Motociatas e sequência de passeios corroboraram para a percepção popular; Lula fez postagem chamando-o de "vagal da República"
247 - “Média de 3,6 horas trabalhadas por dia útil, e dezenas de folgas autoconcedidas. Entre jogos de futebol, viagens para lazer e passeios de jetski, não sobra muito tempo para Bolsonaro trabalhar”. A postagem foi feita nesta sexta-feira (3) pela equipe do ex-presidente Lula nas redes sociais. Um meme apelida o presidente de “vagal da República”.
Mas não é só o principal adversário que tem compartilhado essa percepção. Pesquisas internas encomendadas pela equipe de Jair Bolsonaro, a partir de monitoramento nas redes, identificaram que o rótulo de “preguiçoso” pegou, depois de muitas sequências de passeios de moto e jet ski, cvalgadas e agendas vagas e de meio período.
A quantidade média de sua carga de trabalho ainda diminuiu nos últimos anos: passou de 5,6 horas em 2019, primeiro ano de governo, para só 3,6 horas este ano.
"Média de 3,6 horas trabalhadas por dia e dezenas de folgas autoconcedidas. Entre jogos de futebol, viagens para lazer e passeios de jetski, não sobra muito tempo para Bolsonaro trabalhar" #EquipeLulahttps://t.co/C6z4plNQhApic.twitter.com/5QUy9ewbrr
Vagais tem os seguintes sinônimos para o pai presidente, o filho zero 1 senador da República, o filho zero 2 vereador geral do Brasil e diretor do Gabinete do Ódio, o filho zero 3 deputado federal e embaixador em Pasárgada, o filho zero 4 que nem estuda nem trabalha, comedor do condomínio Vivendas que botou mansão de luxo em Brasília: vagueais, errais, deambulais, perambulais, passeais, andejais, vagabundeais, vagabundais, vadiais, divagais, vaguejais, girais, andarilhais, espaireceis, rodais, rondais, borboletais, bolinais, zaranzais, desvairais, doidejais, circunvagais, flanais, arruais, bestais.
Um dos homens que participaram do espancamento e da morte de Moïse Kabamgabe no Rio de Janeiro gravou um vídeo. Diz que ninguém quis matar Moïse. E que ninguém bateu nele por ser preto. Pode ser.
Mas Moïse Kabamgabe morreu. E morreu por ser preto.
Escrevi acima “um dos homens que participaram do espancamento e da morte de Moïse Kabamgabe”. É como nós, da imprensa, falamos no caso de brancos que admitem ter assassinado alguém.
Seria mais fácil falar “assassino”. Talvez seja justo, ainda mais com a confissão. Mas nós, da imprensa, somos cuidadosos. Ainda mais quando se trata de um branco “envolvido com o espancamento e a morte” de um preto. Pode ser que ele não tenha dado o golpe derradeiro. Pode ser que com isso consiga não ser chamado de assassino. Pode ser que quem o chame de assassino seja culpado por isso mais tarde.
No Brasil, muita coisa pode acontecer. Principalmente se você for preto. Como era o caso de Moïse Kabamgabe.
Você pode morrer por dever R$ 200 a alguém. Ou pode morrer porque alguém te deve R$ 200. É estranho, mas pode acontecer, principalmente se você for preto.
Alisson, o homem que admitiu estar “envolvido na morte” de Moüse Kabamgabe, disse que viu uma briga entre o homem preto e um senhor do quiosque ao lado. E foi defender o senhor. Disse assim, como se não soubesse sequer o nome do senhor. Um homem que estava com um pedaço de pau, segundo as imagens. Moïse Kabamgabe não tinha um pedaço de pau. Mas era preto. Alisson, envolvido no espancamento e na morte do homem preto, foi proteger o branco que carregava um pedaço de pau.
Mas não foi racismo.
Moïse Kabamgabe veio para o Brasil fugido da guerra. Morava no Congo, um país em que os belgas, brancos, causaram um dos maiores morticínios da história moderna. E depois foram embora. O branco Joseph Conrad fez um de seus personagens dizer algo sobre isso. O horror.
No cinema, Marlon Brando diz isso sobre o Vietnã. Um país de não-brancos explorado por brancos até que acontece uma guerra.
