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O CORRESPONDENTE

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O CORRESPONDENTE

01
Jun22

OS BOLSONARO FATURAM FANTASMAS E LARANJAS

Talis Andrade

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A intrincada organização dos gabinetes da família Bolsonaro sugere um hábito longevo de preencher cargos comissionados com funcionários que nem sempre davam expediente em seus locais de trabalho. Um levantamento feito por ÉPOCA joga luz sobre essas movimentações e seus números, que hoje estão nas mesas dos investigadores. Do total pago aos 286 funcionários que o presidente Jair Bolsonaro e seus três filhos mais velhos contrataram em seus gabinetes entre 1991 e 2019, 28% foi depositado na conta de servidores com indícios de que efetivamente não trabalharam.

É como se de cada R$ 4 reais pagos, mais de R$ 1 fosse para as mãos de pessoas que hoje, em grande maioria, são investigadas por devolver parte dos vencimentos aos chefes. Ao menos 39 possuem indícios de que não trabalharam de fato nos cargos - 13% do total.

 

nathalia queiroz personal trainer

Nathalia (Nat) Melo de Queiroz

 

Enquanto recebiam como funcionários, esses profissionais tinham outras profissões como cabeleireira, veterinário, babá e personal trainer, como é o caso de Nathalia Queiroz, filha de Fabrício Queiroz, apontado pelo MP como operador do esquema da rachadinha no gabinete de Flávio. Juntos, os 39 receberam um total de 16,7 milhões em salários brutos (o equivalente a R$ 29,5 milhões em valores corrigidos pela inflação do período) durante o período em que trabalharam com a família.

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Queiroz é candidato e diz que “a família Bolsonaro é incorruptível” -  Flávio Chaves

 

 

No grupo de pessoas que constaram como assessores, mas possuem indícios de que não atuavam nos cargos, 17 foram lotadas exclusivamente no gabinete de Flávio Bolsonaro, outros dez no de Carlos, ambos alvos de investigação do Ministério Público. No gabinete do então deputado federal Jair Bolsonaro, três funcionários constam na lista. Há, ainda, outros nove que passaram por vários gabinetes do clã, parte do modus operandi hoje apurado pelo MP.

Marcia Aguiar, mulher do Queiroz, e Nathália Queiroz, são dois casos emblemáticos desde o início das investigações. Márcia se declarava cabeleireira em documentos do Judiciário em 2008 e Nathalia é conhecida entre atores e personalidades públicas por seu trabalho como personal trainer. Cada uma das duas recebeu ao longo de uma década um total de R$ 1,3 milhão atualizados pela inflação, mas nunca tiveram crachá na Alerj.

Os principais recebedores do recurso

 

 

Mas a maior parte dos casos está na família de Ana Cristina Valle, ex-mulher de Jair Bolsonaro. A maioria é investigada pelo Ministério Público nos casos de Flávio ou no de Carlos. No caso dos 10 assessores de Flávio que são parentes de Ana Cristina, o MP descobriu que eles sacaram até 90% dos salários no período em que constaram como servidores, num total de R$ 4 milhões.

Ex-mulher que nega ameaça de morte concorre à Câmara com nome de Bolsonaro

A história de Andrea Siqueira Valle, irmã de Ana Cristina e ex-cunhada de Bolsonaro, é o ponto mais extremo da curva. Desse grupo, ela é quem mais recebeu.

Entre os gabinetes de Jair, Carlos e Flávio, Andrea somou 20 anos de cargos comissionados e recebeu em salário bruto R$ 1,2 milhão (R$ 2,25 milhões, corrigido pela inflação). Fisiculturista, ela mantinha uma rotina de malhação de duas a três vezes por dia na academia Physical Form. Nos intervalos, atuava como faxineira em residências e vivia em uma casa construída no fundo do terreno onde moram seus pais. Mas seguia trabalhando como faxineira e com grandes dificuldades financeiras.

