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O CORRESPONDENTE

Os melhores textos dos jornalistas livres do Brasil. As melhores charges. Compartilhe

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O CORRESPONDENTE

17
Nov23

Apagar a Palestina

Talis Andrade
Ao final, Gaza, como o Gueto de Varsóvia, será inabitável. Mas “exterminar todos os bárbaros” vai além de Hitler e de Netanyahu. Sua origem está nas guerras coloniais que o Ocidente faz há cinco séculos, em nome de sua “civilização”

 

Por Chris Hedges para Mint Press News | Tradução: Maurício Ayer | Imagem: Hannibal Hanschke/EPA

Eu era repórter do New York Times, durante o cerco a Sarajevo. Nunca enfrentamos o nível de bombardeamento de saturação e o bloqueio quase total de alimentos, água, combustível e medicamentos que Israel impôs a Gaza. Nunca tivemos de suportar centenas de mortos e feridos por dia. Nunca enfrentamos a cumplicidade da comunidade internacional com a campanha sérvia de genocídio. Nunca suportamos a intervenção de Washington para bloquear resoluções de cessar-fogo. Nunca enfrentamos carregamentos maciços de armas dos EUA e de outros países ocidentais para sustentar o cerco. Nunca enfrentamos que notícias provenientes de Sarajevo fossem sistematicamente desacreditadas e rejeitadas pela comunidade internacional, embora 25 jornalistas tenham sido mortos na guerra pelas forças sérvias sitiantes. Nunca toleramos que os governos ocidentais justificassem o cerco como o direito dos sérvios de se defenderem, embora as forças de manutenção da paz da ONU enviadas para a Bósnia tenham sido em grande parte um gesto de relações públicas, ineficazes para travar a matança até serem forçadas a responder aos massacres que tiraram a vida de 8 mil homens e meninos bósnios em Srebrenica.

Não pretendo minimizar o horror do cerco de Sarajevo, que me dá pesadelos quase três décadas depois. Mas o que sofremos – trezentos a quatrocentos bombardeamentos por dia, quatro a cinco mortos por dia e duas dúzias de feridos por dia – é uma pequena fração da morte e destruição em massa em Gaza. O cerco israelense a Gaza assemelha-se mais ao ataque da Wehrmacht [as forças armadas alemães durante o cerco nazista] a Stalingrado, em que mais de 90% dos edifícios da cidade foram destruídos, do que a Sarajevo.

Na sexta-feira, a Faixa de Gaza teve toda a sua comunicação cortada. Ficaram sem internet. Sem serviço telefônico. Sem eletricidade. O objetivo de Israel é perpetrar o assassinato de dezenas, provavelmente centenas de milhares de palestinos e fazer a limpeza étnica daqueles que sobreviverem em campos de refugiados no Egito. Trata-se de uma tentativa de Israel de apagar não apenas o povo, mas a ideia da Palestina. É um cópia das campanhas maciças de massacre racializado levadas a cabo por outros projetos de colonização que acreditavam que a violência indiscriminada e generalizada poderia fazer desaparecer as aspirações de um povo oprimido, cujas terras roubaram. E tal como outros autores de genocídio, Israel pretende mantê-lo escondido.

A campanha de bombardeamento de Israel matou mais de 7.300 palestinos, quase metade dos quais crianças, juntamente com 26 jornalistas, profissionais de saúde, professores e funcionários das Nações Unidas. Cerca de 1,4 milhão de palestinos em Gaza foram deslocados, e cerca de 600 mil estão desabrigados. Mesquitas, 120 instalações de saúde, ambulâncias, escolas, blocos de apartamentos, supermercados, estações de tratamento de água e esgoto e centrais elétricas foram reduzidos a escombros. Hospitais e clínicas, sem combustível, medicamentos e eletricidade, foram bombardeadas ou estão fechadas. A água limpa está acabando. Gaza, no final da campanha de terra arrasada de Israel, será inabitável, uma tática que os nazistas empregavam regularmente quando enfrentavam a resistência armada, incluindo no Gueto de Varsóvia e, mais tarde, na própria Varsóvia. Quando Israel terminar, Gaza, ou pelo menos Gaza como a conhecíamos, não existirá.

Não só as táticas são as mesmas, também a retórica é igual. Os palestinos são chamados de animais, bestas e nazistas. Eles não têm o direito de existir. Seus filhos não têm o direito de existir. Eles devem ser extirpados da terra.

O extermínio daqueles cujas terras roubamos, cujos recursos saqueamos e cujo trabalho exploramos está codificado no nosso DNA. Pergunte aos nativos americanos. Pergunte aos indígenas. Pergunte aos congoleses. Pergunte aos Kikuyu no Quênia. Pergunte aos Herero na Namíbia que, tal como os Palestinos em Gaza, foram baleados e levados para campos de concentração no deserto, onde morreram de fome e doenças. Oitenta mil deles. Pergunte aos iraquianos. Pergunte aos afegãos. Pergunte aos sírios. Pergunte aos curdos. Pergunte aos líbios. Pergunte aos povos indígenas em todo o mundo. Eles sabem quem somos.

A face distorcida da invasão colonial de Israel pertence a nós. Nós fingimos ser outra coisa. Atribuímos a nós próprios virtudes e qualidades civilizatórias que são, como em Israel, justificativas frágeis para privar um povo ocupado e sitiado dos seus direitos, confiscando as suas terras e recorrendo à prisão prolongada, à tortura, à humilhação, à pobreza forçada e ao assassinato para mantê-los subjugados.

O nosso passado, incluindo o nosso passado recente no Oriente Médio, baseia-se na ideia de subjugar ou exterminar as raças “inferiores” da terra. Damos a essas raças “inferiores” nomes que personificam o mal. Estado Islâmico. Al Qaeda. Hezbolá. Hamas. Usamos insultos racistas para desumanizá-los. “Haji” “Sand Nigger” “Camel Jockey”, “Ali Baba”, “Dung Shoveler”. E então, porque eles personificam o mal, porque eles são menos que humanos, sentimos ter uma licença para – como disse Nissim Vaturi, membro do parlamento israelense pelo Likud, partido do governo – apagar “a Faixa de Gaza da face da terra”.

Naftali Bennett, ex-primeiro-ministro de Israel, em entrevista à Sky Newsem 12 de outubro, disse, “Estamos lutando contra os nazistas” – em outras palavras, contra o mal absoluto.

Para não ficar atrás, primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, numa coletiva de imprensa com o chanceler alemão Olaf Scholz, descreveu o Hamas como “os novos nazistas”.

Pense sobre isso. Um povo, preso no maior campo de concentração do mundo durante 16 anos, a quem foi negada comida, água, combustível e medicamentos. Sem exército, força aérea, marinha, unidades mecanizadas, artilharia, comando e controle e baterias de mísseis, que está sendo massacrado e submetido à fome por uma das forças militares mais avançadas do planeta – e eles são os nazistas?

