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O CORRESPONDENTE

Os melhores textos dos jornalistas livres do Brasil. As melhores charges. Compartilhe

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O CORRESPONDENTE

27
Mai23

Herança maldita do governo Bolsonaro: Milhões de brasileiros têm dificuldades de pagar suas dívidas (vídeos)

Talis Andrade

 

 

 

Efeito da agiotagem de Roberto Campos Neto: Quase 64% dos inadimplentes devem aos bancos

por Vitor Abdala - Repórter da Agência Brasil - Brasília

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A mercadoria que garante o ganha-pão de Guilherme Nogueira fica todos os dias, de segunda a sexta-feira, espalhada pelo chão de uma calçada na rua Uruguaiana, no centro da cidade do Rio de Janeiro. O jovem, de 28 anos, tinha um emprego formal, com carteira assinada até 2020. 

Com a chegada da pandemia de covid-19, ele foi demitido e, desde então, tem que se virar como pode, para garantir o seu sustento e o de seu filho. Atualmente, vende mochilas que ficam expostas em uma lona para pessoas que transitam pela movimentada rua carioca. 

“Tem dia que vende, tem dia que não vende. Tem dia que vende cinco, oito mochilas. Em outros, vende duas. É difícil, os guardas [municipais] querem pegar [apreender] as mochilas”, lamenta Guilherme. 

A perda do emprego também o envolveu em uma situação que atinge hoje 66 milhões de brasileiros, segundo dados da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL): o jovem não consegue pagar suas contas. 

Sem uma fonte de renda estável, Guilherme não consegue saldar suas dívidas com o cartão de crédito. “Eu não tinha condições de pagar o banco. Fiz um cartão de crédito e não tinha dinheiro na hora pra pagar. Tenho dívidas com cartão de dois bancos”, conta. “Não tenho nenhum plano para conseguir pagar isso. Está difícil”. 

A inadimplência, ou seja, as contas ou dívidas em atraso, atinge, segundo o CNDL, quatro entre dez brasileiros adultos.  

O número de dívidas em atraso no Brasil, em abril deste ano, cresceu 18,42% em relação ao mesmo período do ano passado. A dívida com os bancos é, segundo o CNDL, o principal motivo da inadimplência: 63,8% do total. 

E, assim como Guilherme, em média os brasileiros inadimplentes devem a duas empresas. Quase metade dos brasileiros na faixa etária a qual pertence o vendedor ambulante (25 a 29 anos) estão na inadimplência. 

Mas não são apenas os jovens que enfrentam o problema, nem os bancos são a única fonte das dívidas difíceis de pagar. Seu José Raimundo, de 67 anos, também é autônomo. Trabalha há anos como engraxate, a poucos metros de onde Guilherme vende suas mochilas. 

E assim como o colega vendedor, foi muito impactado pela pandemia. Ainda sem conseguir contar com uma aposentadoria – ele deu entrada no Benefício Assistencial ao Idoso, mas ainda não recebeu o aval da Previdência Social para receber o dinheiro – ele perdeu grande parte da clientela que usava seus serviços antes da covid-19. 

“Só por causa da pandemia, fiquei quase dois anos em casa. Depois fiquei doente, sem poder fazer nada. Fiquei três anos e pouco sem trabalhar. E aí foi atrasando tudo. Minha mulher sozinha pagando tudo: água, luz, telefone. O que eu mais atrasei foi a conta de água. Na hora que sair o benefício [da Previdência], eu vou conversar com a concessionária e parcelar. Não quero ficar devendo nada a ninguém. Não tenho essa índole de mau pagador”, conta o engraxate que retomou recentemente seu ofício.

Três em quatro idosos com 65 a 84 anos estão com dívidas em atraso no país. Água e luz respondem por 11,1% das inadimplências, percentual parecido com o do comércio, que representa 11,6% das dívidas não pagas. 

E a inadimplência não poupa nem quem tem emprego formal. Alessandro Gonçalves tem 30 anos e trabalha como porteiro em um prédio comercial no centro da cidade do Rio. 

Todo mês, ele precisa fazer malabarismos para garantir que seu dinheiro supra suas necessidades diárias. E isso envolve atrasar o pagamento de algumas contas. “É aquela dificuldade rotineira. Você tem uma conta pra pagar e não consegue. Chega no final do mês, pega o dinheiro pra pagar a conta e não consegue. O salário nosso, a gente faz uma conta e, quando chega no final do mês, não dá pra pagar. E aí a gente tem que atrasar as contas”. 

Renda

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Segundo Merula Borges, especialista em finanças da CNDL, a perda de renda é um dos motivos que levam as pessoas à inadimplência.  

“Na pesquisa, quando as pessoas foram perguntadas sobre o motivo de elas terem entrado na inadimplência, elas disseram que tiveram perda de renda ou de si próprios, ou de alguém da família”, afirma Merula. “Isso é natural já que, quando a renda é menor, o espaço que os itens básicos ocupam no orçamento familiar é maior e as pessoas têm menos possibilidade de lidar com algum imprevisto que aconteça”. 

Segundo a especialista, quem tem renda menor também precisa de mais disciplina financeira para evitar a inadimplência.

“Existe, sim, uma possibilidade de as pessoas se manterem adimplentes, apesar da renda mais baixa, mas é muito mais difícil. Então, o foco daquele que tem uma renda menor precisa ser em melhorar a qualificação, procurar cursos gratuitos, possibilidades de melhorar a própria renda para entrar em uma situação um pouco mais confortável”. 

Merula diz que são necessárias políticas públicas que ajudem os brasileiros a saírem dessa situação de inadimplência. O governo federal prepara um programa, chamado Desenrola, que pretende renegociar até R$ 50 bilhões em dívidas de 37 milhões de pessoas físicas. 

