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O CORRESPONDENTE

Os melhores textos dos jornalistas livres do Brasil. As melhores charges. Compartilhe

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O CORRESPONDENTE

04
Jun22

Pesquisas confirmam que rótulo de “preguiçoso” colou em Bolsonaro

Talis Andrade

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Motociatas e sequência de passeios corroboraram para a percepção popular; Lula fez postagem chamando-o de "vagal da República"

 

247 - “Média de 3,6 horas trabalhadas por dia útil, e dezenas de folgas autoconcedidas. Entre jogos de futebol, viagens para lazer e passeios de jetski, não sobra muito tempo para Bolsonaro trabalhar”. A postagem foi feita nesta sexta-feira (3) pela equipe do ex-presidente Lula nas redes sociais. Um meme apelida o presidente de “vagal da República”.

Mas não é só o principal adversário que tem compartilhado essa percepção. Pesquisas internas encomendadas pela equipe de Jair Bolsonaro, a partir de monitoramento nas redes, identificaram que o rótulo de “preguiçoso” pegou, depois de muitas sequências de passeios de moto e jet ski, cvalgadas e agendas vagas e de meio período.

O resultado acendeu o alerta no entorno do presidente, publicou a coluna Radar, da Veja. Recentemente, um estudo comprovou que Bolsonaro trabalha, em média, menos de 5 horas por dia.

A quantidade média de sua carga de trabalho ainda diminuiu nos últimos anos: passou de 5,6 horas em 2019, primeiro ano de governo, para só 3,6 horas este ano.

"Média de 3,6 horas trabalhadas por dia e dezenas de folgas autoconcedidas. Entre jogos de futebol, viagens para lazer e passeios de jetski, não sobra muito tempo para Bolsonaro trabalhar" #EquipeLula https://t.co/C6z4plNQhA pic.twitter.com/5QUy9ewbrr

Vagais tem os seguintes sinônimos para o pai presidente, o filho zero 1 senador da República, o filho zero 2 vereador geral do Brasil e diretor do Gabinete do Ódio, o filho zero 3 deputado federal e embaixador em Pasárgada, o filho zero 4 que nem estuda nem trabalha, comedor do condomínio Vivendas que botou mansão de luxo em Brasília: vagueais, errais, deambulais, perambulais, passeais, andejais, vagabundeais, vagabundais, vadiais, divagais, vaguejais, girais, andarilhais, espaireceis, rodais, rondais, borboletais, bolinais, zaranzais, desvairais, doidejais, circunvagais, flanais, arruais, bestais.

 

BOLSONARO MORRENDO DE TRABALHAR

 

A charge do Zé Dassilva deste domingo trata da aglomeração causada pelo presidente Jair Bolsonaro ao passear de moto no Rio de JaneiroCharge do Amarildo: O maior jet ski do mundo | A Gazeta

Gilmar Fraga / Agencia RBS

JAIR BOLSONARO, O BURRO E O CAVALO – VISÃO PLURAL

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15
Mai22

Bolsonaro: “Tem que ter pena do cara que levanta faixa pedindo o AI-5”

Talis Andrade

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Durante passeio de moto em Brasília, na manhã deste domingo (15/5), o presidente Jair Bolsonaro (PL) disse que vê como “psicopata ou imbecil” quem considera que “manifestações espontâneas”, como o “7 de setembro e o 1º de maio”, são atos antidemocráticos. O mandatário comentava discursos relacionados ao Supremo Tribunal Federal (STF).

“Olha só, você acha que isso tem repercussão? O maluco levanta uma faixa lá ‘AI-5’. Existe AI-5? Você tem que ter pena do cara que levanta a faixa do AI-5. Você tem que chegar para ele, da imprensa, ‘ô, amigo, o AI-5 foi lá na época dos anos 60 que tinha ato institucional (…) não existe isso’. Você tem que ter pena dessa pessoa e não querer prender”, disse Bolsonaro.

