobrar R$ 200 por ter trabalhado num quiosque. Um homem pegou um pedaço de pau. Outros homens foram defender quem pegou o pedaço de pau. Dizem que não queriam matar o homem preto. Mas mataram.
A família de Moïse Kabamgabe pede justiça. Pode ser que consigam alguma prisão. Talvez uma indenização. Nunca mais terão Moïse porém.
E ainda que haja um vestígio de justiça nesse caso, continuaremos a ver a injustiça diária contra pretos. Contra pobres. Contra refugiados.
O Congo, eis o que nós ficamos sabendo por Moïse, o Congo é aqui.
Gabriel da Silva Nascimento sofreu tentativa de asfixia em caso similar ao de George Floyd nos Estados Unidos. Os autores do ataque são o empresário Jhonnatan Silva Barbosa e a dentista Ana Paula Vidal, moradora do mesmo prédio que Gabriel em Açailândia (MA)
Redação Mídia Ninja
- - -
Os advogadosMarlon Reis (Doutor em Sociologia Jurídica pela UnB) eDjeff Amadeus (Mestre em Direito e Hermenêutica Filosófica pela UNESA-RJ), que acompanham o caso de Gabriel da Silva Nascimento, de 23 anos, jovem negro que foi atacado por um casal branco enquanto estava dentro do próprio carro, em frente ao prédio onde morava em Açailândia (MA), no último dia 18 de dezembro, esperam que os agressores sejam indiciados por tentativa de homicídio e que o caso vá a júri popular. “É fundamental que nós consigamos convencer o judiciário de que houve uma tentativa de homicídio porque foi isso de fato o que aconteceu. Eles não apenas o agrediram, eles tentaram matá-lo. E nós podemos afirmar isso porque eles o sufocaram, eles partiram para o sufocamento, com o pé no pescoço e na traquéia do Gabriel e depois com o joelho”, disse Reis em entrevista à Mídia Ninja. Os autores do ataque são o empresário Jhonnatan Silva Barbosa e a dentista Ana Paula Vidal, moradora do mesmo prédio que Gabriel. Ela se mudou do local após o episódio.
Recepcionista da Caixa Econômica, Gabriel foi acusado pelo casal de estar roubando o próprio carro e em seguida espancado e asfixiado com o pé e joelho por Jhonatan. “O caso se torna emblemático por causa do George Floyd. É fundamental que a gente possa comparar isso num processo de competência do tribunal de júri popular porque nós vamos trazer o tema da importância da vida de pessoas negras. Foi por isso que eles não imobilizaram o Gabriel, eles tentaram matá-lo. Se eles quisessem imobilizá-lo eles teriam prendido as mãos dele. Eles ajoelharam sobre o pescoço dele. O tribunal do júri é o lugar onde se julgam os crimes contra a vida. E nós queremos mostrar como eles ignoraram a vida negra”, aponta o Dr. Marlon Reis.
O racismo estrutural presente no próprio judiciário e nas polícias faz com que crimes de racismo raramente sejam investigados e julgados de forma isenta, mas como o caso foi filmado e amplamente divulgado, Djeff Amadeus, advogado conhecido por defender causas antirracistas, acredita que há boas chances do crime ir a júri popular, servindo como exemplo e possível novo caminho para justiça brasileira ao tratar de casos como o de Gabriel. “Vemos boas chances sim porque há provas , quais sejam: as filmagens! E aqui, aliás, fica uma dica de como as pessoas podem ser antirracistas: gravem as injustiças e não sejam silentes diante delas. O agressor já matou um senhor de idade e, se não fossem as gravações, passaria impune diante de uma tentativa de homicídio”, diz Amadeus.
Na ocasião do assassinato de George Floyd pelo policial branco Derek Chauvin, os Estados Unidos foram tomados por ondas de protesto que se espalharam pelo mundo. Sobre a diferença nas reações norte-americanas e brasileiras diante de casos similares, Amadeus explica: “Sobre os EUA, em relação à comoção, a comparação com o Brasil exige cautela e análise histórica! Lá sempre houve uma segregação explícita, o que fez da união entre as pessoas negras uma questão de sobrevivência. Aqui, no Brasil, vivemos o mito da democracia racial que gerou, no inconsciente coletivo, a ideia de uma harmonia entre todos. Por incrível que pareça, nos EUA, como a segregação era expressa, isso fez com que eles não tivesse dúvidas sobre o racismo, unindo-se, portanto, algo que não ocorreu aqui, o que faz, por exemplo, existirem pessoas negras que achem nunca terem sofrido racismo e daí, consequentemente, serem mais pacifistas”, conclui.
