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O CORRESPONDENTE

Os melhores textos dos jornalistas livres do Brasil. As melhores charges. Compartilhe

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O CORRESPONDENTE

12
Jun23

Ataques às mulheres e ao "gênero" no Congresso e os avanços necessários

Talis Andrade
 
 
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DIREITO ELEITORAL

As mulheres parlamentares e seus direitos vêm sendo alvo de ataques misóginos

por Nicole Gondim Porcaro e Monike Santos

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Desde o início da nova legislatura as mulheres parlamentares e seus direitos vêm sendo alvo de ataques misóginos. Com destaque para o último 8 de março, em pleno Dia Internacional da Mulher, no qual diversos deputados federais proferiram discursos machistas, misóginos e transfóbicos na tribuna em sessão da Câmara, eivados de ódio e intolerância. Um dos objetivos de tais posturas indecorosas foi obviamente agredir a bancada feminina mais diversa já vista [1], em especial as deputadas federais trans eleitas na nova legislatura — Duda Salabert (PDT/MG) e Erika Hilton (PSOL/SP) —, o que causa indignação por evidenciar mais um exemplo de violência política de gênero.

A violência política de gênero [2] é considerada uma das principais causas da sub-representação das mulheres na política, e pode ser caracterizada como todo ato com o objetivo de excluir a mulher do espaço político, impedir, obstaculizar ou restringir seu acesso ou induzi-la a tomar decisões contrárias à sua vontade. E que se agrava quando direcionada um grupo de mulheres especialmente vulnerabilizadas, uma vez que, segundo a Antra (Associação Nacional de Travestis e Transexuais), 80% das mulheres trans eleitas relatam falta de segurança no exercício do cargo [3], em um país que lidera o ranking de assassinatos dessa população.

Tal realidade exige uma atuação comprometida do Estado para proteger e garantir o exercício de seus direitos políticos, não devendo tais discursos serem acobertados pela imunidade parlamentar, considerando que a transfobia foi equiparada pelo STF ao crime de racismo (ADO 26 e MI 4733, j. 13.06.2019).

O ocorrido revela ainda uma falha na redação da Lei nº 14.192/2021, que tipificou o crime de violência política contra a mulher nos códigos Eleitoral e Penal, ao usar a expressão "sexo" em vez de "gênero", que afeta diretamente a garantia dos direitos das pessoas trans.

Toda a literatura e produção legislativa internacional sobre o tema utiliza o termo "violência política de gênero", mas no Brasil se optou por "contra as mulheres". Na verdade, se observa hoje uma grande cruzada contra o termo "gênero" em qualquer circunstância na política brasileira.

Portanto, antes de avançar o debate sobre a violência política de gênero, é necessário compreender o conceito de gênero, em contraste com o conceito de sexo. Enquanto este está relacionado aos aspectos biológicos/orgânicos, nos quais os seres humanos são divididos ao nascer em uma oposição binária entre corpos de "fêmeas" e "machos" [4], "gênero" compreende as características naturalizadas como femininas ou masculinas, porque tratam-se de constructos sociais a respeito dos papéis que lhe são atribuídos [5] e, por tal razão, podem sofrer modificações de sua percepção, conforme as diferentes culturas e períodos históricos.

Essa dualidade entre feminino e masculino expressa valores contrastantes de fragilidade e força, gerando indevidas subordinações [6]. Beauvoir [7] trouxe à lume a construção de uma perspectiva em que a mulher deixava de ser limitada ao seu corpo, e a limitação da presença do feminino no espaço público passou a ser atribuída a uma construção social que vai para além da biologia.

O conceito de gênero expõe, portanto, que as categorias homem e mulher não tratam de diferenças sexuais, mas demarcam relações de poder que reproduzem hierarquias sociais, conferindo ao homem a posição de mando e à mulher, a situação de submissão, além de determinar formas de violência específica contra mulheres.

A categoria "gênero" é um instrumento [8] empregado desde os anos 80 para entender as desigualdades, violências e dinâmicas de poder entre homens e mulheres — privilegiando o princípio da igualdade. Usado tanto como categoria histórica, como categoria de análise central na pesquisa acadêmica, nos encontros institucionais, nos tratados internacionais e no ativismo pela igualdade e direitos das mulheres.

Falar em políticas públicas com perspectiva de gênero é diferente de políticas públicas para mulheres por direcionar a ação governamental à superação das desigualdades baseadas nas hierarquias criadas pela estrutura patriarcal, visando a transformação do papel da mulher na sociedade: mais autonomia e equidade, menos vulnerabilidade e dominação masculina — fortalecendo as mulheres como grupo, sempre como sujeitos e nunca objetos, e tendo como horizonte a justiça social.

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Em movimento oposto, observa-se uma reação neoconservadora à agenda de igualdade de gênero e da diversidade sexual, que se diz em "defesa da família" e "anti-gênero". A noção de "ideologia de gênero" surge então como um espantalho, uma estratégia política para servir à atuação conjunta de atores políticos conservadores e fornecer novos recursos para a mobilização popular [9].

Isto porque, para uma visão conservadora, a natureza é determinante nas aptidões e papéis de homens e mulheres, prevalecendo sobre as dinâmicas sociais. A noção de gênero desafia tal crença e desorganiza a ordem patriarcal, por exemplo, ao levantar questões como autonomia reprodutiva e direitos sexuais, que deslocam a maternidade como destino da mulher e a reprodução como finalidade da união conjugal e formação da “família tradicional”.

Na conjuntura atual, a Lei Maria da Penha (Lei 11.340/2006), que tipificou a violência doméstica, a mais conhecida forma de violência de gênero, provavelmente não teria sido aprovada como foi. A lei define violência doméstica como "qualquer ação ou omissão baseada no gênero que lhe cause morte, lesão, sofrimento físico, sexual ou psicológico e dano moral ou patrimonial" (Lei 11.340/2006 em seu artigo 5º). A evidenciação que tal legislação trouxe ao contexto, valendo-se do conceito de gênero, fez compreender que esse tipo de violência contra as mulheres se estrutura em relações íntimas de afeto e poder que vão além de agressões por parte do cônjuge, o que inclui ex-parceiros, namorados e até mesmo outros familiares.

Importa dizer que a Lei Maria da Penha é um marco legal que trouxe luz a outras modalidades de violência sofridas pelas mulheres, trazendo ao debate público o quanto isso impacta na sua participação igualitária na sociedade. No Brasil, foi essa movimentação legislativa que contribuiu para iniciar um processo de desnaturalização da violência doméstica, notadamente porque deixou de ser tratada como algo de caráter privado, no qual o Estado não deveria ter interferência. Esse processo de desnaturalização, no entanto, ainda não foi capaz de atingir efetivamente a violência política de gênero.

