Transporte de feridos na chacina do Complexo da Penha
Traficante de coca movimenta bilhões de dólares e prefere uma vida de frade franciscano, na maior pobreza, no desconforto duma favela pobre. Tão miserável que pode ser invadida pela pm. Devia morar em bairro de rico, que a polícia não entra. Essas tuias de droga valem 25 vidas negras? De pretos pobres e petras sem riquezas, sem pensões vitalícias.
General Braga Neto, interventor militar de Temer no Rio de Janeiro, jamais invadiu um território dominado pelas milícias. Jamais. Os milicianos continuam forças armadas intocáveis. Os chefes residem na Barra da Tijuca.
Polícia pode tudo.
Não sabe quem mandou matar Marielle Franco. Quem mandou matar Moíse. Quem mandou matar Adriano da Nóbrega.
No final do mês de junho, a ONU divulgou seu Relatório Mundial sobre Drogas 2021, o qual apontou um aumento global no consumo de entorpecentes.
Pesquisadores apontaram que "o tráfico e a criminalidade foram os vencedores da pandemia, porque enquanto alguns setores comerciais começaram a cair na lucratividade, para o tráfico só aumentou esse lucro". Leia reportagem deAna Livia Esteves
O Relatório Mundial sobre Drogas 2021 oferece uma visão global sobre a oferta e demanda de opioides, cocaína, cannabis, estimulantes do tipo anfetamina e Novas Substâncias Psicoativas (NSP), bem como sobre seu impacto na saúde, levando em conta os possíveis efeitos da pandemia de COVID-19. Leia reportagem aqui
O mercado de drogas ilícitas movimenta, atualmente, cerca de 900 bilhões de dólares ao ano, o equivalente a 35% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro, ou 1,5% do PIB mundial. A cifra, por si só astronômica, dá uma medida do poder de uma indústria que dinamiza e movimenta o crime organizado, com todos os seus tentáculos: tráfico de armas, órgãos e pessoas, contrabando, prostituição, lavagem de dinheiro, corrupção e outras atividades associadas, que, em seu conjunto, movimentam cerca de 2 trilhões de dólares, ou 3,6% de toda a riqueza produzida no planeta, segundo dados divulgados pelo Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (Unodc). Reportagem de Soraya Smaili, Reitora da Unifesp
A Cracolândia é tão parte da paisagem e história de São Paulo quanto o Masp ou o Theatro Municipal. A área no centro histórico da maior metrópole do Brasil é um verdadeiro abacaxi no colo de políticos que se revezam com promessas vazias sobre a recuperação do local e antes que eu me esqueça, das pessoas.
A Unidade de Pesquisa em Álcool e Drogas da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) mostra que o tráfico de drogas arrecada R$ 9,7 milhões por mês com a venda de drogas na área degradada de moradores de rua. E nas áreas nobres da cidade? Leia reportagem de Kauê Vieira.
O mercado de drogas movimenta R$ 17 bilhões por ano no Brasil, afirma o general da reserva do Exército Alberto Mendes Cardoso. Ex-ministro do GSI (Gabinete de Segurança Institucional) da Presidência da República, ele defende a legalização gradual das drogas, a começar pelo consumo de maconha, mas só a partir do ano de 2034, depois de uma "forte campanha educativa". A medida desestimularia o negócio ilegal e os crimes associados, a exemplo de assassinatos e assaltos, defende o militar. O general foi entrevistado por Eduardo Militão em 2018.
Em abril de 2009, uma série de reportagens do site “Congresso em Foco” abalou o Congresso Nacional, ao revelar que parlamentares faziam turismo com dinheiro público. A verba era de uma generosa cota para compra de passagens aéreas relacionadas às atividades do mandato.
Na prática, porém, cada congressista gastava o dinheiro ao seu bel prazer e sem dar satisfações a ninguém. Deputados e senadores ainda levavam a tiracolo parentes, amigos e cupinchas para destinos turísticos no Brasil e no exterior, como Nova York, Miami, Londres, Paris, Milão, Madri. Uma farra!
Doze anos depois, os repórteres Eduardo Militão, Eumano Silva, Edson Sardinha e Lúcio Lambranho revisitam o escândalo e trazem mais novidades no livro “Nas asas da mamata”, recém-publicado. Eles descobriram agora, por exemplo, que o contribuinte bancou as passagens de Jair e Michele Bolsonaro para a lua de mel em Foz do Iguaçu, em 2007.