 

“Psicopata”

 

Questionado sobre a fala feita pelo ministro da Suprema Corte Alexandre de Moraes – na qual ele disse, nesse sábado (14/5), que a democracia no Brasil será garantida com “eleições limpas, transparentes e por urnas eletrônicas” -, Bolsonaro comentou: “Se ele tem tanta certeza disso, por que criar tanto óbice para as instituições que foram convidadas para participar do processo?”, disse, em referência à comissão criada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para apurar o processo eleitoral no pleito de outubro. [Comissão que o ministro da Defesa pretende participar na marra]

 

AI-5Na charge do Amarildo: AI-5 | A Gazeta

O AI-5 foi um ato que começou em 1968 e deu ao presidente da República o direito de tocar os rumos do país como quisesse, sem ser questionado, inclusive judicialmente. O ato vigorou até 1978.

 

Os 12 artigos, 10 parágrafos e sete itens do documento davam ao presidente, à época o general Arthur da Costa e Silva, poderes para cassar mandatos eletivos, suspender direitos políticos, demitir ou aposentar juízes e outros funcionários públicos, suspender habeas corpus em crimes contra a segurança nacional, legislar por decreto e julgar crimes políticos em tribunais militares.

O documento foi seguido por outros 12 atos institucionais, 59 atos complementares e oito emendas constitucionais. Somente em 1969, tornou-se responsável pela cassação de 333 políticos — 78 deputados federais, cinco senadores, 151 deputados estaduais, 22 prefeitos e 23 vereadores.

Brasil: 50 anos do Ato Institucional número 5 | Esquerda

 AI-5 

Terrorismo de Estado no Brasil

por Caroline Silveira Bauer

 Sexta-feira, 13 de dezembro de 1968 não foi um dia qualquer e essa afirmação transcende a superstição do dia 13. Na véspera, a Câmara dos Deputados rejeitou, por uma diferença de 75 votos, o pedido de autorização para abertura de processo no Supremo Tribunal Federal (STF) contra o deputado federal pelo MDB, Márcio Moreira Alves. O parlamentar, em setembro daquele ano, pronunciou um discurso considerado atentatório e ofensivo às Forças Armadas. Frente à negativa da Câmara, o Conselho de Segurança Nacional, órgão vinculado diretamente à Presidência da República, cujo objetivo, expresso no artigo 90 da Constituição de 1967 é “assessorar o Presidente da República na formulação e na conduta da Segurança Nacional”, reuniu-se no dia seguinte no Palácio das Laranjeiras, e aprovou por ampla maioria de votos a promulgação do Ato Institucional número 5.

Hoje, em uma visão retrospectiva, analisando o episódio e suas consequências, sabe-se, por exemplo, que o AI-5 teve uma vigência de dez anos, que suas medidas resultaram na institucionalização do terrorismo de Estado no Brasil, etc. Contudo, o que gostaria de propor nessa conjuntura de rememoração dos 50 anos dos acontecimentos de 1968, é que analisemos aquele 13 de dezembro de 1968 como um condensador das experiências de sonhos e utopias e de terror. Havia um futuro aberto para aquela geração, onde cabiam esperanças de reformas, e revoluções. O risco que corremos ao propor essa abordagem é de ignorarmos a complexidade das relações sociais, as chamadas “zonas cinzas”, ao privilegiar uma dualidade que é simplificadora.

Assim, partindo do potencial catalizador que 13 de dezembro de 1968 possui, e da possibilidade de explorar esse potencial explicativo, minha proposta que é façamos uma anamorfose daquela sexta-feira, e que recuperemos outros episódios ocorridos naquele ano a partir de fatos transcorridos durante aquelas 24 horas. [Transcrevi trechos.  Leia mais

 

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01
Mai22

1°de maio: trabalhadores saem às ruas contra a fome, o desemprego e pelo Fora Bolsonaro (imagens, vídeos)

Talis Andrade

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O povo nas ruasImagecom Lula

 

Brasil de Fato- Após dois anos de manifestações virtuais, o Dia Internacional do Trabalhador e da Trabalhadora volta a ser celebrado nas ruas de todo o país. Em 2022, a data é marcada pela urgência da luta contra a piora das condições de vida da população sob o governo de Jair Bolsonaro (PL). 

