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O CORRESPONDENTE

Os melhores textos dos jornalistas livres do Brasil. As melhores charges. Compartilhe

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O CORRESPONDENTE

20
Jul22

O inimigo principal

Talis Andrade

Imagem: Margerretta

 

Ceder as ruas para as manifestações de Bolsonaro vai acuar a oposição na campanha e não garante evitar os confrontos

 

por Jean Marc von der Weid /A Terra É Redonda 

Nos meus tempos de militante da Ação Popular, organização de esquerda que lutou contra a ditadura militar, discutíamos muito quem era o “inimigo principal”, conceito muito usado para orientar as estratégias e táticas a serem empregadas. Havia um debate, muitas vezes estéril, sobre o alvo maior a ser atacado, se os militares no poder ou seu mandante, o imperialismo americano.

Ao risco de cair na esterilidade que critiquei acima vou pôr em debate a aplicação do conceito no quadro político atual. Vamos ver se faz sentido.

Intuitivamente, o alvo maior das forças progressistas atualmente é o energúmeno que preside o nosso triste Brasil, Jair Bolsonaro. O inominável ameaça as eleições, quer pela derrama de dinheiro distribuído para ganhar apoio entre os mais pobres em uma situação de imensa miséria e fome no país, quer pela mais que evidente preparação de um golpe contra as próprias eleições. É a tática que descrevi em um artigo anterior, postado no site A Terra é Redonda como de “bola ou búlica”.

Analisando o quadro político desenhado nos últimos dias, em particular as votações do Congresso que permitiram a derrama de dinheiro para distribuição eleitoreira, temos que avaliar se a ameaça maior não está no presidente da Câmara, Artur Lira.

Charge do Zé Dassilva: botando no bolso | NSC Total

Está cada vez mais claro que Jair Bolsonaro entendeu que precisava da colaboração do Congresso para suspender as eleições. Sua tentativa de setembro passado foi um fiasco tamanho que mostrou a fragilidade da sua base de fanáticos, de policiais militares e das próprias forças armadas para gerar o evento político e social de descontrole que justificasse um estado de exceção, com a suspensão da vida democrática. O presidente vem pelejando com sucesso para fortalecer esta base, envolvendo as FFAA no esforço de emparedar o TSE e o STF, trocando comandos para colocar generais mais bem dispostos em relação aos seus arreganhos liberticidas; ampliando a sua militância armada nos Clubes de Tiro; acirrando seus apaniguados nas polícias militares e excitando ao paroxismo seus fanáticos, o que está multiplicando atentados contra os eleitores de Lula e até chegando ao primeiro assassinato político destas eleições. Mas o perigo maior parece estar na facilidade com que Artur Lira atropelou a Constituição, o regimento da Câmara e a legislação eleitoral.

Artur Lira fez votar, até com um mais que suspeito apagão na energia da Câmara, o estado de emergência nacional. Estado de emergência? Ele não foi considerado durante os dois anos e meio de pandemia de Covid. Também não foi aventado na votação do Auxílio Brasil, para enfrentar a real emergência da fome que assola já 33 milhões de pessoas em todo o país, sem falar nas outras mais de 90 milhões em estado de insegurança alimentar em graus variados de gravidade.

Charge do Zé Dassilva: Orçamento secreto | NSC Total

 

Pensando apenas nos efeitos eleitorais, Bolsonaro propôs e fez aprovar uma distribuição de recursos mal elaborada tanto nos valores como na definição dos beneficiários, resultando em poucos recursos para os mais pobres e acesso por outros menos mal aquinhoados. Quando viu que a derrama não estava dando certo do ponto de vista das intenções de voto, Bolsonaro aumentou a aposta visando aportar mais 200,00 reais para os já inscritos e acrescentando dois milhões de beneficiários.

Charge do Zé Dassilva: secreto | NSC Total

Soma-se a esta derrama de dinheiro, supostamente para os mais pobres, uma série de outras medidas que arrombam totalmente a lei eleitoral, facilitando a distribuição de recursos do orçamento secreto sem qualquer controle para as bases do Centrão.

O resultado desta operação, que estoura completamente o erário e que prejudica todos os outros setores da administração ao longo deste ano, talvez não garanta a virada de votos que Bolsonaro necessita para ficar competitivo nas eleições de outubro. Entretanto, uma coisa é mais provável: os candidatos à reeleição vinculados ao Centrão vão ter um forte estímulo para garantir seus votos entre os mais pobres. Artur Lira e seus apaniguados ganham, com ou sem a vitória de Bolsonaro. A perspectiva de ser eleito um Congresso ainda mais lamentável do que o atual vai ficando cada dia mais concreta.

