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O CORRESPONDENTE

Os melhores textos dos jornalistas livres do Brasil. As melhores charges. Compartilhe

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O CORRESPONDENTE

28
Nov22

A ‘dívida pública’ para ter o que comer

Talis Andrade

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por Fernando Brito

- - -

No momento em que os “economistas de mercado” repetem, quase que a cada minuto, que a “austeridade fiscal” (leia-se: cortar gastos sociais) é o caminho necessário para reduzir o endividamento público, a pesquisa publicada pela Folha mostra uma outra “dívida pública”, cruel e impiedosa com os mais pobres.

É que metade das pessoas que recorreu a empréstimos, nas classes C, D e E, o fez para comprar comida ou pagar dívidas (sejam as de consumo doméstico, sejam as dívidas por dívidas).

Conheça a charge favorita dos leitores no mês de agosto - 12/09/2022 -  Painel do Leitor - Folha

Ou seja, um consumo que não vira futuro, como é o da aquisição de bens, melhorias na casa ou mesmo o início ou avanço de um pequeno negócio.

E é um caminho quase sem volta para a inadimplência e o fim do crédito, porque quem se endivida para comer ou para pagar a conta de luz está numa situação de penúria que tem pouca ou nenhuma expectativa de ser resolvida.

Além da queda da renda real dos mais pobres, a inflação dos alimentos é um imenso componente deste endividamento “público”- porque, afinal, são dívidas que incidem sobre a maioria população – contraído em condições muito piores que a dos títulos públicos, com mais juros e prazos menores.

Mas, para isso, não se considera o gasto social o remédio que é.

Muito menos quando se considera a política agrícola, os olhos voltados para a soja, o milho e outros produtos de exportação raramente miram para a agricultura familiar, que produz o feijão, as hortaliças, os legumes e outros itens da cesta básica de consumo, cuja área plantada não avança ou até decai.

Ainda assim, a agricultura familiar responde por metade do rebanho animal (carne e leite, portanto), do feijão e mais que isso na mandioca, e nas hortaliças.

Deixamos, também, de financiar a formação de estoques reguladores que, no caso de muitos produtos, podem compensar as variações de preço causadas por condições climáticas ou de mercado.

Mas o agricultor familiar, para esta gente, não é “agro” e nem é “pop”. Portanto, gastar dinheiro público com ele não pode, embora todos concordem com a isenção de tributos àqueles que se destinam à exportação.

31
Out21

A inadequência do pagamentável

Talis Andrade

 

escada para o céu o paraíso.jpeg

 

por Gustavo Krause

A estupidez do populismo furou o teto dos gastos. A conta está chegando e o povo pagando.

Na passagem pelo Ministério da Fazenda, recebi em audiência, no Recife, uma figura curiosíssima, Argemiro Sapiência. Não era sobrenome. Era apelido. Tinha solução para tudo e não perdia a chance de aconselhar autoridades sobre qualquer assunto.

Magro, alto, nariz aquilino, óculos de lente grossa, de terno preto, venceu a paciência do meu chefe de gabinete que suplicou: – Ministro, por favor, atenda o “Doutor Sapiência” em nome da minha saúde mental. Ele prometeu não tomar mais que cinco minutos”.

Apesar do choque visual de mau agouro, não alterei a gentileza habitual e convidei o conterrâneo para tomar assento. Ele foi direto: – Não, há necessidade, Excelência, vim cumprir o dever de cidadão e dizer ao senhor que, desde as caravelas de Cabral, aqui trazidas por ventos inesperados, até hoje, o maior problema brasileiro é a inadequência do pagamentável. Resolva e passará para a História.

Com um forte aperto de mão, girou nos calcanhares e disse: – agora vou comemorar, bebendo “a gasosa da imensidão”. O que é isso – Doutor Sapiência? A deliciosa água de coco.

Avisaram-me que ele era autor de expressões indecifráveis. Fiquei a ruminar sobre a “inadequência do pagamentável”: a ficha caiu, seguida por sonora gargalhada: equilíbrio fiscal, ou seja, não gastar mais do que arrecada; não se endividar adoidado, dar calote e perder a credibilidade.