Nos últimos anos, houve um aumento no número de mulheres políticas na sociedade, mas essa inclusão também veio acompanhada de uma ampliação e replicação de agressões sofridas por aquelas que ousaram fazer parte dessa realidade social. Essa violência atinge mulheres de todo o espectro ideológico, e pode ser física, sexual, psicológica, econômica ou simbólica, mas tem como vítimas preferenciais aquelas mulheres atravessadas por outros tipos de opressão, como o recorte étnico-racial e de identidade de gênero.

Aqui, a identidade de gênero é termo que decorre do conceito de gênero, e pode ser compreendida como a "forma que cada pessoa se reconhece, vivencia e nomeia sua própria existência e/ou subjetividade num contexto social generificado, isto é, marcado por relações e dinâmicas de gênero" [10]. No que toca à pessoa transgênero, explica Jaqueline de Jesus [11], autora transgênera e especialista no tema, que o termo "transgênero" é utilizado para se referir às pessoas que não se identificam, em diferentes graus e de diferentes formas, com os papéis de gênero que correspondem à designação que lhes foi atribuída no nascimento pela comunidade. Desse modo, a autora define a transexualidade como uma questão de identidade e explica que uma pessoa transexual é aquela que reivindica o reconhecimento como mulher ou homem, dependendo da identidade de gênero com a qual se identifica. Em outras palavras, a transexualidade não se baseia na orientação sexual, mas sim na identificação de gênero de uma pessoa.

E a compreensão do gênero como orientador necessário da violência política contra as mulheres é tão importante que, no primeiro caso concreto relacionado à Lei nº 14.192/2021 julgado no Brasil, decidiu-se que a norma deve ser aplicada à mulher trans como vítima [12], seguindo entendimento da 6ª Turma do STJ sobre a aplicação da Lei Maria da Penha à violência contra mulher trans. A primeira decisão sobre o crime previsto no artigo 326-B do Código Eleitoral foi tomada no dia 23 de agosto de 2022 no âmbito do processo nº 0600472-46.2022.6.19.0000 pelo TRE (Tribunal Regional Eleitoral) do Rio de Janeiro, recebendo denúncia contra parlamentar que proferiu discurso transfóbico em face da vereadora Benny Briolly (PSOL-RJ) na Assembleia Legislativa.

O TRE-RJ entendeu que "não se tratou de injúria genérica, mas de agressões verbais centradas na condição de mulher transgênera e negra de Benny Briolly", evidenciada a "intenção de dificultar o exercício do mandato da vereadora trans". Citou-se como fundamento "os prismas do reconhecimento e da não discriminação, bem como à definição estatuída no Protocolo para julgamento com perspectiva de gênero editado pelo Conselho Nacional de Justiça".

Voltando aos ataques performados na Câmara dos Deputados no último 8 de março, em fala no evento "Elas querem igualdade na política" [13] realizado na Câmara no dia 14 de março de 2023, a deputada federal Erika Hilton (PSOL/SP), mulher trans, fez uma fala muito importante:

"A gente espera que nenhum ato de ódio, de violência, de preconceito, de discriminação contra qualquer grupo social passe impune dentro dessa casa, porque a impunidade do Congresso Nacional corrobora com a impunidade em toda a sociedade e não só corrobora, incentiva, legitima, legaliza, e nós não podemos mais tolerar."

A reiterada violência embutida pela certeza de que o corpo e a identidade trans — e de todas as mulheres — podem ser objetos de ditames afrontosos e intolerantes, persegue uma linha desqualificadora da convivência plural de uma Casa política. É um recurso para manutenção da política como um espaço masculino cisheteronormativo, uma ofensiva contra o movimento pela inclusão das mulheres nos espaços decisórios em sua diversidade, e uma forma de controlar a liberdade da mulher política.

Os discursos misóginos e transfóbicos proferidos por parlamentares em pleno Dia Internacional da Mulher, além de infringir o código de postura concernente à atuação decorosa exigida, são atos de violência política de gênero, e eles devem ser responsabilizados. É preciso que se solidifique o entendimento de que o discurso não é inofensivo, ele também pode ser violento e não está sempre protegido pela liberdade de expressão. Não existe liberdade no discurso que incita a discriminação do outro.

A compreensão do gênero como orientador da violência política contra as mulheres é crucial para evidenciar que discursos como os proferidos no Dia da Mulher são uma ameaça à inclusão das mulheres, em sua diversidade, nos espaços decisórios, e limitam sua autonomia na atividade política, além de poderem influenciar outras agressões ainda mais graves. A tolerância de discursos de ódio e discriminatórios em plena Casa Legislativa incentiva e legitima essas práticas em toda a sociedade.

Nesse sentido, é necessário um esforço coletivo por parlamentares para analisar como a violência contra as mulheres é tratada na Câmara, e incluir dispositivos específicos contra a Violência Política de Gênero no Regimento Interno. A proteção e garantia do exercício dos direitos das mulheres parlamentares depende da conscientização e da tomada de medidas assertivas por partes de todos os agentes públicos e políticos. O Estado não será plenamente democrático enquanto for permissivo diante da violação pública e notória de suas próprias cidadãs eleitas.

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[1] JOTA Info. O tímido avanço da representatividade dos grupos minorizados nas eleições 2022. Bianca Maria Gonçalves e Silva, Emma Roberta Palú Bueno e Bárbara Mendes Lôbo Amaral. Disponível em: https://www.jota.info/opiniao-e-analise/colunas/elas-no-jota/representatividade-das-mulheres-e-minorias-nas-eleicoes-de-2022-17112022  

[2] Ver canais de denúncia em: https://www2.camara.leg.br/a-camara/estruturaadm/secretarias/secretaria-da-mulher/violencia-politica-de-genero-a-maior-vitima-e-a-democracia

[3] Disponível em https://antrabrasil.files.wordpress.com/2021/01/dossie-trans-2021-29jan2021.pdf.

[4] BENEVIDES, Caio P; POLETTI, Enrico Martins J. Sexo Biológico. In: Dicionário Jurídico do Gênero e da Sexualidade / Marcelo Maciel Ramos, Márcia F. Ribeiro da C.Valentin, Pedro Augusto Gravatá Nicoli (orgs.). 1ª ed. Salvador, BA: Devires, 2022. P. 633-638.

[5] ÁLVARES, Maria Luzia Miranda. "A questão de gênero e a violência doméstica e sexual". AmazôniaIPAR — Revista Teológico-Pastoral, Belém-PA, p. 25-30, 2003. Disponível em http://www.ufpa.br/projetogepem/administrator/questaodegenero.pdf. Acesso em 15/03/2023.

[6] CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA. Protocolo para julgamento com perspectiva de gênero — 2021. P. 16.

