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O CORRESPONDENTE

Os melhores textos dos jornalistas livres do Brasil. As melhores charges. Compartilhe

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O CORRESPONDENTE

20
Jul22

O valor da vida

Talis Andrade

bolsonaro oposição inimigo machado.jpg

 

Sustentar politicamente quem faz apologia da morte e da tortura não é compatível com a doutrina cristã

 

por Lorenzo Vitral /A Terra É Redonda 

É um truísmo admitir que o fascismo cultua a morte. Desde o grito do general franquista Millán-Astray (“Abajo la inteligencia, viva la muerte!”), passando pelo papel desempenhado pelo nazi-fascismo na Segunda Guerra Mundial, intriga-nos a aparente fuga do escopo da razão desse traço fundamental do fascismo.

No nosso país, nunca houve dúvidas da compatibilidade desse fenômeno com o “ideário” do atual governo. Desde o “fuzilar a petralhada” em 2018, o desprezo pela mortandade causada pela epidemia do Covid-19, o armamento da população civil até a consecução de assassinatos políticos, encontramo-nos num registro social-político que podemos classificar como fascista; além do traço comentado, o “espírito” atual do país encaixa-se bastante bem nos 14 (quatorze) critérios propostos por Umberto Eco para classificar esse tipo de regime político.[1]

Por outro lado, somos tomados por sentimento de estranhamento quando constatamos que muitas das pessoas que compartilham a fé cristã, seja ela protestante, neopentecostal ou católica, consentem esse estado de fatos ou, pelo menos, não se vê sua reprovação de maneira inequívoca. A primeira explicação que nos vem à mente é admitir que há interesses escusos ou inconfessáveis no apoio ao atual governo por parte de parte da cristandade, como pode ter sido o caso com a aparente corrupção no MEC na gestão Milton Ribeiro. Afinal, sustentar politicamente quem faz apologia da morte e da tortura não é compatível com a doutrina cristã, o que nos leva a pensar que o apoio cristão ao que se abateu sobre nosso país só encontra motivos na excepcionalidade, com justificativas de outras naturezas.

No entanto, a razão alegada não nos parece suficiente. Pensemos assim em como a morte e o assassinato são de fato concebidos na doutrina cristã, tomando a Bíblia Sagrada como referência.

Existe, é claro, o mandamento “Não matarás” e a condenação do primeiro homicídio que foi a morte de Abel por Caim (Gênesis:4:3-8); Caim recebe uma marca ou sinal (“owth”) do seu crime, mas não é condenado à morte. Em outros trechos veterotestamentários, no entanto, sobretudo nos campos de batalha, o assassinato não sofre repúdio. Há, dentre outras, passagens como as seguintes: “Com aprovação divina, Josué destrói todo o povo de Ai, matando 12.000 homens e mulheres, sem que nenhum escapasse (Josué 8: 22-25); “Das cidades destas nações, que o Senhor teu Deus te dá em herança, nenhuma coisa que tem fôlego deixarás com vida” (Deuteronômio20: 16). Como entender o aparente antagonismo desses trechos bíblicos? Ao que tudo indica, o assassinato se constituía como pecado apenas quando se matassem membros de seu próprio povo, seus iguais, mas não se o alvo fossem inimigos de seu povo, incluindo nesse rol mulheres e crianças.[2]

A relativização do valor da vida em todas as suas manifestações e a apologia ao assassinato, que lançou seu manto sobre nós, parece, assim, encontrar guarida na recusa da legitimidade da alteridade a qual, longe de poder participar de um processo de inclusão pela via republicana, pode e deve ser eliminada; afinal, já que diferentes, trata-se de inimigos. Dito de outro modo, não podendo a razão manifestar-se – como no grito do general fascista – o que impede o pensamento dialético, não há inclusão do antagonismo; o diferente é o inimigo já que, nesse confronto, o último deve ser concebido como fraco, castrado, o que torna inteligível o porquê da misoginia, da homofobia e do racismo fascistas.

Os cristãos nacionais que se omitem ou compactuam com esse estado de fatos não lograram alcançar a versão síntese neotestamentária dos mandamentos, ou seja, “Ame o seu próximo com a si mesmo”, da epístola paulina (Romanos 13:9). Para esses agrupamentos religiosos, no entanto, que não ao acaso se aproximam, com mais ênfase, da palavra veterotestamentária, mimetizando elementos do judaísmo, é reforçado, por outro lado, um bem tido como supremo, o qual não admite relativização, e parece, assim, hierarquicamente superior ao valor da vida: trata-se da propriedade privada que vem de par com sua transmissão hereditária.

