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O CORRESPONDENTE

Os melhores textos dos jornalistas livres do Brasil. As melhores charges. Compartilhe

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O CORRESPONDENTE

09
Set22

Conheça dez casos de corrupção que assombraram o clã Bolsonaro e Sérgio Moro ministro da Justiça e da Segurança Pública tratou de abafar

Talis Andrade

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Conta El País, da Espanha:

Embora o núcleo duro do clã Bolsonaro seja claramente masculino, ele também inclui mulheres, as três com quem o presidente compartilhou sua vida, as mães de seus filhos. Por motivos diferentes, elas também são notícia. A atual esposa, a primeira-dama Michelle Bolsonaro, nasceu em 22 de março de 1982, em Ceilândia, DF, protagonizou um fenômeno viral, por conta de um dinheiro de origem suspeita que recebeu de Fabrício Queiroz, ex-assessor do senador Flávio Bolsonaro. A segunda mulher, Ana Cristina Valle nasceu em 13 de maio de 1967, em Resende, RJ, uma advogada também sob suspeita por esse mesmo caso de desvio de dinheiro público. E a primeira, Rogéria Nantes Nunes Braga, de 67 anos, mãe dos três filhos mais velhos do mandatário, os três políticos profissionais com vários mandatos legislativos nas costas.

Pragmatismo Político narrra que Rogéria Nantes Braga acusou Jair Bolsonaro (PSL) de ter sido o mandante do espancamento de um assessor político e seu ex-colega de Exército, Gilberto Gonçalves, ocorrido em uma rua da zona norte da cidade do Rio de Janeiro, no mês de setembro do ano 2000.

O motivo, de acordo com o depoimento de Rogéria, foi o fato de Gonçalves estar trabalhando, à época, como cabo eleitoral de sua candidatura à 2ª reeleição a vereadora do Rio. Quando o fato ocorreu, ela já não era mais esposa de Bolsonaro, e o ex-capitão do Exército tentava eleger para o seu lugar na Câmara o filho Carlos, então um estudante do ensino médio com 17 anos de idade.Tudo isso consta em registros e depoimentos dados à Polícia Civil do Rio de Janeiro pela própria Rogéria Bolsonaro, que afirmou à imprensa na ocasião que seu ex-marido sofre de “desequilíbrio psicológico e mental”.

 Ana Cristina Siqueira Valle também denunciou o marido por atos de violência e instabilidade emocional. Conforme publicou a revista “Veja”,  Ana Cristina Siqueira Valle acusou Bolsonaro não apenas de agressão, mas de ameaçá-la de morte, ao ponto dela fugir do país para escapar do ex-marido.

Juntas, compõem uma árvore genealógica complexa, uma família com vários ramos cujo lema poderia ser “política (ou o poder) acima de tudo”, parafraseando seu lema de Governo, “Brasil a cima de tudo, Deus acima de todos”. Os laços −incluindo os trabalhistas e políticos− sobrevivem às rupturas sentimentais. Desde que se casou pela primeira vez, em 1978, Jair Bolsonaro nunca chegou a ficar um ano solteiro.Image

 

Conheça dez casos de corrupção que assombram o clã Bolsonaro no primeiro ano de governo

Conforme reportagem do DCM:

Durante toda a sua campanha eleitoral, Jair Bolsonaro prometeu “acabar com a mamata”. A promessa não durou nem até a posse. No início de dezembro, o caso Queiroz – uma mistura de milícias e desvio de dinheiro público por meio de fantasmas na Assembleia do rio de Janeiro –  foi revelado, envolvendo seu filho mais velho e senador Flávio (sem partido). Desde então, o que ficou provado nesse primeiro ano de governo é que entre kit gay, terraplanismo e olavismos, a maior fake news disseminada pelo presidente foi o “combate à corrupção”.

 

Caixa 2 laranja

 

Em novembro, Jair Bolsonaro decidiu fundar o próprio partido: Aliança pelo Brasil.

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Após acabar com a já fraca reputação do PSL, Bolsonaro tem se esforçado para se afastar ao máximo da sigla, representada por ele nas eleições do ano passado. O distanciamento é nada mais que um recurso de Jair para abafar seu envolvimento com o “laranjal” do PSL. O partido está sendo investigado desde o início do ano por candidaturas laranjas em dois estados: Pernambuco e Minas Gerais. Algumas candidatas mulheres da legenda receberam grandes repasses do fundo partidário para suas campanhas, mas obtiveram números inexpressivos nas urnas. O esquema era comandado pelo atual ministro do Turismo, o deputado federal Marcelo Álvaro Antônio (PSL-MG), bancado por Bolsonaro no cargo apesar do “laranjal”.

Em outubro, reportagem da Folha de S. Paulo aponta que o depoimento de um ex-assessor do ministro e uma planilha apreendida em uma gráfica sugerem o desvio de recursos do esquema de candidaturas laranjas para as campanhas de Jair Bolsonaro à presidência da República e de Marcelo Álvaro a deputado federal. A prática configuraria caixa 2, movimentação de recursos de campanha sem declaração oficial à Justiça.