[7] BEAUVOIR, Simone de. O segundo sexo. Tradução de Sérgio Milliet. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1980.

[8] TELES, Maria Amélia de Almeida. Breve história do feminismo no Brasil e outros ensaios. São Paulo: Alameda, 2018.

[9] BIROLI, Flávia; MACHADO, Maria das Dores C.; VAGGIONES, Juan Marco. Gênero, neoconservadorismo e democracia: disputas e retrocessos na América Latina. 1ª ed. São Paulo: Boitempo, 2020.

[10] BENEVIDES, Caio P. Identidade de gênero. In: Dicionário Jurídico do Gênero e da Sexualidade / Marcelo Maciel Ramos, Márcia F. Ribeiro da C.Valentin, Pedro Augusto Gravatá Nicoli (orgs.). 1ª ed. Salvador, BA: Devires, 2022. P. 473-482.

[11] Jesus, Jaqueline Gomes de. Orientações sobre identidade de gênero: conceitos e termos / Jaqueline Gomes de Jesus. Brasília, 2012.

[12] https://www.tre-rj.jus.br/comunicacao/noticias/2022/Agosto/colegiado-do-tre-rj-aceita-denuncia-contra-deputado-estadual-rodrigo-amorim

[13] Disponível em: https://www.camara.leg.br/evento-legislativo/67213

 
 
 
Lafa
@UltraLafa
Lembrei daquele turismo sexual maroto que Mamãe Falei fez em zona de guerra. 
 
 
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29
Mar23

Moro quer escolher o juízo para julgá-lo

Talis Andrade

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Moro quer afastar Eduardo Appio, crítico dos métodos adotados na Lava Jato.  Gilmar Mendes ao falar de Sergio Moro: ‘Os combatentes de corrução gostam muito de dinheiro’

 

por Marcelo Auler

Ao abrir mão do foro privilegiado no Supremo Tribunal Federal (STF) no caso da denúncia feita pelo advogado Tacla Duran que alegou perante o juiz da 13ª Vara Federal de Curitiba, Eduardo Appio, ter sofrido uma extorsão, em 2017, no âmbito da Operação Lava Jato, o atual senador e ex-juiz Sérgio Moro (UB-PR) pode estar simplesmente querendo escolher o juízo em que essa acusação será julgada.

Na última segunda-feira (27/03), em audiência diante de Appio, Duran confirmou a denúncia que faz desde 2017 sobre a tentativa de extorsão de que foi vítima por parte de amigo do então juiz Moro. Em troca do pagamento de US$ 5 milhões, lhe prometiam facilidades na Ação Penal que respondia na Operação Lava Jato, na qual foi acusado por lavagem de dinheiro da Construtora Odebrecht.

A tentativa de extorsão, segundo ele, partiu do advogado Carlos Zucolloto Junior, que foi sócio da mulher do ex-juiz, Rosângela Moro — hoje deputada federal – e padrinho de casamento dos dois.

Appio – que hoje responde pela Vara que Moro comandou antes de ser ministro da Justiça de Jair Bolsonaro – ao tomar conhecimento do possível envolvimento do hoje senador Moro (UB-PR) e também do ex-procurador da República, Deltan Dallagnol, atualmente deputado federal pelo Podemos-PR, remeteu as acusações para apreciação do ministro Ricardo Lewandowski, do Supremo Tribunal Federal. O ministro já relata processos ligados à mesma causa. No entendimento do novo titular da 13ª Vara Federal de Curitiba prevalece o foro privilegiado dos parlamentares federais.

 

"É hora de começar a falar dos crimes que Sergio Moro cometeu", diz Fernando Fernandes

O advogado e cientista político Fernando Fernandes comenta a relevância do depoimento de Tacla Duran, que foi advogado da Odebrecht durante o ápice da Lava Jato e que afirma ter provas contra Sergio Moro. Para Fernando Fernandes, Moro é um sujeito que “não presta” do ponto de vista jurídico.

Senador Fabiano Contarato dá aula e detona Sergio Moro

 

 

 

 

 

 

 

 

 

07
Nov22

'Desova' de Bolsonaro já vai ao ridículo

Talis Andrade

 

Por Fernando Brito


Rei morto, rei posto, ensina o ditado popular.

Mas convém que os funerais da ex-majestade tenham certo decoro.

A descrição que faz Mônica Bergamo dos planos de aliados para dar “dignidade” ao afastamento de Jair Bolsonaro do cenário político, porém, dá ideia do quanto é ridícula a tentativa de convencê-lo a retirar-se da cena política e não atrapalhar os negócios da política:

O plano é convencê-lo a se transformar numa espécie de “Fernando Henrique Cardoso da direita”, ou “um estadista” que tem prestígio e o poder de influenciar a escolha de candidatos de seu campo político – mas sem entrar na disputa eleitoral. A diferença é que Bolsonaro é hoje muito mais popular do que FHC era quando deixou o governo, em 2002.

Convenhamos que, até para com Fernando Henrique Cardoso, a comparação é injusta. Podia ter ficado impopular após seu governo, mas não muito mais do que Bolsonaro estava antes de derramar os cofres da União para tentar vencer as eleições e, sobretudo, não saiu com contas a acertar em delegacias de polícia.

Como é também ridícula a ideia de que, desde já, Tarcísio de Freitas, por conta da eleição ao governo de São Paulo, tem vaga cativa como novo líder da direita.

Está aí, recente e fresquinho, o exemplo de João Doria, que não fez um governo desastroso e indubitavelmente lavrou um tento nacional com a vacina da Covid e, não obstante, chegou ao processo eleitoral como um cadáver prematuro.

Bolsonaro é – e Tarcísio pode ser também – bom exemplo de que só dinheiro não faz bons candidatos.

O que a política reserva, agora, é o quanto Bolsonaro se moverá – e com que agentes – na oposição a Lula coisa que, tirando o núcleo duro do bolsonarismo, nem a direita quer fazer imediata e abertamente.

Lula manobra com isso, honrando os sinais de que fará um governo que, embora com a natureza social à frente, não vai deixar espaços para perder o centro e a centro direita, como agora há pouco, segundo o Estadão, ao convidar Persio Arida e André Lara presente para a área econômica do governo de transição.
 

[Bolsonaro pede a manifestantes que desobstruam rodovias, mas apareceu hoje em uma barricada de pneus queimados. Ele que já deu um rombo de 400 bilhões, pretende continuar na mamata desenfreada, ele e os filhos 01 senador, 02 vereador geral, 03 deputado federal, 04 lobista.
 
Bolsonaro perdeu feio - gastou um bilionário orçamento secreto, comprando currais eleitorais de prefeitos, governadores e parlamentares, e outros bilhões em uma pec das bondades, e Lula foi eleito nos dois turnos, com o voto livre, democrático e soberano do povo em geral. 
 
