A vacinação de crianças virou uma questão religiosa
O pastor Silas Malafaia decidiu entrar de cabeça na cruzada bolsonarista contra a vacinação de crianças entre 5 e 11 anos de idade. Em um dos seus perfis nas redes sociais, o religioso, que é apontado pelo clã Bolsonaro como principal conselheiro do presidente, fez 15 publicações seguidas nas últimas 24 horas criticando a aprovação da imunização infantil pela Anvisa.

Malafaia diz em suas publicações que há riscos para gerações futuras após a aplicação do imunizante da Pfizer. Nenhuma das afirmações do pastor tem sustentação no meio científico.
Para ele, a medida aprovada pela Anvisa de liberar a imunização de crianças atenderia a um interesse financeiro dos laboratórios. A medida, no entanto, é tida por especialistas ao redor do mundo como uma forma de conter o avanço da nova variante ômicron da Covid-19. Outros países já iniciaram a imunização da faixa etária infantojuvenil.
O arcebispo de Aparecida, Dom Orlando Brandes, defendeu a vacinação infantil no Brasil durante seu discurso na Missa do Galo, realizada na sexta-feira (24), véspera de Natal. Ele pediu ao Menino Jesus que dê “uma forcinha” para que a imunização das crianças brasileiras aconteça o quanto antes.
“Dai força para as crianças sem afeto, sem amor, sem colo dos pais por tantos motivos. E menino Jesus, dá uma forcinha para que a vacina das crianças do Brasil chegue o quanto antes. Um grande presente de Natal à saúde de nossos filhos, de nossas crianças e de nossos netos”, disse o arcebispo.
Na missa, Dom Orlando também lamentou as mortes ‘sentidas’ pelas crianças. Transcrição de frases:
“Nesta noite, olhando nos olhos do Menino Jesus, nós dizemos: console tantas crianças que perderam os avós, o pai e a mãe nesta pandemia.
Menino Jesus, consola esses órfãos.
Menino Jesus, quantas crianças vítimas da bala perdida; traga-nos a paz, Menino Jesus.
Menino Jesus, em muitos países do mundo tem a criança soldado, a criança com fuzil para matar.
Menino Jesus, nos livre do abuso de crianças e do trabalho escravo”.