Se a derrama de dinheiro não resultar em uma virada de expectativa de votos para Jair Bolsonaro e/ou não garantir a reeleição da maioria fisiológica do Congresso, o que vão fazer Jair Bolsonaro e Artur Lira? Suponhamos que as pesquisas de opinião indiquem em setembro a perspectiva de derrota para estas forças da direita. A alternativa de suspender as eleições e prorrogar todos os mandatos passa a ser a solução.

Votar a derrama para fortalecer uma vitória eleitoral foi fácil para Artur Lira, mas a suspensão das eleições é um passo muito mais grave a ser dado por esta corja. Como já disse em outros artigos, votar um estado de exceção a seco, sem uma situação de tumulto político e social generalizado é bem mais difícil, mas não impossível. Tudo depende da reação da sociedade ao quadro de descalabro que estamos vivendo.

Não acredito em uma reação espontânea da população desesperada pela pobreza e pela fome. Pensei que isto ia acontecer com o horror vivido pelo país durante a pandemia, com uma forte colaboração do governo para que este estado se instalasse. Mas as pessoas morreram sem ar e sem atendimento nas portas e corredores de hospitais repletos. O sofrimento atroz dos enfermos, contados aos milhões e com quase 700 mil mortos, não foi suficiente par promover reações populares.

As pessoas sofreram e morreram e seus familiares choraram suas perdas ao som do riso escarninho do presidente. Seus fanáticos arrogantemente desprezaram as medidas de controle da pandemia, deixando de usar máscaras como forma de afirmação da sua adesão ao negacionismo de Bolsonaro e favorecendo a contaminação pelo vírus. O horror não foi suficiente para provocar reações de massa. Não houve manifestação por vacinas, sequer por oxigênio no caso de Manaus. Foi um extremo sofrimento vivido solitariamente por cada família afetada.

Pensei que a fome crescente em uma escalada que acrescenta milhões de novos sofredores mês a mês levaria a uma reação popular com saques a supermercados e feiras. Também nada ocorreu de relevante. Cenas de famintos precipitando-se para pegar restos de frigoríficos, pelanca e ossos, chocaram o país, mas não se multiplicaram. Jair Bolsonaro mostrou-se frustrado com esta falta de reação, indicando que contava com o desespero do sofrimento para gerar o estado de instabilidade social e política que permitisse a adoção de medidas de força pelo executivo.

Este histórico aponta para a improbabilidade de uma convulsão social para a qual não faltam razões objetivas. Neste quadro, como Bolsonaro vai justificar o seu pedido de estado de exceção e a suspensão das eleições?

É aqui que entra em jogo a provocação do bolsonarismo. Uma campanha eivada de ódio, com milhares de extremistas fanáticos armados dispostos a tudo tem toda a possibilidade de gerar uma situação de confronto entre eleitores de Lula e os de Bolsonaro. Por enquanto, o energúmeno está só criando o clima de provocações com resultados ainda pontuais embora dramáticos, como o assassinato do militante do PT, Marcelo Arruda, em Foz do Iguaçu. Mas não se pode descartar algo muito mais pesado, em particular atentados com tiros e bombas nos comícios de Lula e dos candidatos progressistas. Isto é muito fácil de fazer. Basta Jair Bolsonaro e/ou seus filhotes darem o sinal para os grupos organizados da extrema direita atacarem.

Outro cenário de enorme perigo é a mobilização destes mesmos grupos para atacarem os comícios da oposição, com agressões e pancadaria, com ou sem tiros e bombas. A reação dos apoiadores de Lula levaria à uma intervenção das polícias militares, fiéis bolsonaristas em grande parte, sentando o cacete na massa de oposição. Quanto mais pancadaria, quanto mais gás lacrimogênio, melhor para a criação do “clima de instabilidade política”.

Este desenho de provocações está mais do que inscrito na estratégia de Bolsonaro e deve ir se aguçando até setembro, sendo que o dia sete está anunciado como o momento do grande confronto. Isto pode ser evitado, neste dia, se a oposição decidir não se manifestar na ocasião e deixar para outro dia seus atos de massa, que não deixarão de acontecer, nem que seja no encerramento da campanha. Mas, se for interessante para Bolsonaro, o confronto existirá, seja qual for o momento escolhido pela oposição para se manifestar.

