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O CORRESPONDENTE

Os melhores textos dos jornalistas livres do Brasil. As melhores charges. Compartilhe

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O CORRESPONDENTE

20
Mar23

Deputada Nikolas, o pastor Valadão e a "picanha trans" (vídeo)

Talis Andrade
Estado de Minas
 
Nikolas anuncia que vai ao Nordeste virar votos de Lula para Bolsonaro -  Politica - Estado de Minas
 
 
A felicidade de ser agarrado por trás
 
O Globo
 
 
 
 
 
Relembre seis polêmicas sobre Nikolas Ferreira, deputado mais votado do  Brasil que toma posse hoje | Política | O Globo

 

'Picanha trans': pastor André Valadão faz publicação com teor transfóbico

 por Clara Mariz /Estado de Minas /Correio Braziliense

O pastor André Valadão fez uma publicação de cunho transfóbico em suas redes sociais, na noite dessa quinta-feira (16/2). A publicação repercutiu na internet e gerou revolta entre os seguidores do líder da Igreja Batista da Lagoinha, que reside nos Estados Unidos.

Em seu instagram, Valadão postou uma montagem de uma placa de preço de supermercado escrito: “Picanha trans, nasceu coxão duro, mas se sente pica nha”. Na legenda, o pastor comentou que “tá desse jeito”. A publicação faz referência às pessoas transgênero, que se identificam ao gênero oposto ao do seu nascimento.

Apesar de fazer postagens de cunho conservador, parte dos seguidores não aprovaram o conteúdo do post. “Já parou ‘pra’ pensar se Jesus faria essa postagem? Já pensou em acolher e amar, ao invés de zombar? Cada dia percebo que você é uma pessoa oposta ao Jesus que você diz que segue. Uma pena”, disse uma seguidora.

“Sinceramente, essa postagem foi desnecessária. Como que quer ganhar essas vidas pra Jesus se fica zombando deles? Pode estar atacando pessoas que estão precisando ouvir somente uma palavra de amor, de cuidado, uma palavra de Jesus. As pessoas estão perdidas e quem seria usado por Deus para ajudá-las estão mais perdidas ainda”, disse outra pessoa.

Nikolas Ferreira apoia postagem

Entre os comentários a favor de Valadão, o do deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG), o menino de 26 anos, que não namora, não noiva e não casa, se destaca. O parlamentar afirmou que não iria comentar a publicação por não “aguentar mais processo”.

No Dia Internacional da Mulher, Nikolas utilizou a tribuna do plenário da Câmara dos Deputados para fazer um discurso de teor transfóbico. Vestindo uma peruca loira, o deputado mais votado do país ironizou as mulheres trans e afirmou que, com o adereço, se "sentia mulher". Em determinado momento, também em tom jocoso, o parlamentar se autointitulou de "deputada Nikole".

"As mulheres estão perdendo seu espaço para homens que se sentem mulheres", disse Nikolas, em parte do pronunciamento transfóbico, feito durante sessão que fez alusões ao Dia Internacional das Mulheres.

O discurso foi repudiado pelo presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL): "O plenário da Câmara dos Deputados não é palco para exibicionismo e muito menos discursos preconceituosos. Não admitirei o desrespeito contra ninguém. O deputado Nikolas Ferreira merece minha reprimenda pública por sua atitude no dia de hoje”.

O deputado federal Guilherme Boulos (Psol-SP) rotulou Nikolas como “moleque de quinta série”. A também deputada Duda Salabert (PDT-MG) entrou com uma notícia-crime no Supremo Tribunal Federal para que o "parlamentar responda criminalmente pelas suas falas”. “Entendemos que imunidade parlamentar não blinda nenhum deputado de ato criminoso”, comentou.

Já a deputada federal Erika Hilton (PSOL-SP) pediu ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que suspenda as redes sociais do deputado Nikolas Ferreira (PL-MG) por disseminação de desinformação sobre a população trans.

Caso o pedido de bloqueio das redes sociais não seja acatado, Erika pede a imediata exclusão das postagens com conteúdo transfóbico. Além disso, a deputada pede o impedimento da realização de novas publicações que incitem preconceito contra a população trans.

