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O CORRESPONDENTE

Os melhores textos dos jornalistas livres do Brasil. As melhores charges. Compartilhe

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O CORRESPONDENTE

23
Jan23

Operação contra o terror golpista é a maior da história

Talis Andrade

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A prioridade é encontrar financiadores organizadores, bem como integrantes da PM e das Forças Armadas que foram cúmplices

 

por Bepe Damasco

Os números da megaoperação impressionam: 943 prisões preventivas decretadas e 454 pessoas liberadas, mas usando tornozeleiras, sem acesso às redes sociais e com passaportes confiscados, enquanto seguem sendo investigadas.

E, ao que tudo indica, os que participaram da destruição golpista das sedes dos Três Poderes passarão uma longa temporada na cadeia, pois responderão pelos seguintes crimes:

1) Crime contra o estado democrático: tentar, com emprego de violência ou grave ameaça, abolir o estado democrático de direito. Pena: prisão de quatro a oito anos.

2) Golpe de estado: tentar depor, com emprego de violência ou grave ameaça, o governo legitimamente constituído. Pena: de quatro a 12 anos.

3) Associação criminosa. Pena: de um a três anos.

4) Crimes contra o patrimônio cultural. Pena: reclusão de um a três anos.

5) Danos ao patrimônio público da União. Pena: prisão de seis meses a três anos.

Se levarmos em conta que o trabalho conjunto do Judiciário, com o ministro Alexandre de Moraes à frente, Ministério da Justiça/Polícia Federal e da Secretaria de Segurança do DF sob intervenção, com o apoio do Ministério Público Federal e Tribunal de Contas, está apenas começando, veremos que estamos diante da maior ação coordenada da história do país contra o terrorismo de extrema direita.

E tudo dentro dos marcos da legalidade democrática.

A prioridade agora é encontrar os financiadores e organizadores do 8 de janeiro, bem como integrantes da Polícia Militar e das Forças Armadas que foram cúmplices ou tiveram participação direta na arruaça delinquente. Estão sendo procurados também os muitos golpistas que se exibiram nas redes sociais durante o quebra-quebra, mas se encontram foragidos.

Na certa os golpistas não esperavam que seriam alcançados pelo braço forte da democracia e da justiça de forma tão célere e contundente.

Isso quer dizer que a cadela do fascismo saiu do cio? Claro que não. Varrer da sociedade o extremismo antidemocrático leva ainda algum tempo. Contudo, um detalhe da paisagem urbana dos grandes centros indica que os bolsonaristas sofreram uma derrota significativa: praticamente sumiram as bandeirolas do Brasil dos automóveis e as que ficavam penduradas nas janelas dos apartamentos.

Para completar, Lula, numa muito bem-vinda demonstração de autoridade, demitiu o comandante do Exército que se insubordinara. O recado está dado: não há outro caminho possível para os militares no regime democrático fora de sua subordinação completa ao poder civil. É assim em todos os países que prezam a democracia. Há de ser assim também no Brasil. 

Ou os milicos mamateiros servem à democracia, ou devem ser dissolvidos…ninguém precisa desses inúteis que só fazem ameaçar a democracia. #BolsonaroPreso
 
 
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21
Jan23

Ao demitir o comandante do Exército Lula manda vários recados

Talis Andrade
 
 
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O que o general Arruda fez, na verdade, foi dar fuga aos que, naquele momento, eram os alvos das prisões

 

 

por Denise Assis /Portal 247

- - -

Uma conjunção de fatores levaram o presidente Luiz Inácio Lula da Silva a demitir o General Júlio César de Arruda, que havia assumido o cargo de comandante do Exército, ainda sob o comando do governo Bolsonaro (dois dias antes de sua saída). O gesto tinha ingredientes de insatisfação, conforme chegou a ser confidenciada aos do seu redor. O general Arruda era um dos que não estava disposto a bater continência para Lula. Não porque apoiasse integralmente Bolsonaro (se assim fosse, teria embarcado de forma mais escancarada em seu plano autoritário).  Mas por não aceitar Lula, a quem se referia entre os da sua confiança, como o “descondenado”.  

