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O CORRESPONDENTE

Os melhores textos dos jornalistas livres do Brasil. As melhores charges. Compartilhe

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O CORRESPONDENTE

20
Set22

‘Hino’ ao inominável: artistas lançam música de protesto contra Bolsonaro

Talis Andrade

Hino' ao inominável: artistas lançam música de protesto contra Bolsonaro –  blog da kikacastro

Thaline Karajá, Bruno Gagliasso, Caio Prado e Zélia Duncan estão entre os 30 intérpretes da música-protesto.

 

 

BLOG DA KIKACASTRO

Para leitores pensantes

 

Mais uma vez, a música, a poesia, viram arma contra a ignorância.

Neste sábado (17) foi lançado o clipe do ‘Hino’ ao Inominável, com letra de Carlos Rennó e música de Chico Brown e Pedro Luís.

Assista:

A canção relembra quatro anos de atrocidades vividas sob governo Bolsonaro (o inominável) e de descalabros ditos por ele.

Crimes cometidos, frases e ações que teriam rendido impeachment em qualquer país sério.

20200429-charge-duke-e-dai-coronavirus-sindicato-bancarios-bauru -  Sindicato dos Bancários e Financiários de Bauru e Região

Charge do Duke que entrou pra história,

assim como a frase disparada por Bolsonaro

quando perguntado sobre os mortos por Covid-19 no Brasil.

 

O clipe tem participação de vários artistas, como já tinha acontecido, em agosto, com a carta pela democracia no Brasil, que também reuniu gente do calibre de Fernanda Montenegro, Milton Nascimento, Chico e Caetano.

Desta vez, temos Wagner Moura, Bruno Gagliasso, Lenine, José Miguel Wisnik, Chico César, Zélia Duncan, Marina Lima e Professor Pasquale, dentre vários outros. A lista é grande.

Dá raiva assistir a esses 13 minutos de clipe, mas é importante relembrar, ainda mais agora, que estamos às vésperas das eleições.

Como diz a mensagem na página oficial do clipe:

“Sem a memória dos crimes de hoje, não teremos justiça amanhã. Esquecer, jamais. ‘Hino’ ao Inominável foi feito pra isso: pra lembrar pra sempre o que vivemos nesses anos sob a gestão do mais tosco dos toscos, o mais perverso dos perversos, o mais baixo dos baixos, o pior dos piores mandatários da nossa história. E, no presente, colaborar pra que o inominável não seja reeleito.” 

Dá para checar na internet todas as frases ditas por Bolsonaro e relembradas nesta música. Ele não tem vergonha de dizer atrocidades, muitas vezes diz em vídeo, repete depois em áudio, não está nem aí, literalmente, para o decoro.

Até as 21h40 deste sábado, o clipe completo já tinha mais de 100 mil visualizações, 25 mil curtidas e mais de 1.800 comentários. Mais explicações sobre ele na página do YouTube:

“Com letra de Carlos Rennó e música de Chico Brown e Pedro Luís, a canção – autoironicamente intitulada de “hino” – é apresentada por trinta intérpretes num vídeo do Coletivo Bijari com 13:40 na versão integral (…) Na íntegra, são 202 versos, mais o refrão, contra o ódio e a ignorância no poder no Brasil. Porém, apesar dele – e do que, e de quem e quantos ele representa – a mensagem final é de luz, a luz que resiste”.

Essa mensagem final, com um quê de otimista, está no refrão:

“Mas quem dirá que não é mais imaginável

Erguer de novo das ruínas o país?”

Existe um governo ou é mito? - Blog da Cidadania

 

Leia a seguir a letra de Carlos Rennó na íntegra:

“Sou a favor da ditadura”, disse ele,

“Do pau de arara e da tortura”, concluiu.

“Mas o regime, mais do que ter torturado,

Tinha que ter matado trinta mil”.

E em contradita ao que afirmou, na caradura

Disse: “Não houve ditadura no país”.

E no real o incrível, o inacreditável

Entrou que nem um pesadelo, infeliz,

Ao som raivoso de uma voz inconfiável

Que diz e mente e se desmente e se desdiz.

Disse que num quilombo “os afrodescendentes

Pesavam sete arrobas” – e daí pra mais:

Que “não serviam nem pra procriar”,

Como se fôssemos, nós negros, animais.

E ainda insiste que não é racista

E que racismo não existe no país.

Como é possível, como é aceitável

Que tal se diga e fique impune quem o diz?

Tamanha injúria não inocentável,

Quem a julgou, que júri, que juiz?