15
Mar23

Deputada Nikolas Ferreira faz discurso transfóbico na Câmara (vídeo)

Talis Andrade
 
Benett (@Benett_) / Twitter

Sobre "o espaço para homens que se sentem mulheres”, disse Nicolas: “Me sinto mulher, deputada Nicole, e tenho algo muito interessante para poder falar" e fazer. Colocou peruca na tribuna da Câmara

 
Nikolas Ferreira, após transfobia: Minha vida não acaba com cassação
 
Mendonça será relator de processos contra Nikolas Ferreira no STF | Agência  Brasil
 

Escreve Victor Fuzeira:

O deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG) usou o momento de fala, na tribuna do plenário da Câmara dos Deputados, para fazer um discurso transfóbico em pleno Dia Internacional da Mulher. Transfobia é um crime com pena prevista de até três anos de reclusão.

Na ocasião, o deputado utilizou-se de uma peruca para dizer que “se sente mulher”. “Me sinto mulher, deputada Nicole, e tenho algo muito interessante para poder falar. As mulheres estão perdendo o seu espaço para homens que se sentem mulheres”, disse.

“Deputada Nicole”

“E para terem ideia do perigo de tudo isso, estão querendo colocar uma imposição de uma realidade que não é uma realidade. Eu posso ir para a cadeia caso seja condenado por transfobia, porque eu, no Dia Internacional das Mulheres, há dois anos, parabenizei as ‘mulheres XX’. Ou você concorda com o que estão dizendo ou, caso contrário, você é um transfóbico, um preconceituoso”, prosseguiu.

O deputado bolsonarista finalizou a fala dizendo que as “mulheres não devem nada ao feminismo”. “O feminismo exalta mulheres que nada fizeram”, afirmou. Nikolas já responde judicialmente por transfobia contra a deputada Duda Salabert (PDT-MG), que é uma mulher trans.

“Ele é homem. É isso o que está na certidão dele, independentemente do que ele acha que é”, afirmou Ferreira, na época em que ambos eram vereadores em Belo Horizonte (MG).

A fala transfóbica de Nikolas provocou reação de deputados alinhados à base do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). A presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann, defendeu que o parlamentar seja punido. “Passou da hora de agir, o deboche e o ultraje ocupam o plenário”, enfatizou.

Pr da Câmara @ArthurLira_ disse na 1a sessão que atos desrespeitosos seriam punidos. Passou da hora de agir, o deboche e o ultraje ocupam o plenário. Ontem um companheiro foi alvo de chacota, hoje um deputado colocou peruca pra zombar das mulheres, mulheres trans e do feminismo.

Joias e cortinas
10
Mar23

O moleque Nikolas Ferreira será cassado? (Vídeos do discurso misógino e resposta de Tabata Amaral)

Talis Andrade

Câmara, limpe a transfobia

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Por Altamiro Borges

O deputado bolsonarista Nikolas Ferreira (PL-MG) fez uma encenação transfóbica no 8 de março, Dia Internacional da Mulher, para tentar tirar o foco das gravíssimas denúncias sobre as joias milionárias de Michelle Bolsonaro. Mas o provocadorzinho barato, chamado de “moleque” no plenário da Câmara Federal, pode se dar mal. Cresce a pressão no parlamento, no Judiciário e na sociedade pela cassação do seu mandato. Não dá para naturalizar as barbaridades desse deputado como se fez com outro fascista que depois chegou à presidência da República. 

Entre os movimentos já em curso, o Ministério Público Federal (MPF) acionou o Congresso Nacional solicitando a imediata apuração do caso. “A procuradora Luciana Loureiro representou pelo encaminhamento de requerimento à Mesa Diretora da Câmara para averiguar ‘suposta violação ética’. Ela ressaltou que Nikolas Ferreira usou o tempo na tribuna para, ‘a pretexto de discursar sobre o Dia Internacional da Mulher, referir-se de forma desrespeitosa às mulheres em geral e ofensiva às mulheres trans em especial. A procuradora representou pela adoção de medidas de responsabilização cível (dano moral coletivo) e/ou criminal contra o parlamentar”, relata o site UOL. 