A gastança era possível graças a regras extremamente permissivas adotadas por Michel Temer e Aécio Neves, quando exerceram a presidência da Câmara. No Senado, com José Sarney no comando, não era diferente. A falta de controle era de tal ordem que a cota aérea de dois senadores foi gasta depois da morte deles. Ao todo, 560 parlamentares foram investigados e os gastos, em valores de hoje, seriam de R$ 105 milhões.
Para não esvaziar a surpresa da leitura, acrescento apenas que os autores reconstituíram as investigações oficiais para traçar a teia de impunidade que resultou em mais um crime sem castigo. O que fizeram Corregedoria, Conselho de Ética, Câmara, Senado, Polícia, Ministério Público, Judiciário? Está tudo no livro, com nomes, datas, decisões.
Esse belo trabalho jornalístico põe em evidência um dos aspectos mais nefastos da mentalidade e da prática política no Brasil: o de que autoridades em geral não querem entender que têm a obrigação de prestar contas de cada centavo gasto do meu, do seu, do dinheiro suado dos nossos impostos.
Jair Renan Bolsonaro, o filho '04' de Jair Bolsonaro, e sua mãe, a advogada Ana Cristina Siqueira Valle, segunda mulher do presidente, são desde junho deste ano os mais novos moradores de uma casa no Lago Sul de Brasília. O imóvel, avaliado em R$ 3,2 milhões, fica a quatro minutos da ponte JK, uma das áreas mais nobres e valorizadas da capital.
A família do presidente alugou a casa de um homem que comprou o imóvel por R$ 2,9 milhões (cerca de R$ 300 mil abaixo do valor avaliado da residência), em 31 de maio, dias antes da mudança de Jair Renan e Ana Cristina. O corretor Geraldo Antônio Machado, dono da casa, vive em uma outra, uma edificação modesta a 30 quilômetros do local, num condomínio em Vicente Pires, região administrativa de classe média no Distrito Federal.
"Eu ia mudar para lá [casa do Lago Sul], mas infelizmente a pessoa declinou do meu negócio aqui [casa onde vive]. Eu tive que, infelizmente, alugar. É um sonho morar no Lago [Sul] né. É bem localizado", justificou Machado, ao explicar o motivo de alugar a casa.
Por duas vezes, ele disse à coluna que é o proprietário de fato da casa no Lago Sul. A mansão é o único imóvel registrado em nome dele no Distrito Federal. Machado afirmou que possui outros bens, mas sem escritura.
O dono da casa no Lago Sul vive em uma residência modesta em Vicente Pires, região administrativa do DF Imagem: Eduardo Militão/UOL
A casa no Lago Sul estava à venda até dias antes da mudança de Ana Cristina e Jair Renan, que ocorreu em meados de junho. A coluna registrou imagens dos dois já vivendo no local no dia 22 daquele mês. Antes disso, eles moravam em um apartamento de 70 metros quadrados que está no nome do presidente Jair Bolsonaro.
A coluna apurou que casas com tamanho próximo à de Ana Cristina estão sendo alugadas na mesma quadra por cerca de R$ 15 mil. A advogada, que é assessora da deputada federal Celina Leão (PP-DF), possui um salário líquido de R$ 6.200. Nem a ex-mulher de Bolsonaro, nem Machado quiseram revelar o valor do aluguel.
O imóvel possui um terreno de 1.200 metros quadrados e cerca de 800 metros quadrados de área construída em dois pisos. Ainda tem quatro suítes. Como comparação, essas características se enquadram no que a Prefeitura de São Paulo define como "categoria F", as casas de mais alto padrão da cidade. No anúncio de venda, obtido pela coluna, o imóvel é descrito com diversos requintes.
A casa onde mora Jair Renan e Ana Cristina no Lago Sul em Brasília Imagem: Reprodução/UOL
"Quatro suítes, com fino acabamento e todas com closet. Escada em mármore. Suíte master ampla com cerca de 100 m², abre para grande terraço com potencial para jardim, espaço fitness, solarium e outros. Closet amplo na suíte master, com excelentes armários planejados. Banheiro da suíte master com acabamento também elegante e de tamanho avantajado proporcionando conforto e espaço luxuoso. Duas suítes amplas localizadas na parte anterior da casa com amplas varandas que possibilitam vista parcial do Lago", dizia um trecho do anúncio.