Disse que agora “o índio está evoluindo,

Cada vez mais é um ser humano igual a nós.

Mas isolado é como um bicho no zoológico”,

E decretou e declarou de viva voz:

“Nem um centímetro a mais de terra indígena!,

Que nela jaz muita riqueza pro país”.

Se pronuncia assim o impronunciável

Tal qual o nome que tal “hino” nunca diz,

Do inumano ser, o ser inominável,

Do qual emanam mil pronunciamentos vis.

Disse que se tivesse um filho homossexual,

Preferiria que o progênito “morresse”.

Pruma mulher disse que não a estupraria,

Porque “você é feia, não merece”.

E ainda disse que a mulher, “porque engravida”,

“Deve ganhar menos que o homem” no país.

Por tal conduta e atitude deplorável,

Sempre o comparam com alguns quadrúpedes.

Uma maldade, uma injustiça inaceitável!

Tais animais são mais afáveis e gentis.

Mas quem dirá que não é mais imaginável

Erguer de novo das ruínas o país?

 

Chamou o tema ambiental de “importante

Só pra vegano que só come vegetal”;

Chamou de “mentirosos” dados científicos

Do aumento do desmatamento florestal.

Disse que “a Amazônia segue intocada,

Praticamente preservada no país”.

E assim negou e renegou o inegável,

As evidências que a Ciência vê e diz,

Da derrubada e da queimada comprovável

Pelas imagens de satélites.

E proclamou : “Policial tem que matar,

Tem que matar, senão não é policial.

Matar com dez ou trinta tiros o bandido,

Pois criminoso é um ser humano anormal.

Matar uns quinze ou vinte e ser condecorado,

Não processado” e condenado no país.

Por essa fala inflexível, inflamável,

Que só a morte, a violência e o mal bendiz,

Por tal discurso de ódio, odiável,

O que resolve são canhões, revólveres.

“A minha especialidade é matar,

Sou capitão do exército”, assim grunhiu.

E induziu o brasileiro a se armar,

Que “todo mundo, pô, tem que comprar fuzil”,

Pois “povo armado não será escravizado”,

Numa cruzada pela morte no país

E num desprezo pela vida inolvidável,

Que nem quando lotavam UTIs

E o número de mortos era inumerável,

Disse “E daí? Não sou coveiro”. “E daí?”

“Os livros são hoje ‘um montão de amontoado’

De muita coisa escrita”, veio a declarar.

Tentou dizer “conclamo” e disse “eu canclomo”;

Não sabe conjugar o verbo “concl…amar”.

Clamou que “no Brasil tem professor demais”,

Tal qual um imbecil pra imbecis.

Vigora agora o que não é ignorável:

Os ignorantes ora imperam no país

(O que era antes, ó pensantes, impensável)…

Quem é essa gente que não sabe o que diz?

Mas quem dirá que não é mais imaginável

Erguer de novo das ruínas o país?

Chamou de “herói” um coronel torturador

E um capitão miliciano e assassino.

Chamou de “escória” bolivianos, haitianos…

De “paraíba” e “pau de arara” o nordestino.

E diz que “ser patrão aqui é uma desgraça”,

E diz que “fome ninguém passa no país”.

Tal qual num filme de terror, inenarrável,

Em que a verdade não importa nem se diz,

Desenrolou-se, incontível, incontável,

Um rol idiota de chacotas e pitis.

Disse que mera “fantasia” era o vírus

E “histeria” a reação à pandemia;

Que brasileiro “pula e nada no esgoto,

Não pega nada”, então também não pegaria

O que chamou de “gripezinha” e receitou (sim!),

Sim, cloroquina, e não vacina, pro país.

E assim sem ter que pôr à prova o improvável,

Um ditador tampouco põe pingo nos is,

E nem responde, falador irresponsável,

Por todo ato ou toda fala pros Brasis.

E repetiu o mote “Deus, pátria e família”

Do integralismo e da Itália do fascismo,

Colando ao lema uma suspeita “liberdade”…

Tal qual tinha parodiado do nazismo

O slogan “Alemanha acima de tudo”,

Pondo ao invés “Brasil” no nome do país.

E qual num sonho horroroso, detestável,

A gente viu sem crer o que não quer nem quis:

Comemorarem o que não é memorável,

Como sinistras, tristes efemérides…

Já declarou: “Quem queira vir para o Brasil

Pra fazer sexo com mulher, fique à vontade.

Nós não podemos promover turismo gay,

Temos famílias”, disse com moralidade.

E já gritou um dia: “Toda minoria

Tem de curvar-se à maioria!” no país.