Um júri popular exibido em redes sociais pode ter um grande impacto no debate público se o crime julgado for tipificado como tentativa de homicídio por motivação racial, mas Marlon Reis e Djeff Amadeus buscam fugir de resvalar em sensacionalismo. “Seria um marco, mas uma coisa importante que o Marlon tem dito e eu queria ressaltar é que não queremos fazer sensacionalismo. O primeiro júri nesse viés seria uma oportunidade histórica para fazermos um debate sério acerca dos efeitos, das consequências e de todos os males oriundos do racismo nesse país”, diz Amadeus.
A Mídia Ninja também conversou com o Gabriel da Silva Nascimento sobre os acontecimentos posteriores à agressão.
Mídia Ninja:Você morava no mesmo condomínio dos agressores. Já os tinha visto antes?
Gabriel da Silva:Morava no mesmo condomínio da agressora. Conheço ela sim, foi ela que me mostrou o condomínio quando eu estava procurando apartamentos para alugar, inclusive é de propriedade da mãe dela. Em relação ao Jhonnatan eu nunca tinha visto ele até o dia do ocorrido.
Mídia Ninja: Recebeu apoio de outros condôminos e da empresa que trabalha?
Gabriel da Silva:No condomínio recebi apoio por mensagem de aplicativo e pessoalmente, inclusive recebi ajuda para fazer a mudança de saída do condomínio por medo de represália. No banco onde trabalho, toda a equipe se solidarizou com meu caso, sendo discutido no sindicato dos bancários do Maranhão que fez nota de repúdio à indicação ao centro de Defesa da vida e dos Direitos Humanos Carmen Bascaran. Da empresa a qual trabalho recebi apoio desde quando souberam do fato!
Gabriel, Djeff Amadeus e Marlon Reis em reunião (Imagem: Djeff Amadeus)
Sendo estudiosos da área penal e de como o judiciário é usado para penalizar sobretudo pessoas pobres e pretas, Amadeus frisa que o papel da defesa não é se apegar a um punitivismo cego, mas tentar equilibrar a balança da justiça. “O Doutor Marlon Reis e eu gostaríamos de deixar claro que não apostamos e tampouco acreditamos no sistema penal como solução para nada. Na condição de estudiosos desta temática, sabemos que o sistema penal, como disse Galeano, é uma serpente, que só pica os descalços. Ora, quem são os descalços? Somos nós, pessoas negras. Então, apostar no sistema penal é como apostar num bumerangue, em que ao jogar no outro, ele se voltará contra o nosso povo. O sistema penal é uma teia de aranha, que só prende os pequenos insetos. Em suma: a maior caraterística do sistema penal é a seletividade. Nesse caso, portanto, nosso interesse é pela função simbólica e didática, isto é, pela possibilidade de trazer à tona o debate sobre o tema mais importante a ser enfrentado no Brasil: o racismo estrutural e todas as suas facetas”, completa.
Gabriel da Silva Nascimento, de 23 anos, foi agredido dentro do próprio carro, em frente de casa, em Açailândia, noMaranhão. Ele acabou se mudando do local, três dias após o crime, porque o apartamento pertence à família da mulher que participou da agressão junto com um homem.
Os responsáveis pelas agressões são o empresário Jhonnatan Silva Barbosa e a dentista Ana Paula Vidal, que também mora no prédio. Eles mandam o rapaz sair do veículo e iniciam as agressões, que foram registradas por câmeras de segurança.
Gabriel é derrubado, leva chutes, pisões, tapas e Ana Paula põe os joelhos na sua barriga, enquanto Jhonnatan pisa no pescoço. A sessão de espancamento só acaba quando um vizinho avisa que a vítima mora no prédio e é proprietário do carro.
No dia das agressões, Gabriel foi fazer um boletim de ocorrência, porém em três tentativas diferentes, ele foi informado de que o sistema não estava funcionando. Por isso, só conseguiu fazer o B.O no dia seguinte, o que impediu a prisão em flagrante dos agressores. Até o momento, nenhum deles foi ouvido pela polícia conivente, comparsa.