 Para o lugar de Arruda já foi designado o chefe do comando militar do Sudeste, Tomás Miguel Ribeiro Paiva, que desde ontem bombava na Internet, pelo discurso feito em uma cerimônia no seu quartel general, em que dizia da importância de se respeitar o resultado das urnas e do seu entendimento de que a função dos militares é a defesa da pátria e a de servir ao Estado. Era tudo o que Lula precisava ouvir, depois de uma reunião com os três comandos, para sentir o pulso dos chefes nas três áreas das Forças Armadas.

 A má vontade do comandante Arruda para com o governo que se inicia ficou demonstrada quando fez corpo mole na retirada do acampamento de golpistas da porta do seu QG, onde permaneceram por dois meses e foram gestados os atos de terror do dia 12 de janeiro - o da diplomação do presidente. Também o atentado a bomba que parecia ter planos de mandar pelos ares, na véspera de Natal, o aeroporto internacional de Brasília, foi arquitetado e levado a termo, conforme o autor da montagem da bomba (George Washington de Oliveira Sousa, em seu depoimento à Polícia), no acampamento. 

Por fim, tornou a sua condição ainda mais frágil, com a célebre frase dita ao interventor Ricardo Capelli, designado pelo ministro da Justiça, Flávio Dino, para assumir a segurança do Distrito Federal, no calor da tentativa de golpe, em 8 de janeiro. “Você não vai prender ninguém aqui”, foi o que lhe disse o general Arruda, conforme contou em entrevista ao 247. Em seguida perfilou blindados na frente do Quartel, impedindo que a Polícia Militar prendesse os acampados, onde, depois se confirmou, estavam os parentes de muitos oficiais que estavam dentro do QG.  

 Para agravar o risco de sua permanência no cargo de comandante, o general Arruda ainda chegou a mencionar para o ministro da Defesa, José Múcio, na manhã deste sábado (21/01), que estaria solidário com os militares investigados e apontados como participantes dos atos de terror. Afirmou que não permitiria que fossem punidos.

O que o general Arruda fez, na verdade, foi dar fuga aos que, naquele momento, eram os alvos das prisões. Sob o argumento de que o ato de os prender poderia levá-los a uma reação violenta, num ambiente mal iluminado, e já quase madrugada, o general contribuiu para que muitos se evadissem.

 As alterações na área militar não devem parar por aí. O presidente Lula está a caminho de Brasília para finalizar uma reunião entre o ministro da Casa Civil, Rui Costa e o ministro da Defesa, José Múcio. Alvo de muitas críticas, principalmente por suas falas sobre os acampados - que chamou de “manifestantes democráticos”, o ministro chegou a citar até que tinha amigos e parentes entre eles, numa tentativa visível de minimizar a ferocidade dos acampados, que pôde ser sentida nos atos de depredação e terror na invasão dos espaços do Palácio do Planalto, do Congresso e do Superior Tribunal Federal.

 Em café da manhã com jornalistas, logo após o golpe, o presidente Lula falou da sua indignação quanto à inação do seu aparato de inteligência. Para demonstrar o teor da sua decepção, iniciou uma ampla reforma dos quadros militares, demitindo cerca de 40 deles destinados a servi-lo no Palácio da Alvorada (dentro do que seria a sua casa), e vários integrantes do GSI, dirigido pelo general Gonçalves Dias que, note-se, não estava numa reunião com os comandantes.  

 Anote-se, ainda, que segundo a edição da Folha de hoje, está na planilha do presidente uma alteração radical na segurança do seu entorno. Nas mãos do ministro da Justiça, há uma minuta de PEC e um projeto de lei para criar e regulamentar uma guarda nacional responsável pela segurança do que o ministro está chamando de “espaços cívicos”. Isto compreende a área central de Brasília, onde está a Esplanada dos Ministérios e a Praça dos Três Poderes, embaixadas e demais prédios ligados ao governo federal.  A finalidade da atual guarda palaciana é proteger o Palácio, mas no dia 8 de janeiro não o fez. Lula chegou a observar, no encontro com os jornalistas, que a porta do Planalto foi aberta para os invasores.  

 De acordo com as investigações, houve uma ordem do diretor do GSI, 20 horas antes do ataque dos terroristas, para que a guarda colocasse de folga cerca de 36 homens do seu quadro de 200. Ou seja, os ataques a Lula vieram de muitos outros lados que não apenas dos murros e urros dos invasores do Planalto.  