Em São Paulo (SP), o ato tem presença confirmada do pré-candidato à presidência e líder histórico do Partido dos Trabalhadores (PT), Luís Inácio Lula da Silva. A realização é de seis centrais sindicais: CUT, Força Sindical, UGT, CTB, NCST, Intersindical Central da Classe Trabalhadora e Pública Central do Servidor.

Além do público em geral, estão na capital paulista dirigentes sindicais, lideranças dos movimentos sociais e representantes de organizações populares, parlamentares, autoridades de partidos políticos e organizações internacionais.

A tradicional programação cultural conta com artistas de renome, como Daniela Mercury, Francisco El Hombre, Leci Brandão, Dexter e DJ KL Jay. Para quem não puder estar presente, a transmissão ao vivo é na Rede TVT e nas redes sociais das centrais sindicais. Veja aqui

01
Mai22

Lula participa do ato de 1º de Maio em São Paulo

Talis Andrade

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Evento organizado pelas principais centrais sindicais do país e pode ser assistido no site do PT. Veja local e hora de atos marcados pelo imenso Brasil brasileiro do povo unido que jamais será vencido

Neste domingo, 1º de maio, os trabalhadores brasileiros não têm motivos para comemorar. Segundo dados do FMI, o país terá este ano a segunda maior taxa de desemprego do G20, com um índice de desocupados quase duas vezes maior que a média mundial.

Já a taxa de informalidade se mantém nas alturas, sendo a realidade de 38,2 milhões de pessoas, e aqueles que conseguem trabalho ganham cada vez menos: em um ano, o salário inicial médio caiu de de R$ 2.018,60 para R$ 1.872,07.

Sem ter o que celebrar, os trabalhadores vão à luta, nas ruas do país. Unidas, as centrais sindicais CUT, Força Sindical, UGT, CTB, NCST, Intersindical Central da Classe Trabalhadora e Pública Central do Servidor realizam atos em todo o Brasil (confira lista de locais ao fim desta matéria).

Em São Paulo, o evento ocorre na Praça Charles Miller, no Pacaembu, a partir das 10h. O ex-presidente Lula e várias lideranças do PT confirmaram presença. O ato, que contará ainda com apresentações musicais, terá transmissão pela TvPT. Para assistir, basta clicar no vídeo abaixo.

Para o presidente nacional da CUT, Sérgio Nobre, a presença dos trabalhadores nos atos nunca foi tão importante. “Neste 1º de Maio temos de reunir milhares de trabalhadores e trabalhadoras e fazer um grande ato para mostrar, ao país e ao mundo, que a classe trabalhadora quer o Brasil com outro rumo, um Brasil com emprego, com desenvolvimento, com salário, direitos, proteção social, desenvolvimento sustentável, respeito à democracia e à soberania”, disse.

É por desejar transformação que as principais centrais sindicais já declararam apoio à pré-candidatura de Lula à Presidência da República. Não é para menos. Quando presidiu o país, Lula colocou em prática políticas de investimento e distribuição de renda que, ao final do seu governo e do de Dilma Rousseff, geraram 22 milhões de empregos formais e um aumento real do salário mínimo de mais de 74% (assista ao vídeo abaixo). Como disse o ex-metalúrgico na sexta-feira (29): “Nós sabemos como acabar com a fome, nós sabemos como diminuir a pobreza, nós sabemos como inserir o povo no mercado de trabalho”.