Há uma analogia histórica aqui. Mas não é algo que Bennett, Netanyahu ou qualquer outro líder israelita queira reconhecer.

Quando aqueles que estão ocupados se recusam a se submeter, quando continuam a resistir, abandonamos toda a pretensão da nossa missão “civilizadora” e desencadeamos, como em Gaza, uma orgia de massacre e destruição. Ficamos bêbados de violência. Essa violência nos deixa loucos. Matamos com ferocidade sem limites. Tornamo-nos as feras que acusamos os oprimidos de serem. Expomos a mentira da nossa alardeada superioridade moral. Expomos a verdade fundamental sobre a civilização ocidental: somos os assassinos mais implacáveis ​​e eficientes do planeta. Só por isso dominamos os “miseráveis ​​da terra”. Não tem nada a ver com democracia ou liberdade. Estes são direitos que nunca pretendemos conceder aos oprimidos.

“Honra, justiça, compaixão e liberdade são ideias que não têm adeptos”, lembra-nos Joseph Conrad, autor de No coração das trevas. “Só existem pessoas, sem conhecimento, compreensão ou sentimentos, que se intoxicam com palavras, repetem palavras, gritam-nas, imaginando que acreditam nelas sem acreditar em mais nada senão no lucro, na vantagem pessoal e na própria satisfação.”

O genocídio está no cerne do imperialismo ocidental. Não é exclusivo de Israel. Não é exclusivo dos nazistas. É o alicerce da dominação ocidental. Os partidários do “intervencionismo humanitário” que insistem que devemos bombardear e ocupar outras nações porque somos a encarnação da bondade – embora promovam a intervenção militar apenas quando esta é percebida como sendo do nosso interesse nacional – são idiotas úteis da máquina de guerra e do imperialismo global. Eles vivem em um conto de fadas de Alice no País das Maravilhas, onde os rios de sangue que geramos tornam o mundo um lugar melhor e mais feliz. Eles são os rostos sorridentes do genocídio. Você pode assisti-los em suas telas. Você pode ouvi-los proclamar sua pseudomoralidade na Casa Branca e no Congresso. Eles estão sempre errados. E eles nunca vão embora.

Talvez sejamos enganados pelas nossas próprias mentiras, mas a maior parte do mundo nos vê – a nós e a Israel – com clareza. Eles entendem nossas tendências genocidas, classificam a hipocrisia e a justiça própria. Eles veem que os palestinos – em grande parte sem amigos, sem poder, forçados a viver em campos de refugiados miseráveis ​​ou na diáspora, privados da sua pátria e eternamente perseguidos – sofrem o tipo de destino outrora reservado aos judeus. Esta, talvez, seja a ironia trágica final. Aqueles que anteriormente necessitaram de proteção contra o genocídio, agora, cometem-no.

20
Set23

Caso Eldorado mostra os riscos de manter o Ministério Público como poder avulso e pouco controle

Talis Andrade
Eldorado, Josmar, Deltan e Bruno Brandão
Eldorado, Josmar, Deltan e Bruno Brandão 

 

Conjur revelou que acordo de leniência da J&F teve influência de executivo a serviço de empresa estrangeira interessada na compra da fábrica de celulose

 

por Joaquim de Carvaho

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No dia em que o jornalista Merval Pereira, do Globo, defende que o próximo procurador-geral seja alguém que represente o Ministério Público Federal, leio estudo sobre a operação Greenfield e as mensagens acessadas por Walter Delgatti sobre a fábrica de celulose Eldorado. O site Conjur também tratou do tema na reportagem de "Venda da Eldorado foi assessorada por executivo que iria dirigir a empresa".

Ao contrário do que Merval e outros jornalistas da Globo que ele influencia sugerem, o Ministério Público não é uma instituição acima de qualquer suspeita. Pelo contrário. Na Lava Jato, ficou claro que havia um projeto de poder, que resultou no impeachment de Dilma Rousseff sem crime de responsabilidade, na prisão política de Lula e na eleição de Jair Bolsonaro. Na área econômica, também produziu estragos gigantescos.

A negociação para a venda da Eldorado para o grupo indonésio Paper Excellence é um caso nebuloso que uniu Ministério Público e a Transparência Internacional, ONG que tem sede em Berlim e uma franquia no Brasil. Vista na superfície, essa aliança poderia aparentar a vitória da sociedade civil contra empresários brasileiros inescrupulosos. Conhecido o seu subterrâneo, essa aliança revela o que pode ser um projeto de desnacionalização da atividade empresarial de grande porte.

Os bastidores da negociação foram encontrados pela Polícia Federal no notebook de Delgatti, em 23 de julho de 2019, quando foi deflagrada a operação Spoofing. No computador de Delgatti estavam as mensagens trocadas por Deltan Dallagnol no aplicativo Telegram entre 2014 e 2019. Em uma delas, o coordenador da força-tarefa orienta um assessor do Ministério Público Federal em Curitiba sobre a criação de uma fundação de direito privado com dinheiro arrecadado junto à Petrobras, em um acordo nos EUA.

“Temos agora que começar os passos pra constituir a fundação. Precisamos expedir ofícios", afirmou Deltan Dallagnol. A mensagem, com a grafia mantida na versão original, foi enviada em 30 de janeiro de 2019. O plano de Dallagnol era que a fundação tivesse conselho curador com representantes de entidades "com reputação ilibada", e ele sugere a Transparência Internacional e a Amarribo ("Os amigos de Ribeirão Bonito").

O dinheiro que Deltan Dallagnol tinha em seu poder para constituir a fundação já era, em si, fruto de irregularidades, como apontou o relatório parcial da Corregedoria Nacional de Justiça sobre a correição na 13a. Vara Federal de Curitiba, divulgado na semana passada. Sobre a Transparência Internacional e a Amarribo, a imagem de "reputação ilibada" não resiste a uma apuração mais rigorosa.

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Como apontou o Conjur, por trás das duas entidades está a figura do executivo Josmar Verillo. Ele foi presidente da fábrica de papel e celulose Klabin, fundou a Amarribo e ajudou a trazer para o Brasil a Transparência Internacional. Na Amarribo, ganhou fama de combatente da corrupção, graças a reportagens de alcance nacional veiculadas pela TV Globo. 

Seus alvos eram prefeitos e vereadores de pequenas cidades. "Verillo controla a Amarribo, uma ONG com métodos controvertidos, cuja missão é denunciar a corrupção de pequenas prefeituras. De estilo truculento, a Amarribo montou uma estratégia de criminalização de meras irregularidades administrativas", escreveu Luis Nassif, no GGN.

Com o endosso da Transparência Internacional, a partir da Lava Jato Verillo voltou seus tanques contra a empresa nacional J&F, e, como consultor, encomendou um livro para difamar os empresários Joesley e Wesley Batista. Por trás dessa ação, estão os interesses da Paper Excellence. 

"Sabia-se que Verillo estava predestinado a dirigir a Eldorado, caso a Paper pagasse a segunda metade da compra. O que não se sabia era que ele trabalhou junto ao Ministério Público Federal na costura que levou a J&F a vender a empresa à Paper", escreveu o Conjur.

