O engenheiro químico Jorge Hardt Filho e ex-colegas da Petrobras estão envolvidos em um esquema de pirataria de tecnologia exclusiva estatal, de acordo com uma investigação interna da organização. A denúncia é do jornalista Leandro Demori, em seu site “A Grande Guerra”.
Jorge Hardt é pai da juíza Gabriela Hardt, que foi substituta de Sergio Moro (União Brasil-PR) na famigerada Operação Lava Jato. Acontece que, apesar de investigar casos interligados, o episódio envolvendo o familiar da juíza nunca foi apurado pela força-tarefa da Lava Jato em Curitiba.
Vamos aos fatos:
– Engenheiro químico, Jorge Hardt aposentou-se como funcionário da Petrobras. A partir daí, ele foi contratado para prestar consultoria a empresas privadas do setor de energia e petróleo, como a Tecnomon e a Engevix.
– Em meados de 2007, a Tecnomon atuava em um projeto com objetivo de modernizar a Petrobras SIX, Unidade de Industrialização de Xisto da petroleira, situada em São Mateus do Sul, no Paraná.
– Nessa época, Jorge Hartd era funcionário da Tecnomon e a Petrobras emitiu um documento de liberação de acesso incomum ao engenheiro, que a partir daí pôde entrar na fábrica com o seu computador pessoal.
– Segundo Demori, Jorge Hardt conhecia cada palmo da planta da SIX, já que ele foi um dos primeiros a chegar no lugar no começo dos anos 1970, “quando a empresa estatal tentava criar uma tecnologia própria para a extração de óleo e de outros derivados das pedras que afloravam na região paranaense.”
– A técnica é “única no mundo, mais eficiente e ecológica que as demais operadas em outros países – foi patenteada sob o nome de Petrosix®”.
– Em 2008, Jorge Hardt começou a prestar serviços para a Engevix, uma das empreiteiras alvo da Lava Jato. Foi durante esse trabalho, que pai da juíza Gabriela Hardt e três funcionários aposentados tiveram acesso a informações privilegiadas referentes á tecnologia Petrosix, por meio de “documentos classificados como corporativos, reservados e confidenciais” da Petrobrás.
– O acesso a essas informações, segundo Demori, “descambaria em investigações sobre pirataria industrial, uso indevido de documentos secretos, armações contra a petroleira e uma tentativa de vender um processo de transformação do xisto que seria uma cópia da Petrosix”.
A pirataria com os canadenses
O contrato da Petrobras com a Engevix tinha o objetivo de lançar a Petrosix no mercado internacional, com foco no Marrocos, Estados Unidos e Jordânia. Contudo, apenas neste último negócio prosperou, com a autorização do governo jordaniano de estudos sobre xisto na região de Wadi Maghara, a segunda melhor do país.
À época, para dar andamento no negócio na Jordânia, a Petrobras buscou uma parceria para dividir os custos dos investimentos necessários e fechou acordo com banco canadense Forbes & Manhattan, que opera com mineradoras no mundo todo.
Em 2012, o gerente geral da SIX, Jose Alexandrino Machado, mostrou a executivos da Petrobras uma apresentação com slides de outra empresa, a Irati Energia, controlada pelo grupo Forbes & Manhattan.
Machado avisou que a Irati Energia – formada por ex-funcionários da SIX – “estava divulgando no mercado global ser detentora de uma tecnologia que, nas palavras dele, era uma ‘Petrosix melhorada’”, escreveu Demori.
Quem repassou segredos da Petrobras?
O principal suspeito pelo repasse dos segredos industriais à concorrência é o grupo de Jorge Hardt. E, apesar de expirada como patente na época dos fatos, pelo menos seis componentes do processo tecnológico da Petrosix ainda estavam protegidos legalmente. Além disso, vale ressaltar, que contratos de ex-funcionários da petroleira prevê acordo de confidencialidade.
Em novembro de 2012, a Petrobras abriu uma investigação interna para apurar a pirataria industrial. “No relatório, a Petrobrás salientou ainda que os contratados da Engevix João Carlos Gobbo, Jorge Hardt Filho e João Carlos Winck foram as pessoas que tiveram acesso às informações usadas ilegalmente pela Forbes & Manhattan”.
As suspeitas ainda reforçaram-se quando o trio assinou requerimento de patentes de um produto chamado “Prix”, o qual afirmavam ter mais de 30 anos de aprovação no mercado. O produto nunca existiu e era evidente que referiam-se ao Petrosix.
Engevix x Lava Jato
Demori ressaltou na reportagem que a “Engevix, para a qual Jorge Hardt trabalhou, teve seus negócios revirados pelos investigadores da Lava Jato. Foi Gabriela Hardt quem determinou, por exemplo, a prisão de José Dirceu por acusação de ter recebido propinas da própria Engevix que empregou seu pai. O caso da Petrosix, no entanto, passou em branco pelos olhos sempre atentos de Curitiba”.
Venda da Six
Ainda, no relatório de conclusão da investigação interna, a Petrobras fez recomendações para impedir novos negócios com a Forbes & Manhattan.
Contudo, o governo Bolsonaro não deu atenção e vendeu a Petrobras Six justamente a eles, por cerca de R$ 200 milhões, o equivalente a apenas um ano de lucro subsidiária.
“O governo Lula tem agora 15 meses para passar o controle total aos canadenses da recém privatizada Petrosix. Uma investigação no Tribunal de Contas de União, que corre sob sigilo, pode esclarecer ainda mais os pontos obscuros desse negócio. Ainda dá tempo de evitar o pior”, concluiu Demori.
