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O CORRESPONDENTE

Os melhores textos dos jornalistas livres do Brasil. As melhores charges. Compartilhe

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O CORRESPONDENTE

20
Mar23

Como o Brasil venceu o lawfare

Talis Andrade

Lawfare laerte.jpg

 

 

Fundamental tem sido a mudança de postura do Judiciário brasileiro

 

por Emir Sader

O Brasil foi um país onde o lawfare foi uma questão fundamental, pois interveio diretamente na história recente do país.

Lula e Dilma Rousseff foram as maiores vítimas do lawfare no Brasil. Agora eles estão viajando para a China. Ele, novamente eleito presidente do Brasil. Ela, como presidente do Banco dos Brics, vai se instalar em Xangai para assumir essa função.

Isso só foi possível porque o Brasil conseguiu derrotar as operações do lawfare, que prenderam Lula, impedido de concorrer à presidência do país. Ela foi derrubada da presidência por meio de um golpe, baseado na judicialização da política, no lawfare.

Após três governos antineoliberais eleitos sucessivamente, o quarto – o segundo de Dilma Rousseff – foi interrompido por um golpe, que rompeu a democracia no Brasil, como acontecera em 1964.

A justificativa para o golpe foi uma transferência de recursos dentro do Orçamento, o que não justifica, de forma alguma, o impeachment que foi imposto ao governo de Dilma Rousseff. Foi um claro caso de lawfare, a nova política da direita latino-americana.

Isso ocorreu depois que, com o fim de 21 anos de ditadura militar, o Brasil recuperou a democracia, realizando 7 eleições consecutivas. O golpe contra Dilma Rousseff permitiu que a direita voltasse a impor políticas neoliberais, com todos os retrocessos que o Brasil viveu ao longo de 6 anos, 4 dos quais sob o governo de Jair Bolsonaro.

Como o Brasil conseguiu superar esses retrocessos, derrotar o lawfare e voltar à democracia?

Fundamental tem sido a mudança de postura do Judiciário brasileiro. Depois de ter participado diretamente do golpe contra Dilma Rousseff. Após ter negado um habeas corpus pedido por Lula e, ao contrário, tê-lo feito prisioneiro e instaurado dezenas de processos contra o atual presidente do Brasil. O Judiciário foi mudando de posição, a ponto de, como me disse o presidente da Argentina, Alberto Martinez, o Judiciário passou a ter uma posição bem menos conservadora do que o Judiciário argentino.

Lula conseguiu que em todos os processos contra ele, ele fosse considerado inocente. Ele não apenas saiu da prisão, mas recuperou todos os seus direitos políticos. A ponto de ter sido, mais uma vez, candidato à presidência do Brasil, triunfado e voltado a presidir o país.

A mudança de posição do Judiciário foi decisiva, o que foi importante porque, depois de complacente com a chegada de Bolsonaro à presidência do Brasil, tornou-se um empecilho fundamental para limitar as arbitrariedades cometidas por ele.

A liderança de Lula, sua capacidade de unificar todos os setores anti-Bolsonaro, tem sido o outro fator decisivo para impedir que o lawfare continue atuando contra o processo de redemocratização do Brasil.

Assim, não houve apenas uma derrota jurídica do lawfare no Brasil. Embora apenas uma pequena parcela dos juristas tenha atuado de forma coerente com a redemocratização do país, o Judiciário passou a ter papel decisivo na reversão do lawfare e na judicialização da política no Brasil.

Também era necessária uma derrota política do lawfare, com a afirmação de uma força nacional, comandada por Lula, para isolar as lideranças e as formas de atuação do bolsonarismo.

Ficou assim claro que somente com a derrota do lawfare e suas ações nocivas na política, foi possível reintroduzir a democracia no Brasil e o retorno de Lula à presidência do país.

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05
Fev23

Comemorar o golpe é crime contra a democracia

O objetivo da direita é naturalizar o golpe, descaracterizar a brutalidade do golpe e da ditadura

Talis Andrade
 
 
 
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por Emir Sader

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Como parte do golpe contra a democracia, que incluiu o impeachment contra a Dilma, foram restabelecidas, especialmente por setores das FFAA, as comemorações do aniversário do golpe de 1964. Era uma medida coerente com a nova ruptura da democracia.

Já no novo processo de redemocratização, estamos perto de chegar a um novo primeiro de abril. Não cabe, nesse marco, nenhum tipo de comemoração de um golpe militar.

Comemorar o quê? Quem comemoraria? 

Comemorar seria saudar o golpe militar, a ruptura da democracia, os anos mais negativos da historia brasileira, marcado pela ditadura militar, pela repressão, pela tortura como forma sistemática de interrogatório, por mortes, desaparições e exílios.

Quem chega a comemorar quer isso de novo para o Brasil? Considera a ditadura melhor do que a democracia? Prefere que os militares ocupem o Estado de novo e dirijam o país? Prefere a censura em lugar da liberdade de expressão pelos meios de comunicação? Prefere eleições ou presidentes (na verdade, ditadores) nomeados pelos militares?

Seria uma comemoração dos retrocessos, a condenação da redemocratização do país. Na verdade, se constituiria em uma ação criminosa, um crime contra a democracia, um incentivo aos que querem restaurar uma ditadura no Brasil.