Participe das manifestações

Confira onde ocorrerão atos do 1° de Maio no país:

Alagoas

Em Maceió, o ato começa às 9h, em frente ao Clube CRB, na Pajuçara. Como subtema, Alagoas escolheu “Por um país sem fome e sem miséria”. A celebração terá participação de movimentos populares, partidos e centrais sindicais.

Bahia

Em Salvador, o ato é no Farol da Barra durante todo o dia e terá shows com Margareth Menezes e Jau. Na parte da manhã uma carreta da Secretaria de Trabalho, Emprego, Renda e Esporte (Setre) oferecerá à população serviços como emissão do título de eleitor. Além de shows musicais, serão oferecidos à popualção serviços de corte de cabelo, manicure e massageml. O ato político está programado para às 15h com lideranças sindicais, políticas e trabalhadores. Presença confirmada de Jerônimo Rodrigues, pré-candidato ao governo do estado.

Ceará

Em Fortaleza, a celebração tem início às 9h, na Areninha do Pirambu, com concentração para a marcha dos trabalhadores que percorrerá as principais ruas do bairro em direção à Vila do Mar, na Barra do Ceará, onde será realizado o encerramento com ato político e cultural. Atrações confirmadas: Léo Suricate (influencer), Banda Bode Beat (Nayra Costa e Daniel Groove) e o cantor Assun.

Distrito Federal

Em Brasília, a celebração começa às 16h, no estacionamento da Funarte. A atividade contará com show da artista Ale Terribili, que vai homenagear Gonzaguinha, além da pré-estreia exclusiva do documentário de Max Alvin: “O povo pode?”.

Espírito Santo

Em Vitória, ato político e cultural do 1° de maio às 9h na Praça Costa Pereira, com as atrações Banda de Congo, Coral Serenata e Bloco Afrokizomba

Goiás

Em Goiânia, o ato começa às 9h, na Praça do Trabalhador. Atrações confirmadas:

Maíra Lemos (tributo à Marília Mendonça), Beaju, Mundhumano, Diego Mendes, Lucas e os Caras, DJ Genor Goiania

Maranhão

Em São Luís, o ato será realizado nesta quinta-feira, 28, às 16h na Praça Deorodo. No dia 1° haverá panfeltagem na feita de João Paulo e Liberdade.

Mato Grosso

Em Cuiabá, o aconto será realizdo no Centro Pastoral par aMigrantesa,na Avenida Gonçalo Antunes de Barros, 2785, às 15h

Minas Gerais

Em Belo Horizonte, ato político das Centrais Sindicais às 9h, na Praça Afonso Arinos, com passeata até a Assembelia Legislativa onde outro ato será realizado com tema voltado à reforma agrária.

Paraíba

Em Campina Grande, a atividade será realizada no dia 30, a partir das 9h, na Avenida Tavaraes Cavalcante, 94, com feijoada, forró e lançamento do Comitê Popular de Luta da CUT.

Paraná

Em Foz do Iguaçú, será realizada uma atividade internacional com a CUT, centrais sindicais do Brasil, Argentina e Paraguai, com apoio da Confederação dos Trabalhadores das Américas (CSA). O ato começa às 10h, na Praça da Paz, no centro da cidade. Na véspera, dia 30 de abril, será realizado um seminário internacional sobre a situação da classe trabalhadora na América Latina.

Pernambuco

Em Recife, será realizado um ato político-cultural às 15h na Rua Alfredo Lisboa, 1152, bairro Recife Antigo, organizado pelo Sindisprev-PE

Rio de Janeiro

Na capital fluminense, o ato será às 10h da manhã no Aterro do Flamengo, altura da Rua Silveira Martins, com as atrações MC Galo, MC Gilo do Andaraí e MC Cacau, nas ‘relíquias do funk’

Rio Grande do Norte

Em Natal, o ato começa às 08:30h, na Praça das Flores – Petropólis, seguindo em caminhada até a Praia do meio, onde haverá, a partir das 10h, shows e apresentações artísticas com Pretta Soul, Fernandinho Regis, Ariane Sandrine, Valério Felipe e Cinthia Simão.