Doutor Sapiência foi ao cerne etimológico do vocábulo economia: a regra da casa, de qualquer “casa”: família, paróquia, clube de futebol, empresas e governos. Gastar mais do que recebe termina na mão do agiota (ou do rentista) e aí dívida/inflação matam, prioritariamente, os mais pobres.

No caso brasileiro, o debate sobre a reforma do Estado partiu de falsos dilemas: não é estado mínimo x estado máximo, mas entre estado republicano x estado patrimonialista; privatização x estatização e, sim, entre estado democrático x estado autoritário; burocracia ineficiente e corrupta x burocracia funcional e cidadã.

No campo teórico, há ideias para todo gosto: Hayek x Keynes; Friedman x Samuelson; Estruturalistas x Monetaristas; Heterodoxos x Ortodoxos, sem contar com a bizarrice de políticos generosos da gastança x técnicos malvados da austeridade.

A direção da economia depende da Política e, no conceito lapidar de Afonso Arinos de Mello Franco, “Não existe a boa ou a má política. O que existe é a Política ou a não-política”.

No Brasil, a estupidez do populismo fiscal furou o teto dos gastos. A conta vai chegar. E o Doutor Sapiência tem razão.

 

 

03
Out20

O ‘Posto Ipiranga’ está cercado e falta pouco para fechar

Talis Andrade

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por Fernando Brito

- - -

O primeiro ataque foi frustrado. Quando o general Walter Braga Netto disparou, numa entrevista no Planalto, o canhonaço do Plano Pró-Brasil, em abril, sugerindo um “Plano Marshall” para o Brasil devastado pela pandemia, a blindagem de Paulo Guedes ainda era forte o suficiente para resistir.

O auxílio-emergencial, de lá para cá, manteve o ministro da Economia, mas sempre na dependência de oferecer algo para depois do fim do “cheque especial” que ganhou para gerir o país à base de um déficit que, tudo indica, chegará ao fim do ano em cerca de R$ 1 trilhão, 13% ou pouco mais de nosso Produto Interno Bruto.

A reação da economia, por sinal, foi menos desastrosa do que se previa, mas as pressões de inflação. câmbio e juros, inevitáveis quando se desenha tamanho déficit, só fazem crescer.

Quase aos berros, Guedes pede reforços fiscais: a nova CPMF, travestida de “imposto digital” ou “digitax” como fala o pessoal do mercado, é a divisão de R$ 120 bilhões (sonhou-se até com R$ 240 bi, com a cobrança bífida, como língua de cobra, ao pagador e ao recebedor) era sua principal aposta para liberar os agentes econômicos das contribuições patronais, na esperança que fossem, assim, gerar emprego e renda. O auxílio, à meia-ração, seria obtido com arrocho no salário mínimo e nos proventos de aposentadorias, além de um cata-cata de migalhas em outros programas sociais.

O homem encastelado no Planalto, de olho em sua súbita popularidade com a prodigalidade do auxílio, quase que só dizia “se vira” ao general desesperado, mas se preocupava em segurar os mercadistas, jurando fidelidade ao Santo Teto dos Gastos, seu padroeiro de devoção.

Guedes parece sem alternativas. Sua principal tarefa tem sido a de inventar novas formas e nomes para as ideias que já lhe foram recusadas.

Com a cobertura de um ponta-de-lança civil e político – Rogério Marinho – ombreado a Braga Netto como líder do assalto ao Posto Ipiranga, criou-se o clima para as primeiras escaramuças.

Elas vieram a público, ontem, mais pela reação de Guedes que pela ação dos atacantes.

Ambos levam planos a Bolsonaro: Marinho, o aplauso nas inaugurações de obras antigas no Nordeste; Braga Netto um rol de projetos de obras que se sustentaria num hipotético trilhão de reais de investimentos estrangeiro, uma privatização “no atacado” que venderia 160 empresas e uma carteira de obras que seria uma versão 4.0 das velhas “frentes de trabalho” dos tempos da ditadura, privilegiando aquelas que fossem intensivas em mão de obra.

Sonhar, claro, não custa nada, senão a perda de contato com a realidade.

A fraqueza de Guedes chegou ao ponto de que até seu ex-admirador Merval Pereira diz hoje, em O Globo, que ele não tem forças para pedir a cabeça de Marinho. Nem mesmo a ameaça do Banco Central de subir os juros caso desabe o teto de gastos provocou solidariedade ao quase ex-ministro da Economia.