E assim o incrível, o inacreditável,

Se torna natural, quanto mais se rediz,

E a intolerância, essa sim intolerável,

Nessa figura dá chiliques mis.

Mas quem dirá que não é mais imaginável

Erguer de novo das ruínas o país?

Por vezes saem, caem, soam como fezes

Da sua boca cada som, cada sentença…

É um nonsense, é um caô, umas fake-news,

É um libelo leviano ou uma ofensa.

Porque mal pensa no que diz, porque mal pensa,

“Não falo mais com a imprensa”, um dia diz.

Mas de fanáticos a horda lamentável,

Que louva a volta à ditadura no país,

A turba cega-surda surta, insuportável,

E grita “mito!”, “eu autorizo!”, e pede “bis!”

E disse “merda, bosta, porra, putaria,

Filho da puta, puta que pariu, caguei!”

E a cada internação tratando do intestino

E a cada termo grosso e um “Talquei?”,

O cheiro podre da sua retórica

Escatológica se espalha no país.

“Sou imorrível, incomível e imbrochável”,

Já se gabou em sua tão caracterís-

Tica linguagem baixo nível, reprovável,

Esse boçal ignaro, rei de mimimis.

Mas nada disse de Moise Kabagambe,

O jovem congolês que foi aqui linchado.

Do caso Evaldo Rosa, preto, musicista,

Com a família no automóvel baleado,

Disse que a tropa “não matou ninguém”, somente

“Foi um incidente” oitenta tiros de fuzis…

“O exército é do povo e não foi responsável”,

Falou o homem da gravata de fuzis,

Que é bem provável ser-lhe a vida descartável,

Sendo de negro ou de imigrante no país.

Bradou que “o presidente já não cumprirá

Mais decisão” do magistrado do Supremo,

Ao qual se dirigiu xingando: “Seu canalha!”

Mas acuado recuou do tom extremo,

E em nota disse: “Nunca tive intenção

(Não!) De agredir quaisquer Poderes” do país.

Falhou o golpe mas safou-se o impeachável,

Machão cagão de atos pusilânimes,

O que talvez se ache algum herói da Marvel

Mas que tá mais pra algum bandido de gibis.

Mas quem dirá que não é mais imaginável

Erguer de novo das ruínas o país?

E sugeriu pra poluição ambiental:

“É só fazer cocô, dia sim, dia não”.

E pra quem sugeriu feijão e não fuzil:

“Querem comida? Então, dá tiro de feijão”.

É sem preparo, sem noção, sem compostura.

Sua postura com o posto não condiz.

No entanto “chega! […] vai agora [inominável]”,

Cravou o maior poeta vivo, no país,

E ecoou o coro “fora, [inominável]!”

E o panelaço das janelas nas metrópoles!

E numa live de golpista prometeu:

“Sem voto impresso não haverá eleição!”

E praguejou pra jornalistas: “Cala a boca!

Vocês são uma raça em extinção!”

E no seu tosco português ele não pára:

Dispara sempre um disparate o que maldiz.

Hoje um mal-dito dito dele é deletável

Pelo Insta, Face, YouTube e Twitter no país.

Mas para nós, mais do que um post, é enquadrável

O impostor que com o posto não condiz.

Disse que não aceitará o resultado

Se derrotado na eleição da nossa história,

E: “Eu tenho três alternativas pro futuro:

Ou estar preso, ou ser morto ou a vitória”,

Porque “somente Deus me tira da cadeira

De presidente” (Oh Deus proteja esse país!”).

Tivéssemos um parlamento confiável,

Sem x comparsas seus cupinchas, cúmplices,

E seu impeachment seria inescapável,

Com n inquéritos, pedidos, CPIs.

 

Leitores criticam inação do governo na pandemia - 15/12/2020 - Painel do  Leitor - Folha

Não há cortina de fumaça indevassÁvel

Que encubra o crime desses tempos inci-vis

E tampe o sol que vem com o dia inadiÁvel

E brilha agora qual farol na noite gris.

É a esperança que renasce onde HÁ véu,

De um horizonte menos cinza e mais feliz.

É a passagem muito além do instagramÁvel

Do pesadelo à utopia por um triz,

No instante crucial de liberdade instÁvel

Pros democráticos de fato, equânimes,

Com a missão difícil mas realizável

De erguer das cinzas como fênix o país.

E quem dirá que não é mais imaginável

Erguer de novo das ruínas o país?

Mas quem dirá que não é mais imaginável

Erguer de novo das ruínas o país?