Lembremo-nos que a primeira conceptualização cultural coletiva que justificava a adesão ao armamentismo civil foi a defesa do patrimônio privado. O temor lunático do “comunismo” num mundo sem comunismo ganha, nesse contexto, sua justificativa: ora, como mostra o clássico de Friedrich Engels sobre a propriedade privada, a formação da família monogâmica tem, dentre suas bases, a conservação e a transmissão da propriedade, o que abole uma configuração de “comunismo primitivo”. Com o advento da história, para garanti-la ou obtê-la, tudo é permitido, a depender, é claro, da origem étnico-social e da compactuação entre iguais.

Não é à toa também que, dentre as diversas mortes e assassinatos recentes, o falecimento de Dom Luiz de Orleans e Bragança, descendente da família real brasileira, ligado à TFP (Tradição, Família, Propriedade), tenha merecido luto oficial.Image

Notas


[1] https://homoliteratus.com/14-caracteristicas-do-fascismo-segundo-eco/

[2] (http://www.justificando.com/2015/07/27/o-homicidio-e-suas-razoes-numa-perspectiva-historica-social/

inimigo Saad Murtadha.jpg

 

30 charges de Benett para os 100 dias de Bolsonaro - Jornal PluralTRIBUNA DA INTERNET

Twitter 上的 Humor Político:"Minha arma minha vida por Carol #arma #armas # bolsonaro #Cartoon #Charge #JairBolsonaro #minhaarmaminhavida  https://t.co/30OnUf5OyZ" / Twitter

Bolsonaro se arma - Renato Aroeira - Brasil 247

28
Mai22

Presença de Bolsonaro esvaziou a Marcha para Jesus em Curitiba

Talis Andrade

Presença Bolsonaro esvaziou Marcha Jesus Curitiba

Marcha para Jesus em 21/05/2022 (Imagem: Clauber Cleber Caetano | PR)

 

O discurso que deveria ter sido na praça, acabou sendo em uma rua oposta, onde as árvores camuflavam a falta de público. Foi preciso malabarismo dos fotógrafos oficiais para encontrar um ângulo que ajudasse a não mostrar o fiasco

 

Guilherme Mikami /Pragmatismo Político

- - -

Até que ponto a fé e a política podem se misturar?

Essa é uma dúvida que vem crescendo no coração e na mente de uma parcela cada vez maior de evangélicos no Brasil, especialmente a partir das mudanças sentidas nos últimos anos em muitas igrejas e comunidades, nas quais os princípios básicos do cristianismo, como o amor e a solidariedade, foram perdendo espaço para a intolerância e o ódio implantados com objetivos políticos-econômicos-eleitorais (questões bastante mundanas, por sinal).

Os brasileiros viram surgir um tipo de “evangelho do ódio”, a partir de discursos acalorados vindos de lideranças que, em vez de pregar o amor de Cristo, passaram a disseminar rancor e raiva contra tudo aquilo considerado ‘diferente’.

Não é de hoje que eles sabem que as pessoas reagem mais pelo sentimento do que pela racionalidade. Só que eles descobriram que, entre os sentimentos, as pessoas reagem mais fortemente ao medo.

O objetivo dos pregadores do “evangelho do ódio” é espalhar medo. Em excesso, medo vira paranoia. Em grande escala, se transforma em paranoia coletiva, que é o que eles espalham nas igrejas brasileiras ao disseminar mentiras de cunho político.

É aí que as coisas se misturaram de forma perversa e passaram a corroer o tecido social de comunidades inteiras que antes se reuniam para compartilhar atos de amor, esperança, fé e solidariedade.

Em grande escala, isso criou uma nova geração de pessoas “desigrejadas”, que deixaram de frequentar cultos, células e outros espaços de convivência porque sofreram com a intolerância de “irmãos” e “irmãs” (que é a forma como se identificam as pessoas na igreja) ou porque se desapontaram ao ver lideranças envolvidas em uma política de baixo nível, disseminando a discórdia a partir de mentiras e conteúdos extremistas.

Tudo isso vem gerando, mais recentemente, uma forte angústia em parcela significativa das comunidades evangélicas. Cada vez mais, as pessoas estão sentindo que essa entrada da política oportunista no meio evangélico está destruindo relações humanas e sociais.

Essa pode ser uma das explicações para o gigantesco fracasso da chamada “Marcha para Jesus”, que aconteceu no dia 21 de maio em Curitiba.