"Bolsonaro é bom exemplo de que só dinheiro não faz bons candidatos", escreveu Fernando Brito. 
 
Bolsonaro nazista, da extrema direita, ameaça um golpe com forças fascistas tão imaginárias quanto o comunismo. 
 
A maioria dos brasileiros e os países e governos representados na ONU, na Otan, no Brics esperam por Lula líder mundial. T.A.]
 

13
Out22

Mulheres denunciam “loucura” de Damares como método: crucifixo na vagina a serviço do fascismo

Talis Andrade

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Transcreve 247: A ministra Damares Alves quebrou o silêncio e produziu mais uma coletânea de frases risíveis. O perfil "Partido Jairmearrependi" tuitou: "Saindo de sua pausa na carreira, Damares volta a falar besteira ao afirmar que nenhum jovem de direita lhe ofereceu cigarro de maconha e nenhuma meninA enfiou crucifixo na vagina. A ênfase no menina nos fez concluir que os meninOs tiveram a ousadia."

[Nas estórias de sexo de Damares, as personas sempre são meninas, inclusive bebês]

 

Damares Alves fala de relações sexuais com crianças diante de público infantil

Damares Alves (Republicanos) disse em uma Assembleia de Deus em Goiânia, que o atual governo resgatou crianças vitimas de trafico humano

 

por Jamildo Melo/Jornal do Commercio

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A ex-ministra do governo Bolsonaro e senadora eleita pelo Distrito Federal, Damares Alves (Republicanos), disse em uma Assembleia de Deus em Goiânia, que o atual governo supostamente resgatou crianças vitimas de trafico humano.

Damares detalhou o caso, afirmando ter imagens que comprovam o estado em que as crianças chegavam do resgate. "Nós temos imagens de crianças de 4 anos, 3 anos que, quando cruzam as fronteiras, tem seus dentes arrancados para não morderem na hora do sexo oral. (...) Nós descobrimos que essas crianças comem comida pastosa para o intestino ficar livre para a hora do sexo anal", disse.

A plateia para qual a ex-ministra falou estava repleta de crianças. 

A deputada estadual, Elika Takimoto (PT-RJ), criticou através de suas redes sociais a ação de Damares Alves, afirmando que a atitude da senadora eleita se configura como crime. 

Damares que é CONTRA educação sexual em escolas falou em um (aparente) culto que são arrancados dentes de crianças para elas fazerem sexo oral sem morder e que criança é obrigada a comer comida pastosa para fazer sexo anal. Tinha CRIANÇAS na plateia. Isso é crime, senadora!

[Por falar em tráfico humano, Damares foi acusada de sequestrar uma criança indígena, de 6 anos, coincidentemente para tratar dos dentes. Esta criança, hoje adulta, jamais foi adotada por Damares. 

As relações de Damares com essa indígena deveriam ser investigadas sim. É uma "filha de criação" escrava doméstica? ]

 

Deputada defende Damares, ataca Xuxa e relembra filme polêmico

Após oferecer aos seguidores versão completa de filme da década de 1980 gravado por Xuxa, deputada distrital Júlia Lucy apagou comentário

Mulher segura microfone com a mão direita

 
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A deputada distrital Júlia Lucy (União Brasil) usou o perfil pessoal do Instagram, nessa quarta-feira (12/10), para criticar a apresentadora Xuxa Meneghel. Por meio de um abaixo-assinado, a apresentadora pede a cassação de Damares Alves (Republicanos), ex-ministra de Jair Bolsonaro (PL) e recém-eleita senadora pelo Distrito Federal.
 

Na publicação, a deputada recorda um filme gravado por Xuxa na década de 1980. No longa-metragem, em que interpreta uma prostituta de 16 anos, a apresentadora aparece em uma cena de nudez com um ator de 12 anos. À época, Xuxa tinha 18.

“Agora, a ‘rainha dos baixinhos’ tenta criar uma onda contra a nossa senadora Damares Alves porque se pronunciou quanto ao abuso sexual das crianças da Ilha de Marajó. Faz sentido pra vc?”, questiona a deputada distrital, que incluiu a hashtag “xuxahipocrita” no post.

Em seguida, Júlia Lucy escreveu que poderia compartilhar a íntegra do vídeo com quem enviasse mensagens a ela no privado. No entanto, usuários do Instagram criticaram a postura da deputada. “@julialucydf armazenar e compartilhar conteúdo pornográfico é crime”, escreveu uma seguidora. “Estou sem acreditar”, comentou outra pessoa.

Após a repercussão, a parlamentar excluiu o comentário da publicação. Questionada pelo Metrópoles sobre o caso, Júlia Lucy afirmou que “pensando em evitar a propagação desse tipo de conteúdo”, decidiu apagar a mensagem “para não incentivar essa prática nefasta”.

Veja a publicação:A deputada distrital Júlia Lucy posta frame de filme estrelado por Xuxa,

 

[Julia Lucy exagera ao classificar o filme de pornô. Eu assisti o filme no lançamento e não fiquei com tesão. Parece que o filme deixa Lucy excitada para ela guardar. O filme é de 1982. 

A masturbação com crucifíxo é cena de outro filme que deve ter tocado a libido de Damares]

 

Mulheres denunciam “loucura” de Damares como método: crucifixo na vagina a serviço do fascismo

Paradise: Faith

 

Comentários publicados pelo Vio Mundo

Damares é uma atormentada pelo q sofreu, tem alucinações, persegue, oprime, estigmatiza, delira; nos exemplos q dá, as fantasias eróticas, sádicas e cruéis pontificam, c/o uma orgia de suplícios sexo-religiosos só concebidos por uma mente insana. Marcia Denser, escritora, no twitter.

Eu na minha vida JAMAIS soube de uma menina enfiando um crucifixo na vagina. As fantasias sexuais da ministra Damares são porcas demais. Eu não deixaria uma filha minha perto dessa gente. Cynara Menezes, jornalista.

O discurso de Damares Alves é um astucioso exemplo de tecnologia política que usa “sexo” como fator de mistificação. Na perversa Sexologia Política do choque, sexo é arma. Sexo passou a ser tecnologia do poder obscurantista contra o Gênero como fator de esclarecimento. Marcia Tiburi, filósofa.

Damares não é louca muito pelo contrario. É uma mulher extremamente fria, perigosa , capaz de qualquer coisa para alcançar seus objetivos.
Usa a fé das pessoas para convencê-las de suas ideias conservadores e sem ética. Uma sociopata. Biazita Gomes, professora de Filosofia.

Damares Alves: “Estou há quase 24 horas com este público, a maioria jovem, e ninguém me ofereceu um cigarro de maconha e nenhuma menina enfiou um crucifixo na vagina”, ela só esqueceu que essa galera não curte maconha por preferir cocaína, a parte do crucifixo é loucura mesmo. Patrícia Lélis.