Para evitar processo em solo americano, Petrobras concordou em abastecer o governo dos EUA com informações sobre sua política de governança e negócios.
O jornalista Luis Nassif entrevista o jornalista Leandro Demori, que denunciou negócios suspeitos na Petrobras, envolvendo pelo pai da juíza Gabriela Hardt, substituta de Sergio Moro na Lava Jato. Segundo Demori, o engenheiro químico Jorge Hardt Filho se envolveu em um suposto esquema de pirataria industrial, que teve como vítima a Petrobras Six, subsidiária voltada à industrialização do xisto. Ainda neste programa, Nassif conversa com Caio Marçal, educador popular, cientista social e teólogo, para comentar a suspensão da reforma do ensino médio anunciada pelo presidente Lula. Marçal também comentará a tragédia em Blumenau (SC), onde uma creche foi invadida e 4 crianças de até 7 anos foram vitimadas.
Glauber Braga fala sobre a privatização da Eletrobrás e da Petrobras, a queda de braço entre o governo Lula e o Banco Central e a oposição no Congresso.
O deputado Paulo Pimenta (PT-RS) e o advogado e ex-deputado Wadih Damous (PT-RJ) ingressaram no Supremo Tribunal Federal (STF) com um pedido de investigação contra o ex-juiz Sergio Moro, o procurador e ex-coordenador da Lava Jato em Curitiba, Deltan Dallagnol, e outros integrantes da força-tarefa.
A notícia-crime acusa os integrantes da Lava Jato de várias condutas ilegais que vêm sendo reveladas em diálogos acessados pela defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no âmbito da Operação Spoofing.
“É possível constatar fortes indícios da existência de uma associação estruturalmente ordenada e composta por agentes públicos, que se valeram da manipulação fraudulenta do sistema de justiça para ocultar a implementação de um projeto político e ideológico de poder, contando com a participação de agentes estrangeiros, cujo propósito aparenta ter sido a violação da soberania nacional, a obtenção de vantagens indevidas, a satisfação de interesses ou sentimentos pessoais e o aniquilamento do Estado de Direito”, diz trecho do documento.
Na ação, Damous e Pimenta argumentam que a Lava Jato também colocou em risco a segurança nacional e citam Art. 8º da Constituição.
“Entrar em entendimento ou negociação com governo ou grupo estrangeiro, ou seus agentes, para provocar guerra ou atos de hostilidade contra o Brasil. Pena: reclusão, de 3 a 15 anos. Parágrafo único – Ocorrendo a guerra ou sendo desencadeados os atos de hostilidade, a pena aumenta-se até o dobro”, continua.
De acordo com a notícia-crime, “a realidade oculta o sob verniz de legalidade consistiu na perseguição contra inimigos políticos visando à implementação de um projeto de poder contrário às regras do Estado Democrático de Direito”.
“É urgente a necessidade de instauração de procedimento investigatório cabível para apuração das condutas ora reportadas, sob pena do mais absoluto descrédito do sistema de justiça brasileiro”.
Em artigo, o jornalista Luís Nassif relembra a farsa da prisão do Almirante Othon Pinheiro, condenado num processo indecente, aberto a partir de informações entregues pela Lava Jato por advogada do Departamento de Justiça dos Estados Unidos. “É mais um capítulo da enorme degradação do sistema judicial brasileiro com a parceria pornográfica entre juízes, delegados e repórteres”, lamenta o jornalista
por Luís Nassif
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Um dos episódios mais indignos da Lava Jato foi a operação de prisão do Almirante Othon Luiz Pinheiro da Silva, 76 anos.
Numa ponta, um almirante com enorme folha de serviços ao país, principal responsável pelo domínio que o Brasil passou a ter sobre uma fonte de energia relevante, a nuclear.
Na outra, um delegado da Polícia Federal, Wallace Fernando Noble Santos, com o poder absoluto assegurado por uma Justiça indecentemente parcial e uma mídia que se transformara em repassadora de pré-releases da operação.
O inquérito de Othon foi aberto a partir de informações entregues à Lava Jato por uma advogada do Departamento de Justiça americano, que até um ano antes servira ao maior escritório de advocacia que atendia a indústria nuclear americana.
O delegado chegou ao apartamento do Almirante Othon e alertou que, se não abrisse a porta, ela seria arrombada. Indignado, Othon reagiu. Com dois pontapés, Noble arrombou a porta.
Segundo o policial, Othon teria avançado sobre a equipe. O valente Noble, com a ajuda de um agente, derrubou e algemou o Almirante, de 76 anos, que gritava que, na condição de vice-almirante da Marinha, deveria haver no mínimo um vice-almirante no local. Preso e algemado, Othon era vítima de apenas uma operação de busca e apreensão.
Ontem, uma operação da Lava Jato Rio de Janeiro prendeu o delegado Noble, sob a acusação de vender proteção aos grandes criminosos. Advogados atuavam como intermediários, vendendo proteção a empresários e repartindo a propina com policiais como Noble.
É mais um capítulo da enorme degradação do sistema judicial brasileiro com a parceria pornográfica entre juízes, delegados e repórteres.
O presidente Jair Bolsonaro visitou a capital do Estado do Amapá, Macapá, depois de 22 dias sem energia.