 Em entrevista Exclusiva à GloboNews, também nesta semana, o presidente disse com todas as letras não ter pressa em punir. Quer que os responsáveis pelas apurações trabalhem com calma e inteligência, cruzando dados e apurando com esmero todos os detalhes, a fim de penalizar os responsáveis, sejam eles militares ou civis.  

 Ao concordar em antecipar uma reunião que estaria sendo agendada para o final do mês, com as três Forças, o presidente Lula tentava não só acalmar os ânimos, mas sentir o pulso dos comandos. Ao final da reunião, foi o ministro Múcio o responsável por falar com a imprensa. Para alguns quadros do PT, a fala de Múcio, sendo peremptório em livrar as Forças Armadas da tentativa de golpe, foi exagerada. Porém, para o general Arruda, o primeiro a se manifestar com o ministro sobre a reunião, ainda que a boca miúda, a fala de que os militares acusados e culpados serão exemplarmente punidos, o deixou irritado. Disse que não puniria nenhum dos seus militares.  

 Para culminar na sua demissão, pesou o fato de o comandante ter permitido que um dos principais auxiliares do presidente Jair Bolsonaro (PL), o tenente-coronel Mauro Cesar Barbosa Cid, já está com seu futuro decidido. A partir de janeiro, ele deve comandar um dos batalhões do Exército, em Goiânia (GO).

 Cid ocupou o cargo de chefe da Ajudância de Ordens da Presidência da República e é uma das pessoas mais próximas a Bolsonaro, a ponto de movimentar todas as despesas pessoais da família do ex-presidente. O batalhão comandado pelo ex-ajudante de ordens é especial, uma espécie de P-2 do Exército, incumbido de missões estratégicas e de investigação. Quando veio a público essa manobra de Bolsonaro, o presidente teria ficado surpreso e questionou o general Arruda. Este, no entanto, não se mostrou disposto a demiti-lo da nova função, que descreveu como uma promoção natural na ascensão na carreira. Demonstrou que nada faria para mudar a situação. Foi a gota d’água.  

 Não se sabe como ficará a situação do ministro José Múcio, ainda em reunião à espera da chegada de Lula a Brasília. Pode ser que ele permaneça no cargo, mas com as alterações ainda em curso, tudo pode acontecer. Inclusive, nada.

 
 
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[Nota deste correspondente: O general promoveu, em nome de Lula presidente, o coronel caixa 2 do governo corrupto e genocida de Bolsonaro]
10
Jan23

A segunda posse

Talis Andrade
 
 (crédito: kleber sales)
 

 

por André Gustavo Stumpf

- - -

A segunda posse de Luíz Inácio Lula da Silva ocorreu ontem. Mas, quem subiu a rampa do Palácio do Planalto foram os derrotados na eleição do ano passado, inconformados com a derrota, dispostos a qualquer aventura para reverter o resultado do pleito. Jair Bolsonaro continua na pitoresca cidade de Kissmee, na Flórida, nos Estados Unidos, junto aos parques temáticos, esperando que aconteça alguma coisa séria no Brasil. O exemplo de Donald Trump, que incentivou a invasão do Capitólio há dois anos, frutificou em toda a América Latina.

 

O espetáculo foi dantesco e não será esquecido tão cedo. Foi mais sério do que o ocorrido em 2013, quando havia forte movimento contra a realização dos Jogos Olímpicos e da Copa do Mundo no Brasil. Naquela época, o governo Dilma Rousseff ficou sob séria pressão. Agora, o presidente Lula na primeira semana de existência de seu governo descobre que ele será obrigado a lidar com inimigos abertos, não apenas adversários políticos. A divisão ideológica do país atingiu níveis jamais antes experimentados. Situação alarmante. O objetivo era vandalizar monumentos públicos e provocar um golpe de estado.

A depredação do prédio do Supremo Tribunal Federal é indesculpável. A demolição do plenário do Senado Federal não é algo que possa ser esquecido tão cedo. A destruição do Palácio do Planalto, sede do governo federal, é episódio intolerável para a convivência democrática. Tratou-se de invasão dos bárbaros que se levantaram de algum pântano da sociedade brasileira decididos a tomar o poder de acordo com suas baixas expectativas. Quebraram tudo o que viram pela frente. Destruíram impressoras, computadores, obras de artes. Não pouparam nada.