 

Bolsonaro esvaziou a marcha

 

Há quem diga que Bolsonaro se tornar presidente foi um acaso na política brasileira. Eu discordo.

Apesar de seus atos não demonstrarem nenhuma identificação com a fé cristã ao longo de sua vida política, o presidente da República, Jair Bolsonaro, veio construindo uma imagem para confundir a população nos últimos anos. Mesmo sendo católico, ele identificou que os votos de eleitores evangélicos poderiam estar entre os mais facilmente influenciados por lideranças religiosas.

Junto com algumas dessas lideranças, ele construiu uma narrativa para se infiltrar no meio evangélico, incluindo vários “batismos nas águas” e até o casamento ministrado por um pastor.

De certa forma, funcionou. Com isso, fizeram com que milhões de pessoas passassem a acreditar que ele é evangélico.

Depois, em sua campanha, adotou slogans e expressões que funcionam como gatilhos mentais para evangélicos, usando de forma bastante genérica palavras-chave como “família”, “fé” e o próprio nome de Deus (em vão).

Tudo isso para criar a falsa impressão de que “ele é um de nós”. É fake, mas continua servindo para enganar pessoas.

Para reforçar essa imagem, ele passou a frequentar eventos voltados ao público evangélico. Daí vieram as contraditórias cenas de “arminha com os dedos” em locais onde a vida deveria ser valorizada.

Quando anunciaram que Bolsonaro participaria da chamada Marcha para Jesus, em Curitiba, os organizadores disseram a jornais da capital paranaense que esperavam entre 200 e 300 mil pessoas. Apesar do exagero, a expectativa era atrair mais participantes do que nas edições anteriores, que chegaram a contar com mais de 100 mil pessoas antes da pandemia de Covid-19 (segundo os mesmos organizadores).

Apostaram alto. E perderam feio.

Em vez de aumentar, o evento deste ano encolheu. E muito.

Quando Bolsonaro discursou em frente a um teatro na capital, não havia mais do que 3 mil pessoas. Isso equivale a 1% do público esperado.

Dezenas de milhares de pessoas, que teriam participado se a marcha tivesse sido realmente para Jesus, preferiram ficar em casa depois que descobriram que era uma “marcha para Bolsonaro”.

O discurso que deveria ter sido na praça, acabou sendo em uma rua oposta, onde as árvores camuflavam a falta de público. Haja malabarismo dos fotógrafos oficiais para encontrar um ângulo que ajudasse a não mostrar o fiasco.

E mesmo depois, com os trios elétricos se movimentando, dando um tempinho para que os correligionários conseguissem mais público, ainda assim não chegou nem perto das edições anteriores.

Fotos de drone? Nem pensar. Estimativa de participantes segundo a polícia? Silêncio total. Muito provavelmente, prevaleceu alguma ordem para que todos ficassem bem quietinhos. No dia anterior, o governador paranaense, Ratinho Jr, havia afirmado que apoiaria Bolsonaro. E como o comando da PM é subordinado ao governo…

 

Quem pagou foi a população

 

Todo o aparato do Estado que precisou ser deslocado para esse evento por causa da presença do presidente, ainda acabou prejudicando os curitibanos, já que faltaram viaturas de polícia e ambulâncias para dar conta das ocorrências no restante do dia.

No final da tarde, quando voltava para casa com minha família, uma criança foi atropelada pouco à frente. Corremos para ajudar e ligamos para o Resgate. Fomos informados de que não havia viaturas disponíveis. Mesma coisa com o Siate. Uma pessoa ao lado me contou que tinha acabado de ligar para um amigo policial para pegar orientações e recebeu, como resposta, que grande parte do pessoal teve que trocar de turno por causa do evento ocorrido de manhã.

A criança continuava no chão, ferida e reclamando de muita dor. Dezenas de pessoas em volta. Comoção geral, raiva pela demora no atendimento, e muitas ligações de cidadãos para saber quando chegaria alguma viatura. A ambulância chegou 17 minutos depois. Obviamente, a culpa não era dos bombeiros socorristas, que estavam visivelmente sobrecarregados. Foi do evento minúsculo voltado a um político igualmente minúsculo na manhã daquele dia.

* Guilherme Mikami é jornalista, cientista político, diretor da agência de comunicação sindical Abridor de Latas, e participa da Frente de Evangélicos pelo Estado Democrático de Direito.