O ministro foi indiciado pela Polícia Federal e denunciado pelo Ministério Público de Minas Gerais acusado dos crimes de falsidade ideológica eleitoral, apropriação indébita de recurso eleitoral e associação criminosa. Ao invés de retirá-lo do governo, Bolsonaro resolveu dar mais poder a Marcelo Álvaro. Em novembro, a Secretaria Especial de Cultura foi transferida para a pasta do Turismo. A ação também evidencia as intenções de Jair de desmontar as políticas públicas voltadas à cultura.Image

 

 

Caso Marielle

 

No dia 14 de março de 2018, a vereadora carioca Marielle Franco e seu motorista Anderson Gomes foram assassinados, vítimas de treze disparos dados por dois homens que estavam em um carro ao lado. O caso continua sem solução. A investigação da polícia possui dois principais suspeitos: os ex-policiais Ronnie Lessa, citado como autor dos disparos, e Élcio Queiroz apontado como motorista do veículo.

À época do crime, Lessa morava no condomínio Vivendas da Barra, onde moram Jair Bolsonaro (em uma casa) e seu filho Carlos (em um apartamento) e o filho O4 Renan (em outro apartamento). 

PM Ronnie Lessa, preso por morte de Marielle, já foi ...

De acordo com reportagem do Jornal Nacional, no dia em que matou Marielle e Anderson, Élcio Queiroz visitou Lessa no Vivendas da Barra. Porém, ao chegar na portaria, o ex-policial teria dito ao porteiro que ia à casa 58, onde vive Jair.

Para piorar, o presidente declarou que pegou o áudio das ligações da portaria de seu condomínio para impedir que o material fosse “adulterado”, segundo ele. A atitude é clara obstrução de Justiça. Carlos Bolsonaro, outro residente do Vivendas, publicou vídeo em seu Twitter, rede social favorita da família, confessando que ele acessa todas as ligações gravadas do condomínio, colocando em risco a integridade do material a ser investigado.

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Caso Queiroz

 

Em dezembro de 2018, Fabrício Queiroz, então motorista e assessor do deputado Flávio Bolsonaro, foi convocado pelo Ministério Público do Rio de janeiro para prestar depoimento sobre movimentações bancárias suspeitas no valor de R$ 1,2 milhão. Relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) informou que as transações bancárias eram “incompatíveis com o patrimônio, a atividade econômica ou ocupação profissional e a capacidade financeira” do policial reformado. O relatório financeiro também identificou depósitos de Queiroz na conta de Flávio, o que levantou suspeitas sobre um possível esquema de “rachadinha”.

O ex-assessor faltou ao depoimento duas vezes, alegando ter sido “acometido por inesperada crise de saúde”. Desde então, Queiroz sumiu, teve suas relações com milicianos descoberta e continua negociando cargos na Câmara do Rio de Janeiro. Até hoje, nem ele e nem Flávio prestaram seus devidos depoimentos ao MP-RJ.

O Ministério Público cumpru um pedido de busca e apreensão contra o senador e vários outros integrantes do esquema. O pedido foi baseado em um relatório que aponta que Flávio e sua mulher, Fernanda, compraram em dinheiro vivo, de forma ilegal, dois imóveis no valor de R$ 638 mil, localizados em Copacabana, zona sul do Rio de Janeiro (RJ). O então deputado estadual teria usado o dinheiro proveniente da ‘rachadinha’ na compra

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FAB – Família nos Aviões Brasileiros

 

Em maio, o deputado Eduardo Bolsonaro usou um helicóptero da Presidência da República para transportar parentes para o seu casamento. Os vídeos do “passeio” foram compartilhados nas redes sociais por Osvaldo Campos Bolsonaro, sobrinho de Jair.

Familiares da região do Vale do Ribeira, em São Paulo, se deslocaram de helicóptero entre o aeroporto de Jacarepaguá e Santos Dumont, próximo ao local da cerimônia. De carro, o trajeto de 35 km demora só 35 minutos mas a família preferiu fazer o uso da aeronave da Força Aérea Brasileira (FAB). Nas imagens publicadas, é possível ver um grupo de 10 pessoas chegando à pista de embarque, com as irmãs de Jair Bolsonaro e o deputado federal Helio Lopes (PSL-SP), amigo pessoal do presidente.

 

Amor financiado pelo fundo partidário

 

A farra do casamento de Eduardo não se limitou ao uso do helicóptero. O deputado também usou dinheiro do fundo partidário para pagar a sua viagem de lua de mel com a coach e psicóloga Heloísa Wolf. A negociação teria sido feita pela advogada do PSL, Karina Kufa. Relatos obtidos pela reportagem da IstoÉ mostram que Kufa, contratada pelo partido a pedido de Eduardo e conhecida por cumprir diversos favores ao deputado, teria sido a responsável por acertar os detalhes da viagem de lua de mel.

Usando o nome de Eduardo, a advogada teria ligado para Antonio Rueda, vice-presidente nacional do PSL, pedindo dinheiro do fundo do partido. De acordo com a revista, Rueda teria desabafado com colegas próximos que não aguentava mais “essa mulher me telefonando para pedir dinheiro para o Eduardo”. No entanto, ele liberou o que faltava para arcar com a viagem do casal.

 

Câmara e faculdade ao mesmo tempo

 

Com apenas 18 anos, Eduardo Bolsonaro foi nomeado para um cargo comissionado na liderança do PTB em Brasília, partido de seu pai em 2003. De acordo com reportagem da BBC Brasil, o emprego exigia que o “filho 03” de Jair trabalhasse 40 horas semanais, com remuneração de R$ 3.904 por mês (R$ 9.780 na cotação atual). Só existia um detalhe: três dias antes da nomeação, Eduardo foi aprovado no curso de Direito na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

As normas da Câmara vigentes à época determinavam que esse tipo de cargo tinha “por finalidade a prestação de serviços de assessoramento aos órgãos da Casa, em Brasília. Desse modo, (os servidores) não possuem a prerrogativa de exercerem suas atividades em outra cidade além da capital federal”.