É o retrato de uma tragédia, que começou como problema político anos atrás e evoluiu para essa onda de violência que é absolutamente estranha à história do Brasil. Nunca houve aqui grandes explosões de violência pública, no estilo do que já aconteceu em países vizinhos de língua espanhola. Os brasileiros se revelaram no dia de ontem. Não respeitaram limites, não se detiveram diante da lei, nem da autoridade. Ultrapassaram todos as fronteiras da convivência e se jogaram de corpo inteiro no protesto violento e irracional. Tentar tomar o poder pela força é absurdo, ilógico e desborda para o simples terrorismo. É um golpismo sem ideologia. A violência pela violência.

Muito ainda vai se escrever sobre este episódio dantesco. Vários chefes de estado se solidarizaram com o presidente Lula. O Secretário de Estado Anthony Blinken lamentou o incidente. O presidente Joe Biden chamou o episódio de ultrajante. Os políticos norte-americanos começaram a protestar contra a presença de Bolsonaro na Flórida, onde, aliás, também está o ex-secretário de Segurança Pública do Distrito Federal, Anderson Torres, que foi Ministro da Justiça no governo anterior. Coincidência incrível.

Do ponto de vista da política local, a intervenção federal na segurança pública do Distrito Federal é um desastre de enormes proporções. O pedido público de desculpas do governador Ibaneis Rocha é insuficiente. Não resolve o problema e não alcança o âmago da questão. O governo não reagiu na medida da provocação. Foi omisso. As consequências serão sentidas ao longo dos próximos tempos. A convivência com o governo federal foi arranhada de maneira definitiva. Será muito difícil reparar a confiança. A provinciana política local ficará marcada pela incompetência e a inapetência na solução das sérias questões nacionais. As muitas prisões realizadas não reduziram o desgaste.

O dia 8 de janeiro de 2023 ficará marcado para sempre na história da jovem capital brasileira que sobreviveu a várias crises. Já assistiu a desfilar de tanques para fechar o prédio do Congresso Nacional, viu militar chicotear automóveis quando houve decretação de estado de emergência. A Esplanada dos Ministérios, imaginada pelo gênio de Niemeyer para receber as manifestações do povo assistiu ontem a marcha de fascistas, que não vestiam camisas negras, mas amarelas. O símbolo da nacionalidade decaiu para significar o que há de mais baixo no exercício da política. Aconteceu ontem a segunda posse do presidente Luíz Inácio Lula da Silva. Ele teve a noção clara do enorme desafio que o aguarda no Palácio do Planalto.

Em ato simbólico após ataque de bolsonaristas aos prédios do Planalto, STF e Congresso, membros dos três poderes caminharam do Palácio do Planalto ao plenário do STF.

O futuro líder do governo Lula no Congresso, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), afirmou nesta segunda-feira (9) à CNN que foram encontradas cinco granadas após a invasão da Esplanada dos Ministérios por apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Três delas estavam no Supremo Tribunal Federal e duas no Congresso. #CNNBrasil

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) culpou o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) pela invasão por bolsonaristas ao Congresso Nacional e Supremo Tribunal Federal (STF), neste domingo (8/1).

"Perdi a eleição em 89, eu perdi a eleição em 94, eu perdi a eleição em 98, e em nenhum momento vocês viram nenhum militante do meu partido fazer isso", disse. "Esse genocida [Jair Bolsonaro], não só provocou isso, estimulou isso, como ainda estimula nas redes sociais de Miami, para onde ele fugiu", seguiu Lula.

Para Lula, Bolsonaro “estimulou invasão dos Três Poderes sempre que pôde”. “Só não estimulou entrar no Planalto porque ele tava lá”,continuou. O presidente anunciou por meio de decreto a intervenção federal na segurança pública do Distrito Federal.

09
Jan23

ONU cobra investigação e punição dos criminosos dos atos em Brasília

Talis Andrade

 

Dirigente da entidade comentou sobre políticos que incentivam o ódio e compartilham fake news para desinformar

Móveis e janelas danificados no Congresso Nacilnal
Móveis e janelas danificados no Congresso Nacilnal - 
 
 

Volker Türk, alto Comissariado da ONU para Direitos Humanos pediu através de um comunicado emitido nesta segunda-feira, 09, que o Brasil "conduza investigações rápidas, imparciais, eficazes e transparentes sobre a violência de domingo e responsabilizem os envolvidos".