O Congo é um dos países mais pobres do mundo. Ninguém liga. Só há pretos lá. Fossem nórdicos os habitantes do Congo, o mundo estaria mobilizado para tirá-los da miséria e da guerra.
O PIB da República Democrática do Congo é de 50 bilhões de dólares ao ano. Significa que todos os congoleses juntos ganham, num ano, um quarto da fortuna de Jeff Bezos.
No Congo, só 0,2% da população estão vacinados contra a Covid.
O PIB per capita no Congo é de R$ 3 mil por ano.
Jeff Bezos, estima-se, ganha 3 mil por segundo. Não reais, mas dólares.
Mesmo assim, Moïse Kabamgabe estava melhor no Congo do que no Brasil. Lá, apesar da pobreza, da guerra, do abandono da comunidade internacional, ele estava vivo.
No Brasil, não. No Brasil, ele foi cobrar R$ 200 por ter trabalhado num quiosque. Um homem pegou um pedaço de pau. Outros homens foram defender quem pegou o pedaço de pau. Dizem que não queriam matar o homem preto. Mas mataram.
A família de Moïse Kabamgabe pede justiça. Pode ser que consigam alguma prisão. Talvez uma indenização. Nunca mais terão Moïse porém.
E ainda que haja um vestígio de justiça nesse caso, continuaremos a ver a injustiça diária contra pretos. Contra pobres. Contra refugiados.
O Congo, eis o que nós ficamos sabendo por Moïse, o Congo é aqui.
O duplex de Sergio Moro, o prédio de Dallagnol, o tríplex que a quadrilha da lava jato considerou o máximo do máximo merecimento e posse de um operário eleito e reeleito presidente do Brasil
Juízes, procuradores e delegados de polícia da autodenominada Liga da Justiça da autodenominada República de Curitiba podem possuir apartamentos mais luxuosos que o que Lula jamais teve. Só Deltan Dallagnol tem dois em um mesmo prédio de bilionários. 'Todos PHODEMOS', dizem eles, os novos ricos, da autodenominada organização criminosa Lava Jato.
O jornalista verdadeiro Fernando Brito (existem muitos comunicadores sociais de araque depois dos feitores de blogues, das fake news, dos programas mundo cão que transformam policiais e promotores e juízes em heróis imortais e santos do pau oco e palacianos do gabinete do ódio que pregam o golpe, a volta da ditadura militar e/ou do judiciário) mostra como o tríplex, que Sergio Moro e bando usaram como moeda política para o golpe eleitoral de 2018, que pariu presidente o velho deputado Bolsonaro, continua a render como estelionato para todo tipo de safadeza, de baixaria da bandidagem miliciana.
O tríplex fez Michel Temer presidente.
O tríplex fez Jair Bolsonaro presidente.
A cantilena cansou. O tríplex não vai reeleger Bolsonaro ou eleger Moro, porque os dois são uma coisa só: o que de pior que a política pode parir, ou que a corrupção pode desejar, conspirar, negociar, transgredir, profanar, para presidir o Brasil.
Depois desta denúncia de Fernando Brito, que esta seja a última tentativa de macular a candidatura de Lula com a farsa judicial do triplex de Moro & súcia, cambada, caterva, quadrilha.
Mas faltam, na notícia, informações essenciais para que se entenda a picaretagem política sórdida que há no negócio.
O sorteio seria feito por um site chamado “Pancadão de Prêmios”, que é - no mínimo – associado da Rádio Jovem Pan, notoriamente ligada à extrema-direita.
Digo “no mínimo” porque, na página da Jovem Pan que lança o tal “Pancadão”, em março deste ano, ele é descrito como um “produto” da emissora:
A partir desta segunda-feira, 1º, a Jovem Pan dará início ao Pancadão de Prêmios, uma série de sorteios em sua programação com presentes que vão desde carros a celulares e aparelhos de televisão. Trata-se de um plano de assinaturas desenvolvido pela empresa que permite aos seus ouvintes e espectadores a possibilidade de concorrer às premiações e ter acesso a um conteúdo exclusivo da programação da emissora.(…) Com o Pancadão de Prêmios, a Jovem Pan lança mais um produto de sucesso: a maior assinatura com sorteio de prêmios do Brasil”, afirma Roberto Araújo, CEO da Jovem Pan.