Ou seja, durante um ano e quatro meses, Eduardo tinha obrigação de trabalhar 40 horas por semana em Brasília e, inexplicavelmente, cursou Direito no Rio de Janeiro, à 1.100 km de distância. No curso desses 16 meses, o atual deputado ganhou R$ 160 mil de dinheiro público, na cotação atual.

 

Parentes fantasmas

 

Carlos virou alvo de investigação do Ministério Público (MP) do estado do Rio de Janeiro por denúncias de colocar ao menos sete parentes como funcionários fantasmas em seu gabinete. Os familiares seriam contratados para a prática da “rachadinha”, deixando parte dos salários com o filho de Jair.

O esquema foi divulgado em maio pela revista Época, que revelou que Carlos empregou a madrasta, Ana Cristina Siqueira Valle, e outros sete parentes dela em seu gabinete. Esses funcionários fantasmas chegavam a devolver 90% do salário ao vereador.

 

Envolvimento com Itaipu

 

No início de agosto, deputados paraguaios do Partido Pátria Querida (PPQ) protocolaram pedido de julgamento político do vice-presidente do país, Hugo Velázquez, sob acusação de tentar beneficiar uma empresa brasileira num acordo entre os dois países envolvendo a venda de excedente de energia da hidrelétrica Itaipu Binacional. Um pedido de impeachment do presidente Mario Abdo Martinez, mas a Câmara já rejeitou o processo.

Mensagens divulgadas entre o presidente da estatal elétrica do Paraguai e José Rodríguez, assessor de Velásquez, revelaram possível participação da família Bolsonaro no esquema. Nos chats, Rodríguez tentava marcar uma reunião entre o diretor da empresa pública e representantes da empresa brasileira Leros, interessada na compra de energia paraguaia. A Leros seria representada por Alexandre Luiz Giordano, suplente do senador Major Olímpio (PSL-SP), e que falaria, segundo as mensagens, em nome da “família presidencial do país vizinho”, referência clara ao clã Bolsonaro.

 

Assessores de “sorte”

 

Logo no início do ano, surgiram denúncias contra os filhos de Jair: Eduardo usou verba da Câmara para contratar empresa de mulher de assessor, enquanto Flávio beneficiou uma assessora e parentes em seu gabinete. Tudo sempre em família.

Eduardo pagou R$ 960 à Locar1000, locadora de veículos que pertence à mulher de um assessor de Jair, pelo aluguel de um carro em fevereiro, de acordo com a revista Época. A Locar1000 pertence a Ghislaine Maria de Oliveira, mulher de Joel Novaes da Fonseca, assessor do gabinete pessoal da Presidência da República desde 18 de janeiro. Joel é velho conhecido da família, já que trabalhou com o próprio Eduardo entre 2015 e 2017.

Já Flávio, o filho mais velho, usou dinheiro do fundo partidário entregue a candidatas do PSL para pagar empresa de uma ex-assessora dele na Assembléia Legislativa do estado, segundo informou a Folha. A empresa Ale Solução e Eventos, da contadora Alessandra Ferreira de Oliveira, primeira-tesoureira do PSL carioca, recebeu R$ 55,3 mil vindos de pagamentos de 42 candidatos do partido dos Bolsonaro no Rio de Janeiro.

 

Mamata é tradição familiar

 

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Desde 1991, o atual mandatário da república e seus filhos Flávio, Carlos e Eduardo empregaram ao menos 102 pessoas com algum laço familiar ou parentesco entre si, além de 37 funcionários com fortes indícios de que não trabalhavam de fato em seus cargos. A apuração feita pelo jornal O Globo evidencia velha política de cabide de empregos e o uso dos gabinetes como reduto de funcionários fantasmas.

Este foi o primeiro ano do governo Bolsonaro presidente.

Neste primeiro ano Sergio Moro era o ministro super. Ministro da Justiça e da Segurança Pública.

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26
Jul22

Bolsonaro anunciou o golpe: não há mais espaço para omissão

Talis Andrade

Comissão Nacional da Verdade Brasil Comissões Estaduais Estadual Estados  ABC Tortura Violação de Direitos Humanos Ditadura Militar Brasileira Human  Rights Brazil truth commissions lei 7.376/10 7376/10 Congresso Nacional  torture torturadores forças armadas

 

 

Bolsonaro avisou o mundo que não confia nas urnas. Grandes personalidades e entidades que ficarem caladas serão coniventes com o golpismo. Até a Fiesp deu um passo a frente.

 

 

BOLSONARO CONVOCOU os embaixadores para anunciar que as urnas eletrônicas que o elegeram não são confiáveis. Mas não apresentou um indício sequer de fraude, apenas requentou as velhas mentiras de sempre. Ocorre que os embaixadores moram no Brasil e acompanham diariamente os arroubos golpistas do presidente.

Muito provavelmente não houve embaixador ali que não tenha enxergado aquela patacoada como sendo fruto do desespero de um autocrata golpista com sua provável derrota nas urnas. O circo armado, portanto, serviu apenas para demonstrar força para a sua boiada de fanáticos. Mas a realidade é que a reunião foi uma demonstração de medo e fraqueza.

Bolsonaro passou esses três anos e meio de governo espetando a faca no pescoço da democracia. Este é um governo golpista na essência, que fez das ameaças golpistas uma estratégia política, mobilizando sua base e tentando espalhar o medo entre seus adversários políticos. As ameaças foram tantas, que o golpismo do presidente foi banalizado e passou até a ser motivo de chacota.