 “Ela também me ajudou com faxina na academia. Ela faz esse tipo de serviço aqui na academia”, contou Renata Mendes, dona da nova academia que Andrea frequentava em Guarapari, no Espírito Santo. Procurada, disse que não tinha nada a declarar.

Em seguida, surge, o veterinário Francisco Siqueira Guimarães Diniz, de 36 anos, primo de Ana Cristina. Ele tinha apenas 21 anos quando foi nomeado em 2003 e ficou lotado no gabinete de Flávio por 14 anos. Recebeu um total de R$ 1,2 milhão - R$ 1,95 milhão, corrigido pela inflação. Em 2005, ele começou a cursar a faculdade de Medicina Veterinária no Centro Universitário de Barra Mansa, cidade a 140 quilômetros do Rio e próxima a Resende.

O curso era integral e ele se formou em 2008. Em 2016, ele trabalhou para a H.G.VET Comércio de Produtos Agropecuários e Veterinários. Apesar de ter ficado mais de uma década nomeado, só teve crachá nos últimos dois meses em que esteve lotado, em 2017. Procurado, Diniz disse que trabalhou para Flávio, mas não recordava por quanto tempo.

 

Funcionários fantasmas do clã Bolsonaro receberam mais R$29,5 milhões em  salários | bloglimpinhoecheiroso

 

A dona de casa Ana Maria Siqueira Hudson, tia de Ana Cristina, aparece em seguida. Foi nomeada no gabinete de Flávio em 2005 e ficou lotada até meados de 2018. Ela obteve um total de R$1,22 milhão (R$ 1,85 milhão, corrigido pela inflação). Nesse período, ele sempre viveu em Resende e, por um período, cuidou de uma loja de decoração da família. Ela é mãe de Guilherme de Siqueira Hudson, que constou como chefe de gabinete de Carlos por 10 anos quando também vivia em Resende e sequer teve crachá da Câmara de Vereadores. Ambos são investigados pelo MP.

Na lista dos 10, consta ainda Marta Vale, cunhada de Ana Cristina. Ela sempre morou em Juiz de Fora, em Minas Gerais, e constou como assessora de Carlos Bolsonaro na Câmara de Vereadores do Rio entre 2001 e 2009. Nunca teve crachá funcional e, procurada por ÉPOCA, no ano passado, disse que nunca trabalhou para Carlos. Ela recebeu R$ 550 mil em salários (R$ 1,2 milhão, corrigido pela inflação). Hoje é investigada no procedimento do MP sobre o "02".

Outro caso que chama atenção no gabinete de Carlos é o de Andrea da Cruz Martins. Ela esteve lotada 2005 até fevereiro de 2019. Em novembro de 2013, no entanto, quando Andrea deu entrada nos papéis de seu casamento no cartório de Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, ela identificou-se como “babá”. Ela recebeu um total de R$ 1,26 milhão (R$ 1,83 milhão atualizado pela inflação). Procurada na casa da família, os parentes disseram que não sabem onde ela vive. Andrea é investigada pelo MP no caso de Carlos.

Em Santa Cruz, bairro da Zona Oeste do Rio, vive outra família que lidera o ranking de parentes nomeados e de valores recebidos no gabinete da família Bolsonaro. Lá moram Edir e Neula Góes. Ela constou como assessora de Carlos de 2001 até fevereiro deste ano. Ele está nomeado desde 2008. Ele já obteve vencimentos brutos da Câmara num total de R$ 1,3 milhão (R$ 1,7 milhão, atualizado) — Neula, de R$ 956 mil (R$ 1,5 milhão, corrigido)Bolsonaro indica Jorge Oliveira para cargo de ministro do TCU | Política |  G1

Jorge Oliveira

 

Marcia Salgado Oliveira, tia do ministro Jorge Oliveira,  da Secretaria-Geral da Presidência, apareceu nos registros da Alerj como funcionária de Flávio de 2003 até fevereiro de 2019. Em 2014, porém, num processo que tramitou no Juizado Especial da Comarca de Mesquita, na Baixada Fluminense, quando acionou uma empresa de telefonia, Márcia apresentou uma procuração escrita de próprio punho, na qual informou que sua ocupação era “do lar”. Além disso, em 16 anos, ela jamais teve crachá emitido pela Alerj. Ela recebeu um total de R$ 1 milhão (R$ 1,6 milhão, corrigido). Procurada, não se pronunciou.