As coisas só não se definem mais rápido porque Jair Bolsonaro, quem diria, aprendeu a arte política de deixar que as coisas se tornem insustentáveis antes de fazer sua própria vontade.

02
Jan19

Porque o programa de governo de Bolsonaro choca os europeus

Talis Andrade

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por Márcia Bechara da RFI

Rádio França Internacional

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Desde que foi eleito, em 28 de outubro de 2018, as propostas do presidente eleito do Brasil, Jair Bolsonaro, são recebidas com um misto de espanto e rejeição no Velho Continente, que ainda espana com dificuldade as cinzas do fascismo dos ombros de sua história. Com exceção dos governos considerados populistas, como a Itália de Matteo Salvini ou a Hungria de Viktor Orban, as democracias europeias tradicionais veem com desconfiança o projeto ultraconservador de Bolsonaro, que desafia em diversos momentos os cânones republicanos da política continental do bloco.

 

Jair-Bolsonaro-Presidente-Nazista posse.png

 

 

Na França, onde a imprensa assume abertamente suas cores políticas, as críticas a Jair Bolsonaro chegam de todos os lados: jornais e revistas de direita e esquerda encontram dificuldade em simpatizar com a polêmica figura do novo presidente brasileiro, e seu projeto de governo.

A começar pelo slogan, “Brasil acima de tudo, Deus acima de todos”, considerado por France Info como uma “réplica assumida” do hino nazista Deutschland über alles (“Alemanha acima de tudo”, em português).  O programa de governo é considerado propositalmente difuso e pouco objetivo, para “não ter que se explicar posteriormente com a população”. Assustada pelo populismo que assinou o cheque do Brexit e a ascensão de Trump na maior economia do mundo, a Europa lida ainda com velhas feridas de guerra e tem problemas para controlar os novos fantasmas do fascismo no continente.

Apresentado pela unanimidade da imprensa europeia como um representante da extrema direita, Bolsonaro, muitas vezes chamado de “Trump tropical”, foi descrito pelo jornal Le Monde como “um chefe de Estado que mistura paranoia e ódio ao socialismo”, representante de uma “corrente, defendida [pelo ex-conselheiro de Trump] Steve Bannon, que mistura antiglobalização, xenofobia e fé cristã”.

 

“Cidadãos de bem”

 
 

O projeto para a segurança pública defendido pelo novo presidente brasileiro, que promete liberar o porte de armas para “cidadãos de bem”, também foi fortemente criticado pelo vespertino francês, que cita um estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), publicado em 2015, mostrando que a lei brasileira de 2003 que proibiu o livre porte de armas “salvou 121.000 vidas em 10 anos, freando a onda de homicídios”.

A chamada “carta branca de Bolsonaro a policiais e militares” também chocou os franceses, que veem em suas declarações “uma situação inédita e perigosa para a democracia, onde se pode atirar sem investigações ou consequências”, segundo o jornal Libération. Incompatível com a tradição republicana europeia, o desmonte institucional brasileiro deixou perplexa a rádio France Info, que chamou o programa de Bolsonaro de “projeto fascista para o Brasil”.

 

Brasil à venda não vai pagar a dívida interna, segundo imprensa europeia

 

France Info considera o programa econômico de Jair Bolsonaro “claramente neoliberal, mesmo se ele defendeu anteriormente, em sua vida parlamentar, o modelo estatista”. “O presidente de extrema direita se comprometeu em lançar um vasto programa de privatizações de empresas públicas e propriedades agrícolas do Estado, para obter um lucro de RS$ 1 trilhão”, diz Le Monde.

“Um número maluco, segundo especialistas, e que, de toda maneira, é incapaz de sanar a dívida pública, que representa mais de 80% do PIB do país”, avalia o jornal francês. A medida foi considerada um “tratamento de choque” pelo diário econômico Les Echos, que ressaltou, no entanto, o “otimismo dos mercados” com “a política ultraliberal do ex-banqueiro e novo ministro da Economia, Paulo Guedes”. “Mesmo que tudo seja vendido, não será suficiente. Mas isso significa uma completa liquidação de toda a participação do Estado na economia e a limitação do Estado em funções soberanas: Exército, polícia, justiça”, analisa a historiadora Maud Chirio no site de France Info.