 

08
Jan22

Bia Kicis é a própria quebra de decoro parlamentar

Talis Andrade

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Enno Stahl: Die Sprache der Neuen Rechten. Populistische Rhetorik und  Strategien | KRITISCHES NETZWERK

 

Bia Kicis e Beatrix von Storch líder nazista alemã

 

Não se admite que ocupe a presidência da CCJ uma figura tão minúscula, alguém que comete tantas infrações no exercício do cargo

 

por Gilvandro Filho

- - -

Que o governo de Jair Bolsonaro é um ajuntamento de tudo o que não vingaria em um governo minimamente decente e operoso, isto não é novidade para ninguém. Surpresa mesmo seria – vivêssemos em um país sério - ele ainda se manter de pé, armando falcatruas, destruindo a Natureza, com o desemprego e a inflação nas nuvens, enxovalhando o nome do Brasil lá fora, perpetrando as situações mais esdrúxulas em nome de uma ideologia banal e criminosa.

O nível da equipe é constrangedor, para dizer o mínimo. O que justificaria, na cabeça de qualquer observador intelectualmente honesto, a presença de um Marcelo Queiroga no Ministério da Saúde, ou de um Milton Ribeiro na pasta da Educação? Isto, para ficar apenas nessas duas áreas, hoje a cara do presidente da República e da sua ruinosa política de negacionismo da ciência e do conhecimento, celeiros da ignorância e do preconceito deslavados.

Nos cargos que representam o governo no Legislativo, a coisa degringola de vez. As lideranças no Senado e na Câmara dos Deputados são deprimentes. Agora, como explicar, sem apelar para a galhofa, a presença de um figura como Bia Kicis na presidência de uma comissão crucial para os rumos do país como é a Comissão de Constituição e Justiça? Nessa comissão, não precisa repetir, filtram-se as matérias a serem apreciadas no Plenário e se define suas validações aos olhos da Lei Maior. Não tem como.

Não se admite que ocupe a presidência da CCJ uma figura tão minúscula, alguém que comete tantas infrações no exercício do cargo. A última é inaceitável. Vazar dados pessoais de médicos pró-vacina em plena audiência pública, por si só, já seria motivo suficiente para que ela fosse expelida do cargo e passasse a responder processo por falta de decoro parlamentar. Por causa de ação tão insana e irresponsável, três profissionais de referência da área médica tiveram suas cabeças entregues às quadrilhas terroristas que auxiliam o governo federal na disseminação de fake news e ameaças.Rolf F. ar Twitter: "Beatrix von Storch wurde wegen Volksverhetzung von  Twitter gesperrt..... (Karikatur Kamensky) https://t.co/0OcfgpzzFP" /  Twitter

A presença de Bia Kicis na CCJ é a mais perfeita tradução do que é o governo Bolsonaro no campo da civilidade e do decoro. Ambos se valem, se velam e se merecem.Bia Kicis se encontra com deputada de partido negacionista e xenófobo da  Alemanha - CartaCapital

 
18
Ago21

Senadores apresentam notícia-crime ao STF contra Aras por prevaricação

Talis Andrade

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247 - Os senadores Fabiano Contarato (Rede-ES) e Alessandro Vieira (Cidadania-SE) protocolaram no final da manhã desta quarta-feira (18) no Supremo Tribunal Federal (STF) uma notícia-crime contra o procurador-geral da República, Augusto Aras, por prevaricação. 

“O comportamento desidioso do Procurador-Geral da República fica evidente não só pelas suas omissões diante das arbitrariedades e crimes do presidente da República, mas também pelas suas ações que contribuíram para o enfraquecimento do regime democrático brasileiro e do sistema eleitoral e para o agravamento dos impactos da Covid-19 no Brasil, além de ter atentado direta e indiretamente contra os esforços de combate à corrupção no país. O conjunto de fatos demonstra patentemente que o Procurador-Geral da República procedeu de modo incompatível com a dignidade e com o decoro de seu cargo”, argumentam os senadores.

O pedido foi enviado ao gabinete da ministra Cármen Lúcia, que deverá encaminhar o caso ao Conselho Superior do Ministério Público Federal.

Cármen Lúcia já é relatora de um processo sobre os ataques de Jair Bolsonaro ao sistema eleitoral e, por esta razão, recebeu nesta quarta-feira a manifestação dos senadores.

O pedido é motivado, de acordo com os senadores, pela omissão de Aras em relação aos ataques ao sistema eleitoral brasileiro, além das recusas do PGR de atuar em relação ao dever de defender o regime democrático brasileiro e ao dever de fiscalizar o cumprimento da lei no enfrentamento à pandemia da Covid-19.