Jhonnatan Silva Barbosa, o agressor, já foi condenado pela Justiça por ter atropelado e matado um senhor de 54 anos, em 2013. Ele recebeu condenação amiga de 2 anos e 8 meses de prisão, que foram convertidos em serviços comunitários e multa de um terço de um salário mínimo.
Para o advogado de Gabriel, é um evidente caso deracismo: “Foi um caso de racismo. Muitas vezes se busca, para a caracterização de um episódio claro de racismo, a verbalização, a utilização de palavras que denotem o preconceito racial, mas isso não é o padrão brasileiro, baseado em racismo estrutural”, defende o advogado Marlon Reis.
Gabriel tinha comprado o veículo há 2 meses. Ele se mudou de onde morava porque ele pertence à família de uma das agressoras. Com medo, ele foi acompanhado pela polícia para retirar seus pertences de lá.
“Foi aqui que eu achei que iria morrer. É no momento que ele sobe em cima de mim, junto com ela, com os joelhos… Ali é sufocante, porque ela manda ele me imobilizar, pisando no meu pescoço. Eu me senti sem ar”, relatou a vítima ao Fantástico.
Gabriel discursa em ato em apoio a ele e por justiça realizado em Açailândia
Alex: COM LULA BRASIL
@Alex_Skdb
#FogoNosRacistas Casal de Brancos racistas de Açailândia , Maranhão, agride jovem negro que estava dentro do próprio carro. Este homem é Jhonnatan Silva Barbosa, já foi condenado por assassinato e jamais foi preso. A mulher se diz dentista e se chama Ana Paula Vidal.
Crime de racismo
O crime de racismo está previsto na Constituição Federal. No artigo 3, é afirmado sobre o direito dos cidadãos em não sofrerem discriminação por qualquer motivo que seja “Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil: promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação”; Já no artigo 5º, o texto determina que a “A lei punirá qualquer discriminação atentatória dos direitos e liberdades fundamentais”.
NaLei nº 7.716/1989, conhecida como Lei do Racismo, é disposto sobre a punição dos crimes resultantes de discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional.
As agressões aconteceram no último dia 18 de dezembro de 2021, por volta das 6h30.
Em um áudio supostamente gravado pelo agressor, ele conta (aos risos) que pensou se tratar de um ladrão de carro — ele diz que eram 6h30 e que a vítima estava com uma chave de fenda na mão.
O que quero é justiça! É revoltante uma situação dessas! Isso ocorreu só por acharem que um negro franzino, como eu, não pode ter um carro. Isso não pode ocorrer mais com as pessoas! Isso é racismo, é crime.
Gabriel Nascimento
O caso revoltou colegas e amigos de Gabriel.
"Ele trabalha aqui na Caixa com a gente há quase 3 anos. Está contratado como recepcionista, faz a triagem e direciona os clientes. Ele começou ainda como estagiário bolsista, é uma pessoa muito tranquila. Todo mundo gosta dele, e ninguém entendeu a forma como ele foi tratado", conta Francisco Souza, que é funcionário concursado da Caixa e delegado sindical de Açailândia.
Gabriel afirma que “quer justiça” e que a situação é “revoltante”. Segundo ele, “isso só aconteceu por que um negro franzino como ele não pode ter um carro”.
Injúria racial, diz defesa
Advogado da vítima, Marlon Reis disse ao UOL que vai defender o jovem para qualificar o caso como injúria racial.
"Em primeiro lugar nós vamos lutar para que o caso seja enquadrado como injúria racial, e não como simples injúria. Ele foi vítima de injúria racial e de graves lesões físicas. Na verdade, até atentaram contra a vida dele porque tentaram asfixiá-lo com os pés e com o braço, como dá para ver nos vídeos", diz.
O jovem também está sendo apoiado pelo Centro de Defesa da Vida e dos Direitos Humanos Carmen Bascaran, que organiza —junto com outras entidades locais, como o sindicato dos bancários do Maranhão— um ato em apoio ao jovem. "Nossa
intenção é dar visibilidade e produzir justiça", diz convocação do ato.