Brasil é o país que mais mata travestis e transexuais no planeta


Já na Câmara Federal, parlamentares de vários partidos espinafraram o “moleque” fascistoide e anunciaram que vão pedir a cassação do seu mandato no Conselho de Ética. A deputada trans Duda Salabert (PDT-MG) foi uma das mais incisivas na crítica. Ela lembrou que “há 14 anos consecutivos, o Brasil é o país que mais mata travestis e transexuais no planeta, e que 80% desses assassinatos ocorreram e ocorrem com a violência exagerada”. 

“Dificilmente uma travesti é morta com um tiro só no Brasil, só com uma facada. É crime de ódio, e é essa estrutura de ódio que nos exclui do mercado formal de trabalho, já que 90% das travestis estão na prostituição. É essa estrutura de ódio que nos exclui da sala de aula, porque 91% das travestis e transexuais não concluíram o ensino médio. É essa estrutura de ódio que nos exclui do espaço político. Mas eu digo para esses fascistas que querem nos ridicularizar, que nós somos o tamanho dos nossos desejos, nós somos o tamanho dos nossos sonhos... O seu ódio não foi capaz de frear que a deputada federal mais votada de Minas é uma travesti”, afirmou. 

Já a também deputada trans Erika Hilton (Psol-SP) rechaçou a postura misógina e transfóbica de Nikolas Ferreira e reforçou a necessidade de que os direitos previstos na Constituição sejam “estendidos ao conjunto plural e diverso de todas as mulheres brasileiras... É preciso enfrentar a violência que nos acomete, lembrar que ainda vivemos no primeiro país do mundo que mais mata e mata de forma cruel e violenta mulheres como eu. Meninas como eu que aos 13, 14 anos, foram jogadas nas ruas, vivem da prostituição. É preciso que haja um esforço desta casa, da sociedade, para resgatar a nossa humanidade, para resgatar a nossa dignidade”. 

Até Arthur Lira repreende o provocador

A deputada federal Tabata Amaral (PSB-SP) chamou o provocador de “moleque” e informou que pedirá sua cassação e enviará notícia-crime contra ele ao Supremo Tribunal Federal. Ela lembrou que “transfobia é crime” e “ultrapassa a liberdade de discurso garantida pela imunidade parlamentar”. A prática é equiparada ao crime de racismo e passou a ser tratada como crime hediondo pelo STF em 2019, com pena prevista de três anos de prisão. Nikolas Ferreira já é alvo de duas ações no Supremo por transfobia. Desde fevereiro deste ano, ele também responde por injúria racial por agredir verbalmente a deputada Duda Salabert quando ambos eram vereadores em Belo Horizonte. 

Até o presidente da Câmara Federal, deputado Arthur Lira (PP-AL), repreendeu o fedelho bolsonarista. “Esse plenário não é palco para exibicionismo e muito menos para discursos preconceituosos. Não admitirei o desrespeito contra ninguém”, postou em suas redes sociais. “Deputados federais de PSB, PSOL, PDT e PCdoB decidiram enviar ao Conselho de Ética da Câmara dos Deputados representação contra o Nikolas Ferreira (PL-MG) pela suposta prática do crime de transfobia. Os signatários pedem que seu mandato seja cassado por quebra de decoro parlamentar”, relata Mônica Bergamo na Folha. O fascistinha pode até ser cassado e merecia ser preso!
 

17
Mar22

"É preciso proteger nossas mulheres eleitas"

Talis Andrade

Comitê Suprapartidário lança manifesto em apoio à | Política

 

 
 
 
Manuela Manu Manuela d'Ávila
 
 
Manuela
Cairão um por um! Valter Nagelstein foi condenado a dois anos de reclusão e poderá ficar inelegível após áudio racista contra a bancada negra de Porto Alegre nas últimas eleições. Racistas não passarão!