Visitou no dia em que geradores termoelétricos contratados para contornar as falhas no fornecimento começaram a funcionar parcialmente. Bolsonaro viajou acompanhado do ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, do ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), Augusto Heleno, e do senador Davi Alcolumbre, e foi recebido com xingamentos e vaias da população em Macapá.
Todo esse civilismo, porque Davi tem um irmão candidato a prefeito. O povo vota amanhã.
Ontem, segundo o diretor-geral da ANEEL foi a primeira vez que um presidente do Senado realizou a sustentação oral de um tema naquele órgão regulador.
A diretoria da Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) aprovou, por unanimidade, a redução 4,12% no valor da tarifa da energia elétrica no Amapá para os próximos 12 meses. Leia mais. No Brasil todo, sobe.
Tanto que Bolsonaro pediu pro povo economizar energia elétrica:
—Eu tenho certeza que você, que está em casa agora, pode apagar uma luz agora. Evitar o desperdício. Tome banho um pouco mais rápido, que ajuda também a deixar os reservatórios mais altos. As chuvas do final de outubro, começo de novembro, não vieram — disse Bolsonaro.
— Foi o período mais seco dos últimos 90 anos — disse Bento Albuquerque.
De acordo com o ONS, os reservatórios do Sudeste e Centro-Oeste estão com 17,7% da capacidade, inferior aos 18,9% registrados em 2019. "Nos últimos anos, o país passou por uma escassez hídrica que não permitiu a total recuperação dos níveis dos reservatórios".
Neste momento, o armazenamento só está superior aos 15,8% verificados em 2014. No mês seguinte, em 19 de janeiro de 2015, o Brasil sofreu um apagão em 11 Estados devido a picos de consumo associados ao forte calor.
Essa dependência das chuvas se deve à subserviência colonial, entreguista, quinta-coluna da Lava Jato.
Angra 3: a obra mais enrolada do Brasil que levou Temer à prisão
Angra 3 segue o padrão já conhecido para outras obras e negócios fechados na Lava-Jato
A prisão do ex-presidente Michel Temer pela Lava-Jato do Rio, em 2019, devolveu os holofotes para uma obra que há 35 anos habita o noticiário nacional: a usina nuclear de Angra 3. A prisão, segundo o Ministério Público Federal, está relacionada a desvios de recursos nas intermináveis obras da usina.
As acusações mostram que Angra 3 segue o padrão já conhecido para outras obras e negócios fechados na Lava-Jato, com acusações de desvio de verbas capitaneadas por empreiteiras privadas e políticos. A Petrobras tem uma coleção delas: a questionável compra de 50% da refinaria de Pasadena, no Texas (EUA), em 2006, mesmo que as obras exigissem custos extras não previstos; a construção da Refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco, envolvendo desvios com a construtora Camargo Correa; ou ainda a obra do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj), envolvendo as construtoras Odebrecht e UTC.
Angra 3, por sua vez, é gerida pela Eletronuclear, subsidiária da Eletrobras. Iniciada em 1984, a obra até hoje é um elefante branco no cenário energético brasileiro. Sua primeira paralisação veio dois anos depois de iniciadas as obras. Mesmo antes da prisão de Temer, o empreendimento já havia entrado na mira da Lava-Jato em 2015, quando foi preso o presidente da Eletronuclear, Othon Luiz Pinheiro.
A obra está paralisada desde então. Na ocasião, as investigações apontaram que Pinheiro teria recebido 4,5 milhões de reais em propina entre 2009 e 2014 por esquemas de corrupçãorelacionados à usina. Outro preso em 2015 foi José Antunes Sobrinho, dono da empresa de engenharia Engevix, uma das contratadas para construir Angra 3. A prisão de Temer é justamente fruto da delação premiada de Sobrinho.
Em sua delação, Sobrinho afirmou que fez pagamentos de propina ao que o MPF chama de “um grupo criminoso liderado por Temer”. Em resumo, o MPF aponta que as empresas contratadas para fazer um dos projetos de Angra 3 — a Argeplan, do Coronel Lima, ligado a Temer — não tinham expertise para tal. Por isso, subcontrataram a Engevix. Mas não de graça: segundo o MPF, o grupo de Temer solicitou à Engevix o pagamento de propina.
O dono da Engevix afirma que pagou 1 milhão de reais em propina a pedido do Coronel Lima e do ex-ministro Moreira Franco, com o conhecimento de Temer. A propina teria sido paga em 2014, depois do início da Lava-Jato.
Os valores pagos às empresas sem capacidade de realizar a obra — que superam 10 milhões de reais — também são vistos como desvio de recursos pelo MPF. A investigação apura crimes de corrupção, peculato e lavagem de dinheiro. A Engevix, tal qual outras construtoras envolvidas na Lava-Jato, prosperou sob o esquema de corrupção envolvendo o governo brasileiro.
Os esquemas de corrupção envolvendo a usina Angra 3 vão além. Também, em um outro caso, o Tribunal de Contas da União (TCU) proibiu as construtoras Queiroz Galvão, Empresa Brasileira de Engenharia, Techint Engenharia e Construção e UTC Engenharia de fechar contratos públicos devido a fraude em licitações de Angra 3. Para construir só com empresas estrangeiras. Os Estados Unidos são contra.
Alvarez & Marsal desde o começo da grife Lava Jato foi crítica dos serviços desleais para o Brasil da Liga da Justiça da República de Curitiba, uma gangue de garotos dourados.