Uma empresária do Distrito Federal viveu momentos de terror após ser espancada, enforcada e permanecer sob a mira de uma pistola. O autor das agressões e ameaças é um sargento da Polícia Militar (PMDF), lotado no 17º Batalhão de Águas Claras. O episódio ocorreu dentro do escritório da vítima, no Riacho Fundo, na tarde dessa quarta-feira (13/10).
O PM, identificado como Osiel Alves da Silva, entrou no local para cobrar uma suposta dívida, estimada em R$ 40 mil. A vítima, que estava no escritório, afirmou não poder quitar o valor integral e sugeriu o parcelamento do passivo. Contrariado, o sargento discutiu com a mulher, exigindo a quantia em sua totalidade.
A discussão acalorada se transformou em agressão quando o militar disse que, então, levaria todos os objetos da sala comercial. Havia grande quantidade de moeda estrangeira, pedras preciosas e cheques de altos valores, além de aparelhos eletrônicos.
Enforcamento
Quando a empresária do ramo têxtil impediu a ação e tentou retirar o militar do escritório, teve início uma luta corporal. Com intuito de evitar que o dinheiro fosse levado, a mulher segurou a blusa do sargento, que reagiu torcendo os braços dela, jogando-a no chão e, depois, arrastando-a pelos cabelos.
Toda a violência foi registrada por câmeras do circuito interno de segurança instaladas nos vários ambientes do escritório. Já em uma antessala, o policial aplica um mata-leão na mulher, além de virá-la de costas e torcer os braços dela, dando a impressão de que a algemaria. Irritado, ele levanta a vítima pelos cabelos e chega a sacar a pistola, apontando a arma para a cabeça da empresária quando ela esboça uma reação de defesa.
Em seguida, o praça da PMDF recolhe dólares, euros, folhas de cheque preenchidos com altos valores, computador, celular e a bolsa da vítima, da marca Louis Vuitton. Antes de deixar o local, o policial trancou a empresária dentro da sala e levou a chave. Ela só conseguiu ser libertada alguns minutos depois, após chamar a atenção de funcionários que estavam em outro andar.
O Diretório Regional do PSL - Partido Social Liberal - entrou hoje, 05, com representação para cassar o mandato do deputado estadual Jalser Renier, preso na última sexta-feira, acusado de ser o mandante do sequestro e tortura do jornalista Romano dos Anjos.
A representação foi protocolada na manhã de hoje, 05, pelo presidente regional do PSL deputado federal Nicolletti e pelo advogado do partido, Alex Ladislau.
Em sessão extraordinária ocorrida ontem, (4), a Assembleia Legislativa decidiu, por unanimidade de votos, manter a prisão de Jalser, após um relatório minucioso lido pelo relator do caso, deputado Cel. Chagas.
A representação com pedido de cassação de parlamentares através de partido político está legitimada no Código de Ética da Assembléia Legislativa, em seu Artigo 42.
Para o PSL de Roraima, Jalser quebrou o decoro parlamentar e causa grave prejuízo a imagem do Poder Legislativo de Roraima, não apenas pela acusação de ser mandante do sequestro do jornalista, mas também pela apuração de outros crimes imputados a ele, como de organização criminosa (art. 2o da Lei n. 12850); violação de sigilo funcional (art. 154 do CP); peculato (art. 312, CP); exercício ilegal da profissão (art. 47 do DL 3.688/41); obstrução de investigação (art. 2o, §1o da Lei no 12.850) e lavagem de dinheiro (art. 1o da Lei no 9.613/98).
Segundo a representação, Jalser Renier infringiu o Código de Ética da Assembleia Legislativa em seus Artigos 27 e 28, que descrevem qual deve ser a postura do parlamentar: agir de acordo com a boa fé, exercer a atividade com zelo e probidade, recusar o patrocínio de proposição ou pleito que considere imoral ou ilícito e ainda, evitar causar dano à imagem da Assembleia Legislativa de Roraima.
O Artigo 37 do mesmo Código diz ainda que, perde o mandato o deputado que infringir qualquer das proibições dispostas nos incisos III, V, VI, VII, IX e XIII do art. 27 citados acima, em conduta ofensiva à imagem da Assembleia Legislativa.
De acordo com o documento, o Art. 103 do Regimento Interno da Casa também foi desrespeitado por Jalser Renier quando diz que o deputado que descumprir os deveres decorrentes do mandato ou praticar ato que afete a dignidade da investidura estará sujeito a processo e a penalidades como a perda do mandato. Ainda segundo o parágrafo 3º do Art. 103, É incompatível com o decoro parlamentar, a prática de irregularidades graves no desempenho do mandato ou de encargos dele decorrentes.