Seria apenas um blefe, já que não existem condições materiais mínimas para que um golpe se sustente. Ocorre que estamos falando de Bolsonaro. Um ex-militar mentalmente perturbado, que não ouve conselhos de aliados, não pensa de maneira lógica e apenas segue seu instinto golpista. Soma-se a isso o estado de desespero em que ele se encontra com as prováveis consequências de uma derrota nas urnas. O presidente sabe que ele e sua família podem acabar na cadeia. O que não faltam são motivos para isso.

Foram muitos os crimes cometidos, e eles poderão respondê-los sem a blindagem da rede de proteção que têm hoje. Estamos no país que recentemente prendeu dois ex-presidentes por muito menos, ou melhor, por nada. A cadeia para Bolsonaro após as eleições não é apenas possível, mas, arrisco dizer, bastante provável.

Mas não podemos subestimar o golpismo do presidente. Não é razoável imaginar que ele, tomado pela irracionalidade, dará os próximos passos com base na razão. Um homem desequilibrado, desesperado, isolado politicamente, sem mais nenhuma carta na manga, pode fazer qualquer coisa. É claro que Bolsonaro poderá tentar o golpe, mesmo que não haja condições objetivas para isso.

Dificilmente o golpe se sustentaria, claro, mas o estrago pode ser enorme, aprofundando crise econômica e mobilizando seu séquito de fanáticos para fabricarem mais cadáveres. O assassinato do dirigente petista Marcelo Arruda é um aperitivo macabro do que pode estar por vir. Lembrem-se dos recados enigmáticos do presidente aos seus seguidores sobre como agir diante de uma fraude nas eleições: “Vocês sabem o que está em jogo. Vocês sabem como devem se preparar… não para um novo Capitólio… Nós sabemos o que temos que fazer antes das eleições”.

 

 
         É importante registrar que o golpe anunciado na reunião com embaixadores já não está mais no campo das ameaças. Essa fase já passou.

 

Quem eram os gorilas nos tempos da ditadura civil-militar - Jornal Opção

 

 

O enigma proposto vem depois de uma sequência de discursos de ódio do presidente, que recentemente, ao se referir a Lula e seus aliados, disse que “uma granadinha só mata todo mundo”. Assim, com recados explícitos e subliminares, Bolsonaro busca criar um clima de caos e medo para justificar uma futura tentativa de melar as eleições.

É importante registrar que o golpe anunciado na reunião com embaixadores já não está mais no campo das ameaças. Essa fase já passou. O golpe foi colocado sobre a mesa para o mundo inteiro ver, sendo quase um primeiro ato do golpe, uma espécie de preparação de terreno.

A boa notícia é que as reações em repúdio ao golpismo do presidente foram fortes e numerosas. No dia seguinte à reunião golpista com embaixadores, a Federação da Indústria de São Paulo, a Fiesp, encaminhou um documento para os candidatos com propostas para serem implementadas pelo novo presidente eleito. Logo na introdução, o documento afirma que “a estabilidade democrática e o respeito ao Estado de Direito são condições indispensáveis para o Brasil superar os seus principais desafios”.

À primeira vista, parece mais um documento protocolar da Fiesp que, nunca foi, digamos assim, uma grande defensora da democracia. Ela apoiou o golpe militar de 64, o parlamentar contra Dilma em 2016 e tem permanecido calada diante do golpismo presidencial. Mas, segundo o Estadão, a entidade tem participado ativamente da articulação de um ato em defesa do sistema eleitoral brasileiro.

Organizado por juristas, dois eventos estão programados para o dia 11 de agosto na faculdade de Direito do Largo São Francisco, da Universidade de São Paulo. Entidades empresariais e da sociedade civil se juntarão à comunidade jurídica no ato. Segundo o diretor da Faculdade de Direito da USP, Celso Campilongo, a Fiesp tem se articulado para mobilizar o maior número de empresários em apoio à pauta. A entidade pode não ser historicamente uma grande defensora da democracia, mas sempre foi uma grande defensora do seu bolso. Sabe que a manutenção da autocracia e a transformação definitiva do país em uma republiqueta das bananas arruinarão os seus negócios, como já tem arruinado.

Outros repúdios importantes foram feitos. Mais de 40 membros do Ministério Público entraram com pedido de investigação contra Bolsonaro por crime de responsabilidade cometido na reunião com embaixadores. Pressionado, o procurador-geral da República Augusto Aras, habituado a passar pano para o vale-tudo bolsonarista, resolveu divulgar um vídeoem que aparece defendendo a lisura do processo: “Não aceitaremos alegação de fraude.” Além do MP, três grandes associações ligadas à Polícia Federal divulgaram uma nota em conjunto em defesa do TSE e do processo eleitoral brasileiro.

Os embaixadores saíram constrangidos e vários deles declararam confiar plenamente nas eleições brasileiras. A embaixada do Reino Unido, por exemplo, emitiu nota em que afirma que “nas eleições passadas, o sistema eleitoral e as urnas eletrônicas se mostraram seguras e passaram a ser reconhecidas internacionalmente por sua celeridade e eficiência”. Os EUA, o país para o qual Bolsonaro balançava o rabinho até pouco tempo atrás, confirmou mais uma vez que não estará disposto a patrocinar um golpe dessa vez. O governo americano, que já havia deixado claro confiar nas eleições brasileiras, reforçou sua posição em nota: “As eleições brasileiras, conduzidas e testadas ao longo do tempo pelo sistema eleitoral e instituições democráticas, servem como modelo para as nações do hemisfério e do mundo”.