Ou seja, estamos diante de um processo eleitoral explosivo e cheio de riscos, exacerbado pelo discurso de ódio e pelas provocações dos grupos organizados do bolsonarismo. Sempre com a tática do “bola ou búlica”, se Bolsonaro não conseguir reagir nas pesquisas de opinião, vai acionar suas “tropas” para culminar a campanha com uma superprovocação às manifestações da oposição. Com um quadro de violência generalizada, vai pedir a Artur Lira para votar um estado de exceção e suspender as eleições.

ARIONAURO CARTUNS - Blog do Cartunista Arionauro: Charge Emergência  Hospital Público

Artur Lira sabe que, mesmo se tiver uma base ampliada do Centrão no Congresso, um governo Lula não vai facilitar a sua vida. Com Bolsonaro, ele sabe que o estado atual das relações com o executivo vai se prolongar e a dependência do energúmeno em relação ao seu aliado parlamentar vai, se possível, aumentar. É claro que o risco existe, para Lira, do energúmeno achar que o estado exceção poderá dispensar este apoio do Congresso. Se for o caso, Bolsonaro vai ter que dar mais um passo na direção do golpe explícito, para dominar o legislativo, como os generais da ditadura o fizeram ao longo de 21 anos.

O que fazer para enfrentar estes riscos enormes? Defendo que os candidatos contra Bolsonaro busquem um acordo republicano pela defesa das eleições, do TSE, das urnas eletrônicas e da posse dos eleitos. E que se busque um acordo de todos os partidos não bolsonaristas no Congresso, afirmando o mesmo princípio. Partidos e sociedade civil precisam se organizar e se manifestar da mais ampla forma contra a violência nas eleições e pelo respeito às urnas e seus resultados. Entidades de todas as classes devem ser convocadas a se manifestarem neste sentido, cobrando, sobretudo das patronais, uma posição pela democracia.

Fica a questão de a oposição ir ou não ir às ruas durante a campanha. Uma tática mais defensiva, evitando dar ocasião para as provocações do bolsonarismo, parece a mais prudente e razoável. Entretanto, ceder as ruas para as manifestações de Bolsonaro vai acuar a oposição na campanha e não garante evitar os confrontos.

Não podemos excluir uma operação terrorista do bolsonarismo no próprio dia da eleição, com sabotagem da rede elétrica (seguindo o modelito de Artur Lira na votação da PEC) nos locais onde haja uma clara probabilidade de uma votação forte para Lula. Ou com atentados a bomba nestes mesmos locais. Ou agressões a eleitores lulistas por bandos de provocadores com o beneplácito das polícias militares. Multiplique isto por todo o país e teremos o pretexto para o estado de exceção. A sabotagem dos TREs e do TSE no dia da eleição teria o mesmo efeito.

Por todos estes argumentos, continuo achando que teremos que correr o risco dos enfrentamentos de rua, em paralelo com a campanha pela paz nas eleições e esperar que esta combinação empurre o eleitorado contra o energúmeno e a derrota seja de tal ordem que iniba o Congresso a aceitar melar o jogo.

Comissão da Verdade – andradetalis

11
Set21

Celso de Mello: o quanto se pode confiar no que diz Bolsonaro?

Talis Andrade

aroeira bolsonaro personalidade.jpg

 

 

 

por José Celso de Mello Filho /ConJur

- - -

A “Declaração à Nação” constante da Nota Oficial assinada por Bolsonaro em 09/09/2021 constituiria, no presente momento histórico que vive o nosso País, preocupante (e perigosa) (re)constituição da farsa do Pacto (ou Acordo) de Munich proposto, em 29/09/1938, por Hitler às principais potências europeias, em um instante de extrema, delicada e intensa tensão político-militar?

Quem ocuparia, nesse contexto, a posição ingênua de Neville Chamberlain, primeiro-ministro do Reino Unido, que, induzido a erro pelo Führer (cujo projeto totalitário de poder e ambição de expansionismo imperial eram inescondíveis), julgou, pateticamente, que o conflito seria evitado e a paz finalmente alcançada? Qual o coeficiente de credibilidade desse compromisso formalmente assumido por Bolsonaro?

O teor de sua “Declaração à Nação” mostra-se incompatível com a sua personalidade autocrática e inconciliável com a sua comprovada disposição de ultrajar a Constituição e de ignorar os limites que a Carta Política impõe aos seus poderes!

