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O CORRESPONDENTE

Os melhores textos dos jornalistas livres do Brasil. As melhores charges. Compartilhe

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O CORRESPONDENTE

17
Mar22

Flaira Ferro ‘música que nasce do útero’

Talis Andrade

Pode ser uma imagem de pessoa e criança

 

por Raphael Vidigal

“Já compreendi bem vosso sistema. Destes-lhes a dor da fome e das separações, para distraí-los de sua revolta. Vós os esgotais e devorais seu tempo e suas forças, para que eles não tenham nem o ócio, nem o ímpeto do furor! Estão sozinhos, apesar de constituírem massa. Mas eu declaro que nada sois e que esse poder desfraldado é apenas uma sombra sobre a terra. Em vossa bela nomenclatura esquecestes a rosa selvagem, os instantes do dilaceramento e a cólera dos homens.” Albert Camus

Flaira Ferro, 30, segura um estilhaço de vidro que reflete a sua própria imagem, enquanto olha desafiadoramente para a frente. A imagem ilustra a capa de “Virada na Jiraya”, segundo disco da cantora pernambucana. A expressão que batiza o sucessor de “Cordões Umbilicais” (2015) se popularizou como sinônimo de raiva e indignação. Os dois sentimentos perpassam as 12 faixas do álbum, com doses frequentemente elevadas.

Flaira assina a maioria das canções, em parcerias com Igor de Carvalho, Ylana, Mayara Pêra e Cristiano Meirelles. Para passar o seu recado, a anfitriã renuncia aos volteios e não usa meias-palavras, como fica escancarado em “Faminta”: “Eu tenho fome/ Eu sou faminta/ Eu quero comer você/ Eu quero comer a vida”, dispara no refrão. Noutro trecho, ela debocha com voz infantilizada: “Eu canto suave/ Eu não desafino/ Eu faço tudo certinho”.

Dor. “Ótima” segue a mesma toada, com a pressão rítmica lá em cima. “Germinar” oferece breve momento de descanso e interiorização. O alvo de Flaira é o mundo exterior e as condições de que ela dispõe para modificá-lo. A aposta em “Estudantes” é na juventude, e o inimigo também é apresentado sem disfarces. “Mesmo que o destino/ Reserve um presidente adoecido/ E sem amor/ A juventude sonha sem pudor/ Flor da idade, muito hormônio/ Não se curva ao opressor”, entoa a intérprete.

“Suporto Perder” traz dueto com Chico César e denuncia o machismo tóxico. “Maldita” inclui o suntuoso piano do conterrâneo Amaro Freitas. A disposição para denunciar as mazelas de um mundo repressivo e em compasso de regressão perpassa todo o álbum, como na ácida “Essa Modelo”, com descontraídos jogos de palavras. “No Olho do Tabu” retoma o papo reto, da mesma maneira que “Revólver” e a crença de que “uma cidade triste é fácil de ser corrompida”.

Amor. “Casa Coração”, de Isabela Moraes, abrilhante o trabalho com seu misticismo existencial. “Coisa Mais Bonita”, cujo videoclipe causou polêmica, exalta a liberdade sexual da mulher, numa fina e rara combinação, que conjuga ação com poesia. Agora, Flaira lança o registro audiovisual de “Lobo, Lobo”, em plena quarentena, como forma de combater, novamente, as doenças desse século através da arte.

 

Raphael Vidigal entrevista Flaira FerroPode ser uma imagem de 1 pessoa

Quem é o principal alvo da crítica que você faz na música “Lobo, Lobo”?
Não há um único alvo. Lobos em pele de cordeiro atuam na surdina, estão em toda parte, muitos vestidos de personas que discursam em nome da “verdade”, do “amor” e da “moral”. Na esfera pública, todo dia descobrimos um novo caso entre líderes religiosos, políticos, filósofos, pensadores que, na primeira oportunidade, revelam suas intenções fascistas e hipócritas. Fiz essa música porque nossa democracia está baleada, há muito ataque às liberdades de expressão.

Provocações e ódios que vêm, muitas vezes, de pessoas que estão nos nossos ciclos de intimidade. Vivemos, por exemplo, a era das fake news. Quem são esses haters? É provável que estejam bem do nosso lado e a gente nem faça ideia. Estamos em uma crise ética profunda de valores humanos e esta realidade nos coloca em estado de alerta constante.