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01
Set21

Justiça quebra sigilo bancário e fiscal de Carlos Bolsonaro

Talis Andrade

 

A Justiça do Rio de Janeiro autorizou a quebra de sigilo bancário e fiscal do vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ) no âmbito das investigações de desvio de recursos públicos no gabinete do parlamentar na Câmara Municipal. O pedido foi feito pelo Ministério Público e, além de Carlos, de 38 anos, segundo filho do presidente da República, abrange outras 26 pessoas, incluindo a advogada Ana Cistina Siqueira Valle, ex-mulher de Jair Bolsonaro. Sete empresas suspeitas de participar do esquema também tiveram quebrados seus sigilos bancário e fiscal.

Carlos Bolsonaro é investigado por suspeita de se apropriar de salários de servidores lotados no gabinete, mas que não trabalhavam na Câmara, no esquema das rachadinhas que envolve o irmão mais velho dele, o senador Flávio Bolsonaro (Patriota-RJ). O vereador afirmou em nota que está à disposição para prestar qualquer tipo de esclarecimento às autoridades.

A investigação sobre servidores fantasmas pelo MP partiu de dois casos apurados pelo jornal Folha de S. Paulo. Lotada como oficial de gabinete de Carlos Bolsonaro até abril de 2019 na Câmara do Rio, Nadir Barbosa Goes, 70 anos, moradora de Magé, município localizado a 50 quilômetros do suposto local de trabalho, negou que tenha trabalhado um só dia para o vereador. A remuneração para esse cargo é de R$ 4.271,00 mensais.

Nadir é irmã de Edir Barbosa Goes, 71 anos, que é o atual assessor de Carlos Bolsonaro. Goes é casado com Neula de Carvalho Goes, 66, uma dos nove servidores exonerados do gabinete de Carlos depois que Jair Bolsonaro assumiu a presidência do país. Outra suspeita dos procuradores é em relação a Cileide Barbosa, 43 anos, que foi nomeada em janeiro de 2001 no gabinete no primeiro mandato do vereador e exonerada após 18 anos com vencimentos de R$ 7.483,00.

Cileide é apontada como uma espécie de faz-tudo da família e laranja de um tenente-coronel do Exército ligado à família Bolsonaro e foi babá de Ana Cristina Valle, ex-companheira de Jair Bolsonaro e mãe de Renan Bolsonaro, filho mais novo do presidente. Enquanto esteve lotada no gabinete do vereador, ela aparece como responsável pela abertura de três empresas que têm como endereço o escritório que Jair Bolsonaro usava antes de ser eleito.

Dinheiro vivo

Ao solicitar o acesso a informações bancárias e fiscais dos investigados, os promotores mencionam pela primeira vez, desde a abertura do caso em 2019, o termo “rachadinha”. Ao embasar a quebra de sigilos de Carlos, o MP aponta o “modus operandi” do esquema foi detectado também no gabinete do então deputado estadual do Rio Flávio Bolsonaro. A prática consiste em saques de dinheiro em espécie das contas dos assessores fantasmas feitos por funcionários de confiança do gabinete encarregados pela arrecadação. O dinheiro em espécie é direcionado ao pagamento de despesas ou aquisição de bens.

Antes da quebra do sigilo, o MPRJ já apurou que Carlos Bolsonaro movimentou muito dinheiro durante seus mandatos como vereador. Em 2003, pagou R$ 150 mil em dinheiro por um apartamento na Tijuca, na Zona Norte da capital; em 2009, usou R$ 15,5 mil em espécie para cobrir uma operação malsucedida na Bolsa de Valores; e na declaração de bens ao TSE em 2020, na campanha pela reeleição, declarou que tinha R$ 20 mil guardados em casa. O Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) aponta, segundo enfatiza o MP no pedido, operações financeiras suspeitas envolvendo o vereador. Uma delas mostra que ele é sócio da mãe, Rogéria Nantes Bolsonaro, em uma empresa que movimentou R$ 1,7 milhão entre 2007 e 2019.