Em um diálogo dos procuradores apreendido na operação Spoofing, em 30 de outubro de 2017, um procurador da força-tarefa em Curitiba, de nome Paulo, retransmite mensagem do procurador Anselmo Lopes, que conduzia a operação Greenfield, sobre um encontro do Tribunal de Contas da União para discutir acordo de leniência da J&F.

A Transparência Internacional é citada. "Chegando nossa vez de falar, fizemos uma narração geral de todo o histórico do acordo de leniência e de suas principais cláusulas, bem como explicamos a ideia dos projetos sociais como reparação social, ideia compartilhada pela Transparência Internacional", afirmou Anselmo.

Como revelaram outras mensagens acessadas por Delgatti, a TI funcionou como braço de apoio do projeto de Deltan Dallagnol. Além de participar da formatação da fundação com dinheiro da Petrobras, o diretor-executivo da entidade, Bruno Brandão, que é aliado de Josmar Verillo,  foi mobilizado por Deltan Dallagnol em pelo menos duas situações de vulnerabilidade da Lava Jato.

Em uma delas, para responder aos críticos de que a Lava Jato estava arruinando empresas, Deltan pediu que Bruno Brandão se posicionasse em apoio ao Ministério Público. O diretor-executivo da TI publicou artigo no jornal Valor Econômico, com título “Legado de combate à corrupção será positivo para a economia”, e compartilhou com o coordenador da força-tarefa.

Em outra situação, Bruno Brandão publicou no Facebook da entidade um artigo para defender o procurador Carlos Fernando dos Santos Lima de um procedimento instaurado no Conselho Nacional do Ministério Público. Brandão sabia que Deltan Dallagnol usaria o texto para fazer pressão política junto ao CNMP.

 "Não precisa ter repercussão. Faremos chegar a quem importa", disse Dallagnol a Bruno Brandão. A pressão deu certo. 

"Bruno, hoje foi julgado o caso do Carlos Fernando e, por 7 votos a 7, o Conselho não referendou a instauração do PAD contra Carlos Fernando, com base na preliminar de falta de representação do suposto ofendido (Temer) (...) Mais uma vez, gostaria de reconhecer sua importante e corajosa contribuição", disse Deltan, em outra mensagem encontrada pela Polícia Federal na operação Spoofing.

Os números sobre a ruína econômica provocada pela Lava Jato foram apresentados em um estudo do Dieese de 2021: 4,4 milhões de empregos cancelados e R$ 172 bilhões de desinvestimento. 

É um prejuízo causado pela atuação – controversa, para não dizer irresponsável – de servidores públicos alçados à condição de quase inimputáveis.

Com um Ministério Público dirigido por um procurador-geral que represente a corporação, como quer Merval Pereira, será mais difícil corrigir essa distorção. 

Em países como EUA e Inglaterra, a promotoria é dirigida por quadro da confiança do presidente da república ou primeiro-ministro. Afinal, se todo poder emana do povo, por que uma corporação precisa estar acima dele?

O presidente da república foi eleito diretamente e sua indicação para a Procuradoria-Geral da República precisa ser aprovada pelos senadores, também eleitos diretamente.

O Ministério Público, formado por servidores aprovados em teste de conhecimento, pode ter apoio de entidades como a Transparência Brasil e da velha imprensa,  mas não está acima dos três poderes da república.

O caminho apontado por Merval Pereira é o que resulta na manipulação que tanto prejuízo causou aos brasileiros e foi revelado pelo Dieese.

 

 

13
Jun23

Todo machão é uma bicha enrustida

Lava Jato um bando de depravados quinta-colunas

Talis Andrade

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por Jair de Souza

- - -

O título deste texto é uma lembrança de uma pichação com a qual me deparei há muitos anos em um dos muros da cidade de São Paulo. Foi ela que me veio imediatamente à mente ao ler hoje as notícias sobre o sumiço de bilhões de reais das contas operadas pelos integrantes da força-tarefa de Curitiba conhecida como Operação Lava Jato.

A decisão de fazer uso da mencionada citação não advém de nenhum sentimento relacionado com a homofobia, mas tem tudo a ver com a condenação da HIPOCRISIA.

É que, uma vez mais, fica comprovada aquela tese que diz que “aqueles que vivem se apresentando como exemplos de moralidade, via de regra, não passam de grandes depravados”. No caso dos próceres lavajatistas, a depravação atingiu um nível de desfaçatez tão elevado como poucas vezes antes tínhamos observado em alguma sociedade humana.

Por quase uma década, todos os meios de nossa mídia corporativa se dedicaram a uma incessante magnificação das imagens positivas de Sérgio Moro, Deltan Dallagnol e de outros dos sujeitos ativamente vinculados aos órgãos participantes da força-tarefa do MPF à qual fizemos menção. Em contrapartida, empenho equivalente, ou até mais intenso, foi exercido no sentido de demonizar e arrasar a reputação daqueles que eram tidos como os principais inimigos do projeto político encampado pelos mentores do lavajatismo.

A bem da verdade, a questão da moralidade nunca foi o cerne da motivação que levou a essa confluência em torno da Lava Jato. O que sempre prevaleceu era o interesse de impedir o avanço de nossa nação no rumo de sua constituição em um país verdadeiramente independente e soberano, posto que, nos primeiros quinze anos deste século, o Brasil parecia estar seguindo por uma trilha de autonomia que não se alinhava com as diretrizes dos centros hegemônicos do mundo capitalista. Pôr fim a esse estado de coisas era um dos objetivos prioritários daqueles que se beneficiavam com nosso atrelamento subordinado às orientações emanadas dos Estados Unidos e, secundariamente, das principais potências capitalistas europeias.

Evidentemente, os propósitos declarados pelos que estavam descontentes com o quadro econômico-social que estava se vislumbrando por aqui não apareciam com a clarividência com que foram expostos no parágrafo anterior. Sorrateiramente, os argumentos empregados para organizar o amplo leque de forças necessário para levar adiante o processo de sufocação dos setores políticos populares se centravam na moralidade, neste caso, numa moralidade de cunho econômico, no combate à corrupção.

E foi em função de travar a luta contra a corrupção que uma parte significativa do aparato jurídico de nosso país e toda nossa mídia corporativa entraram em cena. A atuação articulada e simbiótica desses dois grupos serviria como o baluarte da luta que visava destruir as bases de sustentação econômica do Brasil e, simultaneamente, impedir que as forças políticas de esquerda pudessem continuar conduzindo seu projeto de inclusão social dos setores mais carentes.

Não foi à toa que os principais alvos da Operação Lava Jato fizessem parte da infraestrutura básica que colocava o Brasil como forte concorrente dos grandes conglomerados estadunidenses ao redor do mundo, assim também como em nível local, enquanto que, concomitantemente, procurava-se aniquilar a figura de Lula e do PT.