 

 

De que forma a música nasceu e quando se acendeu a fagulha da inspiração?
A fagulha foi uma decepção que tive com uma pessoa que convivi profissionalmente. Fiquei arrasada, mas tenho o costume de transformar as energias trevosas em usina criativa. Então, comecei a desenhar uns versos, mostrei o refrão pra Igor de Carvalho, meu companheiro, e seguimos ampliando o sentido daquela revolta que poderia se desdobrar em muitas situações na vida. Com a letra pronta, mostrei ela para uma amiga roqueira, Mayara Pêra, e ela trouxe a melodia dos primeiros versos. Nasceu uma parceria a três mãos.Pode ser uma imagem de 1 pessoa

Além de compositora e cantora, você é dançarina. Como o aspecto visual influencia na sua música e de que maneira essas linguagens conversam?
Minha relação com a música sempre foi muito corporal. Acredito que isso se deve ao meu trabalho com a dança desde pequena. O frevo, a rua e o improviso me ensinaram muito sobre a escuta e o jogo de perguntas e respostas entre som e movimento. Quase tudo que eu componho nasce de alguma sensação física. Seja de ordem emocional, espiritual ou material, disponibilizo minha pele e meus órgãos para receber os sons, as palavras e as melodias. Tem música que nasce do útero, por exemplo. Tem música que nasce da coluna, da bacia, de uma memória nos ombros, e por aí vai. Minha natureza é mais feliz quando estou em movimento.

 

Como foi gravar o clipe de “Lobo, Lobo” em meio a uma pandemia?
Escolhi fazer esse clipe durante a quarentena porque estava muito difícil acompanhar as notícias e ficar parada. Muita gente morrendo…Tá duro existir sob as informações de um cotidiano que mais parece uma fita de terror arranhada no repeat. A arte é, entre tantas coisas, uma tentativa de transmutar os infernos em recados políticos e poéticos. E “Lobo, Lobo” foi uma canção que acendeu minha usina interna para seguir atenta e forte, como canta Gal.

 

Quais foram as principais inspirações para realizar essa montagem visual?
Minha principal inspiração foi um vídeo trackz do disco “Matriz” que a cantora Pitty postou em abril. Era uma sequência de vídeos que ela mesma gravou em casa durante a pandemia. Eu achei muito interessante a alquimia de unir imagens simples, autênticas e caseiras com uma edição super esperta e profissional. Fiquei instigada e chamei a artista visual Mary Gatis para pensarmos juntas em algo caseiro, porém cuidadoso na montagem. Tudo foi feito em parceria.

Então, na prática, a gravação do clipe se deu em duas etapas. A primeira foi a de levantar ideias e traçar um argumento. A segunda foi a de pôr a mão na massa. Abri meu guarda roupa, montei alguns figurinos, inventei umas maquiagens, afastei os móveis da sala, chamei meu companheiro para dar o play na câmera e comecei a improvisar dançando e cantando. Com “uma câmera na mão e uma ideia na cabeça” a gente levantou as imagens em duas tardes. Além das gravações em casa, tínhamos alguns vídeos de acervo das projeções de show do “Virada na Jiraya”. Mary juntou todos os materiais e começou a montar o quebra-cabeça com maestria.Pode ser uma imagem de uma ou mais pessoas e pessoas em pé

O que pensa sobre o momento político do Brasil e as ações contra a pandemia por parte do governo federal?
O Brasil tá num contexto político tenebroso. Perversidades explícitas e, ao mesmo tempo, disfarçadas em discursos de progresso. A batalha é pela narrativa e as polarizações e os discursos de ódio se acentuaram muito depois do golpe em 2016 (que depôs a ex-presidente Dilma Rousseff). Cá estamos, mais de 90 mil mortos numa pandemia com consequências irreversíveis e um governo genocida. Estamos há meses sem Ministro da Saúde e, como se não bastasse, os escândalos de corrupção, as “rachadinhas”, com provas evidentes que parecem farelos nas mãos da legislação.

E a ineficácia do auxílio emergencial? E as nossas florestas sendo devastadas pelo capitalismo desenfreado e perverso? E a cultura sem nenhum direcionamento eficiente? E os modelos estruturais de racismo que conduzem esse governo? É tanta coisa ruim que só vivendo um dia de cada vez para caçar estratégias de sobrevivência a cada manhã. Por outro lado, sei que esse contexto atual não é algo isolado no tempo. É fruto de uma mentalidade fundada na lógica da exploração, na lógica do colonizador, do sistema escravista e patriarcal.