As reações internas e externas em defesa das eleições são importantes e deixam claro que Bolsonaro está cada vez mais isolado e enfraquecido politicamente. Com o Centrão no bolso e com o PGR atuando como capanga, Bolsonaro teve força para evitar o impeachment. Mas isso não será o suficiente para se dar um golpe bem-sucedido. Ele sabe disso, mas o medo e a mente delirante podem fazer com que ele tente um golpe mesmo assim.

Até agora ele vem seguindo o mesmíssimo roteiro do seu parceiro Donald Trump. O americano criou um clima de desconfiança sobre a idoneidade da apuração de votos antes da eleição, depois acusou fraude na contagem sem apresentar provas e incentivou sua massa reacionária a invadir o Capitólio. O golpe não vingou, mas cinco pessoas foram assassinadas. A vantagem do Brasil é que já conhecemos o final desse roteiro e podemos evitá-lo com manifestação nas ruas e mobilização de órgãos da sociedade civil em repúdio ao golpismo.

Bolsonaro tocou as trombetas anunciando o golpe na reunião com embaixadores. Agora, os grandes agentes, instituições e entidades da vida pública que ficarem caladas serão coniventes com o golpismo e entrarão para História como inimigos da democracia. Não há mais espaço para omissão. As reações foram importantes, mas ainda pequenas diante do desafio que está por vir. É hora de mobilizar o povo para tomar as ruas.

Quem eram os gorilas nos tempos da ditadura civil-militar - Jornal Opção

15
Dez21

General-nanico Augusto Heleno ameaça o STF

Talis Andrade

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Bolsonaro e o tributo ao facínora Major Curió

 

Por Altamiro Borges 

O general-nanico Augusto Heleno segue ameaçando a democracia brasileira. Em áudio vazado de um discurso seu durante a formatura de agentes da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), ele disse que toma “dois Lexotan na veia” todos os dias para não levar o “capetão” Jair Bolsonaro a adotar "uma atitude mais drástica" contra o Supremo Tribunal Federal (STF). 

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As bravatas foram divulgadas pela coluna do jornalista Guilherme Amado, do site Metrópoles, na terça-feira (14). No áudio vazado, o milico-gagá também revela estar “muito preocupado” com o risco de um novo atentado contra o presidente e confessa, em plena formatura do Curso de Aperfeiçoamento e Inteligência da Abin, que reza para que ele sobreviva. 

"Esticar a corda até arrebentar"

 
“Temos um dos Poderes que resolveu assumir uma hegemonia que não lhe pertence, não pode fazer isso, está tentando esticar a corda até arrebentar. Nós estamos assistindo a isso diariamente, principalmente da parte de dois ou três ministros do STF”, afirma o general fascista em dos trechos do áudio obtido pelo site. Em outro, ele rosna: 

“Eu, particularmente, que sou o responsável, entre aspas, por manter o presidente informado, eu tenho que tomar dois Lexotan na veia por dia para não levar o presidente a tomar uma atitude mais drástica em relação às atitudes que são tomadas por esse STF que está aí”. O milico lunático ainda aterroriza os seus agentes da Abin: 

“Tenho uma preocupação muito grande com 2022, porque acho que tem uma medida muito simples para mudar, em dez segundos, 20 segundos, totalmente o panorama brasileiro. Um atentado ao presidente da República bem-sucedido modifica totalmente a história do Brasil. Tenho plena consciência disso”. 

Em seguida, o general ainda bravateia: “A partir da virada do ano, vou todo dia à Igreja rezar alguma coisa, vou ao Centro Espírita também, aos evangélicos, tudo o que tiver por aí, torcer para que ninguém adote essa solução como uma solução que é, é a solução mais rápida, mais viável, com mais resultado. É eliminar a figura do presidente da República”. 

Convocação do desequilibrado ministro-chefe do GSI
 
Diante dessas maluquices, o deputado Alessandro Molon (PSB-RJ), líder da oposição na Câmara Federal, decidiu pedir a convocação do desequilibrado ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) para explicar as doses diárias remédios psiquiátricos. “Augusto Heleno deve explicações por mais esta ameaça ao STF e à independência dos Poderes. Em qualquer governo sério, que tenha compromisso com a democracia, o general já teria sido demitido há muito tempo”. 

Outros parlamentares também criticaram as declarações do chefão do GSI. “O ministro Heleno parece profundamente desequilibrado, considerando o teor das suas declarações”, afirmou o senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE). Já o deputado mineiro Rogério Correia, vice-líder do PT na Câmara Federal, apontou o caráter golpista do discurso. 

“A declaração do general Heleno, em especial sendo ele responsável pelo gabinete de segurança institucional, é muito irresponsável. Ele retoma a ideia golpista de Jair Bolsonaro, que no dia 7 de Setembro por pouco não desfecha um golpe. Isso só não aconteceu porque não houve respaldo popular e também porque as instituições reagiram. Agora o general Heleno retoma isso em véspera de eleições. É claro que tem aí também o desespero”. 

"Gagá, lunático. Precisar ser interditado"

No mesmo rumo, o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) avalia que a ameaça de Augusto Heleno decore da “derrota previsível” de Jair Bolsonaro em 2022. “O único remédio para este governo é o banco de réus! É tanto blábláblá para justificar uma derrota previsível de Bolsonaro em 2022, que chega a dar dó. O povo dará a resposta nas urnas”, tuitou. 