Rio Grande do Sul

Em Porto Alegre, será realizado um ato cultural a partir das 10h, no Espelho D´Água (Parque da Redenção). A revogação do Teto de Gastos e das reformas Trabalhista e da Previdência serão destaques na celebração.

Santa Catarina

Em Florianópolis, haverá atrações culturais, atividades de lazer e almoço no Largo da Alfândega, a partir das 10h.

Em Chapecó, Café cultural do Dia do Trabalhador, com música, poesia e roda de conversa, no CERCOM (Sede Campestre SINDICOM), às 15h.

Em São Miguel do Oeste,  para marcar os 18 anos de atuação do Movimento de Mulheres Trabalhadoras Urbanas, haverá uma programação com atividades culturais, música, almoço, bingo, das 9h às 14h, no Bairro São Sebastião.

Em Criciúma, Festival da Democracia, celebração que ocorre no sábado (30), das 14h às 21h, com música, atividades de lazer, debates políticos e piquenique coletivo.

São Paulo

O ato na capital paulista será na Praça Charles Muller, no Pacaembu, a partir das 10h. Entre lideranças sindicais, políticas e religiosas, além de outras personalidades, estarão no palco das centrais grandes atrações como a cantora Daniela Mercury, Leci Brandão. Dexter, Francisco El Hombre e DJ KL Jay, além de outras a serem confirmadas.

O evento em São Paulo será transmitido ao vivo pelo Youtube e Facebook da CUT, das entidades filiadas e das centrais sindicais; e pelo Youtube da TVT (Youtube.com/redeTVT).  A TVT também transmitirá em sinal aberto pela TV, em São Paulo, no canal 44.1 e no ABC pelo canal 512 da Net.

Em Sorocaba, no interior do estado, a celebração será no Parque das Águas, das 14h às 22h. O ato contará com atrações como Emicida, Francisco El Hombre, Fernanda Teka e Flor Maria e Luca & Marcelo, além de Flavinho Batucada.

 

Ato no Rio a favor da candidatura de Lula - 17/01/2018 - Política -  Fotografia - Folha de S.Paulo

Este domingo é dia de luta, de ir pra rua, Dia Internacional do Trabalhador e da Trabalhadora!

O tema da mobilização nacional, organizada pela CUT, demais centrais sindicais e movimentos populares, é Emprego, Direitos, Democracia e Vida, tudo o que o Brasil precisa neste momento

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27
Mai21

Estamos morrendo de trabalhar

Talis Andrade

 

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por Ynaê Lopes dos Santos /DW

Se o Brasil fosse um paciente que estivesse fazendo um check-up de rotina, ficaria alarmado com o que sua radiografia revelaria.

Quatrocentos e cinquenta mil mortos pela pandemia do coronavírus, sendo que mais da metade dessas mortes aconteceram quando as vacinas já haviam sido descobertas e disponibilizadas para o governo brasileiro.

Quatorze milhões e oitocentos mil desempregados. O maior índice desde 2012, e que tem tudo para crescer em meio à crise econômica que nos assola.

Dezenove milhões de brasileiros sem ter o que comer (sim, nós voltamos para o mapa da fome).

Cento e dezessete milhões de cidadãos que estão em insegurança alimentar. O que significa dizer que a metade da população de um país de proporções continentais não sabe se terá comida no prato nas próximas 48 horas.

Se isso não bastasse, parece que também há um mau funcionamento no nosso sistema nervoso central, que teve significativa piora em tempos pandêmicos. E, para nossa surpresa, essa comorbidade parece atacar a maior parte dos brasileiros, mesmo aqueles que, em meio a tantas adversidades pandêmicas, conseguiram conservar seus empregos, garantir algum tipo de renda, ou manter a casa funcionando: há o cansaço. Não aquele a que já estávamos acostumados, que muitas vezes se diluía na cerveja do fim do dia, nas horas a mais de sono nos finais de semana, ou nas pequenas ou grandes saídas. Estamos convivendo diariamente com uma exaustão extremada, num limite absolutamente perigoso que pode nos levar, literalmente, ao fim.