A tensão sexual é um dos pilares de uma técnica para obter e manter poder chamada fascismo. Ao dizer que a esquerda introduz crucifixos em vaginas, Damares ensina seu público a temer e a odiar o “outro lado”. Meteoro BR.

 

Cena de masturbação com crucifixo causou escândalo no Festival de VenezaParadise: Faith (2012) - IMDb

 

Por Thiago Dearo 

A comunidade católica está indignada com uma cena do filme do irreverente cineasta Ulrich Seidl, “Paradise: Faith”, apresentado no 69 edição do Festival Internacional de Cinema de Veneza.

O escândalo no Festival de Veneza veio três dias após a exibição do filme “Paradise: Faith” (‘ Paraíso: Fé ‘) de Ulrich Seidl, um filme que concorre pelo Leão de Ouro, juntamente com 17 outros filmes.

A cena em que Anna Maria, uma devota católica, chega a se masturbar com um crucifixo, que  ela pega na parede de seu quarto, o carícias, beija com grande intensidade , até que finalmente ela se masturba com o objeto sagrado, já foi qualificado como um dos mais provocantes do cinema contemporâneo.

“A protagonista não entende que a adoração cega por Cristo torna-se um ser desumano, incapaz de sentir amor e comunicar a virtude mais importante cristã: amar o próximo”, disse o diretor.

O filme conta a história de uma mulher totalmente dedicada ao catolicismo, que decide ir de porta em porta em toda Veneza para tentar convencer as pessoas a aderir cristianismo.

A Película de Seidl, segundo os especialistas em cinema, denuncia com uma linguagem irônica o fanatismo religioso, no entanto para alguns católicos, é uma ofensa gratuita contra a comunidade religiosa na Itália, que é um dos países mais católicos do mundo.

O advogado Pietro Guerini, que dirige uma associação de radical católica na Itália, entrou com uma ação contra o diretor do filme, Seidl, a atriz Maria Hofstätter e contra os seus produtores e organizadores da edição 69 do Festival de Cinema de Veneza.

Todos eles “por meio de uma manifestação de uma das cenas blasfemas e ultrajante”, que violou os artigos 403 e 404 do Código Penal da Republica Italiana (“crimes a uma confissão religiosa por degrinir as pessoas e através do desprezo”), diz a ação judicial.

Enquanto isso, Seidl afirmou que não vai pedir desculpas aos católicos. “Eu não tenho nenhuma razão para pedir perdão. Ao invés disso, eu estou feliz. Se por alguma cena mostrada no meu filme é um tabu, isso não significa que não tenho o direito de incluir esta cena no filme”, disse o diretor do polêmico filme, em entrevista, publicada na terça-feira ao jornal ‘The Hollywood Reporter’.

 

Filme com cena de masturbação com crucifixo causa polêmica em Veneza

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O irreverente filme do austríaco Ulrich Seidl, "Paradise faith", que compete pelo Leão de Ouro na Mostra de Veneza, junto com outros 17 filmes, escandalizou nesta sexta-feira (31) com uma cena de sexo com um crucifixo.

"Faith provoca escândalo", afirma o jornal italiano "Coriere della Sera" ao resenhar o filme decididamente anticlerical, protagonizado por uma fervorosa católica que se flagela, usa o cilício, caminha pela casa de joelhos, impreca os pecadores e chega a se masturbar com um crucifixo.

A cena, na qual a católica Anna Maria, uma auxiliar de raio-x, lentamente tira o crucifixo da parede de seu quarto, o acaricia, o beija, torna a beijá-lo cada vez mais intensamente, até que finalmente se masturba com ele sob as cobertas, é certamente uma das mais impressionantes do cinema contemporâneo.

O filme, uma história de excessos místicos na qual inclusive a fotografia do papa Bento XVI é difamada, arrancou risos e foi aplaudido durante a primeira projeção à imprensa especializada e provavelmente gerará reações na Itália, um dos países mais católicos do planeta, e no Vaticano.

Para Anna Maria, o caminho que a levará ao paraíso reside em Jesus, e por isso decide percorrer toda a cidade de Viena com uma imagem da Virgem Maria de cerca de quarenta centímetros nas mãos batendo de porta em porta para convencer as pessoas a se unirem ao cristianismo.

O retorno inesperado após anos de ausência de seu marido, um muçulmano egípcio prostrado em uma cadeira de rodas, termina por reforçar sua fé. "A protagonista não entende que a adoração cega pro Cristo a converte em um ser inumano, incapaz de sentir amor e de comunicar a mais importante virtude cristã: amar ao próximo", comentou o diretor.

O filme, que faz parte da trilogia Paradise (os outros dois são "Paradise: love" e "Paradise: hope"), do diretor Seidl, produzido por França, Áustria e Alemanha, denuncia com uma linguagem irônica o fanatismo religioso.

"Somos as tropas de assalto da Igreja" é o lema da comunidade religiosa a qual a protagonista pertence, que encarna a paixão tanto espiritual quanto carnal por Cristo.

O diretor, renomado documentarista, premiado em 2001 em Veneza por seu primeiro longa-metragem "Hundstage", disse ter se inspirado nas peregrinações religiosas para convencer adeptos. "Ela é uma mulher decepcionada com o amor, com os homens e frustrada sexualmente. Sente um vazio interior", explicou.

10
Out22

Damares Alves ministra escondeu a prostituição infantil

Talis Andrade

Cartaz contra a Pedofilia | Portfolio

Brasília uma cidade enferma. Elegeu uma mentirosa, sexualmente doente. Temas preferidos de seus discursos: estupro, incesto, práticas sexuais com crianças e adolescentes. Ministra dos Direitos Humanos, da Família, da Mulher, da Criança, do Adolescente, Damares Alves nada fez.

Veja neste post reportagem: Vítimas de exploração sexual, crianças com a infância negada falam com Cabrini. As fantasias eróticas de Damares escondem a brutal realidade: o Brasil possui 500 mil crianças prostitutas infantis.

Seus brinquedos são substituídos por drogas e armas. A fantasia dá lugar a um mundo de crimes e violência, onde a infância é negada. Vítimas de exploração sexual, crianças revelam uma realidade obscura no Brasil. De grandes metrópoles, ao litoral do Nordeste e estradas do país. Inclusive a presença de estrangeiros, atraídos pelo turismo sexual, a promessa de sexo fácil e impunidade. 

A danação é que Damares esquece que as crianças e adolescentes são vítimas, são escravas sexuais. 

Os cafetões, os proprietários de prostíbulos oferecem drogas para entorpecer o corpo das crianças, a dor das penetrações na estreita vagina e dos sangramentos no ânus.