Türk, disse que as cenas das invasões "de simpatizantes do ex-presidente (Jair Bolsonaro)" foram "chocantes". "Condeno com veemência este atentado ao coração da democracia brasileira", afirmou.

O comissário questionou as ações de políticos que incentivam o ódio e o uso da desinformação, as chamadas fake news.

De acordo com Volker os atos deste domingo foi "o desdobramento final da distorção continuada dos fatos e da incitação à violência e ao ódio por parte de atores políticos, sociais e econômicos que têm fomentado uma atmosfera de desconfiança, divisão e destruição ao rejeitar o resultado de eleições democráticas. Aceitar o resultado de eleições livres, justas e transparentes está no centro dos princípios democráticos fundamentais. Alegações infundadas de fraude eleitoral minam o direito à participação política. A desinformação e a manipulação precisam parar". disse.

"Exorto as lideranças de todo o espectro político do Brasil a colaborarem umas com as outras para restaurar a confiança nas instituições democráticas e promover o diálogo e a participação pública", solicitou no comunicado.

A ONU ainda pontou que ao menos oito profissionais da imprensa foram agredidos ou tiveram seus equipamentos destruídos, "impossibilitados de cumprir sua função essencial de informar os brasileiros e o mundo sobre o que estava acontecendo".

"Estes últimos ataques confirmam uma tendência de aumento das agressões físicas contra jornalistas num contexto de elevados níveis de violência política", disse.

Türk ainda disse que seu escritório está "pronto para apoiar o novo governo a tratar das questões de direitos humanos que o Brasil enfrenta".

 
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04
Jan23

O covarde

Talis Andrade

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por Fernando Brito

- - -

É claro que os incendiários e depredadores que estão sendo presos – e custou… – devem responder por seus atos, porque a lei é para todos (e parece que, hoje, a direita “esqueceu” da frase que endeusava nos tempos da Lava Jato).

Mas é impossível deixar de pensar que uma dúzia de idiotas fanatizados esteja começando a pagar pelos seus crimes e o chefe, o inspirador e o propagandista do golpismo vá, daqui a algumas horas, viajar, à custa do dinheiro que falta para os serviços mais básicos à população, para um alegre período de férias nos Estados Unidos, no qual certamente vai recolher recursos da direita internacional para financiar a reorganização do mesmo tipo de ataque à democracia que, a duras penas, está sendo desbaratado aqui.

Por diversas vezes, no blog, aleitei para o que se desenhava com estes fanáticos, um movimento do tipo Jim Jones, o fanático que levou ao suicídio coletivo de mas de 900 fanáticos no final dos anos 70.

Errei.

Jones morreu junto a seus fanáticos, não se sabe se assassinado ou por suicídio. Já Bolsonaro vai assistir de longe à desgraça de seus seguidores, que conduziu de uma vida apenas medíocre e estúpida para um desgraça que arruinará a eles e às suas famílias.

Não se pode ser leniente com eles, porque a selvageria a que desceram não é tolerável na democracia, porque a democracia implica em aceitar o que as urnas disseram.

Muito menos, porém, se pode ser tolerante com os que construíram o despenhadeiro em que se jogaram, seja pelo poder, seja pelas vantagens que os levaram a permitir e estimular o precipício do qual se julgam no direito de escapar.

A começar pelo covarde que agora, em meio ao uivos de duas hordas em desmanche, prepara-se para uma temporada na Flórida.

 
04
Jun20

O Holocausto e o racismo de Abraham Weintraub

Talis Andrade

Brasileiro-bugado nazismo.jpg

 

 

II - Comparações descabidas com nazismo desvalorizam memória do Holocausto

Paula Adamo Idoeta entrevista Avraham Milgram

 

BBC News Brasil - O ministro da Educação, Abraham Weintraub, comparou a Noite dos Cristais com uma operação da Polícia Federal. Como isso costuma ser visto por pessoas que viveram o Holocausto e por pessoas que o estudam?