Há, portanto, uma inegável associação entre a emissora e uma ação de inegável motivação política. Duvida? Imagine, por exemplo, este sorteio no programa do Luciano Huck, na Globo?
Há mais, porém: até as pedras de Marte sabem que o processo do tríplex “atribuído” a Lula sem que houvesse um documento sequer que lhe desse posse ou propriedade do imóvel foi anulado no Supremo Tribunal Federal e as decisões de sua sentença perderam o valor. Nesta sentença, nos itens 950, 951 e 952 é que decreta-se o “confisco” do apartamento e se manda oficiar à 1ª Vara de Falência e Recuperações Judiciais da Justiça Estadual de São Paulo, onde se cobram as dívidas da construtora OAS a seus fornecedores, para que o tríplex não seja “considerado como garantia em processos cíveis”.
Ora, se a sentença foi anulada, o confisco do que pertencia – não a Lula, mas à OAS – também o foi e o bem volta a integrar o patrimônio da empresa a ser vendido para liquidar seus passivos, estando, até, penhorado por dívidas, à aquela época, penhor que Sérgio Moro pediu para anular.
O imóvel, agora, pertence formalmente ao comprador do leilão determinado por Moro, Fernando Gontijo, cuja empresa, Guarujá Participações, consta como “aderente” na autorização de sorteio emitida pelo Ministério da Economia há menos de um mês.
Portanto, o “sorteio” do apartamento, além de prestar-se para explorações políticas, serve também para “desovar” para o sorteado um imóvel que, cedo ou tarde, será devolvido a quem foi confiscado por uma sentença que, desde a decisão do STF é nula e que, portanto, não pode produzir efeitos jurídicos ou patrimoniais!. E, neste caso, ainda em fraude a credores.
E o pobre coitado, que entrar no sorteio a R$ 19,99 mensais, taxa que o tal “Pancadão” cobra aos participantes nem terá do que ser ressarcido por ter “ganho” um apartamento que nunca será seu.
Falem o que quiserem, mas ao Brasil não falta uma coisa: espertos para se aproveitarem da ingenuidade pública.
Muitas das ações da direita e da extrema direita no Brasil dos últimos anos tiveram como objetivo neutralizar e sepultar uma insurreição das periferias, no sentido mais amplo, que começava a questionar, de forma muito contundente, os privilégios de raça e de classe. Começava a reivindicar sua justa centralidade. Marielle Franco era um exemplo icônico destes Brasis insurgentes que já não aceitavam o lugar subalterno e mortífero ao qual haviam sido condenados. A pandemia mostrou explicitamente que a rebelião continua viva. O Brasil das elites boçais, aliado à nova boçalidade representada pelos mercadores da fé alheia, não conseguiu matar a insurreição. O “Manifesto das Filhas e dos Filhos das Empregadas Domésticas e das Diaristas”, afirmando que não permitiriam que os patrões deixassem suas mães morrer pelo coronavírus, foi talvez o grito mais potente deste momento, impensável apenas alguns anos atrás.
Dezenas de “vaquinhas” estão em curso, grande parte delas organizadas a partir das favelas e das periferias, para garantir alimentação e produtos de limpeza para a parcela da população a quem o direito ao isolamento é sequestrado pela desigualdade brasileira. Em geral, o lema é “Nós por Nós”: séculos de história provaram que só os explorados e os escravos podem salvar a si mesmos.
Alguns organizadores dessas campanhas temem que o tempo dos corações abertos, onde brotam margaridas de solidariedade, pode acabar em algumas semanas, quando a comida escassear e a fome se estabelecer, quando o medo de o dinheiro acabar, para aqueles que ainda têm dinheiro mas não sabem por quanto tempo, empedre veias e artérias, quando o número de casos estiver tão fora do controle que o sistema de saúde implodir. É lá, neste lugar ao qual possivelmente ainda chegaremos, que vamos definir quem de fato somos —ou quem queremos ser. Então saberemos. Não me parece que, desta vez, as pessoas aceitarão morrer como gado. Em especial, as mesmas pessoas de sempre.