Já em maio de 2016, quando os intocáveis de Curitiba apareceram, Alvarez & Marsal criticava a política econômica, as dívidas de empresas em recuperação judicial: 120 bilhões, em 2016.
"Analisando a complexidade das 20 maiores dívidas, muitas das quais vêm sendo roladas há anos, o diretor-geral da Alvarez & Marsal, Marcelo Gomes, diz que, mesmo numa perspectiva otimista, é pouco provável que os credores venham a reaver sequer a metade do que lhes é devido".
Segundo Gomes, da Alvarez & Marsal, a Lava Jato é parte do problema. "Acho que, no caso do setor de óleo e gás, a queda do petróleo foi mais nociva do que a Lava Jato." Confira aqui
Para Marcelo Gomes, em dezembro de 2016, com "o avanço da Lava Jato, a renegociação de empresas quintuplica, e vai a 500 bilhões. Leia texto de Josette Goulart no Estadão aqui
A mídia privatista tem dado pouco destaque para o apagão no Amapá. Talvez porque a culpa pelo caos seja da iniciativa privada – nos dois sentidos da palavra. Mais de 730 mil pessoas, em 13 dos 16 municípios do estado da região Norte, estão sem energia elétrica, água e combustíveis desde terça-feira (3).
Uma subestação de energia pegou fogo na capital Macapá, o que levou ao desligamento automático da linha de transmissão. A empresa responsável pela manutenção dos equipamentos é a espanhola Isolux, que tem um histórico de maus serviços prestados em outros países.
Em 2014, a Isolux deu um prejuízo de US$ 476 milhões ao estado de Indiana (EUA), onde também prestava serviços, segundo o diretor do Sindicato dos Urbanitários do Maranhão (STIU/MA), Wellington Diniz. Com a privatização do setor, “a empresa agora dá prejuízo ao Brasil e ao povo do Amapá”.
Privada causa estrago, estatal faz reparo
O curioso nessa história – para não dizer trágico – é que a multinacional espanhola é culpada pelo estrago, mas quem faz o conserto são os trabalhadores da estatal Eletronorte. Ela é subsidiária da Eletrobras, a mesma empresa que o presidente Bolsonaro e seu serviçal ultraneoliberal Paulo Guedes querem privatizar.
Conforme explica Wellington Diniz ao site da CUT, a controladora da concessionária Linhas do Macapá não conseguiu resolver o problema e pediu socorro aos trabalhadores da Eletrobras. A estatal enviou técnicos do Pará, Maranhão e Rondônia para ajudar no reparo.
“O que acontece no Amapá pode acontecer em outros lugares. Bolsonaro e o ministro das Minas e Energia, Bento Albuquerque, apostam na privatização. Só que na hora em que acontece um acidente como este os técnicos da Eletrobras são convocados para prestar socorro à multinacional", afirma o sindicalista.
Michel Temer, golpista e privatista
Ainda de acordo com o líder sindical, a Isolux não tem capacidade técnica, nem trabalhadores em números suficientes para manutenção, nem recompor a energia em pouco espaço de tempo, por isso os técnicos da Eletrobras foram chamados para prestar socorro
Já o presidente do Sindicato dos Urbanitários do Amapá (STIU-AP), Jedilson Santa Bárbara, lembra o desastre do desmonte da Eletronorte no estado. A estatal chegou a ter 220 funcionários no estado em 2007, mas com a sanha privatista do golpista Michel Temer (MDB-SP) hoje tem menos da metade. Ele acrescenta:
"Oito técnicos da Eletrobras de outros estados que agora estão ajudando nos reparos são considerados dispensáveis por terem muito tempo de casa e estão prestes a se aposentar. A empresa quer incentivar a demissão dos mais experientes através do PDV, mas na hora que mais precisa eles é que são chamados".
No plano de privatização obrado pela dupla Bolsonaro-Guedes, a Eletrobras já anunciou que pretende fazer mais de mil demissões. “O objetivo é ‘baratear os custos’ para entregar ao capital externo mais uma empresa nacional superavitária. A Eletrobras teve lucro de R$ 20 bilhões em 2019”, afirma Jedilson Santa Bárbara.
Caos e sofrimento da população
Enquanto o reparo não é concluído, até porque depende da chegada de um novo gerador que pesa cerca de 100 toneladas e será levado de barco, a população do Amapá passa por dias de caos e sofrimento. Segundo Maria Neuzina Tavares, dirigente da CUT/AP, a situação é inédita – algo nunca visto na história recente.
As filas nos supermercados são imensas, o que já causou brigas na compra de água, que está racionada. As padarias também estão limitando a venda de pães a 10 unidades por família. Nos postos de combustíveis as filas são imensas. Outros postos estão fechados porque suas bombas não têm condições de retirar o produto dos poços.
A comunicação também é precária. As linhas de celulares das operadoras Vivo e Oi não funcionam. A Claro é a única operadora que dá algum sinal, mas bem precário. Toda a energia elétrica disponível é direcionada apenas para os hospitais e outros serviços essenciais. O prefeito de Macapá, Clécio Luís, decretou estado de calamidade pública na capital por 30 dias.
“Toda essa situação poderia ser evitada se a empresa que ganhou a concessão da linha de transmissão contratasse profissionais com qualificação, mas ela só se interessa em pagar baixos salários, colocando a população em risco”, critica Jedilson Santa Bárbara.
A posse do novo presidente da Bolívia, Luis Arce, ocorrida neste domingo (8), representa uma vitória das forças democráticas e progressistas de grande impacto. Com bem disse Arce, o seu governo “inicia um novo tempo”.