Para Damares: “Tem abuso que é prazeroso para a criança porque o pedófilo sabe como tocar. O abusador sabe onde tocar, e às vezes desperta prazer. O nosso corpo foi feito para o prazer". 

Damares tem uma mente doentia

cynara menezes
@cynaramenezes
ela inventa um monte de sujeira que só pode sair de uma mente doentia. metade dos vídeos desse post onde denunciei as perversões de damares em 2019 eles já tiraram do ar
Damares conseguiu superar os grandes clássicos da literatura erótica em termos de perversões. Em menos de dois meses, o catálogo da ministra já reúne as mais doentias teorias sobre sexo já vistas. De onde é que eles tiram estas coisas? Freud explica. Leia mais aqui
Ricardo Caco Garcia Oliveira
"Tem que ser investigada": Damares é cobrada por omissão em suposto caso de "crianças que têm dentes arrancados para sexo oral"
Solange LulaLulaa Sem medo de ser feliz! Lu
@SolangeFerrer
alo @STF_oficial @gilmarmendes @alexandre isso é muito serio voces precisam tomar conhecimento do esta mulher fala, se for verdade precisa ser apurado e se for mentira ela precisa ser punida por isso, é muito serio, isso causa terror
 

Acontece na terra do presidente da Câmara dos Deputador, Arthur Lira, que indicou mais de 300 milhões do orçamento secreto:
 

 

14
Ago22

Quem mente mais Bolsonaro ou Damares?

Talis Andrade

Marcelo Freixo on Twitter: "Mentiroso! Charge do @MarioACharges  https://t.co/3nBX4MfNAn" / Twitter

A mentira tem vida curta - Frase para FacebookBolsonaro: a mentira no poder como arma política e modo de vida - Davis  Sena Filho - Brasil 247

Provérbios 12:22 - BíbliaSorriso Pensante-Ivan Cabral - charges e cartuns: Charge: Faminto  men-ti-ro-so

Crack no governo Lula: assista ao vídeo absurdo da pastora Damares Alves |  VEJA

A ex-ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos Damares Alves postou um vídeo nas redes sociais onde afirma que o governo Lula incentivava o uso de drogas, inclusive crack entre os jovens. Ela se refere à Cartilha sobre redução de danos do Ministério de Saúde. Ela disse que o manual ensina jovens a fazerem o uso das substâncias lícitas e ilícitas. A jornalista Marilu Cabañas conversou com Dirceu Greco, médico infectologista, doutor em Medicina Tropical, professor emérito na Universidade Federal de Minas Gerais, especialista em Imunologia Clínica pela Universidade Estadual de Nova York (Buffalo) e pela Universidade de Londres e vice-coordenador do Comitê Internacional de Bioética da Unesco, em Paris. Veja o vídeo.

www.brasil247.com - { imgCaption }}Internautas se revoltam com nova fake news de Damares e pedem sua cassação  - O CORRESPONDENTE

Pin em Versículos bíblicos

1,193 curtidas, 24 comentários - BC Crew (@rotebc) no Instagram: “Passado  recente #chargespoliticas #charges #charge #desenho #forabols… | Instagram,  Sem graça, 124 Versículos da Bíblia sobre Mentir - DailyVerses.netPin em JESUS...Damares Alves | Facebook

No Brocou na Internet com Cynara Menezes: como em 2018, Damares Alves começa a criar narrativas mentirosas nas redes e plataformas nada fazem; youtuber Felipe Neto chama a ex-ministra de "mentirosa" e a desafia a provar o que diz ou processá-lo; teocracia: Michelle fala em "demônios" no palácio; os fujões do primeiro debate aos governos; Bolsonaro mente no flow. Assista e comente!

Twitter 上的 Humor Político:"Ele vai cair por PXeira #JairBolsonaro  #Bolsonaro #BolsonaroFAKE #BolsonaroMentiroso #campanhadementiras #charge  #empresarios #escândalofakenews #escândalowhatsapp #fake #FakeNews  #propagandomentiras #mentiroso #terror ...

 

26
Jul22

Delegado da PF:  Carla Zambelli “marginal e bandida”

Talis Andrade

dragas para o garimpo ilegal. quem financia?.jpeg

Degradando o rio, dragando ouro

 

Ex-superintendente no Amazonas, Alexandre Saraiva afirmou que a deputada integra lista de parlamentares que apoiam ilegalidades na região

 

 
 
O delegado Alexandre Saraiva, da Polícia Federal (PF), ecoou, nesta segunda-feira (25/7), uma hashtag com pedido de prisão contra a deputada federal Carla Zambelli (PL-SP). O assunto é um dos comentários registrados pelo Twitter.
 

A declaração ocorre após a congressista ter ameaçado o policial sobre um possível processo judicial por ter sido incluída na lista de parlamentares que ele considera “bandidos” e “marginais” por apoiarem, segundo ele, atividades ilegais na Amazônia. Ex-superintendente da PF na região, Saraiva deu declaração, em junho, durante entrevista à GloboNews.

“Se a Carla Zambelli me processar vou colocar este fato no meu currículo Lattes, algo como: ‘Processado por Carla Zambelli por chamá-la, em programa de grande audiência, de marginal e bandida.’ O que vocês acham? #zambellinacadeia”, provocou.

Em Roraima, Amapá, Pará e Mato Grosso, garimpeiros não ficaram de quarentena e lançaram-se em nova corrida pelo ouro. Uma corrida que nunca termina. "Estas pessoas  transformarem nos transmissores do coronavírus para os 180 povos que há milênios vivem na Amazônia", diz Danicley de Aguiar. Contaminam as pessoas e os rios. Os rios com mercúrio.
 
A presença de milicianos ligados ao garimpo ilegal e o contrabando de riquezas já deveriam ser sinal de alerta para ação rápida de fiscalização. Não é o que se vê. Apenas 20% do ouro extraído vem da mineração legal.
 
Sem poder contar com fiscalização contra o desmatamento, garimpo ilegal e contrabando de riquezas, indígenas têm pedido um plano de emergência para proteger povos da floresta.
 
Pedem ESVAZIAMENTO DOS GARIMPOS com urgência. De setembro do ano passado até março deste ano de 2020, são mais de 16 mil alertas de desmatamento registrados pelo INPE.
 