A política está sendo preparada pelo Ministério da Fazenda, que, em resposta à Agência Brasil, afirmou que “não se manifesta sobre medidas em elaboração”.

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Brasileiros tentam quitar dívidas, mas juros e inflação atrapalham sair da inadimplência

A 'bola de neve' da dívida sob juros altos impede muitos de se verem livres dos pagamentos e arrastam mais pessoas para o grupo de inadimplentes. É no que dá a agiotagem do bolsonarista Roberto Campos Neto presidente do Banco Central

 

por Beatriz Pacheco /Valor Investe

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O número de brasileiros inadimplentes bateu recorde no início deste ano. Segundo a Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) com o Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil), eram 66 milhões de devedores em março, ou seja, 40,6% da população adulta no país estava com o pagamento de pelo menos uma conta em atraso. É o maior número da série histórica. E embora o volume de dívidas tenha crescido junto com o grupo de devedores, uma parte dessas pessoas tem se esforçado para pagar parcelas mais altas e até quitar dívidas neste começo de ano.

Um levantamento inédito realizado pela Paschoalotto, plataforma de recuperação de crédito, compartilhado em primeira mão com o Valor Investe, mostra que o valor médio das parcelas de dívidas pagas subiu 22,3% em março comparado aos dois primeiros meses do ano.

Em janeiro, o tíquete médio recebido dos credores foi de R$ 472,46, em fevereiro, de R$ 455,34, e em março, R$ 570,37, que apontou alta de 21% sobre a parcela de janeiro e de 25% sobre fevereiro. A média das parcelas pagas de contas atrasadas no trimestre foi de R$ 496,15.

Diego Hernandez, economista e CEO da Ativo Investimentos, lembra que há uma sazonalidade relevante impactando esses dados. Em março, o orçamento do brasileiro teve um respiro após dois meses com reajustes de contratos de serviços e gastos com educação.

"O indicador de inflação desse começo de ano, nos primeiros dois meses, esteve bem inchado, justamente por conta desses fatores. Houve muitas repactuações de contratos de serviços de telecomunicações em janeiro, além dos pagamentos de tributos (IPTU, IPVA). Por isso, costuma ser um período mais tenso para o pagamento de dívidas", diz Hernandez.

Assim, o grupo de devedores cresceu 8,32% de março deste ano contra o mesmo mês do ano passado, segundo os dados do SPC Brasil, e na passagem de fevereiro para o mês seguinte, a alta foi de 1%. Esses dados compensaram o aumento do tíquete médio.

Mesmo elevando a parcela de amortização das dívidas, o montante da dívida total no mercado que foi paga no mês passado foi menor. Quer dizer: quem pagou, conseguiu elevar o valor de pagamento, mas, além do crescimento do número de inadimplentes, o número de boletos que não foram pagos em março superou o dos meses anteriores.

Resumidamente, março foi um mês de comportamentos díspares entre inadimplentes. Muita gente tentou pagar uma parcela maior e até se ver livre da dívida. Mas muito mais gente deixou de pagar os boletos.

No fim do primeiro trimestre, cada consumidor negativado devia, em média, R$ 3.974,73, conforme o mapeamento da CNDL com o SPC. E cada inadimplente tinha compromissos financeiros, em média, com duas empresas credoras.

Diego Mosquim, diretor de planejamento e coordenador da pesquisa da Paschoalotto, analisa que o maior desafio para o consumidor é pagar todas as dívidas em cenário de juros altos, que acaba dificultando a renegociação e honrar compromissos atrasados.

“Alguns fatores contribuíram para esse cenário: a alta da inflação; o uso crescente do cartão de crédito, através da oferta de novos produtos e serviços por bancos e fintechs; e a maior demanda por serviços, como viagens e compra de passagens aéreas, geralmente também pagos no cartão”, afirma.

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Os principais credores

Com esse cenário, a prioridade dos brasileiros em março foi reduzir o montante das dívidas que costumam ter juros mais altos. Credoras nos segmentos de cartão de crédito e fintechs lideraram os recebimentos nesse primeiro trimestre, tendo captado, respectivamente, 22,3% e 5,3% dos valores pagos no período.

Na sequência, inadimplentes preferiram pagar o financiamento de veículos leves, com 4% do montante pago no mês, e outros 3,3% foram destinado à redução das dívidas com consórcios.

Pelo mapeamento da CNDL com o SPC Brasil, em termos de participação, o setor que concentrava volumes a receber da maior parte das dívidas no país em março era o bancário, credor de 64% do total.

"Se antes o brasileiro tomava dívida a 2% ao mês para pessoa física, agora pega a 5%, graças ao juro real mais elevado na economia. Isso impacta o montante da dívida e dificulta a amortização", retoma Fábio Sobreira, analista-chefe e sócio da Harami Research.

Ele explica que o cenário é como uma bola de neve: além dos juros altos, que tendem a continuar altos por algum tempo, a pessoa inadimplente ainda lida com a inflação persistente, que deteriora o poder de compra. Quer dizer, com todos os preços subindo, sobra menos dinheiro para pagar as dívidas e, muitas vezes, é preciso fazer mais dívidas para garantir a compra do básico.

"E assim chegamos nesse cenário, em que dois terços dos brasileiros estão endividados e, dentre esses, um quarto não tem condições de pagar a dívida", conclui Sobreira.

22
Out22

A ditadura sonhada pelos marechais de contracheque (galeria de charges)

Talis Andrade
 

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Candidatos a führer. Duce serve
 
 
Carlos Alberto Jr.
@cajr1569

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