Como corretamente advertiu o Professor Sérgio Abranches, “Nota de recuo não vai mudar caminho de Bolsonaro rumo ao golpe”! Para resistir e frustrar qualquer subversão da ordem democrática (que traduz infame e desprezível ofensa à supremacia da Constituição), impõe-se — como assinala esse eminente Professor — a “formação de amplo consenso democrático”, que representará, neste momento, “o único meio [legítimo e pacífico] para interromper a escalada autoritária” daqueles que nutrem visceral desapreço pelo regime das liberdades fundamentais e pelo texto da Constituição!

A História, nesse episódio bolsonaresco, parece repetir- se!!! MARX, em seu “O 18 de Brumario de Luis Bonaparte”, inicia a sua obra, proferindo, logo no primeiro parágrafo, a sua célebre frase:

“Hegel observa (...) que todos os fatos e personagens de grande importância na história do mundo ocorrem, por assim dizer, duas vezes.

E esqueceu-se de acrescentar: a primeira vez como tragédia, a segunda como farsa (...)”! A notória e irresponsável aversão de Bolsonaro ao cumprimento dos compromissos por ele próprio assumidos justifica que se ponha em séria dúvida o valor (e a sinceridade) de suas palavras... Se Bolsonaro revelar infidelidade ao que pactuou, terá dado plena razão à advertência segundo a qual a História, quando se repete pela segunda vez, ocorre como farsa!!!!

O fato é um só: A “Declaração à Nação” seria digna de fé ou constituiria mero recurso estratégico de Bolsonaro para iludir, mediante conduta desqualificada e tisnada pela eiva da farsa, aqueles que, fiéis à Constituição (como os Juízes do Supremo Tribunal Federal), buscam implementar o necessário convívio harmonioso entre os Poderes da República?

26
Fev21

Abaixo a máscara, vejam o rosto da morte!

Talis Andrade

por Fernando Brito

- - -

É tão assustador que muitos preferem fechar os olhos e não ver.

Racionalmente, porém, já não há como negar que há uma intenção deliberada de Jair Bolsonaro – e não só dele, infelizmente – que o vírus Sars Cov 2 faça o papel de “aliviar” aquilo que consideram uma carga inútil para o país: os velhos, os doentes, os “maricas”, sobretudo os mais pobres, menos capazes de obter cuidados.

Duvidar como, se o presidente da República do país que é o segundo em mortes no mundo, apela para que não se use máscaras, alegando que elas prejudicam as crianças. Se o prefeito de Porto Alegre pede que as pessoas “contribuam com a sua vida” para salvar a economia do município.

Tudo isso no dia em que o país amanheceu sob a marca de 250 mil mortes pela pandemia e chegaria à noite com o maior número de mortos, em 24 horas, desde o início deste pesadelo.

Isto tudo acontece em um país moralmente vencido, onde a classe dirigente, como o energúmeno alcaide de Porto Alegre, só enxerga oportunidades de ganhar dinheiro, poder, privilégio e retirar mais direitos da população, como a que anuncia hoje o Estadão, ao dizer que o governo prepara “decreto para ‘simplificar’ regras trabalhistas“.

Em O Globo, o médico e neurocientista Miguel Nicolelis, ainda se espanta:

(…)qual é o valor da vida no Brasil? Que valor os políticos dão para a vida do cidadão se não fecham as atividades num lugar com 100% de ocupação dos leitos? Ter que preservar a economia é não só uma falsidade econômica como demonstra completa falta de empatia com a vida das pessoas. O que mais me assusta é o pouco valor à vida. Os políticos são o primeiro componente, mas a sociedade também. (…) Nossa sociedade em algum momento perdeu a conexão com o quão irreparável é a vida.

As autoridades da Saúde – diria eu os militares da Saúde – portam-se como imbecis, como nesta “solução” encontrada por Eduardo Pazuello para a superlotação que está levando ao colapso os hospitais em diversos estados, é criar um “Coronatur”, transferindo pacientes entre unidades da federação, uma estratégia estúpida, ainda mais considerando a possibilidade de espalhar as variantes do vírus por toda parte.

Corrijo-me, porém, de minha própria incredulidade: não é estupidez ou, se for, é nossa, que não percebemos ou não queremos acreditar que é uma premeditação.

Mas é.

 

 

30
Jan21

A maior façanha de Jair Messias (por enquanto)

Talis Andrade

morte 220 mil.jpg

 

 

por Eric Nepomuceno

- - -

Aprendi, ainda menino, que é essencial reconhecer características e até mesmo eventuais qualidades tanto em adversários como em inimigos. Esse reconhecimento é essencial na hora de planejar o combate.