Saiba mais:
"Indígenas na Amazônia denunciam aumento de garimpo ilegal durante pandemia" - Deutsche Welle Brasil, 01/04/2020: https://p.dw.com/p/3aJbh
"Grileiros, madeireiros e garimpeiros não fazem home office" - UOL, 31/03/2020: https://bit.ly/2xM906B
"Sem esperar governo, indígenas fecham estradas e expulsam garimpeiros contra coronavírus" - Folha de São Paulo, 03/04/2020:
"O que há no projeto que libera a exploração de terras indígenas", NEXO, 08/02/2020: https://bit.ly/39DxlZh
Fonte: Árvore, Ser Tecnológico
 
Nenhuma descrição de foto disponível.
23
Jul22

Sim, Jéssica, é isso que há…

Talis Andrade

 

por Fernando Brito

 

Tirar a vida de moradores – ou quem estiver só de passagem – de comunidades é, segundo o discurso oficial, um “dano colateral” ou o “custo da operação”, como disse o porta-voz da Polícia Militar do Rio de Janeiro, do que cinicamente chamam de “guerra às drogas”.

Não existe uma guerra às drogas, do contrário, depois de décadas sendo travada, algum dos lados tivesse sido destruído ou, ao menos, estivesse encurralado ao ponto de quase desaparecer.

O que há é um pacto de conveniência entre o tráfico e o aparato policial, lucrativo para ambos, pois gera uma montanha de lucros, de onde vertem vantagens diretas (a corrupção policial) e indiretas (o fantástico mercado de venda de segurança privada, igualmente controlado por policiais e por militares, nem sempre da reserva).

Não quer dizer, é claro, que estejam todos policiais envolvidos numa ou noutra: muitos são honestos e vivem com limitações e sob perigo sempre grande e até ampliado pela perda de respeito que a promiscuidade com o crime gera em relação à polícia.

Mas há uma simbiose que vai além destas cumplicidades: o empoderamento dos grupos criminosos é o empoderamento das organizações policiais e vice-versa, porque transforma a polícia em tropa (mais policiais, mais oficiais, mais delegados e agentes) e os grupos criminosos, necessariamente, em estruturas maiores, com necessidades crescentes de territórios (até para repor os que perderam para milícias parapoliciais), de poderio bélico e em quantidades de “efetivos”, transformando o recrutamento de jovens nas comunidades em algo quase imperioso, para fazer frente a polícia, à milícia ou a facções rivais.

Pretender romper esta equação macabra é quase o mesmo que se tornar um maldito. Um “defensor de bandidos” ou de traficantes, nas acusações que comunicadores (e jornalistas, vários) ajudam a manter à espera que o espalhafato e a “dureza com os marginais” pode lhes trazer.

Foto: Reprodução

Letícia Marinho de Salles

 

Hoje, Jéssica, uma das filhas da senhora Letícia Marinho de Salles, que foi assassinada, indefesa, num automóvel parado numa sinal de trânsito, próximo ao Alemão, chorou a sua dor:

“Um policial vem e atira na minha mãe dessa forma? O que a minha mãe fez com ele? Ela levantou uma arma para matar ele? O que tinha na cabeça aquele homem? A única coisa que eu cobro do governador Claudio Castro é justiça. Porque nada vai trazer minha mãe de volta. Nada do que o estado fizer vai trazer minha mãe de volta. O Estado foi extremamente negligente”.

“Minha mãe era uma pessoa que só se prestava a ajudar. Eles acham que todo mundo que mora na comunidade é marginal. A gente não mora ali porque a gente gosta, a gente mora ali porque não dá pra pagar IPTU, IPVA, aluguel e as outras contas. É isso que o governador tem pra gente? Eu quero saber os responsáveis. Eu cobro do governador Cláudio Castro, o que ele vai fazer?”

O Estado não foi negligente, Jéssica. Foi perverso, porque só agiu assim por covardia e não o teria feito numa área nobre da cidade.

Você perguntou se é isso que o governador tem para gente como ela, você e milhões de brasileiros de vida modesta. Sim, é isso, ele, o presidente que debochou da solidariedade a todos os outros que morreram e dos que ainda vão morrer neste pacto entre anormais entre o poder e o crime, que a ambos dá mando e lucros.

Nada, porém, que consiga consolar seu coração de filha nem dobrar a sua consciência de dignidade.

18
Jul22

TSE e agências de checagens já desmentiram boatos reproduzidos por Bolsonaro a embaixadores

Talis Andrade

Image

Reinaldo Azevedo: Bolsonaro avisou "que algo vai acontecer". Lenio Luiz Streck: "Até quando vão alimentar o crocodilo?"

 

Em encontro com embaixadores e representantes de 40 países nesta segunda-feira, o presidente Jair Bolsonaro (PL) compartilhou uma série de afirmações falsas sobre o processo eleitoral brasileiro. Narrativas foram desmentidas pelo TSE, jornalistas e agências de checagem ao longo dos últimos anos.
Lenio Luiz Streck
Da série “As Instituições funcionam”! Bolsonaro ataca o STF e o TSE diante de embaixadores. Esses ataques de hoje deveriam ensejar reação do PGR e do parlamento. Da mídia. E da mãe do Badanha. E do povo. Até quando vão alimentar o crocodilo pensando que serão comidos por último?
cynara menezes
@cynaramenezes
como bolsonaro se vê/ como os embaixadores o vêem
Image
Reinaldo Azevedo
Num palanque evangélico ilegal Bolsonaro avisou que algo vai acontecer e que vai tomar uma decisão. Até quando o presidente vai ameaçar as instituições?

Jornal O Globo
Bolsonaro usa reunião com embaixadores para fazer novos ataques sem provas às urnas eletrônicas e ao TSE.
 
Escreveram Mateus Rodrigues, Pedro Henrique Gomes e Luiz Felipe Barbiéri: 

Pré-candidato à reeleição, o presidente Jair Bolsonaro usou nesta segunda-feira (18) o Palácio da Alvorada e a estrutura do governo a fim de organizar uma apresentação para embaixadores de vários países na qual repetiu suspeitas já desmentidas por órgãos oficiais sobre as eleições de 2018 e a segurança das urnas eletrônicas. Ele também aproveitou o evento para atacar o adversário Luiz Inácio Lula da Silva (PT), pré-candidato à Presidência e primeiro colocado em todas as pesquisas de intenção de voto, e os ministros Edson Fachin (presidente do Tribunal Superior Eleitoral), Luís Roberto Barroso e Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).

O presidente também voltou a citar, na apresentação aos embaixadores convidados, a tese de que o voto impresso seria mais seguro que as urnas eletrônicas -- utilizadas desde 1996 sem qualquer caso confirmado de fraude ou adulteração.

O STF já decidiu de forma provisória em 2018 e confirmou por unanimidade, em decisão de 2020, que a proposta de voto impresso é inconstitucional. Em 2021, a Câmara rejeitou e arquivou uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que previa a incorporação do voto impresso em eleições, plebiscitos e referendos.

Bolsonaro disse também acreditar que as eleições municipais de 2020 não poderiam ter sido realizadas – o que teria sido uma ruptura institucional grave.