O ministro da defesa afirmou que terá que negociar com os militares a eventual comemoração do dia do golpe militar de 1964. Que tipo de negociação? O governo deveria proibir uma comemoração da ditadura ou negociar os termos em que poderia se dar uma comemoração do golpe militar de 1964?

O objetivo da direita é naturalizar o golpe, fazer com que seja uma data incorporada à história do Brasil, como as datas da independência, da República, entre outras. Descaracterizar a brutalidade do golpe e da ditadura militar. Que seja um período político da nossa história como outros períodos, os de caráter democrático.

Se poderia comemorar, se se fizer o que propõe um deputado do PT, de que se faça do dia 8 de janeiro o dia da luta contra o terrorismo. Comemorar o dia primeiro de abril como o dia da luta contra a ditadura.

 
 
 
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25
Set22

"Debate do SBT foi circo de horrores e o único fiel do Padre Kelmon é o Roberto Jefferson", diz Hildegard Angel

Talis Andrade

 

"Kelmon conseguiu o que queria, avacalhar e constranger o debate, e vai ao debate da Globo, a lei permite isso"

 

247 - A jornalista Hildegard Angel participou do Bom Dia 247 e analisou o debate presidencial no SBT que não contou com o ex-presidente Lula. De acordo com ela, o evento foi uma "festa de horrores”. 

“O pior foi a presença desse padre Kelmon que nunca rezou uma missa, o único fiel que ele tem é o Roberto Jefferson. Ele conseguiu o que queria, avacalhar e constranger o debate, e vai ao debate da Globo, a lei permite isso”.Armado, Roberto Jefferson ameaça "comunistas" e pede "demissão" do STF

Vídeo: Roberto Jefferson critica embaixador da China

PF prende o ex-deputado Roberto Jefferson em decorrência do inquérito das  milícias digitais | Jornal Nacional | G1

Padre Kelmon, natural de Acajutiba (BA), faz parte de um partido grande aliado de Bolsonaro e foi escolhido como substituto do ex-deputado Roberto Jefferson (PTB), que teve a candidatura barrada pela Justiça, visto que foi considerado ficha-suja

Paulo RJ
@hospicio_brasil
"Eu vos declaro Linha Principal e Linha Auxiliar..."ImageImage
Aqui o documento de que o vice de Roberto Jefferson não é padre. Se este documento é válido o PTB pretende desmoralizar as eleições, conforme plano de BolsonaroImage
O presidente do Peru precisa levantar a ficha do padre racista de Bolsonaro candidato a presidente. Ele é 14. 7 + 7. Duas vezes mentiroso. Mente por ele e por Roberto Jefferson. Representa o partido integralista, nazi-fascista
Folha de S.Paulo
@folha
"Vocês pregam políticas para que o brasileiro odeie o brasileiro. Lei de cotas? Os negros não precisam de ajuda para chegar à universidade ou a um emprego de qualidade", diz Padre Kelmon (PTB).
Leandro Sartori Molino #DemocraciaVerde
@lesarmol
Quer dizer que o candidato do de Bob Jeff à Presidência nem é Padre? Mas é indubitavelmente ligado ao INTEGRALISMO? Ao FASCISMO??
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Que faz o vice de Bolsonaro, que foi interventor de Temer no Rio de Janeiro, quando Marielle Franco foi executada? O marechal de contracheque está tramando algum golpe?
leon
@leo_8947
Quem poderia imaginar que o "Padre" Kelmon faz parte da extremista Frente Integralista Brasileira?!Image
Lúcio Costa
@Lucio__Costa
Bolsonaro descolou um padre fake para fazer tabelinha e o SBT bancou a participação do elemento. Não foi um debate, foi estelionato transmitido ao vivo pela televisão!Image
Natália Portinari
@ntlportinari
para todo mundo que está se perguntando quem é Padre Kelmon, segue um texto de agosto da coluna da : vice de Roberto Jefferson se passa por padre ortodoxo, mas não pertence à Igreja
Lenio Luiz Streck
@LenioStreck
O SBT chegou no auge do bizarro, do patético! O padre Bocó do PTB fazendo o réquiem dos debates eleitorais. Que feio. Avacalhamento da religião. E da política. O cara vai “fardado”. Que vergonha. Bah. O cara é o avatar do Jeferson. Fundo da várzea.
Leandro Pereira Gonçalves
@leandropgon
O candidato à presidência vestido de padre, o senhor Kelmon Luis da Silva Souza, tem uma longa relação com o fascismo brasileiro. Alguma surpresa?
 
Emir Sader
@emirsaderImage
Benzido bate-coxa, rala bucho de Ciro e Bozo
01
Abr22

Golpe 1964 sangrenta cruel covarde ditadura militar

Talis Andrade

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Primeiro de abril, primeiro dia do golpe militar de 31 de março de 1964. Que instalou uma sangrenta, cruel e covarde ditadura, tendo o nazismo, o fascismo, o franquismo, o salazarismo como modelos. 

Primeiro de abril de 1964, primeiro dia de prisões políticas. De tortura dos adversários. De assassinatos. A única salvação possível o exílio no além dos mares, em um país democrático da Europa, ou no Chile de Allende. 