Avraham Milgram - Essa declaração é totalmente absurda e inconsequente do ponto de vista histórico e da memória do Holocausto. Essa projeção da Noite dos Cristais, de 1938, para o que o ocorreu (na operação autorizada pelo) Supremo Federal Tribunal e o Bolsonaro é totalmente descabida.

Esse assunto não teve repercussão aqui em Israel, porque o coronavírus toma a atenção praticamente de tudo e porque o país está mais orientado aos EUA do que à América Latina. (...)

Mas em referência à Noite dos Cristais: foi o pogrom - evento violento de massas contra judeus que acabava com mortes e depredações. Ocorreu de 9 a 10 de novembro de 1938 em toda a Alemanha e foi um ato organizado pelo Partido Nacional Socialista, o único que havia, o partido de Hitler.

Foi algo coordenado a tal ponto que em toda a Alemanha, na Áustria e nos Sudetos Tchecos (região montanhosa entre República Tcheca, Alemanha e Polônia), já anexados, quase todas as sinagogas da maioria absoluta das comunidades foram queimadas, em um ato criminoso de caráter racial antissemita.

E no dia seguinte 30 mil judeus foram levados para campos de concentração.

Os negócios de judeus foram depredados e quebrados. Da quantidade de vidros que se encontrava nas calçadas vem o nome de Noite dos Cristais Quebrados.

Foi um evento impressionante na sua magnitude, porque ocorreu em todo o Grande Reich (Alemanha, Áustria e Sudetos) ao mesmo tempo, e era impossível que alguém não soubesse o que ocorria.

Só em Berlim foram queimadas 28 sinagogas, edifícios grandes, imponentes, e todo o mundo via a fumaça. Foi uma tragédia muito grande. (...) Mesmo para judeus liberais, as sinagogas eram o símbolo da identidade judaica.

Os judeus, a partir desse pogrom, esse episódio violento e trágico, entenderam que não havia mais o que fazer na Alemanha. Mesmo os judeus que tinham alguma esperança de encontrar seu lugar nessa nova ordem fascista-nazista se desiludiram e buscaram abandonar a Alemanha e eventualmente a Europa, e tentar visto de imigração para qualquer lugar do mundo.

Foi um evento que marcou a memória dos judeus, mas também dos alemães. Veja só: em todos os países se comemora uma vez ao ano a memória do Holocausto em 27 de janeiro, data da libertação de Auschwitz. Na Alemanha, o dia 9 de novembro é o dia mais simbólico da tragédia dos judeus alemães, devido às consequências e resultados da Noite dos Cristais Quebrados, além de ser também o dia em que Hitler tentou conquistar o poder, dia da rendição da Alemanha (na Primeira Guerra, em 1918) e da queda do Muro de Berlim. Uma concentração de efemérides.

A associação descabida do ministro da Educação é, na minha opinião, uma grande ignorância e porque ele buscou um símbolo muito forte para associar a instituição que ele queria desacreditar aos nazistas, que são o pior que havia e o pior que houve, e até hoje nenhum crime superou o dos nazistas - digo agora não apenas em relação à Noite dos Cristais, mas do processo de 1933 a 1945, com o assassinato da maioria dos judeus da Europa.

 

BBC News Brasil - O quão perigoso é se fazer comparações do tipo para a memória do Holocausto?

Milgram - É perigoso no sentido de desvalorizar a memória do Holocausto, desvirtua a essência do que houve em termos de atos anti-judaicos da Alemanha naquela época. E, por outro lado, engrandece e aumenta de forma exponencial um ato de caráter político local (brasileiro) destituído de essência racial, étnica, nacional e outras particularidades que há nas tendências genocidas nazistas.

É perigoso no sentido da falta de proporção, de conscientização e de honestidade intelectual, de comparar duas coisas incomparáveis sob qualquer ponto de vista.

Há aqui uma coisa perigosa, já que você usou o termo perigoso, do uso e abuso da memória do Holocausto, da história geral e anti-judaica em particular, para qualquer coisa.

Não digo que essa questão política não seja importante, de jeito nenhum. (...) Esse debate é importante na política brasileira. Respeito tudo isso. (O problema é) o uso, e principalmente o abuso pelo ministro da Educação - que precisa ser educado -, de falar uma aberração desse tamanho. (Continua)

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