Acontece que quando se trata de enfrentar alguém irremediavelmente desequilibrado, um primata sociopata, garimpar qualidades é tarefa quase que impossível. Características, tudo bem. Mas qualidade, e ainda mais eventuais façanhas...

Eis porém que, de repente, ao repassar a semana pela memória, percebo que está sendo cometida uma injustiça enorme com Jair Messias.

Despenca, e isso a cada hora, uma avalanche de críticas contundentes contra ele e o general da ativa do Exército, Eduardo Pazuello, seu cúmplice no maior genocídio jamais cometido em nosso país e um dos maiores do mundo ao longo de pelo menos o último século. 

Aqui e acolá Pazuello tem o devido reconhecimento: energúmeno prepotente e nulidade irremediável para o posto que ocupa, o de ministro da Saúde, cumpre à perfeição a missão recebida. 

Espalhou militares tanto da ativa como da reserva por cargos antes ocupados por médicos e pesquisadores, sem se esquecer das forças paralelas, ou seja, a Polícia Militar, num esforço concentrado para cumprir estritamente a orientação de Jair Messias: deixar milhares de brasileiros morrerem à míngua.

Cá entre nós, não chega a ser propriamente uma façanha. Afinal, regra medular nos militares – ainda mais os que, como Pazuello, continuam ativos – é justamente obedecer sem pestanejar as ordens recebidas. 

É verdade que o tribunal de Nühremberg ignorou o tal argumento de “Eu estava apenas cumprindo ordens”, mas como as chances de um julgamento similar no Brasil são remotas, lá vai o general da ativa emporcalhando o uniforme e, pior, o próprio Exército.

Jair Messias, por sua vez, foi muito, muito mais longe.

Conduziu o Brasil a um posto inédito, conforme revelado num meticuloso estudo que examinou a ação dos governos de 98 países ao redor do planeta na prevenção e combate à pandemia. 

A façanha: fomos contemplados com a classificação de piores do mundo nesse quesito. Nenhum, absolutamente nem um único mandatário foi capaz de ser tão criminosamente irresponsável. 

Ao cumprir com rigor marcial seus instintos de psicopata sem volta nem remédio, estabeleceu de maneira surpreendente um rosário de iniciativas, todas exitosas, destinadas a apressar, para mais de 200 mil pessoas, o destino que, conforme o próprio Jair Messias fez questão de recordar, é inevitável – a morte. 

Até mesmo seu ídolo e guia, o catapultado Donald Trump, que bem que tentou imitar o discípulo mas foi contido a tempo, advertiu sobre os riscos de os Estados Unidos caírem na vala em que Jair Messias nos jogou.

Ser considerado no relatório elaborado por entidades estrangeiras de investigação e pesquisa como sendo o pior governo do mundo na hora de tentar conter e combater a pandemia não é coisa pouca. 

Já não são apenas brasileiros a condenar o genocídio levado a cabo pelo Ogro que habita o palácio presidencial: a façanha conta, agora, com reconhecimento internacional.

Se – e quando – Jair Messias for levado diante de um tribunal, aqui ou seja onde for, esse veredito será levado – e bem levado – em conta.

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30
Jan21

Ruy Castro: Bolsonaro rebaixou o Brasil ao nível de estrebaria de quartel

Talis Andrade

 

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247 - Em sua coluna publicada no jornal Folha de S.Paulo, o escritor Ruy Castro afirma que Jair Bolsonaro foi "quem rebaixou o Brasil ao nível de estrebaria de quartel, ao inundar os lares com um vídeo sobre golden shower, chamar um jornalista para a briga ('Minha vontade é encher a sua boca de porrada!') e ejacular mais palavrões numa reunião ministerial do que em todas as reuniões ministeriais somadas desde 1889".

No texto, Ruy Castro destaca que, "desde sua posse, Jair Bolsonaro já foi chamado de cretino, grosseiro, despreparado, irresponsável, omisso, analfabeto, homófobo, mentiroso, escatológico, cínico, arrogante, desequilibrado, demente, incendiário, torturador, golpista, racista, fascista, nazista, xenófobo, miliciano, criminoso, psicopata e genocida". 

"Nenhum outro governante brasileiro foi agraciado com tantos epítetos, a provar que a língua é rica o bastante para definir o pior presidente da história do país. Mas é inútil, porque nada ofende Bolsonaro. Ele se identifica com cada desaforo".