Em consequência dos golpes recebidos pelos agentes lavajatistas, nossa engenharia da construção foi quase que inteiramente destroçada. De empresas mais dinâmicas de nossa economia e das mais competitivas em todos os rincões de nosso planeta, nossas construtoras atualmente não passam de uma caricatura do que já foram. Hoje em dia, nem mesmo para obras em nosso próprio território nossas empresas de construção civil conseguem concorrer em pé de igualdade com suas contrapartes estrangeiras.

De maneira análoga, vimos como nossa indústria petrolífera foi violentamente agredida e desarticulada. As jazidas do pré-sal foram entregues a grupos petroleiros do exterior e nossa emblemática Petrobrás passou a sofrer violentos ataques visando sua privatização e inviabilização. Sua rede de distribuição foi transferida a mãos privadas; suas principais refinarias foram privatizadas (a bem da verdade, quase que doadas) e postas sob controle de grupos capitalistas estrangeiros.

Outro ultraje ao qual a nação foi submetido com a cumplicidade dessa quadrilha foi o criminoso processo de privatização da Eletrobrás. A monstruosa campanha de difamação deslanchada por nossa mídia corporativa contra nossas empresas públicas em combinação com a sanha persecutória de promotores identificados com o viralatismo facilitou essa transposição descarada de patrimônio público para as mãos de poucos espertalhões.

Agora, estamos constatando que a Operação Lava Jato funcionava de fato como uma verdadeira organização criminosa, que usava o pretexto do moralismo no combate à corrupção para levar adiante seu projeto de destruição de nossa base econômica e da imobilização de nossa liderança política do campo popular.

Porém, os integrantes da Lava Jato não agiram tão somente para atender altruisticamente os interesses do grande capital imperialista. O que as recentes informações nos estão revelando é que aqueles que tinham sido pintados como abnegados lutadores contra a corrupção, em realidade, eram os mais abjetos praticantes daquilo que diziam combater.

Em outras palavras, como já é tradicional entre os hipócritas, os autoproclamados paladinos do combate à corrupção são na verdade corruptos da pior espécie. Só que, neste caso, sua atuação nefasta não causou abalos apenas em nossa moralidade. Seu nefasto proceder foi fator determinante para que hoje nossas ruas estejam repletas de famílias vivendo ao relento, em busca de um pedaço de pão para saciar sua fome aguda.

10
Jun23

A destruição da engenharia brasileira e a contaminação da justiça

Talis Andrade
 

Lava jato quinta coluna

 

Impossível avaliar a traição da lava jato para destruir a construção pesada do Brasil. Entender que não significa apenas abrir espaço para empresas estadunidenses. E sim impedir os investimentos em estudos, em inovação, em progresso. Veja através da história, o desafio dos egípsios na edificação de templos, pirâmides, as conquistas do império romano, nos elevados aquedutos que possibilitaram manter o abastecimento de grandes cidades, notadamente Roma, com um milhão de habitantes, e o feito bélico da conquista de Massada.

Para a lava jato qual o preço do atraso do Brasil, dos desmontes dos governos Temer-Bolsonaro e genocídios dos povos indígenas e covid-19, do entreguismo de Paulo Guedes, da inflação extrema de Roberto Campos Neto?

Tatiane Correia historia o preço dos quinta-colunas

 

Spoofing revela negócios entre americanos e procuradores do MPF

Conversas mostram interesse para fechar prazo sobre proposta que estudaria destinação de dinheiro obtido via assets sharing com americanos

30
Mai23

CNJ determina inspeção no TRF-4 pela primeira vez em 9 anos de Lava Jato que causou diferentes danos

Talis Andrade

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Prejuízo causado pela Lava Jato

 

A defesa do juiz Eduardo Appio pediu ao CNJ uma apuração sobre a existência de irregularidades nos processos em tramitação na Vara. Que sejam também iluminados os palácios dos novos ricos da Lava Jato e escancarados os porões, que escondem tortura de presos, sexo, tentativas de/e suicídios, inclusive até perguições de policiais e morte de delegado, a Polícia Federal que não seguia a cartilha de Moro/Dallagnol. A secreta grana de multas de delações, de acordos de leniência, de propinas, de fundos nacionais e estrangeiros que soma bilhões de dólares, de reais, dinheirama dispersa que reclama uma auditoria

 

Prejuízo causado pela Lava Jato é 25 vezes maior que o valor recuperado, mostram estudos

 

Operação recuperou R$ 6 bilhões, mas pode ter deixado um rombo de R$ 153 bilhões na economia e mais de 4 milhões de desempregados

 

Por José Marcos Lopes

No dia 24 de junho de 2021, o Ministério Público Federal (MPF) no Paraná anunciou que a operação Lava Jato havia atingido a marca de R$ 6 bilhões devolvidos aos cofres públicos por meio de acordos de leniência e delações premiadas. [Valor jamais auditado. Valor anunciado como propaganda política]

O valor atualizado, no entanto, não representa nem 5% do prejuízo que a própria Lava Jato, criada para investigar esquemas de corrupção na Petrobras, pode ter causado à economia do país.

O rombo é calculado em aproximadamente R$ 153 bilhões, mais de 25 vezes o valor recuperado, segundo estudos feitos pelo Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos), pela CUT (Central Única dos Trabalhadores) e pelo Ineep (Instituto de Estudos Estratégicos de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis). Outros US$ 853 milhões foram pagos pela companhia em multas aplicadas nos Estados Unidos.

Dieese e CUT calculam que a operação deixou 4,4 milhões de pessoas desempregadas, 1 milhão delas na construção civil, em decorrência de obras paralisadas e empresas que declararam incapacidade financeira. O desemprego afetou diretamente pelo menos 2 milhões de pessoas, da construção civil e de outras áreas que dependiam dessas obras, como comércio, transporte e indústria. Outros 2,4 milhões de postos de trabalho teriam sido cortados como efeito da redução do consumo causada pela contração da renda.

A redução da massa salarial com o fechamento desses postos de trabalho ao longo dos últimos anos, avaliam as entidades, chega a um total de R$ 85,8 bilhões. Como consequência, outros R$ 20,3 bilhões, referentes a contribuições sobre a folha de pagamento desses trabalhadores, foram deixados de arrecadar pela União.

A queda de investimentos da Petrobras, registrada a partir de 2016, estaria no centro dessa crise. Segundo o Ineep, o investimento da companhia saltou de US$ 9 bilhões, em 2004, para quase US$ 55 bilhões em 2013. Em 2014, primeiro ano da Lava Jato, ficou em R$ 48 bilhões; em 2016, ano do impeachment da presidente Dilma Rousseff, caiu para R$ 15,8 bilhões; em 2020, foi de apenas R$ 6,5 bilhões.