Primeiro de abril, início dos anos de chumbo, de 21 anos de escuridão e medo. De 1964 a 1985 o sofrimento e morte nos porões da tortura. O terror da vigilância e espionagem dos gorilas armados, dos presidentes marechais, da junta militar, das eleições indiretas, dos atos institucionais, do mortal AI-5, da espia no trabalho, da espreita nos lares, da censura nos jornais, nos livros, nas escolas, nos teatros, nos filmes, nas televisões. Tempos sombrios. Idade das trevas. Dos inimigos da claridade.ImageImageImage

Thiago Süssekind
A história de Rubens Paiva ilustra bem o horror da ditadura. Deputado federal pelo PTB, aliado de Jango, acabou tendo o mandato cassado. Sempre foi um democrata; nunca se engajou em qualquer luta senão a política. Ainda assim, foi torturado. E morto. Era essa a pena de discordar.Image
maria #DitaduraNuncaMais
@narizinf
Stuart Angel, militante do MR8 e filho da estilista Zuzu Angel, foi assassinado pelo regime militar, em 1971. grande inspiração para mim, como atual estudante de economia, curso também optado por ele. sua luta jamais será esquecida. STUART VIVE! #DitaduraNuncaMaisImageImage
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Gerson Salvador
@gersonsalvador
Antônio Carlos Cabral. Como eu, estudou medicina na USP, dirigiu o Centro Acadêmico Oswaldo Cruz, foi jogador de futebol e rugby, sonhou com uma sociedade mais justa e solidária. Diferente de mim, morreu aos 23 anos, assassinado pela Ditadura Militar.
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Documentos secretos e gravações originais da época mostram a influência do governo dos Estados Unidos no Golpe de Estado no Brasil em 1964. O filme destaca a participação da CIA e da própria Casa Branca na ação militar que deu início a ditadura.

O filme O dia que durou 21 anos, direção de Camilo Tavares, tem como ponto de partida a crise provocada pela renúncia do presidente Jânio Quadros, em agosto de 1961, e prossegue até o ano de 1969, com o sequestro do então embaixador dos Estados Unidos no Brasil, Charles Burke Elbrick, por grupos armados. 

 

20
Dez21

Depois da ameaça de ser metralhada por Ratinho, Natália Bonavides recebe a solidariedade do V Congresso da Juventude (vídeos)

Talis Andrade

 

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Natália Bonavides de blusa vermelha

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Natália entre Gleisi e Lula

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A deputada federal participou da 1ª Cavalgada da Reforma Agrária do RN! "Satisfação estar ao lado dessa companheirada que quer reconstruir nosso país ao lado do presidente @LulaOficial. Muito obrigada pela recepção! 

Do campo, a deputada federal Natalia Bonavide rumou para o V Congresso da Juventude. 

Marcha Mundial das Mulheres
@marchamulheres
Estamos junto com Natália Bonavides! Respeitem as mulheres na política
Patricia Campos Mello
@camposmello
Natália Bonavides
O apresentador Ratinho sugeriu que eu fosse metralhada, em programa visto por milhares de pessoas. Incitar homicídio é crime! Ele coloca a minha vida e minha integridade física em risco. Ratinho ainda disse que eu fosse lavar as cuecas de meu marido.

Mônica Bergamo
@monicabergamo
"Costura a calça do teu marido".Image
 

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Ratinho sugere "eliminar" deputada do PT

 
 
09
Dez21

Série Pistoleiros: os sucessores do Escritório do Crime e a guerra sem fim do jogo do bicho

Talis Andrade

Leonardo Gouveia da Silva, o Mad ou Paraíba, preso em Vila Valqueire — Foto: Reprodução/TV Globo

Leonardo Gouveia da Silva, o Mad ou Paraíba, preso em Vila Valqueire — Foto: Reprodução/TV Globo

 
Por Rafael Soares /Extra

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A Praça Miguel Osório, no Recreio, Zona Oeste do Rio, estava vazia quando o PM reformado Anderson Cláudio da Silva, o Andinho, abriu a porta de seu BMW preto. Era noite de 10 de abril de 2018, e Andinho, que era dono de uma empresa de segurança, tinha acabado de sair de uma reunião de negócios que teve com sua sócia num prédio próximo. Ele não conseguiu dar a partida no veículo para ir para casa: seu carro foi alvo de dezenas de disparos de fuzil e pistola, e o PM morreu na hora.

A primeira linha de investigação apontava para uma cena de execução: homens encapuzados teriam passado num carro atirando na vítima. No entanto, provas coletadas no local causaram uma reviravolta no inquérito. Peritos da Delegacia de Homicídios (DH) concluíram que ali também aconteceu um tiroteio: dois grupos diferentes de pistoleiros foram executar Andinho ao mesmo tempo, no mesmo local. E, como um bando não sabia do outro, os dois acabaram trocando tiros entre si.

Série Pistoleiros: a caminhada em busca das histórias de assassinos

Um dos grupos foi descoberto e teve seus integrantes presos: o Escritório do Crime. Já o outro não foi identificado até hoje. O quinto e último episódio de Pistoleiros, um podcast original Globoplay produzido pelo GLOBO, mostra que, após prisões e mortes de todos os chefes do Escritório do Crime, novos grupos especializados em matar seguem sendo recrutados. Ao longo de cinco capítulos diários, a série — resultado de um trabalho de um ano e meio de apuração — revelou histórias inéditas sobre o submundo da pistolagem carioca. O primeiro episódio conta a história de Ronnie Lessa, principal suspeito de assassinato de Marielle Franco. Já o segundo, fala sobre o capitão Adriano, chefe do Escritório do Crime. O terceiro, conta a história de Batoré, o assassino de confiança do capitão Adriano, e o quarto, a de Mad, sucessor de Batoré no cargo de principal matador do Escritório do Crime.