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10
Jan21

Cruelmente evangélico, André Mendonça botou a polícia em cima de Noblat e Ruy Castro

Talis Andrade

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O ministro da Justiça, André Mendonça, afirmou que solicitará a abertura de um inquérito policial contra dois jornalistas por instigação a suicídio. Embora Mendonça não cite expressamente o nome dos jornalistas, a mensagem é direcionada a Ruy Castro, colunista da "Folha de S.Paulo", e Ricardo Noblat, da revista "Veja".

Parece uma piada macabra, um ministro de um necroestado ameaçar dois jornalistas com penas de até quatro anos numa sequência de posts no Twitter. Todo esse amor cristão para testemunhar a Jair Bolsonaro que é "terrivelmente evangélico". Fez o mesmo o antecessor no Ministério da Justiça e da Segurança Pública, Sergio Moro, quando ameaçou o jornalista Glenn Greenwald com a lei de segurança nacional, e o decreto da besta 666. Moro também era candidato ao STF por agouro de morte ou aposentadoria de algum ministro. 

Nada mais suicida do que Bolsonaro que foi pras ruas sem máscara para pegar a Covid-19. Agora imune, atiça as populações para o suicídio coletivo do contágio nas aglomerações que incentiva e participa, e recebe o povo com uma chuva de perdigotos.

Uma necropolítica que nega a vacina, e oferece remédios ineficazes para a Covid-19. O Bolsonaro charlatão que receita Cloroquina que mata, e o vermicida Azitromicina. 

O jornalista Reinaldo Azevedo estranha a cumplicidade do Conselho Federal de Medicina e da Associação Médica Brasileira. O charlantismo de Bolsonaro contamina governadores e prefeitos. 

Escreve Reinaldo: "O silêncio do Conselho Federal de Medicina e da Associação Médica Brasileira diante dos despropósitos de Bolsonaro é assombroso. As diretorias merecem ter seus respectivos nomes inscritos na história.

Neste domingo (10), Ruy Castro publicou a coluna "Saída para Trump: matar-se", em que sugere que a única forma de o presidente norte-americano entrar para a história como herói é se matando, como fez o brasileiro Getúlio Vargas.

"Se Trump optar pelo suicídio, Bolsonaro deveria imitá-lo", escreveu também o colunista.

Procurado pelo UOL, Castro respondeu ironizando comentários de Jair Bolsonaro durante a pandemia: "Não sou coveiro". Ricardo Noblat republicou em sua conta no Twitter trechos do texto de Ruy Castro.Image

Escreve Mateus Araújo:

Fazer viver e deixar morrer - ou definir quem vai sobreviver e quem vai morrer - faz parte de um conjunto de políticas de controle social através da morte: a chamada necropolítica, como define o conceito do filósofo camaronês Achille Mbembe. Professor da Universidade de Witwatersrand, em Joanesburgo, Mbembe cunhou o termo em 2003, em estudo sobre "mundos de mortes" da sociedade contemporânea, na qual "vastas populações são submetidas a condições de vida que lhes conferem o estatuto de 'mortos-vivos'", escreve. O poder, explica o autor, se materializa pela "expressão da morte". No contexto da pandemia do novo coronavírus, como o necropoder atua sobre a gente? Em entrevista à Folha, Achille Mbembe disse se tratar de um momento de calamidade que nos traz uma série de questões incômodas. "A questão é encontrar uma maneira de garantir que todo indivíduo tenha como respirar. 

André Mendonça faz parte de um governo genocida. E tão suicida quanto os governos de Hitler e Mussolini. A história registra suicídio coletivo. Até quando o governo militar negará a vacina contra a Covid-19? Mais de 50 países estão vacinando o povo em geral. 

Ministro André, quantos brasileiros vão morrer hoje sem ar, sem ar?Image

André Mendonça
@AmendoncaMJSP
Alguns jornalistas chegaram ao fundo do poço. Hoje 2 deles instigaram dois Presidentes da República a suicidar-se. Apenas pessoas insensíveis com a dor das famílias de pessoas que tiraram a própria vida podem fazer isso.
Apenas pessoas irresponsáveis cometem esse crime contra chefes de Estado de duas grandes nações. Fazê-lo é um desrespeito à pessoa humana, à nação e ao povo de ambos os países. 
Por isso, requisitarei a abertura de Inquérito Policial para apurar ambas as condutas. As penas de até 2 anos de prisão poderão ser duplicadas (§ 3º e 4º do art. 122 do Código Penal), sem prejuízo da incidência de outros crimes.
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