O líder do PT no Senado, Humberto Costa (PE), também defendeu a convocação do general. “Considero essas declarações gravíssimas, especialmente porque se trata daquele que coordena o GSI, que é responsável pela segurança do presidente e pela Abin. Ele faz um discurso em que fica evidente que as ameaças e as acusações contra o STF não são coisas exclusivas de Bolsonaro apenas, e que há, entre seus assessores, aqueles que estimulam esse tipo de prática e de ação”. 

Até o vice-líder do DEM, o golpista Kim Kataguiri (SP), ironizou: “Heleno tornou-se um velho gagá, um lunático. O problema é que, apesar de já ter, junto de Bolsonaro, vendido a alma ao Centrão, ainda sente-se um bastião da moral, dotado de um poder capaz até de fechar outro Poder. Esse sujeito precisa ser interditado”.
 
 
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Bolsonaro e o tributo ao facínora Major Curió

 

'Curió', o herói da ditadura


O major do Araguaia sabe o que aconteceu há 40 anos naquele fim de mundo, tomara que conte. Texto de Elio Gaspari leia

 

30
Jan21

Ruy Castro: Bolsonaro rebaixou o Brasil ao nível de estrebaria de quartel

Talis Andrade

 

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247 - Em sua coluna publicada no jornal Folha de S.Paulo, o escritor Ruy Castro afirma que Jair Bolsonaro foi "quem rebaixou o Brasil ao nível de estrebaria de quartel, ao inundar os lares com um vídeo sobre golden shower, chamar um jornalista para a briga ('Minha vontade é encher a sua boca de porrada!') e ejacular mais palavrões numa reunião ministerial do que em todas as reuniões ministeriais somadas desde 1889".

No texto, Ruy Castro destaca que, "desde sua posse, Jair Bolsonaro já foi chamado de cretino, grosseiro, despreparado, irresponsável, omisso, analfabeto, homófobo, mentiroso, escatológico, cínico, arrogante, desequilibrado, demente, incendiário, torturador, golpista, racista, fascista, nazista, xenófobo, miliciano, criminoso, psicopata e genocida". 

"Nenhum outro governante brasileiro foi agraciado com tantos epítetos, a provar que a língua é rica o bastante para definir o pior presidente da história do país. Mas é inútil, porque nada ofende Bolsonaro. Ele se identifica com cada desaforo".

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23
Mar20

Associação de juristas faz representação ao MP para interditar Bolsonaro

Talis Andrade

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A Associação também pede a constituição imediata e urgente de uma Junta Médica para a avaliação psiquiátrica do presidente

 

Texto: Migalhas

A ADJC - Associação de Advogados e Advogadas pela Democracia, Justiça e Cidadania apresentou representação pedindo que o MPF/DF proponha ação judicial para interditar o presidente Bolsonaro. A Associação também pede a constituição imediata e urgente de uma Junta Médica para a avaliação psiquiátrica do presidente.

A entidade afirma que há evidentes indícios da incapacidade de Bolsonaro para a prática dos atos da vida civil, de falta de pleno discernimento e de condições para continuar exercendo tais atos, “sendo necessária a nomeação de um curador para representa-lo”.

No documento, a Associação cita o caso da viagem de Bolsonaro aos EUA no começo de março, oportunidade em que declarou em entrevista coletiva que a crise mundial do coronavírus se tratava “muito mais [de] fantasia... que a grande mídia propaga pelo mundo todo”.

A entidade também cita a ocasião na qual Bolsonaro decidiu sair do Palácio do Planalto, onde se encontrava, para confraternizar com um grupo de manifestantes, indo contra as recomendações da OMS para conter o avanço da doença.

Com esta atitude, que se nos afigura insana, o Representado não só pode ter violado a lei, segundo lembram alguns advogados penalistas, infringindo os arts. 267 e 268 do Código Penal, que trata do crime de epidemia mediante contágio, com penas cominadas de até quinze (15) anos de reclusão, por ser um crime de perigo, que coloca em risco toda a população.10 Também descumpriu e desmoralizou as medidas de proteção sanitárias expedidas pelo seu próprio Ministério da Saúde, que visavam impedir aglomerações, que são uma das formas pelas quais o coronavírus se transmite.”

Para os signatários, Bolsonaro revelou fortes indícios de desequilíbrio psíquico, “chegando a um ponto em que ele se tornou um gravíssimo risco à vida das demais pessoas, à saúde pública e a si mesmo, da forma inconsequente como se comportam os mentalmente insanos”.

Assim, pediram que o MPF/DF, no exercício de sua legitimidade constitucional e legal, proponha ação judicial destinada à interdição de Bolsonaro, com pedido de constituição imediata e urgente de uma Junta Médica para a sua avaliação psiquiátrica, que possa embasar, se necessário, a sua interdição e a designação um curador.

 

15
Mar20

A LEI DO CONTÁGIO Sergio Moro condena a irresponsabilidade de Bolsonaro no mano a mano com o povo, no corpo a corpo com o coronavírus

Talis Andrade

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Estadão
 
@Estadao
Bolsonaro atuou 'com requintes de sadismo' promovendo atos em meio a pandemia, diz presidente da OAB
Bolsonaro atuou 'com requintes de sadismo' promovendo atos em meio a pandemia, diz presidente da...
Orientado a ficar em isolamento, presidente foi ao encontro de manifestantes em Brasília e divulgou imagens de manifestações pró-governo nas redes sociais
politica.estadao.com.br
 
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Sergio Moro escreveu possíveis ações legais para evitar o contágio do coronavírus, que apagou depois de ver pela internet o capo Bolsonaro comandando marchas, em Brasília, contra o STF e o Congresso.
 