Série PistoleirosTranscrição do Episódio 5

Dois carros na cena do crime

As marcas de tiro encontradas no BMW de Andinho e nos outros carros que estavam estacionados na praça na noite da execução levantaram a suspeita dos peritos: havia marcas em várias direções — um sinal de que havia acontecido um confronto. Só que a pistola que Andinho portava estava travada e municiada, o que levou a perícia a concluir que o PM não teve tempo para reagir. Como ele havia ido sozinho à reunião, a polícia começou a acreditar que o crime envolvia dois grupos de atiradores.

A suspeita virou certeza quando os agentes da DH descobriram que havia dois carros na cena do crime. Um deles era um HB20 vermelho, que foi abandonado por um dos grupos de pistoleiros na mesma noite a 1 km de distância. O veículo foi deixado no local porque um dos atiradores havia sido baleado: o ex-PM David Soares Batista, que foi preso em flagrante naquela noite porque portava ilegalmente uma pistola 9mm. Após abandonarem o carro e o ferido, os outros quatro homens renderam um motorista que passava, roubaram outro carro e fugiram. A vítima do roubo afirmou que todos os homens portavam fuzis.

Série Pistoleiros: Conheça a Patamo 500, patrulha que formou Ronnie Lessa, acusado de assassinar Marielle Franco

Já o carro usado pelo outro bando era um Honda Fit prata. O veículo foi descoberto depois que os peritos levaram para análise um fragmento de vidro, quebrado no tiroteio e apreendido no local do crime. O código FZ201308 impresso no vidro levou a polícia a concluir que ele pertencia a um Honda Fit que havia sido roubado meses antes do crime. Para o Ministério Público, esse foi o carro usado pelo Escritório do Crime para executar Andinho.

Grupo ainda não descoberto

As provas contra o consórcio de matadores chefiado pelo ex-capitão do Bope Adriano da Nóbrega foram encontradas pelos promotores do Grupo de Atuação Especial no Combate ao Crime Organizado (Gaeco) na internet. Nas contas de e-mail de um dos integrantes do grupo, o MP encontrou um dossiê sobre Andinho, com dados pessoais, endereços da casa e de trabalho, informações sobre suas empresas, referências aos filhos, veículos, e fotos do PM e de fachadas de imóveis relacionados a ele.

Série Pistoleiros: Adriano, o prodígio da turma de galáticos do Bope que virou matador de aluguel

Dados das contas também revelaram que os pistoleiros sob comando de Adriano seguiram os passos de Andinho nos meses anteriores ao crime e chegaram até a filmar a fachada de sua casa. Além disso, a presença do Escritório do Crime na praça foi comprovada por uma prova pericial: cartuchos encontrados no local foram disparados pelo mesmo fuzil usado pelo grupo em outro homicídio um mês antes: o assassinato do bicheiro Marcelo Diotti.

Essas provas foram apresentadas pelo MP à Justiça em junho de 2020, quando Leonardo Gouvêa da Silva, o Mad, teve a prisão decretada. Mad era braço direito de Adriano e o sucedeu na chefia da quadrilha de matadores, depois que o ex-capitão foi morto na Bahia, em fevereiro de 2020. Hoje, Mad está preso e responde pelo homicídio de Andinho. Já o outro grupo, integrado pelo ex-PM David Batista e que usou o HB20 vermelho para o ataque, ainda não foi descoberto. Nenhum dos outros integrantes foi identificado e não há informação sobre outros crimes que eles tenham cometido.

Série Pistoleiros: Batoré, o assassino de confiança do capitão Adriano

Para o MP, Andinho foi assassinado em meio a uma guerra entre herdeiros do espólio criminoso do capo Castor de Andrade. Uma testemunha revelou à polícia que o PM era segurança do genro de Castor, Fernando Iggnácio, um dos postulantes aos pontos de jogo. De acordo com o depoimento, Andinho sabia que estava com a cabeça a prêmio porque cumpriu uma ordem de Iggnácio para “quebrar máquinas caça-níqueis na comunidade de Vila Vintém, as quais seriam pertencentes ao contraventor Rogério Andrade”, sobrinho de Castor e rival de Iggnácio.Juíza que soltou Rogério Andrade manda bicheiro comprovar trabalho lícito |  Rio de Janeiro | O DiaSTF suspende prisão preventiva do bicheiro Rogério Andrade

Ainda de acordo com o depoimento, a quebra das máquinas “deixou Rogério Andrade furioso, a ponto de elaborar uma emboscada para tentar matar Anderson”. O mandante do crime, entretanto, ainda não foi denunciado à Justiça. Policiais que investigaram o crime acreditam que o mesmo mandante enviou dois grupos diferentes ao local, sem avisá-los da existência um do outro.