 

18
Jul21

O palavrão (por Gustavo Krause)

Talis Andrade

Gustavo Krause: estancar o déficit nas contas

por Gustavo Krause

- - -

Não sou filólogo, tampouco linguista. Mas, vivi o suficiente para observar que palavras entram e saem da moda; mudam ou assumem significados diversos de apreço ou desapreço, dependendo do contexto.

Quando fui me tornando gente, meu pai e minha mãe, embora liberais, cuidavam da nossa personalidade em formação com rigidez. Dizia ela: “se não tomar chá em pequeno, não desentorta e será sempre mal-educado”. Ensinavam a respeitar e pedir a bênção aos mais velhos (não precisava ser parente); ceder lugar, inclusive, às mulheres (arriscado, hoje, a levar uma reprimenda); não interromper quem estivesse falando e o irrenunciável mandamento: cultivar fraterna solidariedade com os mais humildes.

Provavelmente, não fui um aluno tão diligente por minha culpa, minha máxima culpa. Porém, a mais séria ameaça surgiu quando usei a palavra sacana. O mundo veio abaixo: “dobra língua e se repetir palavrão boto um ovo quente na sua boca”. Sei que ela jamais cumpriria. Em compensação, pelo menos nos limites da casa, era um menino de boca limpa.

Na rua, as coisas mudavam de figura; no campo de pelada o “palavrão” que não significa apenas palavra grande, mas palavra obscena que corria solta: “filho da puta, porra, puta que pariu, vá tomar no… prefiro não escrever. O leitor compreenderá.

Com o tempo, as coisas foram mudando, os costumes e a linguagem também. Hoje um estádio inteiro saúda a mãe do juiz ou o manda para o mais recôndito órgão do corpo humano. Porra virou vírgula ou exclamação, entre moças rapazes, e “carai” uma espécie de ponto final usado pela geração Z.

Estas breves considerações vêm a propósito do “caguei” do Presidente Bolsonaro, expressão chula e afrontosa que ele usou para responder às perguntas da formuladas pela Comissão Parlamentar de inquérito do Senado sobre questões suscitadas nos interrogatórios.

Não vou citar o variado repertório ferino e golpista que ele tem utilizado largamente. Desta vez, o ato escatológico dirige-se a um dos Poderes Constitucionais do Brasil. Vai além do “palavrão”, é um desrespeito ao decoro republicano ao revelar, como já revelado em outras ocasiões, grave desprezo pelas Instituições Democráticas.

 

25
Ago20

Entidades condenam novo ataque de Bolsonaro à imprensa

Talis Andrade

 

bolsonaro assédio.jpg

Abraji: "O discurso hostil de Bolsonaro contra a imprensa vem incentivando sua militância a assediar jornalistas"

 

Abraji, ANJ, RSF e OAB classificam de lamentável, incompatível e "própria de ditaduras" fala do presidente de que sua vontade era "encher de porrada" repórter que o questionou sobre depósitos de Queiroz à primeira-dama.

por Deutsche Welle

Entidades de defesa da liberdade de expressão e de imprensa condenaram o ataque feito neste domingo (23/08) pelo presidente Jair Bolsonaro a um repórter do jornal O Globo que o questionou sobre depósitos feitos pelo ex-policial militar Fabrício Queiroz na conta bancária da primeira-dama Michelle Bolsonaro.

O jornalista, que acompanhava Bolsonaro numa visita aos arredores da Catedral de Brasília, perguntou ao presidente sobre os motivos para Queiroz, ex-assessor de seu filho Flávio Bolsonaro, e a esposa dele terem depositado 89 mil reais na conta da primeira-dama. Diante da insistência do repórter, o presidente respondeu: "A vontade é encher tua boca com uma porrada."

Em reação à ameaça de agressão por parte do presidente, a Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) divulgou uma nota conjunta com as entidades Artigo 19, Conectas Direitos Humanos, Observatório da Liberdade de Imprensa da OAB e Repórteres sem Fronteiras (RSF) na qual afirmam se solidarizar com o repórter e condenar "mais um episódio violento" protagonizado pelo presidente.

A reação de Bolsonaro "foi não apenas incompatível com sua posição no mais alto cargo da República, mas até mesmo com as regras de convivência em uma sociedade democrática", diz a nota.