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Absurdo! Enquanto lotamos as ruas no #AtoPelaTerra contra o pacote da destruição, foi aprovada a urgência do projeto que quer liberar a mineração em terras indígenas. Não podemos recuar, cobre seu deputado para que esse PL seja derrotado na Câmara! #PL191Nao
Porto Alegre terá ato pela vida e fora Bolsonaro no | VariedadesIndígenas do RS e de SC se unem à mobilização nacional | Variedades
 

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A aprovação do projeto que quer liberar a mineração em terras indígenas é um grande retrocesso para o Brasil. Vamos pressionar nossos deputados! #PL191Nao

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Minha solidariedade a , que recebeu uma nova ameaça de morte. É preciso proteger nossas mulheres eleitas.
A trajetória e lutas de Erika Hilton, estrela da capa digital da Vogue em  dezembro - Vogue | atualidades
Não consigo contar o nº de vezes que fui agredida no mercado ou na rua por conta de mentiras e ameaças. Há 8 anos, eu sinto medo por mim e pelos meus.Algumas quedas servem para provocar alegria, nossa ou a dos outros...
 
Eu lembro a primeira vez em que fui agredida por causa de uma fakenews: era 2014. Eu estava tomando café com meu marido e um menino olhou para mim e passou a me agredir por conta de uma notícia mentirosa publicada num perfil de Twitter e num site que mentia ser de humor.Se necessário, Manuela D'Ávila reafirma que abrirá mão de candidatura pela  esquerda | A TARDE
Mas eu ando nas ruas de cabeça erguida porque sei quem sou e o que defendo e sei quem são os mentirosos que me atacam. Já esse deputado tem medo de sair na rua porque descobriram exatamente quem ele é.Mamãe falei teme bobagens que disse sobre STF - Blog da Cidadania
 
Ontem escrevi esse fio. Logo depois, o Presidente em pessoa, sem intermediários, passou a me atacar em suas redes. Tipo confissão de culpa. Ficou nervosinho, né? Vai trabalhar! 
Alma Preta - A fome de literatura de Maria Carolina de Jesus rendeu a venda  de 100 mil cópias da obra o “Quarto de Despejo” na década de 60. Com o  texto,تويتر \ 🎗Dilma Resistente على تويتر: "A Carolina de Jesus, apesar de  criança, tem muita sabedoria no que diz! #LulaLivre #Resistencia101Dias  https://t.co/r1s5f7KJyd"
Olha só quem já saiu da gráfica! Que lindo  esse livro é tão importante, tão potente, tão transformador. Quarta-feira desembarco no Rio de Janeiro para autografar toda a pré-venda. Aproveita pra levar com frete grátis e presente no site: leitura.com.br/sempre-foi-sob

A atual política de preços da Petrobras é a responsável pela alta dos preços? Entendam nesse vídeo! O completo está no canal:

 
Quatro anos da morte de Marielle e nosso país ainda exige saber quem mandou matá-la!!!
Da mesma maneira, as sementes de Marielle florescendo são esperança de que podemos ser um país mais próximo daquilo que ela sonhou e lutou.
Eu olho sua imagem e penso em Dona Marinete, em Anielle, em sua filha Luyara. Penso nas mesas de domingo com a imensidão de sua ausência. Penso em Monica. Desejo que meu carinho e solidariedade chegue até cada uma delas.Image

16
Mar21

Felipe Neto reitera acusação de genocídio contra Bolsonaro e diz que não vai se intimidar

Talis Andrade

O youtuber Felipe Neto, que passou a ser investigado por crime contra a segurança nacional, após chamar Jair Bolsonaro de genocida e receber denúncia apresentada pelo vereador Carlos Bolsonaro, um dos chefes do chamado "gabinete do ódio", postou um pronunciamento nas redes sociais, em que reitera a acusação e diz que não se calará. 

Imagem

marcia tiburi
Acharam um ministro da saúde que fala o que o vergonhoso Presidente da destruição da República quer dizer e ouvir. Mais um para ajudar na matança promovida pelo milicianato no poder. E o #BolsonaroGenocida segue em ação!
Gato Conectado 
 (Pronto pra Luta)
Aquela imagem que não precisa de legenda. #BolsonaroGenocida
Image
11
Jan21

Ameaças de neonazistas a vereadoras negras e trans alarmam e expõem avanço do extremismo no Brasil

Talis Andrade

Primeira vereadora negra eleita na Câmara de Curitiba, Carol Dartora recebeu ameaças de morte por e-mailPrimeira vereadora negra eleita na Câmara de Curitiba, Carol Dartora recebeu ameaças de morte por e-mail

 