Série Pistoleiros: Mad e a execução de Haylton Escafura num hotel na Barra da Tijuca

Sete meses depois do segurança, o chefe foi executado: Fernando Iggnácio foi morto num heliponto na Barra da Tijuca, em novembro de 2020. Com o Escritório do Crime fora do mapa, um novo bando de pistoleiros foi recrutado a jato para a missão. Seus integrantes foram identificados, e todos eles estavam fora do radar da polícia; nunca haviam sido apontados como matadores. Hoje, Rogério Andrade responde pelo crime.

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05
Nov21

A Lava Jato é o partido da direita

Talis Andrade

 

 

por Emir Sader

A direita não tem partido. Ela muda de partido, conforme suas conveniências. Seu partido foram as FFAA durante a ditadura militar. Foi o bloco neoliberal – PSDB, mídia, grande empresariado – durante o governo de FHC. Agora o partido da direita é a Lava Jato – uma aliança entre o Judiciário, a mídia e o grande empresariado.

Antes do golpe de 1964 a direita se representava basicamente na UDN, como partido político, e na Escola Superior de Guerra, que formulava e difundia no Brasil a Doutrina de Segurança Nacional. A UDN, que tinha em Carlos Lacerda seu principal líder político e candidato às eleições presidenciais previstas para 1965, se caracterizava por sempre pregar o golpe: contra o Getúlio em 1964, contra a posse do JK em 1965, na renúncia do Jânio em 1961 e em 1964.

A alternativa golpista foi construindo suas próprias organizações, entre elas o IPES (Instituto de Pesquisas e Estudos Sociais) e o IBAD (Instituto Brasileiro de Ação Democrática), com financiamento direto dos Estados Unidos. Elas produziam conteúdos para rádio, televisão, jornais e cinema, pregando o anticomunismo e a derrubada do governo do João Goulart. Elas gastavam 60 mil dólares na publicação de livros para oficiais das FFAA – objeto privilegiado da ação golpista -, tendo organizado 1.706 exibições de filmes em quartéis, bases, escolas e navios.

Conforme a opção da direita brasileira foi se canalizando diretamente para o golpe militar, a UDN foi substituída definitivamente pela alta oficialidade da FFAA como partido de representação da direita brasileira. A expectativa de Carlos Lacerda de que JK e Brizola – os outros candidatos para as eleições de 1965 – fossem cassados e ele concorresse praticamente sozinho, foi frustrada e os militares se apropriaram do Estado brasileiro, militarizando-o, até o fim da ditadura.

Até os anos 2000, a direita brasileira tinha nos partidos tradicionais da direita, especialmente na Arena (depois PDS) e no PFL, seus representantes. Quando o Fernando Collor caiu, se diz que Roberto Marinho teria dito: “Já não elegeremos alguém do nosso campo”, indicando que teriam que escolher alguém do outro campo, que defendesse seus interesses.

FHC se apresentou para esse papel, assumindo como ministro do governo de Itamar Franco, relançando o programa econômico do Collor com outra versão – que desembocaria no Plano Real. E, depois, sendo o candidato da direita à presidência. Dali, chamou o PFL (Antônio Carlos Magalhães, em particular, seu principal dirigente político) para estabelecer um novo bloco de alianças partidárias para governar o Brasil como o modelo neoliberal.

Em torno deste se articularam a grande mídia e o grande empresariado, que formaram um bloco solido e dinâmico, que propagou as ideias neoliberais – desqualificação do Estado, abertura do mercado interno ao mercado internacional, desregulamentação da economia, privatização das empresas estatais, entre outras. Se construiu um novo consenso nacional, estreitamente vinculado aos novos consensos internacionais da era da globalização, que impuseram o neoliberalismo como nova ideologia dominante também no Brasil. A direita brasileira se representava neles, tendo no PSDB – em aliança com o PFL – sua representação político-partidária. Os meios de comunicação – praticamente todos os grandes meios, da TV às rádios, passando pelos jornais e revistas – foram os grandes propagadores das novas ideias, promovidas como um suposto “pensamento único”, tendo em um grande numero de economistas seus novos teóricos, do qual nenhum governo poderia escapar – tendo na adesão de um partido que se pretendia social democrata, como o PSDB, a esse novo modelo e a essas novas ideias. Mesmo depois do fim do governo de FHC, a direita brasileira continuou a se representar no PSDB, que disputou quatro eleições com o PT, tendo perdido todas elas, defendendo o programa neoliberal do governo de FHC.

Na década passada a direita brasileira mudou sua estratégia e sua representação política. Derrotada quatro vezes em disputas eleitorais democráticas, optou pelo atalho do golpe. Contestou a legitimidade do governo da Dilma, para apelar para o impeachment, sem nenhum fundamento jurídico, promovendo, de novo, um golpe e uma ruptura da democracia.

Sua representação política se foi deslocando, desde o primeiro governo Lula, para o Judiciário e, em particular, para a Lava Jato, que foi se constituindo como um verdadeiro partido político. Seu diagnóstico era de que o problema principal do Brasil era a corrupção, de que o PT era o seu principal agente, que tinha se apropriado do Estado e das empresas estatais, para financiar suas campanhas eleitorais, generalizando a corrupção por todo o Estado e o sistema político.

O “mensalão” foi sua primeira versão, seguida pelas denúncias contra as empresas estatais - a Petrobrás em primeiro lugar – e as empresas construtoras – com a Odebrecht como destaque. Os meios de comunicação foram os maiores aliados das instâncias jurídicas, difundindo a imagem da corrupção do PT como a grande bandeira da direita para tirar o partido do governo e tentar impedir que ele retornasse.