“A justificativa oficial para o desinvestimento, a descapitalização e a alienação patrimonial está ancorada na ideia de que a Petrobras precisa se refazer dos prejuízos causados pela corrupção revelada pela Operação Lava Jato”, diz o estudo do Ineep. O resultado foi a paralisação de 53 obras, o que levou a uma queda de investimentos da ordem de R$ 172 bilhões. De 2014 a 2017, a Petrobras cortou R$ 104,3 milhões em investimentos, e a iniciativa privada outros R$ 67,8 milhões, de acordo com o Instituto.

Dieese e CUT calculam que a queda de arrecadação com as atividades atingidas pela redução de investimentos chegou a R$ 47,5 bilhões.

Multa

Os números relacionados diretamente à Petrobras não indicam que a companhia teve um ganho expressivo com os valores recuperados pela operação Lava Jato. Diante dos R$ 6 bilhões devolvidos (parte deles destinada à União), a Petrobras teve de pagar uma multa de US$ 853,2 milhões nos Estados Unidos em função dos casos de corrupção revelados. Como tem ações na Bolsa de Valores de Nova York, a companhia brasileira está sujeita às leis do país.

Em outubro do ano passado, a Petrobras anunciou que havia cumprido as obrigações previstas em um acordo feito com o Departamento de Justiça dos Estados Unidos em 2018. Levando-se em conta a cotação média do dólar em setembro 2018, quando o acordo foi anunciado, o valor da multa chegava a R$ 3,4 bilhões. No mês em que a quitação do acordo foi confirmada pela companhia, outubro do ano passado, o valor chegava a R$ 4,6 bilhões, se considerada a cotação do dólar.

Ressarcimento

Os prejuízos causados pela Lava Jato à economia foram citados em uma ação popular movida por cinco deputados federais o PT contra Sergio Moro, ex-juiz da 13ª Vara Federal de Curitiba, responsável pelos processos da operação relacionados à Petrobras. Eles pedem que Moro seja condenado “ao ressarcimento dos prejuízos causados ao Estado, cujo valor deverá ser apurado em liquidação de sentença”, entre outras solicitações.

Assinada por 20 juristas, a ação lista o que seriam irregularidades cometidas por Moro durante a Lava Jato. Entre elas aparecem conduções coercitivas desnecessárias, divulgação de conversas telefônicas, negativa para soltar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva apesar de determinação do TRF4 e interferência nas eleições de 2018, com a divulgação de trechos da delação premiada do ex-ministro Antonio Palocci.

A ação destaca que Moro manteve conversas para integrar o governo de Jair Bolsonaro quando ainda exercia a magistratura, o que demontraria que ele usou o cargo com interesses políticos. “A mesma autoridade pública que praticou os atos lesivos, também deles direta e indiretamente se beneficiou, obtendo vantagens econômicas e políticas espúrias como consequência de sua conduta temerária e lesiva ao interesse nacional”, diz o documento.

Por fim, os deputados pedem que “sejam declaradas como resultantes das ilegalidades, desvios e iniquidades protagonizadas pelo Requerido, ex-juiz Sergio Moro, no exercício da função judicial, as formidáveis perdas e danos suportados pelo interesse público, ao erário dos diversos entes da administração pública de todas as esferas e à integridade de agentes econômicos, produzindo um cenário de desarranjo econômico de altíssimo custo social em nosso país.

Em nota, Moro disse que a responsável pela eliminação de empregos e pela piora da economia foi a corrupção, e não a Lava Jato. “O Governo do PT foi manchado pelos maiores escândalos de corrupção da história. A gestão desastrosa do PT quase quebrou a Petrobras e o País. O que prejudicou a economia e eliminou empregos foi a corrupção e não o combate a ela”, afirmou o ex-ministro de Jair Bolsonaro. Ele não comentou os supostos abusos cometidos durante a Lava Jato.

Quando foi ministro da Justiça, Sérgio Moro determinou que a Polícia Federal investigasse críticos de Bolsonaro, entre eles os organizadores de um festival de música no Pará. Para o ex-ministro, no entanto, autoritário é quem move uma ação popular. “Com esta ação popular, líderes do PT demonstram que não aprenderam nada, que estão dispostos a inverter os valores da sociedade e que querem perseguir quem combateu a corrupção em seu Governo. É um prenúncio da perseguição que irão realizar caso ganhem as eleições, instaurando um regime autoritário e corrupto”, disse o ex-juiz.

Juiz suspeito

A ação contra Moro ganhou um reforço nesta semana. O Comitê de Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas (ONU) considerou injusta a condenação de Lula em 2017 e avaliou que o ex-juiz agiu com parcialidade ao condenar o então pré-candidato à presidência. O Estado brasileiro é obrigado a cumprir a decisão, pois o Brasil é signatário do Pacto Internacional de Direitos Civis e Políticos, mas os efeitos são incertos, já que os processos contra Lula foram extintos e ele poderá se candidatar neste ano.

Em agosto de 2018, o Comitê da ONU recomendou que Lula disputasse normalmente as eleições daquele ano, mas o Supremo Tribunal Federal (STF) manteve o ex-presidente inelegível. Na Resolução em que declarou Moro um juiz parcial, o órgão considerou que Lula teve seus direitos políticos e sua privacidade violados e não teve direito a um julgamento justo. Para Moro, o STF foi responsável pelo entendimento do Comitê.

“Pode-se perceber que suas conclusões foram extraídas da decisão do Supremo Tribunal Federal do ano passado, da 2ª turma da Corte, que anulou as condenações do ex-Presidente Lula. Considero a decisão do STF um grande erro judiciário e que infelizmente influenciou indevidamente o Comitê da ONU”, disse em nota o ex-juiz da Lava Jato. “De todo modo, nem mesmo o Comitê nega a corrupção na Petrobras ou afirma a inocência de Lula. Vale destacar que a condenação do ex-presidente Lula foi referendada por três instâncias do Judiciário e passou pelo crivo de nove magistrados”.

O ex-juiz já havia sido declarado suspeito para julgar Lula pelo STF, em junho do ano passado.

Condenações

Medidas adotadas durante a Lava Jato já começaram a ser alvo de ações e condenações. O ex-procurador de Justiça Deltan Dallagnol, que comandava a força-tarefa da operação em Curitiba, foi condenado no mês passado a indenizar Lula em R$ 75 mil por causa da famosa “apresentação do power point”.

 Primeira Turma do Tribunal Regional Federal da 3ª Região condenou a União a indenizar em R$ 50 mil, por danos morais, o advogado Roberto Teixeira, que defendeu Lula. Ele foi grampeado durante a operação. O colegiado entendeu que a medida violou o sigilo do advogado e o exercício de sua atividade profissional e que houve ilegalidade na divulgação das conversas.