Mansão no Lago Sul

Ana Cristina Valle e o filho, Jair Renan, foram morar, em junho deste ano, em uma mansão avaliada em R$ 3,2 milhões, em Brasília. O valor médio dos aluguéis no Lago Sul, região onde está instalada a mansão, não baixa de R$ 15 mil, mas a ex-mulher de Jair Bolsonaro pagaria somente R$ 8 mil. Detalhe: ela recebe R$ 6,2 mil de salário como assessora da deputada federal Celina Leão (PP-DF). De acordo com o Coaf, Ana Cristina recebeu “depósito de elevadas quantias de dinheiro em espécie em sua conta bancária”, no período em que estava lotada no gabinete de Carlos. Em março de 2011, foram parar na sua conta mais de R$ 191 mil e, em julho outros R$ 341 mil. No pedido de quebra de sigilo, o MP cita que o Coaf apontou um saldo em conta de R$ 602 mil, incompatível com a renda.

rachadinhas metade fica com os sabidos bolsonaro .

 

26
Abr19

Funcionária de Carlos Bolsonaro nega ter trabalhado no gabinete dele

Talis Andrade

Nadir Barbosa Goes, 70 anos, tinha uma remuneração de R$ 4.271, mas foi exonerada no início deste ano

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Por Thaís Paranhos

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vereador do Rio de Janeiro Carlos Bolsonaro, filho do presidente Jair Bolsonaro (PSL), empregou uma mulher de 70 anos que negou ter trabalhado para ele. As informações são do jornal Folha de S.Paulo. De acordo com o veículo, Nadir Barbosa Goes tinha uma remuneração de R$ 4.271 até o fim do ano passado, mas confirmou nunca ter desempenhado função no gabinete.

 

Nadir é irmã do atual assessor de Carlos Bolsonaro, o militar Edir Barbosa Goes. Além dela, a esposa de Edir, Neula Carvalho Goes, também foi exonerada no início deste ano, segundo o jornal, após a posse do presidente.

 

A mulher de 70 anos mora em Magé e, de acordo com uma parente de Nadir, não costuma ir à capital, onde fica a Câmara Municipal do Rio de Janeiro.

 

Procurado pela reportagem, o chefe de gabinete do vereador, Jorge Luiz, desmentiu a versão de que Nadir recebesse salário sem trabalhar para o vereador. Ele informou que tanto ela quanto Neula atuavam em um núcleo que entregava mala direta para a base eleitoral do filho do presidente e ouvia as principais reclamações da comunidade.

 

Esse grupo seria comandado pelo militar Edir. No entanto, atuava em Campo Grande, distante cerca de 130 km de Magé, onde mora Nadir.

 

O jornal procurou Edir, que foi encontrado em casa em uma segunda-feira à tarde e negou qualquer irregularidade na contratação das funcionárias. Ele disse apenas que não era obrigado a trabalhar todos os dias no gabinete.

 

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Nota deste Correspondente: Carlos Bolsonaro também não é "obrigado a trabalhar todos os dias no gabinete". Passou a viver em Brasília, a perambular pelos palácios de Brasília, inclusive despachar no gabinete do pai, quando o presidente viaja. No mais, Bolsonaro treina tiro ao alvo, e espiona o vice, o general Mourão.  

 

Nadir era funcionária fantasma, e não sabia. O salário pago religiosamente. Pago pelos cariocas, via impostos diretos e indiretos. Falta saber quem embolsava, escondida, safada e misteriosamente,  os 4 mil e 271 reais da anciã Nadir Barbosa Goes, todo santo mês.   

 

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