 
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04
Ago21

Bolso-nazismo

Talis Andrade

BEATRIX VON STORCH É NETA DO MINISTRO DAS FINANÇAS DE HBeatrix von Storch: quem é a líder da extrema-direita alemã que se reuniu  com Bolsonaro - BBC News BrasilNazismo ameaça a todos, não só aos judeus - Alex Solnik - Brasil 247

Por Fábio Tofic Simantob e Michel Gherman / Folha de S.Paulo.

 
 

O anti-judaísmo é uma das formas mais longevas de discriminação religiosa, racial e étnica. Atravessa ao menos dois milênios de história.

​Na alta Idade Média se manifestou sob a forma de perseguição religiosa, e o deicídio (com judeus acusados de matar Cristo) era motivação para a explosão de ódio e violência contra comunidades judaicas na Europa. Mais tarde, na baixa Idade Média, os judeus europeus eram vítimas de falsas acusações e fake news, acusados de praticar bruxaria, matar crianças e causar a peste.

Na modernidade, surgiram os estereótipos socioeconômicos relacionando a comunidade a estigmas como “avarentos” e “dinheiristas”. Os judeus foram colocados como protagonistas de uma conspiração internacional, homogênese perversa, que intencionava, nessa perspectiva, degenerar e corromper a humanidade. É a transformação do anti-judaísmo tradicional no antissemitismo moderno.

Já no século 19, a figura do judeu passa a ser o estrangeiro, o diferente, o apátrida traidor. O caso Dreyfus é o início simbólico desse antissemitismo moderno. O capitão judeu do exército francês passa a incorporar todos os valores racistas e preconceituosos do antissemitismo: é um traidor por ser um judeu. Degenera e coloca em risco o Estado francês por ser judeu, ou seja, é membro de uma conspiração internacional.

Nessa toada surge o livro “Protocolos dos Sábios de Sião”, ou “Os Protocolos de Sião”, um texto antissemita que tenta justificar todas as tragédias do mundo como sendo produtos de uma conspiração judaica para dominar todos os países e governos.

Não é casual que Adolph Hitler tenha bebido nessa fonte para escrever “Minha Luta”, livro embrião do regime nazista, que toma o poder na Alemanha de 1930 e que acaba produzindo, ao fim e ao cabo, o genocídio de milhões de judeus e outros grupos considerados minorias na Europa —e cujo símbolo maior foram os campos de extermínio.

Em um mundo ideal, um judeu jamais poderia apoiar líderes políticos que pregam alguma forma de xenofobia, discriminação, desrespeito ou intolerância com outros povos. A mera lembrança do genocídio, porém, não é suficiente para educar politicamente os descendentes de suas vítimas.

Quando Jair Bolsonaro esteve no clube Hebraica do Rio de Janeiro e comparou quilombolas a gado gordo, ele estava efetivamente reproduzindo um pensamento racista —mas alguns preferiram relevar. Quando o secretário da Cultura gravou um vídeo emulando Joseph Goebbels, tampouco despertou a ira ou a revolta daqueles que queriam enxergar Bolsonaro como o amiguinho dos judeus e de Israel. O presidente, no passado, já havia feito elogios a Hitler. Mas isso também não foi grave o suficiente para encará-lo como um líder racista e antissemita.

A oposição da esquerda internacional a Israel contribuiu para que parcela da comunidade judaica buscasse refúgio na extrema direita. Ledo e grave engano.

A extrema direita polonesa e húngara e os supremacistas americanos —parceiros ideológicos do bolsonarismo— não escondem seu ódio aos judeus. Idolatram uma Israel branca e cristã, a Israel imaginária, enquanto que, de outro, não toleram o estranho, o diferente, o estrangeiro —em suma, o judeu histórico. Criam um judeu para chamar de seu, enquanto continuam a acreditar nas teses supremacistas e conspiratórias típicas do antissemitismo e do racismo estrutural.

A visita de deputada de um partido de extrema direita alemão a Bolsonaro nos fez lembrar disso. Posições xenófobas e que relativizam o Holocausto não podem ser toleradas. Judeus e não judeus devem entender os vínculos ideológicos do bolsonarismo com o nazismo.

Eles nunca foram ocultos, mas hoje estão mais claros do que nunca, sorridentes e saindo do armário para os braços de uma deputada neonazista. Só não vê quem não quer.Neta de ministro de Hitler relata 'conversa de uma hora' com Bolsonaro |  VEJA

Foto: A deputada alemã Beatrix von Storch, vice-líder do partido de ultradireita AfD durante encontro com o presidente Jair Bolsonaro

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