Ataques contra vereadoras de várias cidades ocorreram em dezembro e polícia ainda busca autores. Vítimas relatam rotina de medo especialistas alertam para escalada das ameaças no país, enquanto os EUA refletem sobre banalização dos discursos de ódio nas redes

 

por ISADORA RUPP /El País
 

Injúrias raciais, infelizmente, não são uma novidade para a professora Ana Carolina Dartora, 37 anos. Primeiro vereadora negra eleita nos 327 anos da Câmara Municipal de Curitiba, e a terceira mais votada na capital paranaense nas eleições 2020, sua campanha foi permeada por ataques, sobretudo nas redes sociais. Até então, Carol Dartora ―como é conhecida a vereadora filiada ao Partido dos Trabalhadores (PT)― considerava as mensagens inofensivas. Mas no início de dezembro ―logo após uma entrevista do prefeito Rafael Greca (DEM) na qual o mandatário disse discordar da existência de racismo estrutural na cidade― ela recebeu por e-mail uma mensagem a ameaçando de morte, inclusive com menção ao seu endereço residencial.

No texto, o remetente chama a vereadora de “aberração”, “cabelo ninho de mafagafos”, e diz estar desempregado e com a esposa com câncer. “Eu juro que vou comprar uma pistola 9mm no Morro do Engenho e uma passagem só de ida para Curitiba e vou te matar.” A mensagem dizia ainda que não adiantava ela procurar a polícia, ou andar com seguranças. Embora Carol tenha ouvido de algumas pessoas que as ameaças eram apenas “coisas da Internet”, especialistas ouvidos pelo EL PAÍS ponderam que não se deve subestimar os discursos de ódio ―a exemplo de toda a discussão que permeiam os Estados Unidos desde a quarta-feira, 6 de janeiro, quando extremistas apoiadores de Donald Trump invadiram o Capitólio em protesto contra a derrota do presidente, provocando cinco mortes.

O e-mail, com texto igual, também foi enviado para Ana Lúcia Martins (PT), também a primeira mulher negra eleita para vereadora em Joinville (SC). As vereadoras trans Duda Salabert (PDT), de Belo Horizonte, e Benny Briolly (PSOL), de Niterói (RJ), também foram ameaçadas pelo mesmo remetente. Até aqui, as investigações policiais dão conta de que o ataque orquestrado partiu de uma célula neonazista que atua sobretudo nas profundezas da internet, a chamada deep web. O provedor do qual a mensagem foi enviada tem registro na Suécia, o que dificulta o rastreamento por parte das polícias civis e, no caso do Paraná, do Núcleo de Combate aos Cibercrimes.

“Fiquei olhando para a mensagem perplexa, sem conseguir processar muito. O espanto de outras pessoas do partido me deu o alerta”, contou Carol ao EL PAÍS. “A violência não é só objetiva. A violência política acompanha a minha trajetória e a das outras vereadoras ameaçadas, com barreiras que vão se criando para que a gente não tenha êxito. Nenhuma mulher deveria enfrentar tanta coisa para exercer um direito básico da democracia”, frisa.

Desde então, o medo faz parte do cotidiano da vereadora de Curitiba. “Tô tentando ser mais discreta. Estou pensando até em mudar o meu cabelo. Isso é muito minimizado, desprezado. As pessoas pensam que é bullying, coisa de Internet. É muito nítida a questão de gênero, do sexismo aliado ao racismo.” Mas foi na Internet, por exemplo, que foi planejado, durante semanas, os ataques ao Capitólio dos EUA por grupos de extrema-direita que não aceitam a derrota de Trump para o democrata Joe Biden. (Continua)

08
Dez20

Racistas ameaçam vereadoras negras

Talis Andrade

ConscienciaNegra Ribs.jpg

 

Por Altamiro Borges

Com a chegada de Jair Bolsonaro ao poder, a porta do inferno – ou a tampa do esgoto – foi escancarada e os racistas ficaram ainda mais ousados e agressivos. Depois das agressões à primeira vereadora negra de Joinville (SC), agora é a primeira parlamentar negra eleita em Curitiba (PR) que sofre ameaças. "Vou te matar", rosna o fascista. Mas Caroline Dartora garante que não se intimida. 