Mesmo assim Sergio Moro deixou, covarde e safadamente, sua críticas indiretas ao Presidente irresponsável, desequilibrado, inconsequente, transcrevendo recomendações do Ministério da Saúde.
 
Você está com sintomas de gripe e não sabe o que deve fazer?
O esclarece sua dúvida. Confira no vídeo.
 
#coronavírus #H1N1 #gripe #SUS #VacinaBrasil
Sergio Moro
@SF_Moro
Ministro da Justiça e Segurança Pública - sallus populi suprema lex esto
Brasília, Brasiljustica.gov.brJoined April 2019
 
Sergio Moro
@SF_Moro
 
Sergio Moro
@SF_Moro
 
Devido ao novo coronavirus, Senacon/MJSP recomenda que consumidores e aéreas ajustem eventual remarcação de viagens a turismo nos próximos 60 dias sem a cobrança de multa. A nota abaixo tem os detalhes. Force majeure.
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Ministério da Justiça e Segurança Pública
 
@JusticaGovBR
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Senacon recomenda que consumidor possa remarcar suas passagens sem custos. Veja todas as recomendações em: bit.ly/2vkIwIj
 
 
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Henrique Mandetta
@lhmandetta
 
Conto com cada um de vocês para a divulgação dessas importantes informações. Não há motivos para pânico! Basta que cada um faça sua parte com responsabilidade e empatia. Estamos atentos
Vera Magalhães
@veramagalhaes
 
E aqui estamos indo às ruas no #CoronaDay. Esse dia será lembrado nos livros de história. Podem anotar. 15/3/2020. Não é 2015, talkey? E a imagem do presidente cumprimentando pessoas em meio à pandemia irá para as páginas.
 
Petra Costa
@petracostal
Intervenção médica já!
Apesar de apelo da Saúde, Bolsonaro toca nas mãos de apoiadores
O presidente contrariou uma recomendação da OMS de evitar usar as mãos em saudações para combater o alastramento do coronavírus no mundo
metropoles.com
 
marcia tiburi
@marciatiburi
Tratar o #coronavirus como algo banal significa praticar o « mal radical ». Na Idade Média se acreditava nos « reis taumaturgos » cujo toque curaria escrófulas. Agora um « presidente » espalha a peste? Que tempos apocalípticos...
 
Emir Sader
@emirsader
Bolsonaro abre guerra aos Poderes com irresponsabilidade sanitária - 15/03/2020 - Poder - Folha
Bolsonaro abre guerra aos Poderes com irresponsabilidade sanitária - 15/03/2020 - Poder - Folha
Cenas insólitas deste domingo fazem conversas sobre impeachment deixarem de ser tabu
folha.uol.com.br
 
 
05
Mar20

Atenção, jornalistas: enfim, uma pergunta coerente

Talis Andrade

cercadinho com dois palhaços.jpg

 

 

Eric Nepomuceno

Um dia depois da boçalidade olímpica feita para humilhar de novo os repórteres que ele humilha todas as manhãs, finalmente Jair Messias fez uma pergunta coerente. 

Dirigindo-se com a grosseria sem remédio aos jornalistas, ele disparou à queima-roupa: “Se vocês sofrem ataque todo dia, o que vocês estão fazendo aqui? O espaço é público, mas o que vocês estão fazendo aqui?”.

O ‘aqui’ em questão é o cercadinho onde todas as manhãs os repórteres são confinados à espera da dádiva da palavra presidencial. Não por acaso, justo ao lado fica outro cercadinho, onde se amontoam os arrebanhados sabe-se lá a troco de quê, todos embasbacados com Jair Messias.

No dia da pergunta perfeita, no cercadinho dos arrebanhados havia pouco mais de meia dúzia de admiradores apatetados.

A razão para considerar coerente e perfeita a pergunta de Jair Messias é simples e óbvia: além de reconfirmar o grau de boçalidade e desequilíbrio do presidente mais boçal e desequilibrado da história da República, qual a utilidade de enviar jornalistas para serem humilhados dia sim e o outro também? Houve alguma vez uma única resposta séria, que merecesse nem que fosse um respingo de credibilidade?  

É evidente que esses esbarrões humilhantes são a única forma de contato com o presidente e tentar – em vão, é verdade, mas única forma – obter declarações formais dele sobre algum assunto. 

Antes, havia aquele general empijamado e empertigado que fazia o triste papel de porta-voz presidencial. 

Como sua utilidade revelou-se comparável à de uma geladeira no Polo Norte, só restou aos meios de comunicação a paradinha diária de Jair Messias na portaria do Palácio da Alvorada.

Estou afastado do cotidiano das redações brasileiras há uns trinta e tantos anos. Talvez por isso não consiga entender a razão de algum chefe de reportagem submeter seus subordinados a essa rotina de humilhações e ofensas disparadas por alguém cujo desequilíbrio é mais do que evidente e, ao mesmo tempo, entender a razão que leva os plantonistas palacianos a aceitar se submeter a tamanho absurdo a troco rigorosamente de nada.

Agora que Jair Messias enfim fez uma pergunta lúcida, o que responder? 