A imprensa europeia noticiou também o vídeo publicado nas redes sociais pelo então candidato em 21 de outubro de 2018, onde prometia “acelerar a grande limpeza do país dos marginais vermelhos e dos bandidos esquerdistas", deixando a seus adversários “a escolha entre o exílio ou a prisão”. O jornal britânico The Guardian repercutiu a polêmica declaração, falando em “expurgo político de adversários”, citando o famoso slogan da ditadura militar brasileira (1964-1985): “Brasil, ame-o ou deixe-o”.

 

Educação de olho no passado 

 

Num continente laico, onde a separação entre Igreja e Estado [o chamado secularismo europeu] é lei, a figura de Bolsonaro, frequentemente descrito como “fervoroso católico, conservador e apoiado por cristãos evangélicos”, choca a sociedade. “Bolsonaro é o arauto da família tradicional, não hesitando em “denunciar notícias falsas".

Fazendo eco à “guerra cultural” contra o marxismo e a “ideologia de gênero”, uma verdadeira caça às bruxas iniciada pelo premiê Viktor Orban na Hungria nos últimos anos, Bolsonaro denunciou durante a campanha presidencial uma suposta "doutrinação de crianças à homossexualidade orquestrada pelo Partido dos Trabalhadores", relatou a historiadora francesa Maud Chirio ao site de France Info. A estratégia deu certo e foi amplamente reproduzida por seus seguidores nas redes sociais.

Outro fato que deixou perplexos os europeus foi a figura de Jair Bolsonaro na televisão, em agosto de 2018, quando o candidato de extrema direita brandiu a versão em português do Guide du zizi sexuel, e garantiu que o famoso livro ilustrado pelo desenhista Zep, que visa explicar a sexualidade às crianças, fazia parte de um "kit gay" "transmitido nas escolas brasileiras para promover a homossexualidade e seria" uma porta aberta para a pedofilia". "Um manual que, na realidade, nunca foi distribuído para as escolas", afirmou Le Monde.

 

Ameaça ao Meio Ambiente

 

Ponto de honra na política e na diplomacia europeia contemporânea, os programas de defesa do Meio Ambiente e as medidas contra o aquecimento global são respeitados e se tornaram divisas para o comércio de commodities. Por esta razão, as declarações e ações de Bolsonaro neste setor inquietam particularmente os europeus, como a ideia de fundir os ministérios da Agricultura e do Meio Ambiente, com um propósito claro, segundo Maud Chirio: favorecer o agrobusiness, principal cavalo de batalha do comércio exterior brasileiro, um setor que não aprecia medidas e acordos internacionais que regulam o uso de terras protegidas e recursos naturais. O novo presidente brasileiro chegou mesmo a falar em “acabar com o ativismo ecologista xiita”.

Segundo o correspondente francês da RFI no Rio de Janeiro, François Cardona, "Jair Bolsonaro não esconde sua intenção de autorizar projetos industriais, hidráulicos e de mineração em áreas protegidas: da Amazônia, por exemplo. Entre a defesa da natureza e os interesses dos grandes latifundiários, o candidato de extrema direita escolheu o seu lado de maneira inequívoca”, afirmou Cardona.

As ameaças de Bolsonaro de seguir o exemplo de seu mentor, Donald Trump, e deixar o Acordo de Paris, podem, no entanto, trazer consequências para a balança comercial brasileira no exterior. Entre promessas de campanha e atos presidenciais, resta saber se as diferenças entre o governo brasileiro e a comunidade europeia serão amplamente assumidos em termos de diplomacia internacional, e suas devidas consequências econômicas para o Brasil.

 

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06
Mar18

O dedo de Neymar, o rabo do Galvão e o salário dos médicos

Talis Andrade

O Brasil fosse operar os dedos-duros faltariam médicos e hospitais

 

 

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Escreveu Roberto Almeida: "O excesso de atenção à operação do dedo do jogador Neymar, por parte da mídia, especialmente a TV Globo, está sendo ridicularizado por brasileiros de diversas regiões do país, através da internet.

 

Faz sucesso na rede os versos, em estilo cordel, do poeta popular Pedro Paulino, da Vila de Campos, em Canindé, no Ceará.