Local é privativo, destaca proprietário
Na nova residência, Jair Renan e Cristina têm vista privilegiada para a ponte JK, um dos cartões postais do Distrito Federal.
As instalações, segundo o anúncio de venda, possuem "salas amplas com quatro ambientes" e ainda "portas em painéis de vidro para varandas amplas, conferindo excelente ventilação, luminosidade e integração com o jardim e área de lazer". O espaço da sala de jantar possui pé direito duplo o que, segundo o anúncio, traz "modernidade e elegância ao ambiente".
A mansão possui uma piscina com 50 metros quadrados e conta com sistema de aquecimento solar. Há também escritório de "26 metros quadrados" e "dependência completa de empregada com armário". A casa tem sistema de gás encanado e um lavabo "elegante, com acabamentos em mármore e granito".
Foto externa da nova casa de Jair Renan e Ana Cristina, localizada no Lago Sul em Brasília Imagem: Reprodução /UOL
Seguranças e viagem
A coluna esteve no local na quinta-feira (26) de manhã e chegou a ver o momento em que Jair Renan estava saindo do imóvel empurrando uma mala de viagem.
Ana Cristina acompanhava o filho e falou com a coluna no portão. "Não vou dar entrevista. Não quero comentar não", disse. Questionada se a casa lhe pertencia, a advogada disse: "Claro que não".
Na última pergunta, antes de se despedir, a coluna perguntou se ela alugou o imóvel, e Ana Cristina disse que não iria comentar. Na última semana, mãe e filho chegaram a receber uma festa de uma cervejaria dentro da casa.
A casa de Ana Cristina e Jair Renan fica no Lago Sul em Brasília, um dos endereços mais valorizados da capital Imagem: Eduardo Militão/UOL/26.ago.2021
"Probleminha" interrompeu planos do dono
O dono da casa no Lago Sul onde estão morando Ana Cristina Valle e Jair Renan Bolsonaro é o corretor de imóveis Geraldo Antônio Machado. Ele diz que atua no mercado do Distrito Federal há 13 anos.
A coluna localizou-o na casa onde vive a 30 quilômetros na mansão, também na quinta-feira (26) à tarde, horas depois de visitar a residência do filho "04" do presidente e sua ex-mulher.
Na frente da residência de Machado, uma pessoa pediu que a coluna aguardasse. Depois de 20 minutos, Machado veio à porta e contou que ainda não mora no Lago Sul por causa de um "transtorno". Ele afirmou que comprou a casa para viver lá, mas não conseguiu se mudar.
"Comprei a casa exatamente para mudar para a casa. Deu um probleminha na venda da minha casa aqui. Acabei tendo que alugar", disse ele.
Segundo Machado, ele alugou o imóvel há cerca de dois meses com a ajuda de um escritório em Águas Claras, pertencente a um advogado, e só soube que a casa estava alugada por Ana Cristina nesta semana.
"Fiquei sabendo esta semana", afirmou ele. "Eu odeio política."
Segundo os dados da escritura da casa no Lago Sul, ele pagou com "recursos próprios" uma entrada de R$ 580 mil e financiou o restante, R$ 2,32 milhões, no BRB (Banco de Brasília). O mesmo banco financiou a mansão do senador Flávio Bolsonaro (Patriota), ex-enteado de Ana Cristina, este ano no total de R$ 6 milhões.
Pela negociação feita com o BRB, se Geraldo Antônio Machado pagar a prestação do financiamento em dia ela custa um total de R$ 14.844,11.
Geraldo Machado destacou a privacidade do local. "É uma quadra mais fechada, mais exclusiva, por isso me levou a comprar."
Ana Cristina e Jair Renan passaram a morar no local em junho deste ano Imagem: Reprodução
Dono alugou mais barato "apesar de ter 3 propostas"
Machado disse que teve três propostas de locação. No entanto, o corretor também disse que fechou o negócio rapidamente porque tinha pressa.
"A princípio, eu ia pedir um valor alto, mas eu pedi um valor de mercado mesmo para alugar rápido e eu resolver meu problema."
Machado disse que não queria revelar o valor do aluguel porque é algo "particular".