São séculos de profunda desconexão com a natureza. E isso tem consequências inimagináveis…Vivemos ainda as sequelas de um processo histórico baseado na violência. E para transformar isso é preciso despertar as consciências. E isso toma tempo. Toma tempo eleger novas lideranças, mexer nas leis, modificar as estruturas e os sistemas limitantes de crença. Nossa geração tem bastante trabalho pela frente.Pode ser uma imagem de uma ou mais pessoas

17
Mar22

Flaira Ferro se firma ao soltar o som e a fúria feminina do álbum 'Virada na jiraya'

Talis Andrade

Flaira Ferro se firma ao soltar o som e a fúria feminina do álbum 'Virada na jiraya'Foto Matheus Melo 

 

17
Mar22

Flaira Ferro a mais completa musicista brasileira hoje e sempre

Talis Andrade

flaira.jpeg

 

Redação Maah Music!

 

Além
de cantora, compositora você é bailarina. Conte para os leitores, como foi o
seu envolvimento com cada uma dessa área?

A
memória mais viva sobre meu envolvimento com a dança e com a música vem aos
seis anos de idade, quando brinquei meu primeiro carnaval em Recife, em 1996.
Sou de Recife e lá fevereiro é mês de tradição carnavalesca, a cidade fica em
função da festa. Há uma explosão de manifestações populares, ritmos, danças e
fantasias, o que me seduziu desde o primeiro contato.

A
dança, em especial o frevo, foi minha porta de entrada para o universo das artes.
Fui me interessando, me dedicando, e entrei na Escola Municipal de Frevo do
Recife, tive aulas com o Mestre Nascimento do Passo e nunca mais parei. Aos
poucos, conheci outras linguagens, fiz sapateado, ballet, dança contemporânea e
a dança virou profissão.

Meu
envolvimento com a música e a composição foram consequências diretas dessa
relação com o movimento corporal. Sinto que essas linguagens conversam o tempo
todo entre si, tudo passa pelo corpo.

 


Queria saber um pouco mais sobre seu passado pré-musica. O que você ouvia
quando era pequena? E quando você descobriu seu amor pela musica e composição?

Por
influência dos meus pais, ouvi muita música regional na infância. Coco,
ciranda, maracatu, bumba-meu-boi, forró e frevo sempre foram ritmos presentes
na prateleira de CDs da minha casa. Só vim conhecer música internacional na
adolescência. Luiz Gonzaga, Jackson do Pandeiro, Elis Regina e Raul Seixas eram
os artistas que mais tocavam no som do carro durante as viagens da família pro
interior de Pernambuco.

Meu
pai é um poeta tímido. Apesar de não seguir carreira artística, sempre gostou
de declamar poesias e escrever versos e rimas. Acredito que por influência dele
tomei gosto pela palavra escrita, falada e cantada. Compus minha primeira música
aos 8 anos e descobri esse amor quando percebi que através da composição eu
conseguia desafogar minha energia criativa. Coisas que eu não conseguia dizer
numa conversa ou ideias que eu não desenvolvia na escola iam acumulando na
minha cabeça e desaguavam em poesias e canções. Até hoje é um tipo de escape
que me ajuda a entender meus sentimentos.

 


Há pouco tempo você lançou seu álbum “Cordões Umbilicais”. Como foi a escolha
do nome do álbum e do repertorio do seu novo trabalho?

O
nome do álbum veio da necessidade de dar uma imagem ao afeto. Quando vim morar
em SP tive que me reinventar para me adequar a uma cidade na qual eu não tinha
vínculos afetivos. Conheci a solidão e aliada a ela, paradoxalmente, o
sentimento de não estar só, de estar conectada com todas as pessoas, com a
criação de algo maior, o divino.

Além
das questões existenciais, minha mãe é obstetra e assisti muitos partos feitos
por ela. Um certo dia, após presenciar uma cesariana, saí inspirada e compus
uma música que nomeei Cordões Umbilicais e é também uma faixa do disco.

Quanto
ao repertório, percebi que a temática do autoconhecimento era predominante na
maioria das minhas letras. Selecionei as músicas que mais representavam meu
momento de vida e  organizei o
repertório. O disco é um estado de espírito.Luíza Boê lança “Amanheci” com as participações de Illy e Flaira Ferro -  Gazeta da Semana


No seu álbum você traz 11 faixas de autorais. Qual música do seu cd mais te
representa?

Por
se tratar de um disco inteiramente autoral no qual a maioria das letras são
minhas, cada música é um pedaço do que sinto e penso. Sou tudo que tá lá, o que
muda é a intensidade, eu acho. Tem dias que me vejo mais numa música do que
noutra, por exemplo. Depende.

 


O álbum vem com ritmos bastante brasileiros e você mistura esses ritmos.
Qual  ritmo musical mais te encanta ou
chama sua atenção?

Além
do frevo, eu tenho um carinho especial pelo caboclinho perré e pelo batuque de
umbigada. São ritmos que adoro dançar e me tocam de maneira mais visceral. 