A única resposta íntegra e coerente, creio eu, seria amanhã ele aparecer na portaria da residência presidencial e topar apenas com os arrebanhados da vez e com os jornalistas que trabalham para meios estatais.

Senão, o que os grandes meios hegemônicos de comunicação – a quem gente como Jair Messias e Sérgio Moro deve o fato de estar onde está – vão continuar fazendo é apenas fornecer material a ser espalhado entre os seguidores abduzidos e obcecados do boçal que todo santo dia deposita as ancas na poltrona presidencial. 

E enquanto todo mundo se distrai, ele e seus asseclas continuam a destroçar o que resta deste país desgraçado. 

cercadinho bozo direita e avesso.jpg

 

24
Dez19

Quem tentou sequestrar Lauro Jardim?

Talis Andrade

deadbolzo bolsonaro morte.jpg

 

 

Por Jeferson Miola, em seu blog:                  

Em momentos de aperto e dificuldades, Bolsonaro apela para a técnica diversionista do vigarista: despista para desviar a atenção do principal.

Nesses dias em que foram revelados detalhes dos negócios criminosos conduzidos pelo seu dublê de filho e preposto Flávio em associação com Fabrício Queiroz e com o chefe miliciano Adriano da Nóbrega, do Escritório do Crime, Bolsonaro ressuscitou o episódio da facada para desviar a atenção pública.

Bolsonaro insinuou que foi vítima de uma trama planejada por um ex-ministro do seu governo para matá-lo. E deixou subentendido que o conspirador, presumivelmente interessado em ocupar a vaga de vice na chapa presidencial, seria Gustavo Bebbiano.

O tiro, contudo, saiu pela culatra.

Bolsonaro não só não conseguiu tirar o foco do mega-escândalo de corrupção, lavagem de dinheiro e organização criminosa do clã como, além disso, foi desancado por Bebbiano.

O ex-coordenador da campanha e ex-ministro da Secretaria-Geral da Presidência conhece o clã Bolsonaro na intimidade. E por isso sentiu-se confortável em dizer o que disse em entrevista à rádio Jovem Pan [assistir aqui] em resposta ao ataque do Bolsonaro.

A entrevista do ex-aliado íntimo de Bolsonaro – que, apesar do rompimento político com o clã miliciano, continua defensor do programa e do governo bolsonarista – contém afirmações duríssimas e, sobretudo, graves.

Bebbiano entende que Bolsonaro “fica entre vagabundo ou quadro grave de loucura. Ou as 2 coisas combinadas”. Para ele, o país “está nas mãos de pessoa tão desequilibrada que pode colocar o Brasil em risco”.

Ele diz que “o presidente da 8ª economia do planeta [é] assessorado por um bando de fanáticos liderados por um lunático” [Olavo de Carvalho] e, por isso, pedirá a interdição de Bolsonaro na justiça. Bolsonaro “precisa ser interditado, não tem condições de governar o país”, afirma Bebbiano.

Ele considera que “a situação é muito preocupante porque o Brasil está sob comando de uma pessoa que demonstra ora traços graves de mau-caratismo, ora fortes sinais de loucura no último grau e assessorado por irresponsáveis e fanáticos”.

A declaração mais grave de Bebbiano, entretanto, não se refere à sociopatia do clã e às características paranóicas ou criminais da “familícia”, mas à tentativa de seqüestro do jornalista Lauro Jardim, do jornal O Globo, por uma pessoa do entorno do Bolsonaro.

Ele relata os detalhes do ocorrido [a partir do minuto 11:40 da entrevista]:

“O presidente parece que escolhe a dedo pessoas muito perigosas. Inclusive há uma pessoa muito próxima a ele que recentemente tentou seqüestrar um jornalista do sistema Globo. Pegou o jornalista Lauro Jardim na saída de um restaurante em São Paulo e tentou enfiar o Lauro Jardim dentro de um automóvel. Uma coisa meio forçada.

O Lauro ficou muito nervoso, muito preocupado, o assunto foi levado à direção da TV Globo, foi parar no departamento jurídico do Jornal O Globo e essa pessoa foi notificada inclusive pelo sistema Globo para que não se aproximasse mais do Lauro Jardim.

Essa mesma pessoa já ameaçou uma outra jornalista da revista Época e já fez ameaças veladas também a uma outra jornalista do jornal O Globo. Enfim, são essas as pessoas que estão ao redor do Presidente”.


O relato do Bebbiano dá conta de grave atentado não só contra jornalistas da Globo – a Lauro Jardim, à jornalista da Época e à outra jornalista do Globo – mas de um atentado perpetrado contra a liberdade de imprensa e contra o pouco que ainda vigora de ordenamento democrático no Brasil.

O grupo Globo não se manifestou sobre o assunto. Nem para desmentir Bebbiano, nem para justificar seu silêncio e omissão diante de um ato de terror de extrema gravidade.

A providência do departamento jurídico da Globo de notificar o agressor “para que não se aproximasse mais do Lauro Jardim” para deixar tudo por isso mesmo é tão eficaz quanto pedir ao estuprador que se “abstenha” de estuprar sua vítima.

A Globo precisa se explicar por que, afinal, silencia sobre a pessoa “muito perigosa” e próxima a Bolsonaro que tentou seqüestrar o jornalista Lauro Jardim e ameaçou outras jornalistas da empresa.

Se a Globo continuar em silêncio, será legítimo pensar que a família Roberto Marinho ou se acovardou ou tem algum arreglo com milicianos que não escondem o desejo de implantar uma ditadura fascista no Brasil.

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