“A Bolívia inicia um novo tempo. Agradecemos às mulheres e aos homens bolivianos que de todo o país nos acompanham na ascensão ao comando presidencial”, escreveu ele no Twitter.
É a recuperação da democracia, exatamente um ano após o motim policial em 8 de novembro de 2019, lembrou. “Vencemos a batalha apenas com a consciência do povo, sem violência”, afirmou. Nesse período, a Bolívia foi tomada por um governo de extrema direita, semeador de ódio e praticante da violência contra o povo.
O exemplo mais enfático dessa política foram as ameaças ao ex-presidente Evo Morales, a principal vítima do golpe da extrema direita, que se exilou primeiro no México e depois na Argentina. Agora, como a vitória da democracia, Morales deve voltar ao país na segunda-feira (9), ainda em meio a uma campanha midiática que insiste em dizer que ele renunciou pressionado por uma mobilização social. Infelizmente, devido à perseguição criminosa da extrema direita, o ex-presidente não pôde acompanhar a posse de Arce.
Mas vários chefes de estado foram ao país para acompanhar a cerimônia, como o presidente da Argentina, Alberto Fernández; o chanceler da Venezuela, Jorge Arreaza; o ministro das Relações Exteriores do Irã, Mohammad Yavad Zarif; o rei espanhol Felipe VI, acompanhado do vice-presidente e líder do Podemos, Pablo Iglesias; uma delegação dos Estados Unidos chefiada pelo subsecretário da Fazenda para Assuntos Internacionais, Brent Mclntosh; Iván Duque, presidente da Colômbia; Mario Abdo Benítez, presidente do Paraguai; o ex-presidente do Panamá, Martín Torrijos; Wálter Martos, chefe do Conselho de Ministros do Peru; e Francisco Carlos Bustillo e Andrés Allamand, chanceleres do Uruguai e do Chile, respectivamente.
A posse foi precedida de cerimônias ancestrais. Um grupo de “amautas” ou sábios espirituais indígenas aimarás preparou um altar com oferendas para a “Pachamama”, ou Mãe Terra, na Plaza Murillo de La Paz, onde está localizado o Palácio do Governo e a sede do Legislativo boliviano. O ritual de gratidão à “Pachamama” foi para pedir à divindade andina que dê força ao novo governante, segundo a Telesur.
Na última quinta (5), Arce sofreu um atentado em La Paz. Uma dinamite explodiu à frente da sede do comitê de campanha do partido, segundo o porta-voz do Movimento ao Socialismo (MAS), Sebastián Michel. Arce estava no comitê quando uma banana de dinamite foi arremessada na porta do imóvel. Não houve feridos ou danos ao imóvel.
Esse fato comprova que a extrema direita segue ativa na Bolívia. A rigor, sempre esteve. O país tem um longo e combativo histórico de enfrentamento com as forças políticas inimigas do povo. Nos governos Morales, não foram poucas as vezes em que essas forças, apoiadas por movimentos externos, tentaram atacar as políticas de abertura democrática para o povo e de soberania nacional.
Um caso emblemático envolveu diretamente o Brasil. Em questão estavam as áreas de petróleo e petroquímica, riquezas abundantes na Bolívia. A tempestade diluviana que a mídia e os setores direitistas brasileiras despejaram sobre o governo Morales foi impressionante. O que foi denominado “crise boliviana” tinha a ver com o emaranhado de interesses tecido na era neoliberal e escondia o histórico jogo bruto contra a Bolívia.
O levante se deu quando o governo anunciou um plano de recuperação das refinarias pelo Estado. Era a nova Lei de Hidrocarbonetos do país, segundo a qual a Yacimientos Petrolíferos Fiscales Bolivianos (YPFB) – a Petrobras boliviana – deveria retornar à condução da cadeia de produção internacional. Essa função havia sido proibida por uma lei do ex-presidente neoliberal Gonzalo Sánchez de Lozada, que permitiu o contrabando de combustíveis e exportações a preços baixos, inclusive mais baixos que no mercado local.
Foi um ato de violência contra a Bolívia. Sánchez de Lozada, um grande empresário de minério, representava uma linha de atuação boliviana estreitamente ligada à história do imperialismo no setor. A indústria do petróleo, que nasceu no final do século XIX, é fonte constante de riqueza e por isso se tornou desde cedo essencialmente monopolista. A Bolívia é exemplo da história da paz e da guerra, das correlações de forças que se modificam, das soberanias nacionais que desaparecem, se restauram ou se conquistam.
Já no começo da década de 1950, o governo do presidente Victor Paz Estensoro nacionalizou 163 minas de estanho debaixo de protestos do governo norte-americano do general Einsenhower e da fúria do senador McCarthy. Naquela época, os liberais — assim como hoje no Brasil — diziam que era equivocado chamar de nacionalização o que seria estatização.
Essa mesma argumentação foi usada por Sánchez de Lozada para atacar a YPFB, segundo ele uma propriedade do Estado que estava sob controle de “políticos” – a mesma conversa mole que se ouve muito no Brasil sob o governo do presidente Jair Bolsonaro e de seu ministro da Economia, Paulo Guedes –, a famosa “caixa-preta” da Petrobras que motivou sucessivos ataques à empresa e o jogo sujo da Operação Lava Jato.