"A gente não pode abrir os negócios. Prefiro nem comentar", afirmou o dono do imóvel. Ele também não quis falar sobre o modo como estão ocorrendo os pagamentos.
A coluna pesquisou os bens no nome de Geraldo Machado e não identificou nenhum outro imóvel no nome dele na região onde ele vive em Vicente Pires e em outros sete cartórios do Distrito Federal. Somente a casa no Lago Sul foi localizada no nome do corretor.
O único cartório que não retornou ainda a pesquisa foi o 5º registro de imóveis, que abrange os imóveis das regiões administrativas do Gama e de Santa Maria.
Machado disse que tem outros imóveis, mas não tem como comprovar a propriedade com escrituras em cartório. Em Vicente Pires, uma parte das residências ainda não tem documentos em tabelionatos, mas apenas a chamada "cessão de direitos", pois, antigamente, eram terras de zona rural pertencentes à União.
O corretor afirmou que está vendendo esses imóveis, inclusive sua residência, para quitar as despesas com a compra da casa no Lago.
"Eu comprei a casa [no Lago] e aluguei. Infelizmente, eu passei por esse transtorno de não realizar outro negócio que eu fiz. Estou trabalhando para vender a casa [em Vicente Pires] o mais rápido possível, a minha, os meus imóveis."
Machado diz que espera poder ir morar no local daqui um ano.
A casa é avaliada em R$ 3,2 milhões, mas foi adquirida por R$ 2,9 milhões, de acordo com escritura Imagem: Reprodução
Negócios de Ana Cristina
Ana Cristina atualmente é investigada com outros parentes devido ao tempo em que foi chefe de gabinete do vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ) entre 2001 e 2008. O MP-RJ apura as denúncias de existência de rachadinha e funcionários fantasmas no gabinete do filho "02" do presidente.
Em junho, o podcast "UOL Investiga - A vida secreta de Jair" mostrou a fisiculturista Andrea Siqueira Valle, irmã de Ana Cristina, admitindo que devolvia 90% do salário e que Jair Bolsonaro demitiu um irmão das duas chamado André Valle porque ele não concordou em devolver o que recebia como assessor do gabinete do então deputado federal, hoje presidente da República.
O episódio 2 do podcast mostra como Ana Cristina começou a montar o seu patrimônio no período em que se uniu a Jair Bolsonaro. Juntos, eles compraram, entre 1998 e 2008, um total de 14 imóveis, cinco deles quitados em dinheiro vivo. Em uma década, o casal trocou o apartamento no Maracanã, na zona norte do Rio de Janeiro, por uma mansão na Barra da Tijuca, na zona oeste, com direito a piscina e à vizinhança do ex-jogador de futebol Zico. O patrimônio chegou a cerca de R$ 3 milhões em 2008 - atualizado pela inflação, ultrapassa hoje R$ 5 milhões.
Já no período da separação, ela ficou com dois terços desses bens. A advogada ficou com nove imóveis. No acordo, porém, ela abriu mão da guarda de Jair Renan, que cresceu aos cuidados de Bolsonaro e de Michelle, a terceira mulher do presidente e atual primeira-dama. Ouça os detalhes desta história no episódio abaixo do podcast "UOL Investiga - A vida secreta de Jair".
Com a venda de um apartamento e cinco terrenos, Ana Cristina obteve mais de R$ 2 milhões e passou alguns anos vivendo na Noruega, onde se casou novamente. Quando retornou ao Brasil, seguiu fazendo negócios com dinheiro em espécie. Em 11 de outubro de 2013, comprou um terreno de 420 metros quadrados e, conforme a escritura, pagou R$ 135 mil em dinheiro vivo. Nesse local, no bairro da Morada da Colina, em Resende (RJ), ergueu uma casa de dois pisos, quatro quartos e piscina - o mesmo imóvel que ela deixou para voltar a Brasília, em fevereiro deste ano.
Além desse imóvel, avaliado em mais de R$ 1 milhão, o patrimônio de Ana Cristina é composto pela casa dos pais, também em Resende, estimada em mais de R$ 260 mil; duas salas comerciais no centro do Rio, que valem cerca de R$ 1 milhão; e um apartamento na Barra da Tijuca, também avaliado em R$ 1,2 milhão. Um total de, pelo menos, R$ 3,5 milhões.