A guerra híbrida, como nova estratégia da direita, corrompia a democracia liberal desde dentro, perseguindo, prendendo e condenando a dirigentes políticos acusados de envolvimento com corrupção, assim como empresário. Seria a grande limpeza nacional da corrupção, operada pela Lava Jato, que tinha em juízes como Sérgio Moro e Deltan Dallagnol, seus pop-stars, os novos heróis da direita, que conseguiram tirar o PT do governo, prender, condenar o Lula e levar o Bolsonaro à presidência da República.

Uma nova estratégia golpista requereu assim uma nova forma de representação política da direita, que passou a ter no Judiciário e, em particular na Lava Jato, seus agentes políticos. Em torno dela, uma imensa rede de meios de comunicação – TV, rádios, jornais, revistas, internet – se unia e assumia tanto o diagnóstico, quanto as ações de liquidação da corrupção no Brasil. Foi uma nova hegemonia, construída ao longo de muito tempo no Brasil – começou na luta contra o Getúlio, passou pelo governo Jango e desembocou nos governos do PT. Conseguiu deslocar a centralidade das questões sociais e da luta contra as desigualdades, que o PT havia conseguido impor e mediante as quais havia ganho quatro eleições democraticamente.

A disputa política e no plano das ideias atualmente no Brasil se dá em torno das tentativas de sobrevivência da Lava Jato – na qual se emprenham diretamente o Moro e o Deltan, entre outros políticos e meios de comunicação lavajatistas – e a retomada do diagnóstico e das propostas em torno da visão de que o principal problema do Brasil são as desigualdades sociais, que tem que ser combatidas com governo que retome o crescimento da economia, a geração de empregos e a centralidade das políticas sociais. Por isso o enfrentamento partidário entre a Lava Jato e o PT (e as forças identificadas com a estratégia petista) ocupa o centro dos debates e da disputas políticas no país hoje.

 

 

27
Set21

Vivemos os piores mil dias de nossas vidas

Talis Andrade

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por Emir Sader

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Já vivemos momentos muito ruins em nossas vidas. Momentos de ditadura, de fome, de falta de esperança.

Já vivemos tempos muito desesperadores, como durante o regime militar. Já vivemos anos de muita miséria, de abandono, de degradação do país.

Mas nunca como nestes mil dias. Nunca se juntaram tantas coisas ruins ao mesmo tempo. Nunca o que há de pior esteve no governo do Brasil como agora.

Pelo menos 2 milhões de pessoas tiveram a renda reduzida e caíram para a extrema pobreza.  Em regra são pessoas que vivem nas ruas ou em barracos e enfrentam insegurança alimentar. Só no estado de São Paulo há 1,79 milhões de pessoas na pobreza e cerca de 394 mil novos pobres desde 2020.

Temos o maior número de pessoas na miséria – 41,1 milhões. Há ainda 2,8 milhões de pessoas na pobreza, com renda per capita entre 90  e 178 reais mensais. O número de desempregados chega a 14,8 milhões de pessoas.    

O salário mínimo necessário seria de 5.422 reais, 5 vezes maior que o piso existente. A insegurança alimentar aumentou em 33%.

Entre desempregados e pessoas vivendo na precariedade – isto é, com formas de sobrevivência inseguras, sem carteira e contrato de trabalho, sem férias remuneradas, sem licença maternidade, sem garantia que seguirão tendo ganhos no mês seguinte -, estão hoje a maioria dos brasileiros. Nunca tanta gente vive e dorme nas ruas das grandes cidades brasileiras, completamente abandonados.

Não bastasse tudo isso, o país vive a degradação de ter um presidente que não governa o país, que se preocupa em sobreviver, ele e seus filhos, diante da imensa quantidade de crises cometidas. Vivemos em um país como uma nau desgovernada, na direção do abismo, sem que ninguém faça nada.

A inflação cresce dia a dia e corrói o parco salário das pessoas. Os preços, sobretudo dos alimentos, diminuem cada vez mais o que as pessoas conseguem comer.

Mil dias de dilapidação da ação do Estado, de liquidação do patrimônio público, de ausência da do Estado como regulador da economia, como limite para a superexploração dos trabalhadores.Image

Tentam impor o ódio entre as pessoas, o ódio contra quem diverge, as ameaças de golpe e os sentimentos de morte. Fazem do cotidiano das pessoas um inferno.

Passamos a ter, como nunca, vergonha de ser brasileiros. O país é escrachado pelo mundo afora, é vítima de chacotas. O país tem o presidente mais ridicularizado, mais vítima de piadas na mídia mundial.

São os piores mil dias que já tivemos nas nossas vidas. Dias e noites de ansiedade, de insegurança, de depressão, de desesperança.

Tempos de acordar e não ter coragem de contar quanto tempo ainda seguiremos nesse pesadelo interminável. Sem capacidade de pensarmos como vamos viver ainda no meio das mentiras e do descaso com a pandemia.

Como sobreviver com a grande maioria passando fome, na miséria, no abandono, sem governo e sem cuidados? Como ter ânimo para acordar cada manhã com esse governo, com esse cara na presidência do país?