Os ataques dos entreguistas brasileiros é histórico. Depois da Primeira Guerra Mundial os monopólios estrangeiros começaram a disputar a posse das reservas petrolíferas bolivianas. E nesse jogo, tanto governos da Bolívia quanto do Brasil foram usados para defender seus interesses. O mais dramático episódio dessa história é a chamada “Guerra do Chaco”, tramada pela Standard Oil. No seu final, o Brasil assinou os “Tratados de 1938” pelos quais nosso país ganhou uma “área de estudo” para pesquisar petróleo.
O Brasil havia construído a estrada de ferro Corumbá-Santa Cruz de la Sierra e recebeu a “área de estudo” como pagamento. Depois de idas e vindas, no dia 5 de janeiro de 1955 o presidente Café Filho, na inauguração da ferrovia, recebeu de Paz Estensoro, que retornara à Presidência da Bolívia devidamente mancomunado com a Standard Oil, um “Memorial” pelo qual ficaria eliminado o conceito de garantia geográfica e, em consequência, a área de reservas estabelecidas pelos “Tratados de 1938” e convênios complementares. A área até então reservada ao Brasil passaria à YPFB, que por sua vez a repassaria à Standard Oil. Paz Estensoro também disse que ele pagaria a ferrovia Corumbá-Santa Cruz. Seria a hora de o Brasil, por meio da Petrobrás, iniciar as perfurações na “área de estudo”.
Mas no Ministério da Fazenda estava o liberal radical Eugênio Gudin, chamado pelo vice-presidente Café Filho, que assumiu a Presidência após o suicídio de Getúlio Vargas em 1954. Gudin se recusou a liberar os recursos necessários já aprovados pelo Congresso e destinados ao reinício das atividades do Conselho Nacional do Petróleo na região subandina boliviana.
A mídia, que no Brasil combatia ferozmente o monopólio estatal do petróleo, saudou a atitude de Gudin como um gesto de “coragem e bom senso”. Na Bolívia ocorreu o mesmo. Festejavam, assim, o entreguismo brasileiro-boliviano, na pessoa de Gudin. O episódio é tido com mais um lance em que se evidenciou a mão do imperialismo agindo para perturbar a boa vizinhança dos povos do Brasil e da Bolívia. O alvo era a Petrobrás, que surgia como desmentido aos que só acreditavam nas maravilhas da iniciativa privada – como era o caso de Gudin, um liberal “ortodoxo” que fez escola no Brasil.
Os monopólios sabiam que a Petrobras era a solução certa para o problema do petróleo brasileiro e que do seu êxito surgiria a base econômico-financeira que proporcionaria as condições ao Brasil, como de fato aconteceu ao longo de sua história, para cumprir integralmente os tratados com a Bolívia. Foi nesse contexto que surgiu a mais torpe campanha contra a Petrobras – retomada com vigor pelo bolsonarismo, uma conspiração também contra o povo boliviano, nobre e altivo por natureza.
Empresa responsável pela energia no Amapá, que sofre com um apagão há 5 dias, é a espanhola Isolux, mas quem está fazendo o conserto são os trabalhadores da Eletrobras, uma estatal. A Eletrobras enviou técnicos do Pará, Maranhão e Rondônia para solucionar o problema.
De acordo com o diretor do Sindicato dos Urbanitários do Maranhão (STIU/MA), Wellington Diniz, em 2014, a Isolux já deu um prejuízo de US$ 476 milhões ao estado de Indiana, nos Estados Unidos, onde também prestava serviços.
“O que acontece no Amapá pode acontecer em outros lugares. Bolsonaro e [ministro de Minas e Energia] Bento Albuquerque vêm dizendo que a Eletrobras não tem capacidade de investimento, e apostam na privatização, só que na hora em que acontece um acidente como este são os técnicos da Eletrobras que são convocados para prestarem socorro à empresa internacional porque ela não tem capacidade para resolver o problema”, alerta Diniz.
PT denuncia privatização da Eletrobrás
O Partido dos Trabalhadores manifesta solidariedade ao povo do Amapá, que experimenta há cinco dias um apagão do sistema elétrico em todo o estado por um acidente em um transformador de um fornecedor privado. É estarrecedora a falta de compromisso do governo de Jair Bolsonaro com o povo. O Palácio do Planalto demorou a reagir. O governado do Amapá decretou estado de calamidade pública.
O episódio traz um alerta que deve ser levado em conta pelo Congresso Nacional: a privatização do setor elétrico é um erro. Nem nos Estados Unidos o controle sobre recursos estratégicos – como água e energia – está nas mãos de interesses privados. A demora da empresa privada espanhola responsável pela Isolux em responder à crise e solucionar a falta de energia no Amapá mostra que a privatização do setor é um grande equívoco.
Hoje, quem está tratando de reverter a crise e garantir o suprimento emergencial de energia no Amapá é a Eletronorte, uma subsidiária da Eletrobrás. A holding responsável pelo sistema elétrico está prestes a ser vendida. O PT reitera: a privatização do setor elétrico é um desserviço para o Brasil e para o nosso povo.
Estranhamente, os militares não fazem qualquer oposição à entrega do setor elétrico brasileiro para empresas internacionais. Não se pode entregar um recurso estratégico aos interesses nacionais – como confirma o apagão no Amapá – à iniciativa privada. Ainda há tempo de impedir esse retrocesso que joga com o futuro do país.
A nota é assinada pela deputada federal Gleisi Hoffmann, presidenta nacional do Partido dos Trabalhadores.