O desembargador que relatou o caso, Hélio Nogueira, apontou que a interceptação telefônica do escritório Teixeira, Martins & Advogados, determinada por Moro, foi “desprovida de amparo legal, havendo sido realizada e renovada sem a devida apreciação e fundamentação judicial”. “Ademais, a violação do sigilo de todas as conversas realizadas pelos advogados integrantes do escritório interceptado, ao longo de todo o período de quase trinta dias em que perdurou a medida, consubstancia notória violação às prerrogativas constitucionais e legais da defesa”, destacou o desembargador. [Plural, Curtina, in 2/maio/2022]

CNJ determina inspeção no TRF-4 pela primeira vez em 9 anos de Lava Jato

 

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Pela primeira vez em nove anos de Lava Jato, o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) publicou, nesta terça-feira (30), a portaria n. 32/2023, que instaura uma correição extraordinária na 13ª Vara Federal de Curitiba e no gabinete dos desembargadores que integram a 8ª Turma do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4), que cuida dos processos da Lava Jato.

De acordo com o ministro Luís Felipe Salomão, do CNJ, a medida foi estabelecida após diversas reclamações disciplinares terem sido apresentadas ao órgão nas últimas semanas, apontando a necessidade de fiscalização e apuração de fatos relacionados à conduta de magistrados e desembargadores que atuam na Lava Jato. 

Corregedor do CNJ, Salomão é relator de ao menos 4 ações que foram unificadas e que versam sobre a guerra de despachos entre o desembargador Marcelo Malucelli e o juiz Eduardo Appio, em torno do caso Tacla Duran. Um das ações é do próprio CNJ, e as outras três foram apresentadas por Tacla Duran e os senadores Renan Calheiros e Rogério Carvalho.

Na última sexta-feira (26), a defesa do juiz Appio, feita pelo jurista Pedro Serrano e associados, pediu ao CNJ a correição na 13ª Vara, além de seu retorno imediato à jurisdição. Appio foi afastado no dia 23 de maio, sob suspeita de ter feito um suposto trote para o advogado João Eduardo Malucelli, filho do desembargador Marcello Malucelli, além de genro e sócio do casal Rosângela e Sergio Moro.

É atribuição funcional da Corregedoria Nacional de Justiça realizar correições para apuração de fatos determinados relacionados com deficiências graves dos serviços judiciais e auxiliares, das serventias e dos órgãos prestadores de serviços notariais e de registro“, justifica a Portaria. 

A correição na prática

Foi determinado pelo CNJ que durante a realização dos trabalhos, a presidência do TRF-4 disponibilize ambiente adequado para a inspeção, assim como intime pessoas indicadas pelos juízes auxiliares da Corregedoria e, caso necessário, compareçam presencialmente para prestar esclarecimentos à equipe.

Uma equipe de três juízes auxiliares e outros três servidores da Corregedoria foi designada para a correição, que será conduzida sob segredo de Justiça. 

Entre os magistrados estão o juiz federal Otávio Henrique Martins Port, que coordenará os trabalhos, além do desembargador federal Carlos Eduardo Delgado, do Tribunal Regional Federal da 3ª Região, e do juiz Cristiano de Castro Jarreta Coelho, do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo.

Além das equipes locais, que já foram oficiadas sobre a correição extraordinária, a Procuradoria Geral da República (PGR), a Defensoria Pública e a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), em suas seccionais paranaense e gaúcha, também foram comunicadas. 

Prazos processuais do TRF-4 não serão suspensos durante a realização da correição, e os trabalhos na unidade deverão prosseguir de forma regular. 

18
Mai23

Fraude é a especialidade não só do Deltan, mas, também, de Moro e dos comparsas da força-tarefa de Curitiba

Talis Andrade

 

A vida dá, nega e tira

 

17
Mai23

"Deltan, como a maioria de nós, é vítima do que há de mais podre no Brasil" ?

Talis Andrade
 
 
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Ricardo Kertzman escreve:

"O Brasil é um país de ladrões, feito por ladrões, para ladrões e qualquer um que se interessa por política e história e possui a mínima capacidade de leitura e interpretação da realidade sabe disso".

Sabe o doleiro dos doleiros Dario Messer que pagava mesada para procuradores da Lava Jato.

Sabe o doleiro e traficante de cocaína Alberto Youssef que foi premiado, por Sergio Moro, e os mesmos procuradores que atuaram no Banestado (tráfico de moedas) e na Lava Jato, com duas (2) delações premiadas. Dallganol chegou a pedir para Sergio Moro a absolvição de Youssef, pela prisão de tráfico internacional de drogas. Eta procurador danado de bonzinho! 

Sabe Tacla Duran que pagou propina (jabaculê) milionária ao escritório de Rosangela Moro e um certo DeD ou DD (dê de Deltan, dê de Dallagnol?)

Ricardo Kertzman, covarde, safada e matreiramente, insinua, mas não afirma, que "tubarões com canetas, togas" cassaram o mandato, "mandatos e muito, mas muitos bilhões de reais nas mãos e nos bolsos" de Dallagnol. 

"O pior é que, quem os coloca lá, são os otários aqui". Quem colocou lá no Congresso Moro e esposa, Rosangela Moro, e Dallagnol de sobra. Dallagnol latifundiário, terras a perder de vista na Amazônia Legal, mais do que legal, investidor imobilário do Minha Casa, Minha Vida e apartamentos de luxo, e empresas mil, inclusive a senha de uma conta gráfica de 2 bilhões e 500 milhões e milhares de trocados dados de mão beijada, ora se diz pela Petrobrás, ora pelo Tio Sam (o preço da traição, da destruição das principais empresas do Brasil quebrado). 

09
Mai23

Relatórios de viagem de Moro mostram que FBI ficou 'à disposição' da 'lava jato'

Talis Andrade

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Moro teve encontros com membros do FBI e da CIA em março de 2019, nos EUA

 

MÃO AMIGA

 

ConJur - Relatórios oficiais de viagens feitas aos Estados Unidos por Sergio Moro quando era ministro da Justiça confirmam que o Federal Bureau of Investigation (FBI), uma espécie de Polícia Federal daquele país, ficou "à disposição" de operadores da finada "lava jato".

De acordo com os documentos, obtidos via Lei de Acesso à Informação e divulgados pela Agência Sportlight de Jornalismo, Moro esteve em Washington entre 17 e 20 de março de 2019 como integrante da comitiva da visita presidencial de Jair Bolsonaro aos EUA. A agenda do então ministro da Justiça — hoje ele é senador (União Brasil-PR) — era de "reuniões e encontros com autoridades governamentais dos Estados Unidos".

Em 18 de março, Moro teve dois encontros com membros do FBI e um com uma representante da Central Intelligence Agency (CIA). Segundo o relatório do ministro, ao meio-dia, o FBI, por meio da "chefe de operações internacionais", Rhouda Fegali, ofereceu um almoço para Moro. Conforme o documento, "o almoço teve por objeto o agradecimento pelos trabalhos já realizados e troca de impressões para atividades futuras".

Às 17h do mesmo dia, Moro se reuniu com o diretor do FBI, Christopher Wray. O encontro foi descrito da seguinte forma pelo ministro: "A Diretora do DRCI (Departamento de Recuperação de Ativos e Cooperação Jurídica Internacional) agradeceu o FBI os trabalhos levados a cabo para a operação Lava Jato, ressaltando a importância da iniciativa de terem destacado uma equipe para ficar à disposição do Brasil para os trabalhos, momento em que os norte-americanos expressaram a relevância da operação para o Brasil e para vários países da América Latina".