A consciência da própria mortalidade costuma ter um efeito muito poderoso sobre as subjetividades. Filósofos têm disputado a interpretação do que será ou pode ser o mundo do pós-coronavírus. O esloveno Slavjoj Zizek acredita no poder subversivo do vírus, que pode ter dado um golpe mortal no capitalismo: “Talvez outro vírus muito mais benéfico também se espalhe e, se tivermos sorte, irá nos infectar: o vírus do pensar em uma sociedade alternativa, uma sociedade para além dos Estados-nação, uma sociedade que se atualiza nas formas de solidariedade e cooperação global”.
O sul-coreano Byung-Chul Han, que dá aulas na Universidade de Artes de Berlim, acredita que Zizek está errado. “Após a pandemia, o capitalismo continuará com ainda mais pujança. E os turistas continuarão a pisotear o planeta”, afirma. “A comoção é um momento propício que permite estabelecer um novo sistema de Governo. Também a instauração do neoliberalismo veio precedida frequentemente de crises que causaram comoções. É o que aconteceu na Coreia e na Grécia. Espero que após a comoção causada por esse vírus não chegue à Europa um regime policial digital como o chinês. Se isso ocorrer, como teme Giorgio Agamben, o estado de exceção passaria a ser a situação normal. O vírus, então, teria conseguido o que nem mesmo o terrorismo islâmico conseguiu totalmente”.
Mas também ele se aproxima da ideia de uma outra sociedade possível no pós-guerra pandêmica: “O vírus não vencerá o capitalismo. A revolução viral não chegará a ocorrer. Nenhum vírus é capaz de fazer a revolução. O vírus nos isola e individualiza. Não gera nenhum sentimento coletivo forte. De alguma maneira, cada um se preocupa somente por sua própria sobrevivência. A solidariedade que consiste em guardar distâncias mútuas não é uma solidariedade que permite sonhar com uma sociedade diferente, mais pacífica, mais justa. Não podemos deixar a revolução nas mãos do vírus. Precisamos acreditar que após o vírus virá uma revolução humana. Somos NÓS, PESSOAS dotadas de RAZÃO, que precisamos repensar e restringir radicalmente o capitalismo destrutivo, e nossa ilimitada e destrutiva mobilidade, para nos salvar, para salvar o clima e nosso belo planeta”.
Penso que a beleza que ainda resta no mundo é justamente que nada está dado enquanto ainda estivermos vivos. O vírus, que arrancou todos do lugar, independentemente do polo político, está aí para nos lembrar disso. A beleza é que, de repente, um vírus devolveu aos humanos a capacidade de imaginar um futuro onde desejam viver.
Se a pandemia passar e ainda estivermos vivos, será no momento de recompor as humanidades que poderemos criar uma sociedade nova. Uma sociedade capaz de entender que o dogma do crescimento nos trouxe até este momento, uma sociedade preparada para compreender que qualquer futuro depende de parar de esgotar o que chamamos de recursos naturais —e que os indígenas chamam de mãe, pai, irmão.
O futuro está em disputa. No amanhã, demorando ou não a chegar, saberemos se a parte minoritária, mas dominante, da humanidade seguirá sendo o vírus hediondo e suicida, capaz de exterminar a própria espécie ao destruir o planeta-corpo que a hospeda. Ou se barraremos essa força de destruição ao nos inventarmos de outro jeito, como uma sociedade consciente de que divide o mundo com outras sociedades. Saberemos, após tantas especulações, se o que vivemos é Gênesis ou Apocalipse, na interpretação do senso comum. Ou nada tão grandiloquente, mas imensamente decepcionante: a reedição de nossa invencível capacidade de adaptação ao pior, com a imediata adesão aos discursos salvacionistas que já nos escravizaram tantas vezes.
A pandemia de coronavírus revelou que somos capazes de fazer mudanças radicais em tempo recorde. A aproximação social com isolamento físico pode nos ensinar que dependemos uns dos outros. E por isso precisamos nos unir em torno de um comum global que proteja a única casa que todos temos. O vírus, também um habitante deste planeta, nos lembrou de algo que tínhamos esquecido: os outros existem. Às vezes, eles são chamados novo coronavírus. Ou SARS-CoV-2.