Ana Júlia 13013
@najuliaribeiro
Já são 4 dias SEM ENERGIA no Amapá! Em plena pandemia, o Estado também já está ficando sem água. Mas a preocupação de Bolsonaro é protestar contra o resultado das eleições dos EUA e planejar a volta do voto por papel! Inacreditável! #SOSAmapá
Ana Júlia 13013
@najuliaribeiro
A crise hídrica agravou aqui em #Curitiba. A previsão de chuvas está abaixo da média para os próximos meses. Ratinho Junior não toma medidas cabíveis e parece estar rezando para que nós, curitibanos, sejamos a solução. Uma grande irresponsabilidade por parte do governo.
Ana Júlia 13013
Ana Júlia 13013
@najuliaribeiro
#FaltaÁguaEmCuritiba Vocês imaginam começar a semana sem água durante uma pandemia que exige mais cuidados de higiene? Pois é. Em Curitiba e região metropolitana, mais uma vez, inúmeros bairros estão sem água, com retorno apenas quarta-feira.
Ana Júlia 13013
@najuliaribeiro
#FaltaÁguaEmCuritiba Os rodízios de até 48 horas em vários bairros de Curitiba para tentar conter a crise hídrica não são suficientes. Até quando ficaremos sem água? Quais os planos da prefeitura? Estão esperando por um milagre? Lamentável!
André Trigueiro
@andretrig
Alô Brasília: faltam água e comida no Amapá,que está s/energia desde 3ª feira.Mando daqui um mapa p/facilitar a visualização deste importante estado da Região Norte.A situação é grave e exige mobilização urgente do Governo Federal.O Amapá faz parte do Brasil! Movam-se!
O ex-prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, foi às redes sociais na manhã para cobrar ações do presidente Jair Bolsonaro em relação ao apagão de mais de cinco dias no Amapá.
Após forte chuva na terça-feira (3), subestação de distribuição de energia pegou fogo na zona norte de Macapá, afetando 13 dos 16 municípios do estado.
“Bolsonaro, esquece o Flávio e o Trump. Já eram. Faça alguma coisa pelo Amapá. Trabalhe um dia. Um dia. UM dia”, escreveu Haddad.
O senador Randolfe Rodrigues acionou a Justiça para que obrigue os governos estaduais e federal a ajudar o Amapá, com distribuição de água, por meio de carros-pipas, e de cestas básicas.
O governador do Maranhão, Flávio Dino, anunciou: “Coloquei-me à disposição do governador do Amapá, Waldez Goés, para auxiliar no que for necessário, por solidariedade à população do estado, nossos irmãos e irmãs da Amazônia”.
Hoje, das 16 cidades do estado, apenas três —Oiapoque, Laranjal do Jari e Vitória do Jari— mantêm a energia porque são abastecidas por sistemas independentes.
O Amapá está enfrentando uma série de dificuldades por conta de um apagão que atinge o estado desde a noite de terça-feira. A falta de energia afeta também serviços essenciais como o abastecimento de água e fornecimento de internet, além de problemas comerciais, como a perda de mercadorias que necessitam de refrigeração.
Hoje, das 16 cidades do estado, apenas três —Oiapoque, Laranjal do Jari e Vitória do Jari— mantêm a energia porque são abastecidas por sistemas independentes. A capital Macapá está com o fornecimento de luz completamente suspenso.
Por conta do apagão, houve uma grande procura da população por itens essenciais como combustível e água mineral, já que o abastecimento de água encanada foi paralisado.
O sistema de telefonia também apresenta inconsistência em boa parte do estado devido à falta de energia. Muitas lojas do comércio estão com as vendas suspensas por problemas em seus sistemas.
A população de Macapá lotou todos os hotéis com gerador próprio para dormir com alguma ventilação, luminosidade e serviços como internet
Três planos estão à mesa para solucionar o apagão
Na manhã de hoje, três planos foram apresentados para restabelecer a energia, um deles de forma emergencial que traria o retorno parcial.
A primeira ideia é recuperar um dos transformadores queimados e que foi menos danificado. Isso poderia trazer o retorno de até 70% da energia no estado, mas ainda são necessários testes e a previsão é que a operação possa durar até 48 horas.
Se for bem-sucedido, restabelecerá de 60% a 70% da carga do estado do Amapá. Mas estamos desencadeando outras ações para que em até 30 dias todos os transformadores estejam aqui para dar total segurança energética”, informou o ministro Bento Albuquerque, das Minas e Energia.
O segundo plano é trazer um gerador de energia de Laranjal do Jari, mas que pesa cerca de 100 toneladas e o processo levaria em torno de 15 dias entre desmonte, transporte de balsa e montagem.
Outra alternativa seria trazer de Boa Vista um transformador que viria de avião, mas levaria até 30 dias. Unidades de menor porte também viriam de Manaus para ajudar a suprir o problema.
O Amapá entrou no 4º dia do apagão. 13 dos 16 municípios estão afetados pela crise. As prateleiras dos mercados estão se esvaziando. Os serviços públicos essenciais estão afetados. Por favor, divulguem. Há limitação de acesso à internet por lá. #SOSAmapá#ApagaoNoAmapa
Mateus Aguiar
@mateusaguiarph
Mais de 3 dias sem energia no Amapá (e essa situação pode durar 15 dias) filas pra pegar água, supermercado ficando sem abastecimento, pessoas tendo que tomar banho de rio. E o nosso governo não faz absolutamente NADA!