Outro lado

A Agência Sportlight de Jornalismo enviou pedido de posicionamento ao senador Sergio Moro e ao FBI, mas não obteve resposta.

A Embaixada dos Estados Unidos em Brasília afirmou que os agentes do país não têm autorização para atuar no Brasil.

"Os representantes dos EUA de aplicação da lei não têm mandato ou jurisdição para conduzir operações em território brasileiro. Nossa coordenação com as autoridades brasileiras é conduzida por meio de canais legais bilaterais estabelecidos e aprovados pelo Ministério da Justiça. Também ressaltamos que temos uma série de acordos de cooperação técnica relacionados ao combate ao crime transnacional, e as agências de aplicação da lei norte-americanas têm uma longa história de colaboração com as autoridades federais e estaduais brasileiras em uma gama de temas investigativos, que beneficiam e protegem os públicos brasileiro e norte-americano."

'Ajuda' espontânea

Além disso, conforme a revista eletrônica Consultor Jurídico já vem noticiando desde 2018, a autodenominada força-tarefa atuou de forma próxima do FBI em muitas etapas das investigações, pedindo auxílio técnico sem passar pelos canais formais e compartilhando mais com os norte-americanos sobre o andamento dos processos do que com as autoridades brasileiras.

Talvez o principal exemplo dessa proximidade seja o da norte-americana Leslie R. Backschies, designada em 2014 para ajudar nas investigações brasileiras. A história foi contada pela Agência Pública, em uma reportagem da série da "vaza jato". Leslie participou de palestras de procuradores do Departamento de Justiça dos EUA (DoJ) e agentes do FBI a integrantes do Ministério Público Federal para ensinar o funcionamento do Foreign Corrupt Practices Act (FCPA). 

Atualmente, Leslie comanda a Unidade de Corrupção Internacional do FBI, a mesma que inaugurou um escritório em Miami só para investigar casos de corrupção em países estratégicos na América do Sul. O foco da unidade é a própria especialidade de Leslie: a aplicação do FCPA. 

A "vaza jato" também mostrou que os procuradores tentavam driblar o governo brasileiro sempre que possível nos casos de "cooperação" com os Estados Unidos. Em 2015, por exemplo, procuradores ligados ao DoJ e ao FBI fizeram uma visita ao MPF brasileiro que não foi informada ao Ministério da Justiça, órgão responsável por intermediar a cooperação internacional. Também não passou pelos canais oficiais um pedido de ajuda feito ao FBI para "hackear" os sistemas da Odebrecht quando o material ainda estava na Suíça.

Os advogados do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Cristiano Zanin Martins e Valeska Martins, não sabem dizer por que a "lava jato" quis ajudar o governo dos EUA. Eles ressaltam, contudo, que os norte-americanos destinaram R$ 2,5 bilhões para a constituição de uma fundação que teria a ingerência de membros do Ministério Público que, direta ou indiretamente, atuaram na aplicação do FCPA no Brasil.

O fundo foi alvo de questionamentos no Supremo Tribunal Federal e, por decisão do ministro Alexandre de Moraes, acabou sendo dividido entre o combate aos incêndios na Amazônia e programas estaduais de enfrentamento à Covid-19 no país.

10
Abr23

Vitória contra a privatização merece um brinde

Talis Andrade
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por Paulo Moreira Leite

Em duas canetadas, Lula permitiu que as famílias brasileiras façam uma pequena celebração política na Páscoa de 2023. 

O presidente assinou as primeiras medidas para interromper o processo privatização e entrega de empresas estatais, projeto essencial da política economica entreguista de seus antecessores, que governaram o país entre o golpe de Michel Temer em 2016 e a derrota de Jair Bolsonaro em 2022.

Três empresas foram retiradas do PPI, o programa de parceria de investimentos. A Conab, de abastecimento. A Telebrás, de Comunicações. E claro, a Petrobras, marco histórico da luta da população brasileira por sua soberania.

Cobiçada pelo capital estrangeiro desde sua fundação, fruto de uma gigantesca mobilização popular, na última década a Petrobras tornara-se alvo prioritário de empresas imperialistas pela descoberta das valiosas reservas do pré-sal. Num movimento agressivo, sem escrúpulos, elas promoveram um golpe de Estado para derrubar uma presidente eleita, Dilma Rousseff, apenas para tomar posse de uma riqueza capaz de produzir, na próxima década, um total de 8,2 bilhões de barris de óleo, avaliados em US$ 116 bilhões, sem falar em US$ 92 bilhões em royalties e US$ 77 bilhões em impostos. 

No café da manhã com jornalistas, na manhã de quinta-feira, 6 de abril, Lula assinalou a mudança de rumo na condução do país. Disse que o capital estrangeiro será "muito bem recebido no Brasil para fazer novos investimentos e para abrir novos negócios, mas não para comprar nossas empresas". É um bom caminho. 

Alguma dúvida?

(Minutos depois de publicar essa nota, leio a manchete da Folha neste domingo, 9/4/2023. "Apoio à privatização salta e chega e 38% da população". É uma vergonha. A manchete esconde que, segundo o próprio Datafolha, a maioria dos brasileiros é contrária às privatizações, por 45% a 38%).
05
Abr23

GRANDE IMPRENSA, POR QUE VOCÊ BLINDA MORO E ENALTECE BOLSONARO?

Talis Andrade
 
 
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As denúncias de Tacla Duran contra o ex-juiz não reverberaram nos grandes jornais, que deram ampla cobertura positiva para o retorno do ex-presidente que responde a inúmeros crimes no STF.

por João Filho /Intercept

NESTA SEMANA, dois episódios revelaram a maneira branda com que a grande imprensa tem tratado os agentes do fascismo que aterrorizaram o país nos últimos anos. As coberturas do caso Tacla Duran e da volta de Bolsonaro ao país mostram que os líderes bolsonaristas não estão sendo tratados como deveriam ser: a escória da democracia.

Bolsonaro é um líder fascista que está voltando para responder por uma série de crimes gravíssimos, entre eles a tentativa de um golpe de estado. Mas está sendo tratado como um ator legítimo da política brasileira – o homem que veio para organizar e liderar a oposição. Moro e Dallagnol são parlamentares eleitos e, por isso, devem ser tratados como atores legítimos. Mas depois das barbaridades que cometeram nos tribunais lava-jatistas e de cumprirem um papel chave dentro do fascismo bolsonarista, o mínimo que se espera é uma grande cobertura das acusações que ambos vêm sofrendo.