A representação pede tutela antecipada para afastamento imediato de Jalser Renier, do mandato de deputado estadual até que se julgue o mérito do pedido de cassação.
Para o deputado federal Nicolleti, é dever da pessoa pública zelar pela moralidade das instituições. “A sociedade roraimense espera uma atitude enérgica com relação ao deputado Jalser, envolvido em vários escândalos de repercussão nacional e por responder a vários processos criminais na justiça”, afirmou Nicolletti.
STJ concede habeas corpus a Jalser Renier, mas com medidas cautelares; entenda
por Roraima em Tempo
O deputado Jalser Renier (SD) foi solto pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ), mas terá que cumprir medidas cautelares impostas pela Justiça de Roraima.
Atualização: anteriormente, o Governo de Roraima informou que ele iria para prisão domiciliar, mas a decisão do ministro Jesuíno Rissato determina a soltura, com medidas cautelares.
Em seguida, a juíza Graciete Sotto Mayor mandou soltar e determinou as medidas a serem seguidas por ele:
uso de tornozeleira;
proibição de manter contato com os envolvidos no caso;
não pode se ausentar de Roraima;
deve ficar em casa à noite.
Ontem (5), o Roraima em Tempo mostrou com exclusividade que Jalser pediu ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) um habeas corpus. Ontem à noite, houve uma decisão do ministro Jesuíno Rissato.
Prisão e pedido
O deputado está preso desde o dia 1º de outubro por ordem da juíza Graciete Sotto Mayor Ribeiro. Ela entendeu que há indícios suficientes de participação de Jalser no sequestro do jornalista Romano dos Anjos.
Em seguida, a juíza comunicou a Assembleia Legislativa que, na última segunda-feira, decidiu, por unanimidade, mantê-lo preso preventivamente.
Contudo, no dia seguinte à prisão, Jalser acionou o STJ,e disse que a prisão dele era ilegal, pois tem imunidade parlamentar, não se tratando de “cidadão comum”.
A defesa argumentou ainda que querem prejudicar politicamente o deputado, que aguarda julgamento no Supremo Tribunal Federal (STF) para voltar ou não à presidência da Assembleia.
De acordo com a procuradora-geral Janaína Carneiro, o deputado criou uma “milícia” na Assembleia Legislativa. Ela compara o sequestro do jornalista como um crime que ocorre em “Estados fascistas e ditaduras cruéis”.
No dia 16 de setembro, seis militares e um ex-servidor da Assembleia foram presos suspeitos de participação nos crimes. Já no dia 1º de outubro, dois coronéis, um sargento e o deputado foram alvo da Operação Pulitzer II.
Segundo a procuradora-geral, o objetivo do sequestro do jornalista foi a aplicação de castigo pessoal, punição e intimidação.
Além disso, a intenção do grupo criminoso era enviar um recado não só para Romano, mas para todos os jornalistas que criticassem o deputado.
Janaína também considera que os investigados tinham acesso ao alto escalão das instituições públicas. Além disso, cita que a ousadia de Jalser é tão grande que ele ameaçou o governador Antonio Denarium (PP) para barrar o inquérito.
Motivos
As investigações revelam que Jalser chefiou o grupo dentro da Assembleia Legislativa entre os anos de 2015 e 2021.
Coincidentemente, esse foi o período em que ele esteve à frente da presidência. Depois de afastado da função pelo Supremo Tribunal Federal (STF), o deputado viu todos os militares serem exonerados da Casa Militar.
Alcançamos a identificação de muitos sinais da implicação do parlamentar estadual Jalser Renier Padilha nos delitos de sequestro e tortura do jornalista Romano dos Anjos na condição de mandante dos crimes”, escreve o delegado João Evangelista, responsável pelas investigações.
O documento revela que a motivação do crime foi “vingança ou represália” devido às críticas feitas pelo apresentador contra o parlamentar, à época, presidente da Assembleia.
“Romano dos Anjos tornou-se uma ‘pedra no sapato’ do parlamentar estadual Jalser Renier e as críticas do jornalista se acentuaram no período de setembro e outubro de 2020, em programas de rádio e TV”, diz o inquérito.
