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Um grupo de brasileiros se organizou e protestou contra a "brincadeira" Foto: Diário de Notícias
por Francine Marques
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Uma brincadeira sem graça acirrou os nervos dos estudantes brasileiros da Faculdade de Direito de Lisboa, que ao chegaram para assistir aula, nesta segunda-feira (29), se depararam com uma caixa, cheia de pedras e com a placa que trazia a seguinte mensagem: “Grátis se for para atirar a um zuca que passou à frente no mestrado”. “Zuca” seria o diminuitivo da palavra “Brazuca”, que significa brasileiro.
A desculpa de que se tratava de uma brincadeira, não colou, e o edifício da Cidade Universitária foi ocupado por um grupo de brasileiros que pede respeito e refuta atos de xenofobia.
Autoria do ato é de um grupo satírico conhecido como Tertúlia Libertas, que comumente zomba de cenas da vida acadêmica, assim como de professores e alunos. Alegação do porta-voz do grupo é de que eles se limitaram a fazer uma piada. “Há muitas piadas aqui sobre uma situação de privilégio de que os alunos brasileiros de mestrado auferem e nós quisemos gozar com quem discrimina os brasileiros, não com os brasileiros. Mas fomos mal entendidos e a coisa tomou proporções que não esperávamos.”
Entretanto, Elizabeth Lima, que é presidente do Núcleo de estudos Luso-Brasileiros afirma que após as mudanças das regras de acesso aos mestrados houve aumento da discriminação. “De há dois anos para cá que se sente um aumento da discriminação, não só de alunos, como também de professores”. Lima admite que as novas regras beneficiam os brasileiros que chegam de fora com o curso já concluído.
Já no fim da manhã, a direção da faculdade solicitou que a caixa com pedras fosse retirada. Outro ato foi o comunicado de que se orgulha do espaço de liberdade, que “convive com a autocrítica, o humos e a sátira”, porém que “não tolera quaisquer ações ofensivas relativamente a alunos da faculdade”.
A subdiretora da faculdade, Paula Vaz Freire, admite que a tensão aumentou no ano passado, quando as regras para a entrada no mestrado e o momento de candidatura mudaram, isso porquê ao abrir os cursos nos meses de março e abril, “verificaram um problema: os alunos portugueses ainda que ainda não tinham concluído a licenciatura, não podiam seguir para mestrado”.
Outro grande problema é que, ao contar apenas com a média, foi verificado que os alunos brasileiros chegavam com médias mais altas e por isso entravam nos cursos com maior facilidade. “As notas nunca são muito elevadas na Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa”. Freire afirmou que a faculdade vai resolver esse assunto ainda neste ano.
É preciso destacar que atualmente, 60% dos alunos de metrado em Direito e Ciências Jurídicas são brasileiros. Dos 5488 alunos da Faculdade de Direito de Lisboa, 1227 são brasileiros – ou seja, 22%. Os portugueses representam 66% dos estudantes da instituição, com 3620 inscritos.(Com informações Diário de Notícias)
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Ministro da Educação “democratiza” sua estupidez
Por Fernando Brito
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O cidadão colocado à frente do Ministério da Educação, Abraham Weintraub, ao anunciar que vai estender a todas as universidades federais o corte de 30% de seus recursos que anunciou ontem para as três – UNB, UFF e UFBA – que, segundo ele, “faziam balbúrdia” deveria estar dando, para os que ainda se iludem, uma lição sobre a entronização do arbítrio como forma de governar.
É claro que Weintraub tomou a atitude por uma ideia tacanha de autoproteção, pois lhe seria difícil, frente a ações judiciais, justificar o corte seletivo à base de declarações despropositadas como aquela. A solução “genial” foi, claro, universalizar o corte como forma de torná-lo “democrático”, certo?
Se tal ou qual universidade é um centro de excelência, se tem pesquisas avançadas, se desempenha um papel importante no desenvolvimento científico e tecnológico, “não vem ao caso”.
É apenas, como já se disse ontem aqui, uma desculpa para o desmonte da educação superior e para a abertura de mercado para o ensino privado. Como?
Simples: sem quase um terço dos recursos, a solução natural de sobrevivência é “enxugar cursos” e reduzir o número de vagas. Totalmente ineficiente – afinal, as instalações e o corpo docente já estão lá e serão utilizados abaixo de suas capacidades mas, com menos gente, reduz-se custos de manutenção, que é onde resta a cortar: luz, água, limpeza, materiais, etc…
Mas há pior.
O primeiro é foi o anúncio que se mutilaria o ensino de Ciências Humanas, supostamente em favor de cursos que “gerem retorno imediato ao contribuinte, como: veterinária, engenharia e medicina”, como tuitou o presidente. Deixo de lado considerações filosóficas sobre esta suposta contradição entre os ramos do conhecimento – que um insuspeito de qualquer esquerdismo, Delfim Netto, desmonta hoje na Folha, no artigo Direitismo cultural – e trato o assunto de maneira, perdoem-me por isso, unicamente contábil.
Os cursos mencionados pelo presidente têm um custo muitíssimo maior que os de Humanas, em geral. Deixemos que o próprio “mercadismo” explique: quantas vezes mais cara é a mensalidade de um curso de Medicina ante um de, digamos, História. Dez, doze? Como se trata de um problema objetivo, significa que se fechariam, para abrir uma vaga dos cursos “eleitos” por Bolsonaro, sete, oito, dez outras nos que ele maldiz.
Mercado aberto para os interesses privados, está claríssimo.
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Nem falo na perda de conhecimento, até porque nenhum dos conhecimentos cientificos “duros” se faz sem a necessária base de história, de filosofia e de outros ramos do saber, para que possa gerar qualquer coisa que não seja a simples repetição. Porque situar e especular são duas das essências do conhecer.
Há ainda pior: invocar o ensino básico, como fez num vídeo, para dizer que é muito mais cara uma vaga universitária do que uma em creche, o Sr. Weintraub mostra que sua capacidade cognitva parece mais adequada à segunda que à primeira. Falta-lhe, para ficarmos no campo das “Exatas”, a capacidade de compreender que não se compara coisas de qualidades diferentes.
O argumento puramente aritmético levaria, segundo o próprio transtornado raciocínio – hoje estou generoo para chamá-lo assim – de que, se uma vagas universitária média extinta permitiria abrir 30 vagas em creches, como ele diz, uma vaga nos cursos que o sr. Bolsonaro e ele dizem que “compensam” daria para abir 150 ou 200 vagas em creches.
O ensino pré-escolar é, óbvio, uma necessidade de sociedades urbanizadas, onde a “infância em casa” – muito embora eles sejam adeptos do “homeschooling” – tornou-se uma impossibilidade, seja pela necessidade de trabalhar, seja pela perda dos espaços e relações de convivência disponíveis.
Mas nada tem a ver com as necessidades de uma Nação em formar – como formaram todas as que se desenvolveram – camadas sucessivamente de profissionais e de estudiosos nu mundo onde, cada vez mais, aprender a repetir o consagrado é insuficiente para o profresso social e econômico.
O sr. Weintraub, como disse aqui ontem, é pior do que seu antecessor, Ricardo Vélez. Este era um tosco indisfarçado. O Sr. Weintraub teoriza sobre sua própria estupidez.
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