 

Como
foi o processo de composição para o álbum “Cordões Umbilicais”? Alguma
influencia em especial?

Tom
Zé, Elis Regina, Gilberto Gil, Lenine e Bjork são artistas que me influenciam
muito. Mas não teve nenhuma música que pensei em um artistas específico para
compor. Eles estão presentes de maneira inconsciente, tudo que escuto é
referência e alimenta meu processo de composição.

 


No disco você contou com algumas participações especiais.  Como maestro Spok e do pandeirista Léo Rodrigues entre outros. Como foi a escolha das participações especiais?

Conheço
Spok há 12 anos, trabalhamos juntos em vários projetos. Além de excelente
maestro e instrumentista, ele é um grande amigo que a vida me deu. Eu queria
que o disco tivesse um frevo e ninguém melhor do que ele para compor o arranjo
instrumental na faixa Bom dia, doutor cuja letra é de outro grande amigo,
Ulisses Moraes. Já Léo Rodrigues eu o conheci no Instituto Brincante e
tornamo-nos amigos rapidamente. Quando vi ele tocar fiquei encantada com a
propriedade e o domínio do pandeiro de couro. Admiro muito o trabalho dele e o
convidei pra participar na música Mundo invisível. 

 


Como você descrever no geral o seu álbum?

É
uma obra de afeto e um retrato do tempo.

 


Gostaríamos de saber mais sobre seu gosto musical. Quais as 6 músicas
preferidas e o por que?

Como
falei antes, cada música me representa com muita verdade e não tem nenhuma que
eu ache menos importante. Elas estão dentro de um conceito e a ideia de cada
uma agrega à mensagem do disco como um todo. Mas se eu fosse fazer um pocket
show e tivesse que escolher seis músicas, eu escolheria: Templo do tempo, Atriz
Cantora ou dançarina?, Pondera, Me curar de mim, Bom dia, doutor e
Lafalafa.  

 


Fiz duas matérias sobre você aqui no blog. E as criticas foram muito positivas.
Como é para você ver  o carinho do
publico e até mesmo dos críticos musicais falando bem do seu álbum?

É
bom né? Um estímulo, sem dúvida. É gostoso compartilhar algo que ressoa em
outras pessoas de maneira positiva. A coisa vai ganhando outras dimensões,
interpretações e significados. Mas acredito que a aceitação do público nunca deve
ser o objetivo de um artista. A opinião dos outros, positiva ou não, deve ser
apenas consequência daquilo que nasce da verdade de quem cria.

 


Como é seu contato com o publico? Você usar muito as redes sociais para bate um
papo com os fãs? Você acha importante esse contato?

Não
gosto muito da palavra fã como denominação de alguém. Tenho a impressão de que
ela cria uma fronteira entre o público e o artista que não deveria existir.
Tenho pavor desse endeusamento do artista, essa coisa de colocá-lo num pedestal
para se admirar e contemplar, como algo inalcançável.

Sim,
uso muito as redes sociais e quem se interessa pelo meu trabalho e entra em
contato eu adoro trocar ideia. Respondo, pergunto, leio, opino, etc. E é isso
que rola, uma troca constante com quem chega junto.

 


Entrevista quase no final. Quais as próximas novidades, lançamento e agenda de
show?

Recentemente
gravei dois clipes. Um da música Lafalafa, dirigido por Patrícia Black e outro
da música Me curar de mim. Em breve estarei lançando eles nas redes sociais.
Quanto aos shows, as agendas são divulgadas na fanpage e no meu site
flairaferro.com.br

 


Qual mensagem você deixa para os fãs e leitores do blog?

Leiam
a autobiografia de Gandhi.    

 

 

Agora Flaira lança um
clipe, no qual pode, de alguma forma, unir música e dança. Escolheu a canção
“Lafalafa” para inspirar esse primeiro vídeo que foi gravado em junho de
2015, entre as ruas de São Paulo e o Instituto Brincante, espaço onde atua como
artista e professora. 

Os vídeos de dança solo da bailarina
Sylvie Guillem foram grandes fontes de inspiração. O minimalismo, a
simplicidade estética e a pesquisa de intenções de movimento de seu trabalho
clarearam o rumo do que seria o clipe e a performance de Flaira. Como venho da dança
popular e o ritmo de ‘Lafalafa’ é o cavalo-marinho, mergulhei numa pesquisa de
movimentos que partissem dessa matriz. Decidimos que minha atuação se basearia
no improviso, sem coreografia definida
 
explica ela. Quando a música termina, o clipe ainda continua por alguns
instantes. Fique por dentro de todas as novidades sobre a cantora: 

 

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