Governo pagará voucher de R$ 200. Ações iniciais abarcavam apenas trabalhador formal, deixando de fora grande parcela da população, que está desempregada ou na informalidade, criticaram analistas econômicos
Vou transcrever uma reportagem da Deutsche Welle, a emissora internacional da Alemanha, que produz jornalismo independente em 30 idiomas:
O governo federal anunciou nesta quarta-feira (18/03) mais medidas para amortecer o impacto do novo coronavírus sobre a economia brasileira, desta vez incluindo parte da população que trabalha em condição informal – 41% da força de trabalho, segundo o IBGE. As medidas foram anunciadas após críticas de economistas à rigidez fiscal do governo e ao fato de as primeiras medidas excluírem os trabalhadores informais.
O ministro da Economia, Paulo Guedes, anunciou que serão concedidos vouchers de R$ 200 mensais por três meses para auxiliar quem não tem trabalho formal e não recebe recursos do Bolsa Família ou do Benefício de Prestação Continuada (BPC). O impacto para os cofres públicos será de R$ 15 bilhões.
A lei que mantinha o Benefício de Prestação Continuada (BPC), Jair Bolsonaro vetou. O Congresso derrubou o veto. Bolsonaro pediu a suspensão do pagamento ao Tribunal de Contas da União. E conseguiu o maléfico intento.
Duzentos reais mensais para o trabalhar informal. Quanto o pé-rapado, o bangalafumenga, vai gastar com transporte, para pegar essa grana? Que bufarinha vai comprar com esse dinheiro mixuruca, mixo, irrisório, humilhante?
A cesta básica custa, dados divulgados pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (DIEESE), em janeiro último: São Paulo (R$ 517,51), Rio de Janeiro (R$ 507,13), Porto Alegre (R$ 502,98). Os menores valores médios foram observados em Aracaju (R$ 368,69) e Salvador (R$ 376,49). A dupla Bolsonaro/Paulo Guedes pretende matar o brasileiro de fome. Tem mais: a cesta básica não inclue medicamentos.
Contaminando Deus e o mundo, o coitado vai sair de casa, doente e com fome, pegar essa botija de 200 reais com que roupa "seu" capitão com cabeça de papel?
5 medidas para enfrentar a crise do Coronavírus: 1. Revogar o Teto de Gastos. 2. Suspender os despejos durante a pandemia. 3. Plano de garantia de emprego dos trabalhadores formais. 4. Benefício emergencial para os informais. 5. Anistia de contas de água, luz e gás na crise.
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Margarida Salomão
@JFMargarida
Em 1992, sem popularidade e em crise, Collor convocou as pessoas a vestirem verde e amarelo em apoio a ele. - Elas vestiram... preto. Em 2020, Bolsonaro pede que as pessoas façam um 'panelaço' a favor dele, 30 minutos depois do panelaço contra. O que vocês acham que vai dar?
Mônica Bergamo
@monicabergamo
As vergonhosas mazelas brasileiras, como desemprego, empregos precários, sistema de saúde sucateado, moradias insalubres, prisões imundas, miséria –tudo o que SEMPRE existiu mas só atingia SUAS PRÓPRIAS vítimas –vão explodir agora na cara e na porta da casa de todos.
Blog do Noblat
@BlogdoNoblat
Segundo o Censo 2010 do IBGE, o Brasil tinha cerca de 11,4 milhões de pessoas morando em favelas e cerca de 12,2% delas (ou 1,4 milhão) estavam no Rio de Janeiro. Vivem em pequenos espaços, em ruas estreitas, onde as casas se espremem. Quando o coronavírus chegar por lá...
#Barulhaco18M em defesa da saúde pública, por investimenos no SUS, proteção social e democracia! E claro, contra o vírus bolsonarista que adoece nosso país. Nesta quarta (18), 20h30! Ajude a divulgar. Dê RT!
Marcelo Freixo
@MarceloFreixo
Bolsonaro quer distribuir R$ 200 aos trabalhadores informais na crise. É muito pouco p/ famílias que ficarão meses sem poder sair de casa p/ trabalhar! Precisamos proteger de fato os pobres, por isso propus o pagamento mensal de 1 salário mínimo enquanto durar a pandemia.