As denúncias de Tacla Duran

As graves denúncias do ex- advogado da Odebrecht, Rodrigo Tacla Duran, passaram de maneira marginal pelo noticiário. Não renderam grandes manchetes, não mereceram destaque na página principal dos grandes portais, nem textos indignados dos colunistões de sempre. Não se viu nem uma notinha no jornal televisivo de maior audiência do país. O Jornal Nacional, que gastou horas e horas da sua programação nos últimos anos tratando como verdade absoluta o que diziam os delatores da Lava Jato, silenciou diante do delator que acusa Sergio Moro e Deltan Dallagnol de extorsão. Segundo Duran, o advogado Carlos Zucolotto Júnior, então sócio de Rosângela Moro, teria pedido o pagamento de US$ 5 milhões em troca de facilidades nos acordos de colaboração com a Lava Jato. Em depoimento na 13ª Vara Federal de Curitiba, o advogado apresentou documentos, áudios e vídeos que comprovariam suas acusações.

 

O lavajatismo segue batendo forte no coração da grande imprensa brasileira

 
 
 
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A Folha de S. Paulo se mostrou mais uma vez bastante generosa com o senador Sergio Moro, revivendo os tempos de endeusamento do ex-juiz: “Moro dispensa STF em caso Tacla Duran, vê ‘odioso privilégio’ e critica juiz da Lava Jato”. A manchete trata como um gesto grandioso a recusa de Moro ao que ele chama de “odioso privilégio”, que é o foro privilegiado para políticos eleitos. Trata-se da mais pura demagogia, já que não cabe a um investigado a escolha do foro, mas, sim, ao STF. A Folha sabe disso, mas parece fazer questão de recolocar o ex-juiz no altar da moralidade nas letras garrafais. O juiz que corrompeu o sistema judiciário para perseguir seus adversários políticos segue sendo tratado como a última Coca-Cola do deserto da ética na vida pública.

O lavajatismo segue batendo forte no coração da grande imprensa brasileira. Nem parece que foi a Lava Jato que pavimentou o caminho para ascensão do bolsonarismo ao poder. Está claro que os responsáveis por chocar o ovo da serpente do fascismo no Brasil continuarão contando com a benevolência de parte relevante da grande imprensa. Isso já tinha ficado claro no episódio Moro – PCC, quando vimos um endosso quase unânime da imprensa às mentiras ditas pelo ex-juiz para faturar politicamente com o caso.

A volta de Bolsonaro

Depois de abandonar o emprego, tentar surrupiar joias milionárias na surdina e ir se esconder nos EUA por 3 meses, Bolsonaro voltou para a cena do crime. A recepção em Brasília foi um fracasso. Pouquíssimas cabeças de gado apareceram no aeroporto para recepcionar o líder fascista. Mas a cobertura da imprensa foi grandiosa. A volta do genocida foi tratada como a volta de um ex-estadista de respeito, e não como um líder autoritário que passou os últimos 4 anos ameaçando a democracia com uma faca no seu pescoço.

A CNN Brasil, por exemplo, registrou de perto momento a momento a chegada de Bolsonaro em solo brasileiro, com direito à cobertura ao vivo. Mesmo quando já não havia mais o que falar, a cobertura continuou enchendo linguiça e dando ares triunfais à chegada de Bolsonaro. Parecia uma estrela internacional do rock chegando pela primeira vez ao Brasil.

Os donos da Folha de S. Paulo deixaram claro o que pensam em editorial: “Opondo-se ao petismo, o bolsonarismo pode dar vigor à política brasileira —desde que abandone a violência, a atitude antidemocrática e a polarização irracional”. O jornal vê com bons olhos a volta do fascista se ele “se opor ao petismo” e abandonar a atitude antidemocrática. Ou seja, o antipetismo alucinado dos donos da Folha fez com que eles propusessem uma segunda chance a um fascista que destruiu o país em todos os níveis. É inacreditável!

É claro que a chegada dele deveria ser noticiada, mas nunca com toda essa pompa e dedicação. O que se viu foi um homem acusado de crimes gravíssimos — todos eles carregados de provas — sendo tratado como um ex-presidente normal, um estadista legítimo. Bolsonaro não foi um presidente normal. É uma liderança fascista que certamente estará inelegível em breve e tem grandes chances de ir para a cadeia.

Só no TSE são 16 ações que tramitam contra ele. Basta uma condenação para que ele seja proibido de disputar eleições por 8 anos. Há uma pororoca de provas em todos os casos e as chances dele não ficar perder os direitos políticos são remotíssimas. As possibilidades dele acabar na cadeia também são boas, ainda que esse seja um processo mais complicado e demorado. Bolsonaro enfrenta várias investigações no STF, todas passíveis de prisão.

 

Moro e Bolsonaro são agentes do neofacismo no Brasil e deveriam ser tratados pelo jornalismo como tais.

 
 
 
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Em um dos inquéritos, o ex-presidente é acusado pelo seu ex-ministro Sergio Moro de interferir na Polícia Federal para proteger possíveis crimes dos seus familiares. Em outro, é acusado por difundir fake news golpistas sobre o processo eleitoral. Há também a investigação sobre as declarações negacionistas durante a pandemia, que podem ter levado milhares de brasileiros à morte. Em outro inquérito, é denunciado por vazar informações de uma investigação sigilosa da Polícia Federal. O último inquérito investiga a sua participação nos atos golpistas de 8 de janeiro. Todos esses inquéritos são sólidos e com potencial para mandar Bolsonaro para o xilindró. Além deles, há pelo menos 7 pedidos de investigação contra o ex-presidente que foram enviados pelo STF para a primeira instância da Justiça. Bolsonaro também pode virar investigado no caso das joias milionárias presenteadas pela Arábia Saudita. Ele foi intimado nesta semana pela Polícia Federal a depor sobre o caso, por enquanto, na condição de testemunha.

Lembremos que, por muito menos, o Brasil já prendeu dois ex-presidentes. Michel Temer ficou 4 dias na cadeia. Lula ficou 580. Ambas as prisões foram equivocadas, sustentadas por provas frágeis ou pela absoluta falta delas. Esse não será o caso de Bolsonaro caso seja preso. Além do volume de inquéritos, há volume de provas concretas. Não é razoável, portanto, que parte relevante da imprensa estenda o tapete vermelho para a sua chegada. Depois de passar o mandato inteiro criticando Bolsonaro e sendo violentamente esculachada por ele, é incompreensível que ainda haja esse tipo de cobertura. Fica parecendo que a intenção é fazer com que o ex-presidente fascista se consolide como líder da oposição.

Moro e Bolsonaro são agentes do neofacismo no Brasil e deveriam ser tratados pelo jornalismo como tais. Os dois estiveram juntos na última eleição para garantir a consolidação de uma autocracia de caráter fascista. Moro, que havia rachado com Bolsonaro, voltou para o seu aconchego para garantir uma vaga no Senado e voltou a endossar o golpismo do seu ex-chefe. O jornalismo não deveria perdoar ou pegar leve com quem atuou politicamente para calá-lo. Quem ameaça a democracia deve ser tratado como inimigo do jornalismo. É uma questão de sobrevivência, já que é ela quem garante a liberdade de imprensa. Mas, ao que parece, Moro e Bolsonaro estão sendo moralmente anistiados.

 
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