Esse cansaço tem muitas causas. A precarização crescente da classe trabalhadora, que nos últimos anos tem perdido seus direitos de forma acintosa, é uma delas. Não podemos nos esquecer do medo (absolutamente legítimo) de contrair covid-19 nas atividades presenciais, ou nos transportes que nos levam até elas. Existe também a abolição de qualquer ritualização do tempo nessa vida virtual, na qual as reuniões, meetings e zooms não têm hora para acabar, o almoço se faz em frente à tela, e os lembretes do grupo de trabalho do WhatsApp tocam até mesmo na madrugada. Quem tem o privilégio do trabalho remoto, deve ficar online 24 horas por dia.

Médicos especialistas já estão nos avisando:trabalho demais pode matar. Pode parecer um tanto óbvio, mas o corpo humano tem limites. E 55 a 60 horas semanais de trabalho extrapolam a nossa corporeidade. É simples: não comportamos tanto trabalho.

Ao que tudo indicia, nunca trabalhamos tanto e de forma tão precária.

Será mesmo?

O mês de maio nos convida a pensar a questão do trabalho, numa perspectiva que entende a história como uma importante ferramenta de aprendizado. Esse é o mês que se inicia com a comemoração do Dia do Trabalhador. Uma data (que em alguns países ganhou o status de feriado internacional) que rememora uma greve iniciada em Chicago em 1886, cujo objetivo principal era reduzir a jornada de trabalho, que chegava a 17 horas diárias. A manifestação foi abraçada por trabalhadores de outras cidades, causando confrontos com policiais que terminaram em prisões indevidas e na morte de alguns trabalhadores. Se hoje há uma jornada de trabalho fixada em oito horas diárias na maior parte das sociedades industrializadas, sabemos a quem agradecer.

Em meados de maio, mais especificamente no dia 13, o Brasil celebra a Abolição da Escravatura. Uma comemoração controversa, que convoca uma série de reflexões, na medida em que, na história brasileira, o fim da escravidão ainda é contado de forma racista, que não enxerga o dia 13 de maio de 1888 como o ápice de um movimento social composto majoritariamente por homens e mulheres negros que lutaram contra uma das mais abjetas instituições: a escravidão.

Sendo assim, não precisamos ir tão longe. Cento e trinta anos já bastam para entender que sim: já trabalhamos mais e de forma muito mais precarizada. Cinco gerações antes das nossas passavam mais de três quartos dos seus dias trabalhando. Isso quando estamos falando de pessoas livres que trabalhavam num regime assalariado. Houve ainda outras milhões de pessoas cujas vidas eram o trabalho. Não numa expressão espirituosa para definir os workaholics. Estou falando dos escravizados: homens e mulheres que não determinavam onde e quanto tempo trabalhariam, como também não tinham gerência sobre os produtos gerados pela sua força de trabalho — uma condição que subjugou milhões de pessoas (negras) e que fundou o mundo que conhecemos hoje.

Estamos morrendo de trabalhar hoje, mas já morremos de trabalhar antes. E, é preciso frisar: morremos de formas diferentes a depender da nossa condição socioeconômica e da nossa cor da pele. E essa constatação não deve ser uma pá de cal no nosso anseio por um futuro melhor e menos exaustivo. Pelo contrário: a história nos ensina que a melhoria das condições de trabalho sempre esteve a cargo da classe trabalhadora (fosse o trabalhador livre, fosse o escravizado). Como diria Jurema Werneck, nossos passos vêm de longe. Que possamos honrar a luta pretérita e construir um mundo no qual o trabalho não nos mate.

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