Gilmar (Cartunista Das Cavernas)
@CartDasCavernas
A charge é o presidente, não, pera, o presidente é a charge, pera... #panelaco18M Guilher
Trabalhadoras domésticas no Brasil estão sendo dispensadas sem pagamento por causa do coronavírus
Ligia Guimarães & Juliana Gragnani
Da BBC News
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Faz cinco anos que Carolina* trabalha limpando a casa de uma família em São Paulo, mas nesta terça-feira (16/03), foi dispensada por tempo indeterminado.
"Ela me falou que vai ficar em casa e não quer ficar em contato comigo." "Vai se isolar", disse a empregadora. Ela não falou em dinheiro, e Carolina, 31, não sentiu abertura para tocar no assunto.
A diarista mora na zona norte de São Paulo e limpa esta casa na zona oeste, e outras seis por semana, de segunda a sábado.
Outro empregador seu, professor que dá aulas em casa, também dispensou a diarista, avisando que, daqui em diante, não irá mais precisar dos serviços delas e não pagará pelos dias parados.
"Não tem muito o que ser feito. Eu sou diarista, não tem como cobrar alguma coisa."
Diante da chegada do coronavírus ao Brasil, muitas faxineiras receberam esta semana a notícia de que não terão mais trabalho até que o medo e os riscos do novo vírus diminuam.
Diaristas são trabalhadores autônomos, sem compromisso, portanto não é ilegal demiti-los sem compensação. Já no sistema de mensalista, quem é demitido tem direito a verbas indenizatórias.
A BBC News Brasil ouviu relatos de diversas trabalhadoras, principalmente da capital paulista, de que poucos foram os patrões que se dispuseram a continuar pagando as faxineiras durante o período de distanciamento social.
Os nomes nesta reportagem são fictícios - as trabalhadoras não quiseram se identificar com medo de represálias ou porque, diante de qualquer queixa pública, as contratações futuras possam se tornar ainda mais incertas.
Para a grande maioria, isso significa de uma hora para outra não ter renda para o básico, como aluguel e comida. "Vivíamos bem, porque diarista não ganha tão mal. Agora, vai apertar, não sei como vai ser", diz Carolina, que mora com o marido, jardineiro desempregado há um ano, e a filha de seis anos.
Sua renda mensal era de R$ 4 mil. "A preocupação maior agora é aluguel, água, luz. Pago R$ 850 de aluguel. Acabei de comprar um carro, estou pagando a prestação, R$ 700."
Carteira assinada
A súbita falta de renda diante da pandemia é um trágico desfecho para muitas trabalhadoras (as mulheres são maioria absoluta entre os trabalhadores domésticos) que já amargaram perda de direitos nos últimos anos.
De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2018, 6,24 milhões de pessoas trabalhavam como domésticas, maior número desde 2012.
Desde 2016, o total de domésticos com carteira caiu 11,2% e, sem carteira, subiu 7,3%. Desse total de 6,24 milhões de trabalhadores domésticos, 4,42 milhões não têm carteira assinada como é o caso de Carolina.
A renda desses trabalhadores também vinha caindo: era de R$ 879 no último trimestre de 2018, 0,9% menos em relação a um ano antes.
Teresa*, 38 anos, por exemplo, trabalhava há dois meses como mensalista em São Paulo e ia ser registrada com carteira assinada a partir do mês que vem, mas tudo mudou com a chegada do coronavírus.
Ela tinha trocado a vida de diarista por mensalista justamente para ter mais segurança na relação trabalhista.
"Trabalho em casa de família. Me disseram que esse mês eles vão me pagar, mas no mês que vem já não mais. Vou ficar desempregada. Acho que a nossa área vai ser afetada demais. Muitos vamos ficar desempregados."
Ela mora sozinha com a filha de seis anos na zona sul de São Paulo, e diz que, agora, vai depender de conseguir bicos para conseguir sustentar as duas. "Me preocupa tudo: contas de água, luz, internet, filha para criar, aluguel, tudo sozinha."