Como o país pode sobreviver sem governo, sem Congresso, sem política econômica que faça o país voltar a crescer e gerar empregos? Como sobreviver a esse governo por tanto tempo ainda?

Mil dias querendo destruir nossas esperanças de que o Brasil pode ser melhor e vai ser melhor. Mil dias que tentam nos desmoralizar, nos desalentar. Como se tivéssemos que viver assim para sempre, como se não tivéssemos alternativas.

Mil dias de tentativas de que nos esqueçamos de que já tivemos um Brasil melhor para todos, um país que tinha outra imagem no mundo, que tinha presidente e presidenta respeitados e referência no mundo.

Não haverá rancor, mas justiça contra quem nos faz viver os piores anos das nossas vidas.

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19
Set21

Por que o documentário fakeada incomoda tanta gente?

Talis Andrade

Bolsonaro foi vítima da banalidade do mal que tanto defende

 

por Emir Sader

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O documentário de Joaquim de Carvalho presta um serviço excepcional ao Brasil, ao revelar tantas coisas de que desconfiávamos muito. Muita coisa é simplesmente fundamentar com provas concretas o que imaginávamos e que agora deixam de ser desconfianças, para ser conhecimento real da realidade.

Outras são coisas que são revelações realmente novas, que tornam o caso ainda mais escandaloso.

Mas uma das perguntas que já nos colocávamos e que se tornaram ainda mais agudas é: por que a mídia deixou passar batida aquela facada? Por que ninguém da mídia tradicional se debruçou sobre aquilo?

Porque era funcional à vitória do seu candidato. E ninguém se atreveu a romper aquele silêncio criminoso. Como não é possível que não tivessem se colocado interrogações sobre um episodio tao esquisito e tao funcional à vitória de um candidato, evitaram investigar, porque era útil para a eleição do candidato que tinham escolhido.

Como aceitaram que o candidato não participasse dos debates? Só porque deixaram passar batida a balela da facada, sem sequer se dedicarem a investigá-la.

Agora várias pessoas, para minha surpresa, se incomodam muito com o documentário. Não tem argumentos para discutir a veracidade do documentário.

Mas acusam a culpabilidade de não ter abordado o tema da facada, se sentem envergonhados por terem deixado passar um caso que qualquer jornalista com um mínimo de sensibilidade, teria se dedicado a investigar. Pelo menos, a se perguntar se tinha sido realmente um atentado ou uma farsa.

Para encobrir essa vergonha, se dedicam a atacar a Joaquim de Carvalho, um dos melhores e mais competentes jornalistas brasileiros. Ataques para os que pretendem desviar a atenção tanto da quantidade de argumentos do documentário, que fazem dele uma peça fundamental para desvendar tudo o que passa no Brasil de hoje, quanto da responsabilidade da mídia e dos jornalistas, que se calaram sobre aquela farsa.

É muito incômodo para quem diz que a eleição do Bolsonaro foi legítima e que vivemos numa democracia, ver e aceitar as provas incontestáveis do documentário. Se a facada tivesse sido desmascarada naquele momento, ainda antes do primeiro turno, o que teria acontecido com a candidatura do Bolsonaro?

Os que deixaram passar batido aquela farsa, tem que se incomodar muito com o documentário. Porque ali se mostra que tudo foi uma farsa. Que a facada foi forjada. Essas provas, somadas às declarações do Bolsonaro a dois dos seus comparsas de então de que a partir da facada, ele não perderia mais as eleições e outras afins, conformam o quadro da farsa que foi a eleição do Bolsonaro.

Já não bastassem o golpe inconstitucional contra Dilma Rousseff e a prisão e impedimento do Lula de ser eleito no primeiro turno em 2018, o documentário complementa o cenário de absoluta ilegitimidade da eleição de Bolsonaro. Tudo sob o olhar passivo e complacente do Judiciário e da mídia.

Vejam, se ainda não viram, o documento de Joaquim Carvalho sobre a fakeada e entendam, de forma cabal, como foi forjada a eleição do Bolsonaro. E como o que o país sofre, desde então, é resultado também da farsa da fakeada.

Nota deste correspondente: A mídia deu espaço para diferentes mentiras sobre Adélio: Veja esta de um tal Renato Cunha, "Advogado Criminalista e Militar Licenciado pelo exercício das funções, Chefe de Gabinete da 2ª Procuradoria de Justiça Criminal do Ministério Público do Estado de Alagoas (...)

3. Há rumores que circulam na internet de que houve um depósito efetuado na conta do agressor, salvo engano no dia do ato cometido, no montante de R$ 350.000,00 (trezentos e cinquenta mil reais). Investigue-se;

4. Três outras pessoas estão sendo investigadas por, no mínimo, serem partícipes do crime. Pergunta-se: Seria uma organização criminosa ou uma ramificação de outra?"

Nunca existiram essas "três outras pessoas".

Ramificações criminosas existem várias no Rio das Pedras no Rio de Janeiro. Uma delas, o Escritório do Crime. 

Várias outras aberrações encontraram espaço no jornalismo marrom, para servir de prova, dar veracidade aos boatos infames espalhados por figuras bolsonaristas, notadamente, pastores e militares.