A Abraji afirma que, desde que Bolsonaro tomou posse, jornalistas vêm sendo alvo de agressões verbais e que a segurança dos repórteres que cobrem a Presidência da República preocupa. A associação lembrou que em junho alguns veículos de comunicação – incluindo o grupo Globo e o jornal Folha de S. Paulo – decidiram suspender temporariamente a cobertura jornalística na porta do Palácio da Alvorada, em Brasília, devido à hostilidade enfrentada pelos repórteres por parte de apoiadores de Bolsonaro.

"O discurso hostil e intimidatório de Bolsonaro contra a imprensa vem incentivando sua militância a assediar jornalistas nas redes sociais nos últimos meses, inclusive com ameaças de morte e agressões aos profissionais e a seus familiares", diz a nota conjunta divulgada pela Abraji. "A frase 'minha vontade é encher tua boca com uma porrada' pode ser entendida como uma legitimação do cometimento de crimes como esses."

Ao repercutir a nota da Abraji no Twitter, a organização Repórteres sem Fronteiras destacou trecho que diz que "um presidente ameaçar ou agredir fisicamente um jornalista é próprio de ditaduras, não de democracias".

Citado pela imprensa brasileira, o presidente da Associação Nacional de Jornais (ANJ), Marcelo Rech, também condenou a atitude de Bolsonaro. "É lamentável que mais uma vez o presidente reaja de forma agressiva e destemperada a uma pergunta de jornalista. Essa atitude em nada contribui com o ambiente democrático e de liberdade de imprensa previstos pela Constituição", afirmou.

Em sua conta no Twitter, o presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Felipe Santa Cruz, lamentou o fim da moderação por parte de Bolsonaro vista nas últimas semanas. "Lamentável ver a volta do perfil autoritário que tanta apreensão causa nos democratas. Nossa solidariedade ao jornalista ofendido e ao jornal O Globo."

OS DEPÓSITOS

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No início de agosto, uma reportagem da revista Crusoé apontou que Fabrício Queiroz, ex-assessor do senador Flávio Bolsonaro, depositou 72 mil reais na conta de Michelle Bolsonaro entre 2011 e 2018. Os repasses foram descobertos com a quebra de sigilo bancário do ex-policial militar e contrariaram a versão sobre o caso apresentada pelo presidente.

A quebra do sigilo bancário de Queiroz foi autorizada pela Justiça no âmbito da investigação sobre um esquema de "rachadinha"  – prática ilegal através da qual os funcionários de parlamentares são coagidos a devolver parte de seus salários – no gabinete de Flávio na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj). O filho do presidente foi deputado estadual entre 2003 e janeiro de 2019, e Queiroz foi seu assessor entre 2007 e 2018.

Segundo a reportagem, Queiroz depositou ao menos 21 cheques na conta de Michelle entre 2011 e 2018, em valores que somam 72 mil reais. Até então, era conhecido apenas um repasse de 24 mil reais do ex-assessor para a esposa do presidente.

Quando o caso veio à tona, no final de 2018, Bolsonaro afirmou que os repasses feitos por Queiroz a Michelle eram referentes a uma dívida de 40 mil reais que o ex-assessor tinha com o presidente. Bolsonaro alegou que os valores haviam sido depositados na conta de sua esposa por ele não ter tempo de ir ao banco.

Os depósitos de Queiroz a Michelle divulgados pela Crusoé foram confirmados pelo jornal Folha de S. Paulo, que noticiou ainda que a esposa de Queiroz, Marcia Aguiar, também repassou dinheiro em 2011 para a primeira-dama, por meio de seis cheques que somaram 17 mil reais.

Com isso, os valores repassados para a primeira-dama somariam 89 mil reais, bem acima do suposto empréstimo de 40 mil reais que Bolsonaro mencionou.

Desde as recentes revelações, o presidente não se manifestou sobre os depósitos à sua esposa.

 

 

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22
Jun20

Com foto de Frias nu, Folha chama secretário de "novo homem do presidente"

Talis Andrade

Novo secretário de cultura nu foi capa da Folha de S. Paulo no dia do beijo do apresentador Márcio Garcia

 

homem sorrindo

O presidente Jair Bolsonaro escolheu o ator Mário Frias para a Secretaria Especial da Cultura. O ex-galã da novela Malhação substituirá a atriz Regina Duarte, que deixou o cargo há cerca de um mês. A nomeação foi publicada nesta sexta-feira (19) em edição extra do "Diário Oficial da União".