 

Segundo comunicou
O velho José Simão,
Vai ter cobertura ao vivo
Em toda televisão;
A Globo até vai mandar
Ao local, pra comentar,
O baba-ovo Galvão.

Porque, segundo a notícia,
Quando o fato aconteceu,
Uma equipe logo veio
E o atleta socorreu,
Mas naquela ocasião
Foi o rabo do Galvão
O lugar que mais doeu! Leia mais aqui 

 

O médico Klaus Morales, de Minas Gerais, no dia que a imprensa cobria ao vivo a operação no dedo fez o seguinte desabafo: 

 

"Nosso salário está sendo pago em três parcelas mensais, pois o Governo do Estado diz que o orçamento não é suficiente para que o Estado faça o pagamento em parcela única".

 

Mas o Estado sempre tem dinheiro para pagar na marra os altos salários, acima do teto, dos juízes, promotores, desembargadores, procuradores, conselheiros, consultores, assessores das nababescas cortes palacianas da justiça estadual, do tribunal de faz de conta que faz as contas, cabide de emprego para deputados sem votos ou que perderam o mandato.

 

Sobra dinheiro para pagar os coronéis da polícia militar. Idem da justiça militar e delegados por todos os lados.

 

Sobra dinheiro para pagar auxílio moradia de finórios grã-finos em um Estado com milhões de sem teto, de moradores de rua, inclusive em área de alto risco.

 

DESABAFO de Klaus Morales: Estou de plantão na Maternidade Odete Valadares, uma maternidade pública estadual REFERÊNCIA no estado de Minas Gerais para acolhimento e tratamento de gestantes de alto risco, RNs prematuros e casos ginecológicos complexos.


Faltam leitos de CTI neonatal para atender toda a demanda. Não raramente pacientes ficam alojadas em macas por falta de leitos em enfermaria. Faltam médicos para preencher contratos de trabalho dada a burocracia para contratação e os salários defasados frente aos demais postos de trabalho semelhantes.
Para completar, nosso salário está sendo pago em três parcelas mensais, pois o Governo do Estado diz que o orçamento não é suficiente para que o Estado faça o pagamento em parcela única.

 

A exatos 50 metros daqui, no Hospital Mater Dei, o craque Neymar esta internado para uma cirurgia do quinto metatarso. Pedestres estão sendo impedidos de transitar pela calçada do hospital. Viaturas da polícia estão estacionadas desde cedo nos arredores. Um andar inteiro, com muitos leitos, está interditado para receber o jogador. Helicopteros sobrevoam o hospital e não se fala em outra coisa nos noticiários a não ser sobre o caso.


Inumeros repórteres fazem firulas na porta do hospital, papagaios de pirata com suas embaixadinhas e mais uns bons desocupados com camisas de time esperando um autógrafo. Tudo transmitido ao vivo com sorriso no rosto e peito aberto.
Do lado de cá, pacientes esperam horas para serem atendidas e muitas outras são transferidas por falta de estrutura imediata para internação. São apenas dois andares para receber as pacientes e, no momento, não existem vagas.


Infelizmente, reina a absoluta inversão de valores. Falta empatia. Falta vergonha na cara.
Brasil, um país de poucos.

 


P.S.: Não vim aqui pra reclamar de Neymar, de hospital algum (inclusive o Mater Dei é um belo hospital, com corpo clinico super bem formado, etc), se o Neymar está pagando ou não. Só que a cobertura e o rebuliço que têm sido feitos em torno disso é desproporcional à realidade de uma população que sofre o descaso do governo em relação à saúde. A imprensa, como fonte de informação, deveria a meu ver dar mais peso ao que realmente importa.

 

NEYMAR E A SOCIEDADE QUE CELEBRIZA E ESPETACULARIZA O FÚTIL

 

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por Jeferson Miola: O Brasil precisa enfrentar seus reais problemas. E o maior deles, que consome 43% dos impostos arrecadados, é o pornográfico sistema da dívida pública, que propiciou lucro líquido de R$ 24,9 bilhões só ao Itaú em 2017 e que, para assegurar a ganância dos banqueiros, levou centenas de milhares de brasileiros à dor e ao sofrimento por falta do mesmo acesso que o Neymar tem aos serviços de saúde para consertar o 5º metatarso do dedinho do pé direito. Leia mais aqui

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