A filha de teve as aulas suspensas por tempo indeterminado e está em casa. Mesmo assim, a faxineira diz que pretende continuar a pagar os R$ 100 mensais do transporte escolar da menina. "Temos que pagar, é um transporte pequeno. É igual quando tem férias na escola e você continua pagando."
Teresa diz que ouviu de colegas que também estão em isolamento, mas continuaram a receber as diárias dos contratantes. "Tinham que fazer isso pra todas. Porque a gente não tem culpa. Com o mundo parado, não arrumamos nada."
Maria*, de 46 anos, também não é registrada. Ela trabalha em cinco casas - pega ônibus e metrô todos os dias do Ipiranga para Moema, na zona sul, e ganha um total de R$ 2.800 por mês.
Na segunda-feira, ansiosa com a incerteza causada pela pandemia do novo coronavírus, ligou do trabalho para o filho de 22 anos chorando.
"Falei: 'a mãe está preocupada pelo fato de tudo isso estar acontecendo e o que pode acontecer se eu precisar ficar em casa'. Entrei em pânico", conta ela, que teve tuberculose pleural no começo do ano.
Maria diz que comentou com um dos seus empregadores sobre o vírus e ele deu risada de sua preocupação. "Ele me disse: 'Não é para ficar preocupada, você não está limpando a casa de pessoas que viajaram'", relata. "Mas eu sei que não é assim. O vírus espalha. Estão falando para ficarmos isolados."
Direitos da imagem @Jacadesy@JACADESY
"No meu caso, eu não posso, porque se eu não for trabalhar, não ganho. Não vou ter como pagar minhas contas. Sou mãe solteira, meu filho tem 22 anos e está sem trabalhar. Vai quebrar minhas pernas."
Só uma de suas empregadoras a dispensou dizendo que pagaria a diária. Já outra mandou mensagem perguntando se Maria viria no dia seguinte. "Eu queria ouvir: 'Não venha, não, fique em casa que eu te pago. Esperei isso, mas não foi o que eu ouvi'."
'Não vou e não pagam'
Nair*, 30 anos, mora em Itaquaquecetuba, na região metropolitana de São Paulo, mas limpa casas na zona oeste da capital quatro vezes por semana. Até quinta-feira, ela ainda não havia limpado nenhuma, nem recebido nada.
"Essa semana mesmo eu não fui nenhum dia. Elas falaram para eu não ir por causa do negócio do coronavírus. Por enquanto não fui em duas. Não sei se a de amanhã vai dispensar ainda. Não vou e não pagam, não. Essa semana, provavelmente, é isso aí", conta, desanimada. Ela veio da Bahia para São Paulo há 14 anos para trabalhar, estudou até a sétima série e criou até agora a filha de 6 anos com o dinheiro das faxinas.
A diária varia entre R$ 165 e R$ 170, e é única renda da família de Nair, que mora com o filho e o marido, pedreiro, que também recebe por dia e está em casa há uma semana, com os serviços parados.
"Estou esperando para ver o que vai acontecer, para ver se eles me chamam", diz ela à BBC News Brasil, por telefone. "Estava esperando que essa semana eu ia fazer mercado, ia fazer açougue. Mas se não entra (dinheiro), fica difícil."
Não é que a vida fosse fácil antes do novo vírus, a começar pelas longas viagens para o trabalho. "Eu pego ônibus, depois pego trem, pego metrô e às vezes tenho que pegar mais um ônibus. São mais de duas horas para ir, e duas horas para voltar. Se tiver qualquer coisa que atrapalhe leva três horas, porque o ônibus é muito ruim."
"Estou esperando para ver o que vai acontecer, para ver se eles me chamam."
O medo do vírus está mais próximo de uma das entrevistadas pela BBC News Brasil. Jaqueline, 51, chegou ao trabalho em São Caetano, na Grande São Paulo, às 8h desta segunda.
Às 9h, sua empregadora lhe dispensou, dizendo que o marido havia tido febre durante a madrugada. No dia anterior, Jaqueline tinha trabalhado na casa. Ela conta que entra em contato, sem proteção alguma, com superfícies que poderiam estar contaminadas.
"Limpo o banheiro, a maçaneta do banheiro, arrumo a cama deles… Até a escova de dente que ele deixa de lado eu pego e guardo". Transcrevi trechos