Este correspondente considera que o título é usual no jornalismo: o novo homem do presidente. No caso Bolsonaro, até que suaviza sua imagem homofóbica. Talvez essa a intenção do serviço de propaganda do palácio liberar o beijo de Márcio Garcia. Veja vídeo abaixo

Vera Magalhães
@veramagalhaes

A @folha que me desculpe, mas há milhares de formas e razões para criticar a indicação de Mário Frias para a Cultura, mas essa não é uma delas. Faz insinuação homofóbica, sexualiza o que não deve. E se fosse uma atriz nua? Sairia esse título? Não é assim que se ilumina o debate

BBC News revela quem é Mário Frias: O ator ficou conhecido nos anos 1990 no seriado adolescente 'Malhação', da Rede Globo.

Regina deixou o cargo na quarta (20/05), menos de três meses após ser nomeada. Ela saiu sob pressão da chamada "ala ideológica" do governo e após desgastes envolvendo nomes que escolheu para a pasta. Oficialmente, disse que pediu exoneração por sentir falta da família, que mora em São Paulo.

Sem experiência política prévia, Frias entrou no radar bolsonarista quando foi um dos poucos ex-globais a defender Regina Duarte na época de sua nomeação - ele, inclusive, esteve na posse da atriz.

Depois, em 6 de maio, em uma entrevista à CNN Brasil, o ator voltou a defender a atriz, mas se disse disponível para o cargo. "Olha só, para ser bem direto para o Jair: para o que ele precisar, estou aqui", afirmou.

Na mesma entrevista o ator disse que quem assumisse teria que seguir a linha adotada pelo governo. "Se eu entrar numa novela e achar que tenho que fazer personagem engraçado, mas ele é dramático, alguém vai me corrigir. (Bolsonaro) quer ver a pasta numa direção e até agora não conseguiu."

A entrevista rendeu um convite para um encontro com o presidente. Os dois se encontraram em um almoço em que também estavam presentes empresários do ramo esportivo, um dia antes do anúncio da saída da então secretária. (Transcrevi trechos)

O ator José de Abreu criticou o beijo debochado de Márcio Garcia:
 
José de Abreu
@zehdeabreu
Decepção? Esse meu ex amigo virou isso! Fazer o que!

 

 

17
Jun20

Deputado bolsonarista invade hospital na Bahia e ameaça prender funcionários em ala com paciente nua

Talis Andrade

 

247 - O deputado estadual Alden (PSL), que é capitão da polícia militar, invadiu o hospital de campanha Riverside, na Região Metropolitana de Salvador, na Bahia, na tarde desta quarta-feira (17). O local é dedicado ao tratamento de pacientes com coronavírus. 

De acordo com o governo baiano, Alden de tal chegou acompanhado de seguranças, e aparentava estar armado. Ele também teria ameaçado dar voz de prisão aos funcionários. O Executivo estadual também disse que um dos seguranças que acompanhavam o parlamentar se posicionou na porta de um dos quartos, e teve acesso a uma paciente que estava com as partes íntimas expostas, pois tomava banho em seu leito. 

A invasão acontece menos de uma semana após Jair Bolsonaro, em live nas redes sociais, ter incentivado seus seguidores a invadirem hospitais e filmarem a oferta de leitos. 

De acordo com o secretário de Saúde da Bahia, Fabio Vilas-Boas, "é lamentável que um parlamentar, ainda mais sendo ele policial, cometa um atentado contra a paz de um ambiente hospitalar, onde pacientes isolados estão sofrendo e lutando por suas vidas". Os relatos foram publicados na coluna Painel.

"É lamentável que o deputado e os seus seguranças coloquem em jogo a própria saúde, sob risco de serem infectados com à Covid-19, bem como a de pacientes e profissionais", disse a administração estadual, em nota.

Um boletim de ocorrência foi registrado para a apuração do crime cometido.

 

 

14
Jun20

Os profissionais de saúde no front da pandemia temem as hordas invasivas de Bolsonaro

Talis Andrade

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II - Relato da invasão a hospitais estimulada por Bolsonaro 

Os profissionais de saúde temem que a prática de invadir hospitais para filmar os locais se torne comum, após as declarações de Bolsonaro. Nesta sexta-feira, segundo relatos do jornal O Globo, houve uma invasão no hospital Ronaldo Gazolla, em Acari, no Rio de Janeiro.

"Essa fala dele faz com que muitas pessoas deixem de acreditar nos profissionais de saúde. Quando o mandatário do país, que teoricamente teria as melhores informações, pede para as pessoas invadirem os hospitais, gera desconfiança em muitos. Muitos podem acabar acreditando nessa bobagem que ele fala", afirma o médico intensivista José Albani de Carvalho, que atua em UTIs de quatro hospitais públicos de São Paulo.