Verificamos: Atentado contra Jair Bolsonaro com checagens em tempo real |  Agência Lupa

Outro pastor que espalhou boatos foi Marco Feliciano. Publicado

Por Sérgio Rodas/ ConJur

O deputado federal Marco Feliciano (Republicanos-SP) não provou sua acusação de que o ex-deputado Jean Wyllys (PT-RJ) teve participação na facada recebida pelo presidente Jair Bolsonaro durante as eleições de 2018 e teve a intenção de caluniar Wyllys ao publicar tal afirmativa.

Com esse entendimento, o 5º Juizado Especial Cível do Rio de Janeiro condenou o pastor a pagar indenização por danos morais de R$ 41,8 mil ao petista. 

Além disso, o deputado deverá fazer retratação pública em seu perfil no Twitter. Se descumprir a medida, terá que pagar multa de R$ 20 mil.

Em abril de 2020, Feliciano publicou em suas redes sociais mensagem associando Wyllys a Adélio Bispo, autor da facada contra Bolsonaro.

“Segundo @oswaldojunior, EM DEPOIMENTO À PF, TESTEMUNGA (sic) REVELA QUE ADÉLIO BISPO ESTEVE NO GABINETE DE JEAN WYLLYS. No dia do atentado alguém deu entrada na Câmara dos Deputados c/a identidade de Adélio. Jean renunciou mandato e saiu do país após eleição...", declarou Feliciano, compartilhando link do site Renews.

Jean Wyllys foi à Justiça, afirmando que a notícia era falsa, uma vez que a Polícia Federal, em dois inquéritos, concluiu que Adélio Bispo agiu sozinho e sem mandantes.

O 5º Juizado Especial Cível do Rio entendeu que Feliciano extrapolou o direito à liberdade de expressão. Isso porque não comprovou sua acusação de que Bispo esteve no gabinete de Wyllys.

Além disso, o juízo declarou que o pastor teve a intenção de caluniar o petista, sugerindo que ele estava associado à tentativa de homicídio de Bolsonaro.

Processo 0121680-46.2020.8.19.0001

Também apareceram vaquinhas virtuais. O Diário do Poder propaga:

"Em uma dessas campanhas o pedido é feito pelo 'nosso guerreiro Adelio"

E acrescenta o Diário do Poder, por Francine Marquez:

"Em menos de 24 horas, Adelio Bispo de Oliveira, que agrediu com uma facada o deputado federal e candidato a Presidência, Jair Bolsonaro (PSL-RJ), ganhou quatro campanhas de financiamento, para custear as despesas judiciais.

As 'vakinhas' foram criadas por Marlon Costa, de São João de Meriti/RJ, Hudson Alves, de Brasília, Talles de Peruibe, interior do estado de  São Paulo e Genival Da Costa Bentes de Santarém/PA. O Diário do Poder tentou entrar em contato com Hudson Alves, por meio de mensagem, para saber qual o motivo para criar uma campanha em prol de Adelio, porém não recebeu nenhuma resposta até o momento.

Nas campanhas os 'solidários' autores pedem ajuda para Adelio, a quem consideram um herói. 'Vamos ajudar a tirar esse herói da cadeia', ou 'Vamos ajudar o nosso guerreiro Adelio, esse homem que por um descuido acabou sendo preso'.

Descuido foi treinar tiro ao alvo com o filho 02 de Bolsonaro, vereador Carlos Bolsonaro do Rio de Janeiro, e praticar o atentado com uma faca. 

A mais safada e abusiva notícia foi publicar uma foto de um inexistente irmão de Adélio com Lula. Usaram a foto do médico ortopedista Marcos Heridijanio. Veja aqui

Bolsonaro é mitomaníaco. Seus propagandistas tinham que ser inimigos da claridade. 

11
Ago21

Militares fazem do Brasil uma república de banana

Talis Andrade

 

por Emir Sader

- - -

Cena patética: quando o Congresso brasileiro se preparava para derrotar a proposta de Bolsonaro de mudar as urnas eletrônicas para votação no papel, 150 veículos militares, entre eles um tanque velho, atravessaram a Esplanada dos Ministérios, em Brasília. Saiu um soldado de um deles, que subiu a rampa do Palácio do Planalto e entregou a Bolsonaro, ladeado por seus ministros militares e alguns civis, um convite para participar de um exercício militar na Marinha.

A pantomima foi o pretexto de Bolsonaro para pressionar o Congresso, sabendo que sua proposta seria derrotada pelos parlamentares. O presidente da Câmara dos Deputados, aliado de Bolsonaro, disse que foi uma coincidência trágica. Já a Marinha afirma que seu desfile militar não tem relação com a decisão do Congresso.

Com isso, Bolsonaro mostra força militar, se fortalece militarmente, porém se torna politicamente ainda mais fraco.

A imagem, considerada consensualmente patética pela mídia, projeta a imagem de uma república das bananas. Não houve demonstração de apoio às tropas e ao Bolsonaro. Os parlamentares fizeram uma manifestação em frente ao Parlamento,  para defender a instituição.

O Judiciário está decididamente em guerra com Bolsonaro, já que ele chamou publicamente o presidente do Tribunal Supremo Eleitoral de filho da puta. abriu processo criminal por fake news sobre o sistema eleitoral brasileiro.

Veremos as consequências dessa cena típica de um filme de Glauber Rocha, que já viveu a capital do Brasil. Certamente o cenário mais ridículo da história do país.

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