Testemunha
Outra prova testemunhal produzida pelos investigadores é o depoimento de um militar. O Roraima em Tempoteve acesso exclusivo às declarações.
Ele disse que o subtenente Clóvis Romero o procurou na primeira quinzena de outubro de 2020, mês do sequestro, para propor que participasse do crime. Clóvis era membro da equipe de segurança pessoal de Jalser.
Ainda segundo o documento, Clóvis disse ao policial que tinha uma “missão tenebrosa” determinada por Jalser. Contudo, o PM relatou ter questionado qual era a “missão” e ouviu a seguinte resposta:
“É uma missão tenebrosa, capaz de perder a farda”. Em seguida, o militar perguntou novamente para Clóvis qual era a missão, tendo ouvido: ‘passar um recado para um jornalista’”.
Sequestro
O sequestro do jornalista Romano dos Anjos ocorreu no dia 26 de outubro do ano passado. Bandidos o retiraram de casa, o torturam e em seguida o deixaram em uma área na região o Bom Intento, na zona Rural de Boa Vista.
Romano estava com pés e mãos amarrados com fita adesiva, mas conseguiu se soltar. Como resultado, ele passou toda a noite próximo a uma árvore no Bom Intento. O carro do jornalista foi queimado pelos criminosos.
Em depoimento à Polícia Civil, o jornalista disse que os criminosos citaram o nome do governador e do senador Mecias de Jesus (Republicanos). Logo depois, os dois políticos negaram.
Denarium pediu à Polícia Federal que assumisse a investigação do sequestro, mas a Superintendência afirmou que não havia elemento que federalizasse o caso.
Detalhes
Romano relatou que havia saído para comprar sushi com a esposa, Nattacha Vasconcelos (servidora efetiva da Assembleia), na noite do crime. Ele não percebeu se estava sendo seguido ao ir ao estabelecimento no bairro Pricumã.
Ao chegar em casa, no bairro Aeroporto, fechou o portão, travou o carro, mas não fechou com a chave a porta da residência, pois os cachorros estavam soltos.
Quando jantava com a esposa, ouviu o latido, saiu para ver o que era, mas ao abrir a porta se deparou com três criminosos armados, sendo que um fazia segurança.
O casal foi colocado no quarto e os bandidos pediram dinheiro e perguntaram onde ficava o cofre. Romano foi algemado e teve boca e olhos vedados com fita.
Na sequência, ele foi levantado por um dos sequestradores, por meio de “técnica típica” que os policiais usam para conduzir presos.
Na sala da residência, pediram a chave do carro. O jornalista indicou onde estava e pediu que deixassem a carteira com documentos.
Os criminosos mandaram que ele calasse a boca, usaram novamente fita, desta vez do queixo até a parte de trás da cabeça, o colocaram na parte de trás do veículo e deixaram o imóvel.
Um dos sequestradores mantinha a cabeça do comunicador para baixo. Em determinado momento, o jornalista acredita que um deles “falou possivelmente em um rádio de comunicação para informar que estavam chegando no local combinado”.
Troca de carro
Pararam o carro e colocaram Romano em outro veículo, que acreditou ser uma caminhonete, “pela altura e barulho do motor a diesel”.
Depois, o tiraram do carro, retiradas as algemas, mas as mãos foram amarradas por uma corda. Colocaram um capuz na cabeça do apresentador.
Romano disse à Civil que um dos bandidos falou: “Você gosta de denunciar, né?”. Outro criminoso, que tentava falar em espanhol, perguntou: “Você gosta de denunciar o Denarium? Você gosta de denunciar o senador Mecias?”. Depois de questionado, o agrediram no peito, joelho e braços.
O jornalista contou que outra pessoa, que ele não tinha ouvido a voz até então, disse: “Ok! Acabou! Vamos!”.
Além disso, ele falou que com muito esforço conseguiu desatar o nó da corda, mas não conseguiu levantar os braços para tirar a fita dos olhos.
Logo depois, gritou por socorro durante as 12 horas que ficou desaparecido e esperou amanhecer. O apresentador conseguiu tirar a venda com ajuda da ponta de um galho.
Em seguida, viu, com muita dificuldade, uma motocicleta e pediu ajuda. O servidor da concessionária de energia o reconheceu e o ajudou. A Polícia Militar e o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) o socorreram.