Neste final de semana, a vereadora informou em suas redes sociais que recebeu ameaças de morte e ofensas de cunho racistas. Professora da rede pública e ativista antirracista, ela tomou medidas para preservar a sua vida, já anunciou que formalizará um boletim de ocorrência na Polícia Civil e deu detalhes das ameaças: 

"Acabo de receber ameaças de morte. As autoridades já foram contatadas e todas as providências estão sendo tomadas para que seja garantida minha segurança e da minha equipe. Eles combinaram de nos matar, combinamos de ocupar tudo!", postou a combativa parlamentar da capital paranaense. 

"Macaca fedorenta, cara de favelada"


Ela reproduziu as mensagens recebidas por e-mail com o título: "Vou te matar, Carol Dartora". A postagem começa tratando a vereadora recém-eleita como “aberração. Macaca fedorenta, cabelo ninho de mafagafos, cara de favelada!”. Na sequência, o fascista posta que vai comprar uma arma e viajar a Curitiba para 'matar' a vereadora petista. Ele chega a identificar o endereço da vítima e expõe todo o seu ódio racial: 

"Enquanto você ganha salário de vereadora apenas por ser uma macaca, eu estou desempregado... Eu juro que vou comprar uma pistola 9mm no morro do Engenho, aqui no Rio de Janeiro, e uma passagem só de ida para Curitiba e vou te matar. Eu já tenho todos seu dados e vou aparecer aí na sua casa". 

O racista segue na sua insanidade assassina: "Depois de meter uma bala na sua cara e matar qualquer um que estiver junto com você, vou meter uma bala na minha cabeça. Não adianta avisar a polícia ou andar com seguranças. Nada no mundo vai me impedir de te matar e me matar em seguida". 
 
Em entrevista ao UOL, Caroline Dartora afirmou que foi a primeira vez que sofreu ameaça de morte. "Acionei uma rede de proteção que já estávamos articulando com demais vereadoras eleitas e advogados populares, além do nosso partido. Iremos formalizar a denúncia na Polícia Civil". 

Outras ameaças fascistas de morte

Uma alarmante reportagem da Folha afirma que a ameaça à vereadora de Curitiba “é a mesma recebida por outras três políticas recém-eleitas, em um ataque que parece orquestrado: a primeira mulher prefeita de Bauru (SP), Suéllen Rosim (Patriota), e a primeira vereadora negra de Joinville (SC), Ana Lúcia Martins (PT). Além de Duda Salabert (PDT), a primeira vereadora trans e a mais votada no pleito, em Belo Horizonte – mas, no seu caso, o xingamento racista deu lugar ao transfóbico, chamando-a de ‘pedreiro de peruca’”. 

No caso da jornalista Suéllen Rosim, que se descreve como evangélica e conservadora, as mensagens racistas foram postadas logo que ela foi eleita. Elas são asquerosas: “Bauru não merecia ter essa prefeita de cor com cara de favelada comandando nossa cidade. A senzala estará no poder nos próximos quatro anos”. O autor da mensagem já foi identificado e interrogado pela Polícia Civil de São Paulo. 

Já na agressão a Duda Salabert as ameaças foram enviadas também à escola onde trabalha como professora. "Estou sofrendo ameaças de morte. Ontem recebi esse e-mail. E pior: o grupo odioso enviou esse mesmo e-mail para os donos e para a direção da escola onde trabalho. É uma estratégia não só para me intimidar, como também para forçar que a escola me demita", postou em seu Twitter. 

O caso de Ana Lúcia Martins, também professora e servidora pública aposentada, foi o que obteve maior repercussão. Já está em curso uma campanha nas redes sociais para pressionar o governador de Santa Catarina, Carlos Moisés (PSL), a lhe oferecer proteção. 

"É dever do Estado garantir a segurança de Ana Lúcia, com carro blindado, escolta, celeridade nas investigações e responsabilização de quem está ameaçando, para que ela possa exercer o seu mandato. Só assim poderemos garantir que mais mulheres negras possam estar nestes espaços de decisão e garantir que o crime covarde que ocorreu com Marielle [Franco] não se repita nunca mais", diz o texto. 