Gilmar Mendes
@gilmarmendes
O Amapá vive um cenário pós-apocalíptico com a interrupção nos serviços de água, saúde, telefonia e segurança pública. A situação é extremamente grave. É hora de as lideranças políticas superarem dissidências e buscarem uma solução. #SOSAmapa, #ApagaoNoAmapa e #AmapaPedeSocorro.
Sobre quase dois milhões de infectados e mais de 70 mil mortos, Bolsonaro e Guedes seguem firmes no objetivo de promover o maior número de mortos e de submeter uma das 10 maiores economias do mundo aos interesses do mercado financeiro, entregando a ele as fontes energéticas e as empresas estratégicas, imprescindíveis para o Brasil superar as crises sanitária, econômica e social, na e no pós pandemia. Com esses recursos em poder de outros países, os brasileiros estarão sempre à mercê dos investimentos que eles queiram, ou não, fazer no País, com as empresas que eram dos brasileiros. Porém, seja qual for o aporte no Brasil, será única e exclusivamente com a transferência dos lucros para o desenvolvimento de seus respectivos povos. O sucesso do projeto de supressão da soberania jamais seria alcançado sem prestimosa parceria da imprensa comercial.
A conjuntura é fato dado, não causa surpresa e há mais do que fazer do que para se lamentar e analisar. A sucessão de absurdos produzidos pelo desgoverno Bolsonaro, ao longo de 1 ano e sete meses, foi nos tirando a capacidade de expressar o horror causado pelas ostensivas políticas ultraliberais, recessivas, fiscalistas e pelo profundo atraso cultural imposto ao País, que levará mais tempo para ser superado que a crise financeira. Nesse cenário de terra arrasada, de uma nação abandonada pelo presidente da República, é necessário trazer à luz o que a imprensa comercial omite, que é a produção da esquerda, no enfrentamento à pandemia. Não se combate a crise com orações, como sugeriu Bolsonaro, mas com política. Sem ela, a UTI, o respirador, o antibiótico, a máscara, a luva, a comida, o auxílio emergencial, o crédito ao micro e pequeno empresário não chegam aos seus devidos destinos.
A pandemia oferece à sociedade a mais clara visão da divisão dos interesses que atuam no Congresso Nacional. Basta acompanhar uma única sessão para saber quem está de que lado, fazendo o quê. As medidas enviadas pelo governo ou apresentadas pelos parlamentares da sua base, representantes do ultraliberalismo são, invariavelmente, no sentido de dilapidar o patrimônio público e de suprimir direitos conquistados a duras penas pela classe trabalhadora. Os projetos mais progressistas foram apresentados pela esquerda. O Partido dos Trabalhadores apresentou mais de 460 projetos de lei, 18% das matérias tramitadas na Câmara, referentes ao combate da pandemia. Todos eles, invariavelmente, voltados aos interesses do Brasil e dos trabalhadores.
Enquanto Bolsonaro e Paulo Guedes se empenham em entregar o País à dilapidação pela classe dominante, o PT apresenta projetos, por exemplo, que dá 72 horas para a Agência Nacional de Vigilância Sanitária autorizar o uso de produtos de combate ao coronavírus, validados por agências internacionais, como as Food and Droug Administration – FDA; European Medicine Agency – EMA; Pharmaceuticals and Medical Devices Agency - PMDA e a National Medical Products Administration – NMPA. Aos que acusam o PT de intolerante e individualista, o projeto de lei que autoriza determinados tipos de consultas médicas por teleconferência é assinado em conjunto com o partido Novo, antagônico ideologicamente. Aliás, esse e outros projetos do partido foram assinados com o DEM, o MDB, o PL, que são de campos ideológicos absolutamente opostos.
Um dos setores da economia que mais rapidamente parou e será um dos últimos a voltar é o da cultura, cuja cadeia produtiva é extensa e complexa. Desde o artista, passando pelo produtor, técnicos de som, de luz, de imagem, até o divulgador com panfletos, entre outros trabalhadores que ficaram sem trabalho com a suspensão de eventos que possam gerar aglomeração, estão sem trabalho e renda. Quem assina o projeto que destinou R$ 3 bilhões para proteger minimamente os profissionais da área cultural é o PT. Da mesma forma, foi o PT quem apresentou um projeto que dá prioridade e urgência no atendimento aos chamados policiais de denúncia de violência doméstica. Assim como foi o PT quem apresentou projeto que suspende obrigações financeiras de estudantes com o FIES, durante o período que durar a pandemia.
A sociedade não tem conhecimento das ações da esquerda e das derrotas das Medidas Provisórias do governo. A comunicação hegemônica no Brasil está sob o controle de uma imprensa comercial, submetida aos interesses do mercado financeiro, principalmente. Enquanto a grande maioria da população vive a incerteza de sobreviver à crise sanitária, devido à sua histórica condição social e pela proposital negligência do presidente Bolsonaro, a classe dominante suprime direitos, é indiferente aos ataques à democracia e atua ostensivamente para destruir a soberania brasileira. Já a esquerda, defende a classe trabalhadora e os interesses do Brasil. Bolsonaro nos roubou a capacidade de acreditar que possa haver absurdo maior que os que ele já proferiu ou cometeu. Porém, ao mesmo tempo, sua ação nos enche de razão e entusiasmo para reagir aos vorazes capatazes dos endinheirados. A resistência a essa política ultraliberal está eminentemente no campo da esquerda e é feita, todos os dias, pelos progressistas do País.