Albani frisa que há grandes riscos de contaminação para as pessoas que entram em hospitais sem os devidos equipamentos de proteção. "Para uma pessoa entrar na UTI ou em enfermarias para pacientes com a covid, é preciso saber que todos os pacientes estão infectados. Os profissionais de saúde têm contato com esses pacientes estão devidamente paramentados com óculos, proteção facial, máscaras específicas e roupas adequadas", ressalta.

"Uma pessoa que entra sem a devida proteção pode ser infectada e sair disseminando ainda mais o vírus", acrescenta o especialista. Ele classifica a declaração de Bolsonaro como uma "tremenda imbecilidade".

Carla também cita os riscos sanitários ao invadir uma área destinada a pacientes com a covid-19 sem os devidos aparatos. "Os deputados, por exemplo, queriam entrar sem proteção. Foi necessário muita discussão até que eles usassem algo. O hospital é o local em que as pessoas estão em estado grave e a disseminação do vírus é muito grande, por isso muitos profissionais da saúde estão sendo infectados", diz.

Ela admite que está com medo de que o hospital de campanha seja alvo de nova invasão nos próximos dias. "Com o incentivo do presidente, essa situação pode se repetir. É assustador pensar nisso. É como se todos os dias houvesse o risco de vivermos aquela situação de novo. Não queria ter passado por um momento tão constrangedor como aquele. Nos sentimos desrespeitados. Foi totalmente desagradável. Ficamos sem saber o que fazer", declara.

"Os profissionais de saúde estão lá para cuidar dos pacientes. As questões políticas não devem ser tratadas dentro do hospital", diz Carla.

 

13
Jun20

Relato da invasão a hospitais estimulada por Bolsonaro

Talis Andrade

Leticia Aguiar (PSL), Marcio Nakashima (PDT), Adriana Borgo (Pros), Neri (Avante) e Telhada 

 

‘Ele está incentivando a baderna’: o desabafo de enfermeira após Bolsonaro pedir que seguidores invadam hospitais

 

29
Abr20

Celso determina inquérito contra Weintraub por racismo

Talis Andrade

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Falta de Educação

Por ConJur

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O ministro Celso de Mello, decano do Supremo Tribunal Federal, determinou nesta quarta-feira (28/4) a abertura de inquérito contra o ministro da Educação Abraham Weintraub por prática de racismo contra o povo chinês. O pedido foi feito pela Procuradoria-Geral da República.

Celso de Mello desqualificou o sigilo do processo, que passa a ser público e negou a Weintraub o direito de ser ouvido pela autoridade policial no local e hora que lhe aprouver. Esse direito, assinalou o ministro do STF, só assiste a testemunhas e vítimas, não a investigados.

O motivo do inquérito foi a agressão do ministro da Educação contra a China. Além de insinuar que a covid-19 seria parte de um plano do país para “dominar o mundo”, ele ridicularizou o que pensa ser o sotaque chinês, usando o defeito de fala que celebrizou o personagem Cebolinha dos quadrinhos de Maurício de Souza. Diante das fortes reações contrárias, Weintraub apagou a postagem que fizera no Twitter (pic.twitter.com/qnTnoYT7JP).Image

Segundo o Ministério Público Federal, a conduta se enquadra no artigo 20 da Lei 7.716/1989, por praticar, induzir ou incitar a discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional. A pena é de reclusão de um a três anos e multa.

O pedido de instauração de inquérito vem com solicitação de "obtenção dos dados referentes ao acesso que possibilitou a prática supostamente delituosa", como número de IP, para comprovar o autor da postagem.

A China reagiu por meio do embaixador no Brasil, Yang Wanming, que chamou Weintraub de racista. Essa foi uma das recentes polêmicas envolvendo integrantes do governo ou filhos do presidente Jair Bolsonaro em relação à China, por conta do coronavírus. Há uma escalada da crise diplomática com o país asiático.

O próprio Weintraub já foi alvo de pedido de impeachment por "atos incompatíveis com o decoro" e "postura ofensiva e permeada de expressões de baixo calão em redes sociais". O pedido foi arquivado pelo ministro Ricardo Lewandowski por falta de legitimidade — o caminho correto seria via ação penal pública.

Críticas feitas pelo ministro da Educação às universidades públicas brasileiras mediante corte de orçamento também motivaram o Ministério Público Federal a pedir indenização de R$ 5 milhões por danos morais coletivos ao ofender a honra dos alunos e professores de instituições federais de ensino.

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