Na edição desta semana da revista Época, a vereadora de Joinville deu um forte depoimento. Vale conferir na íntegra: 

***** 

Sem medo dos racistas 

“Não posso permitir que o medo me imobilize”, diz a primeira mulher negra eleita como vereadora em Joinville 

Ana Lúcia Martins, em depoimento a Diego Santos, de Joinville 

04/12/2020 
 
No domingo, 15 de novembro, dia em que fui eleita a primeira mulher negra da Câmara de Vereadores de Joinville, em Santa Catarina, recebi a informação de que meu Instagram havia sido invadido. Na terça-feira 17 e no domingo 22, vieram os ataques racistas e as ameaças de morte. Tudo registrado em redes sociais e por e-mail. Uma das ameaças dizia: “Agora só falta a gente matar ela e entrar o suplente que é branco”. 

Ao ler tudo isso, o sentimento que me dominou, acima do medo, foi um misto de indignação e revolta. Receber ameaças cujo objetivo é impedir que eu ocupe um espaço democrático para qual fui eleita é revoltante. Pessoas que se consideram superiores continuam nos impossibilitando de nos mover na sociedade. É dolorido e assustador. Mas, ao mesmo tempo, tive forças para imediatamente dizer “não”. Ninguém vai nos impedir. Ninguém pode nos impedir. É um processo democrático. E não deixar que assuma meu lugar na Câmara de Vereadores é matar a democracia. 

Disputei uma eleição dentro dos mesmos critérios das outras candidatas e dos outros candidatos. Mas somente eu, em Joinville, fui ameaçada. Somente eu, em Santa Catarina, fui ameaçada. Isso é uma expressão do racismo. São grupos ou pessoas que ultrapassam os limites da intolerância. 

O racismo nos adoece. E nos mata simbolicamente, nos excluindo dos espaços. Ou nos mata na prática. Como a vereadora do Rio de Janeiro Marielle Franco, o gaúcho João Alberto Silveira Freitas e tantos outros. 

Depois das ameaças, minha rotina mudou. Minha vida mudou. Afinal, não posso ser alvo fácil de pessoas intolerantes. Mas não convivo com o medo. Não posso permitir que o medo me imobilize. O medo é algo que o opressor nos impõe como forma de dominar. E isso eu não permito. Vivemos cuidando. E, num ato coletivo, sendo cuidadas. Mas sem medo. Porque o medo nos tira a liberdade. Nossos antepassados lutaram por essa liberdade para que hoje estivéssemos livres. 

A presença de uma mulher negra, periférica, professora, mãe solteira, na Câmara de Vereadores de Joinville é um marco histórico para a cidade. É um fato com uma simbologia muito grande. Quando penso nessa representatividade, não penso apenas em quem está aqui, assistindo a tudo isso. Mas lembro, principalmente, dos negros e negras que sofreram muito para que eu pudesse ocupar esse espaço. 

Lembro do protagonismo das mulheres que vieram muito antes de mim. Minha mãe, minhas avós, minha irmã, minhas tias, minhas primas... Eu trago um legado de muita resistência, luta, perseverança e dor. Mulheres negras nunca estão sozinhas. Nós falamos por muitas e muitos de nós. 

Será um grande desafio legislar em uma cidade bastante conservadora, que naturaliza a ausência de outros grupos nos espaços de poder, ocupados majoritariamente pela população branca, de homens brancos. Onde somente os imigrantes europeus tiveram lugar nos registros da história da cidade. E a população negra de Joinville, que já chega a 17%, sempre resistiu. E vamos seguir resistindo em todos os espaços. 

O primeiro movimento para a transformação já aconteceu, com o voto e minha chegada na Câmara de Vereadores. O ato do racismo e da intolerância chamou a atenção para uma prática que antes era silenciosa na cidade. Desnudar o racismo é necessário. O movimento antirracista já começou. E, agora, com políticas públicas e diálogo, quero fazer com que Joinville entenda que precisa mudar e respeitar as diferenças em seus espaços de controle social. 
 
Nota da redação: A Polícia Civil identificou no dia 22 de novembro um homem branco de 22 anos como suspeito. Segundo a polícia, ele sofre de esquizofrenia. Após ser interrogado, foi liberado. Seus equipamentos eletrônicos vão passar por perícia.

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