Ele deu ainda outras informações falsas aos embaixadores presentes à reunião, entre as quais a de que somente dois países em todo o mundo usavam urnas eletrônicas. Dados do Instituto Internacional para a Democracia e a Assistência Social (Idea Internacional) indicam que, já em 2015, 23 países usavam urnas eletrônicas para eleições gerais – e outros 18, em pleitos regionais. A informação já foi esclarecida publicamente pelo próprio TSE e pelo Fato ou Fake, do grupo Globo.

Cleber Lourenço
@ocolunista_
Momento em que Bolsonaro encerra o vexame das mentiras com os embaixadores esperando aplausos e não é aplaudido. QUE VERGONHA!Image
02
Jul22

Carol Benjamin abrindo a Caixa Preta da Ditadura

Talis Andrade

 

 

“Dizer a palavra não é um ato verdadeiro se isso não está ao mesmo tempo associado ao direito de auto expressão e de expressão do mundo, de criar e recriar, de decidir e escolher e, finalmente, participar do processo histórico da sociedade. Na cultura do silêncio as massas são ‘mudas’, isto é, elas são proibidas de criativamente tomar parte na transformação da sociedade e, portanto, proibidas de ser.” 

 Paulo Freire, Ação Cultural para a Liberdade, 1970

 

 

A saga de três gerações da família Benjamin, atravessada pela Ditadura Militar, é o foco de “Fico Te Devendo Uma Carta Sobre o Brasil” (Daza Filmes, 2019, 88min), de Carol Benjamin. Em sua estréia como diretora de um longa-metragem documental, Carol “investiga a persistência do silêncio como ferramenta de apagamento da memória”, como sintetiza a sinopse oficial. 

cultura do silenciamento asfixia a democracia, ensinou Paulo Freire, proibindo as massas de ser. Já a produção cinematográfica brasileira mais relevante de nossa época é aquela que rasga as mordaças, afronta a História Oficial escrita pelos opressores, e vai abrindo caminhos para a autêntica participação social.

Uma das histórias que estão no âmago do documentário é a prisão ilegal do pai de Carol, César Benjamin (click e acessa os artigos dele publicados pela Ed. Contraponto): aos 17 anos de idade, ele tornou-se preso político da Ditadura empresarial-militar instalada no país com o Golpe de 64. Aprisionado em Agosto de 1971, ficou 3 anos e meio em uma cela solitária. Depois, mais 2 anos em prisão comum. 

Por pressão da Anistia Internacional, que o declarou o “Preso Político do Ano” em 1975, César consegue ser deportado para a Suécia em 1976, indo ao encontro de seu irmão mais velho, Cid Benjamin, que também havia sido preso político da ditadura e já morava à época em Estocolmo.  

A avó de Carol e mãe de César, Iramaya Benjamin, também manifesta-se como figura histórica de relevância: o filme a celebra em sua infatigável luta em prol da anistia ampla, geral e irrestrita para os perseguidos pelo terrorismo de Estado. 

 

 

Na crítica publicada pela Revista Cult, destaca-se que “o prisma que Carol procura mover e contar é o das cartas trocadas entre Iramaya e Marianne Eyre, membra da Anistia Internacional em Estocolmo, na Suécia, onde César se exilou quando saiu da prisão até a anistia falseada de João Batista Figueiredo (em 1979), quando pôde retornar ao Brasil.” (Por Manoel Ricardo de Lima, Out. 2020)

Carol Benjamin vai em uma jornada de reconstrução de uma história que não é só familiar, é coletiva. Para tal fim precisa ir até a Suécia, pesquisar nos arquivos da Anistia Internacional de Estocolmo, em busca de pistas que lhe permitam compreender melhor os destinos de seu pai, seu tio e sua avó, realizando um belíssimo filme “composto de muitos falares e alguns silenciares” (como escreveu Carlos Alberto Matos). 

Deste modo, este filme-ensaio se alça à dimensão de uma reflexão poética e filosófica sobre a memória (individual e coletiva, entretecidas). É uma obra audiovisual de sabor um tanto Proustiana, um Em Busca do Tempo Perdido que se passa nos anos-de-chumbo: Carol quer capturar os rastros e vestígios que o regime militar quis rasgar, entregar para as novas gerações as caixas pretas já todas arrombadas, disponíveis para que possamos dar vazão às verdades que os opressores de ontem e hoje desejam mudas e mortas.

Para juntar os cacos e construir com eles seu caleidoscópio fílmico, Carol precisa afrontar o silêncio, tanto aquele imposto pelo regime autoritário e opressor (que deseja massas mudas e esforça-se por extinguir a efetiva participação popular no poder) quanto o calar-se que acomete os traumatizados. Protagonista de seu próprio filme, Carol Benjamin se coloca na postura audaciosa de quem quer abrir uma série de caixas pretas e, como Audre Lorde, quer afirmar que não é o silêncio que vai nos proteger. 

Assim como fez Petra Costa em Democracia e Vertigem, Carol não tem pudores de narrar em primeira pessoa do singular uma saga familiar que ela sabe ser de importância coletiva. Os silêncios familiares que ela vivencia, sem saber explicar ao certo, instigam-na a decifrar o mistério num mergulho imersivo na Psiquê dos presos políticos da ditadura. Explora assim, com evocações de Fernando Pessoa e planos sombrios, em que as grades confinantes na tela convivem com uma voz em off que busca dar carnalidade à vivência do encarcerado.

Uma hipótese desponta: aqueles que foram torturados, maltratados, postos no pau-de-arara, expostos às mais horrendas formas de degradação humana, acabaram saindo do confinamento torturante imposto pela ditadura com uma atitude de trancamento em sua subjetividade, uma atitude que se manifesta por sintomas de afasia, uma dificuldade tremenda para expressar as vivências de sofrimento indizível impostos pelo aparato ditatorial de repressão. 

Para além dos esforços hercúleos que o preso precisa realizar para manter a sanidade mental e não surtar, há a crônica dos interesses intelectuais do jovem César Benjamin, de seu devir-filósofo, de sua avidez pelo estudo. Detrás das grades, além de testemunhar a vida cotidiana das lagartixas e das aranhas que lhe acompanham na cela solitária, Benjamin traduz textos (como fez Lênin) e vai tornando-se  algo semelhante a um Gramsci brasileiro. Tentaram prendê-lo para calá-lo, mas não sabiam que sua mente se recusaria à servidão, que seria sempre curiosa, crítica, criativa. Apesar de sua situação kafkiana, preso sem ter sido processado, engulido por um cárcere ilegal e escandaloso.

Em um dos momentos de alívio cômico do filme, Iramaya relata que tentava levar livros para o filho no cárcere, mas quase todos eram proibidos. Os milicos não deixavam entrar nem mesmo O Pequeno Príncipe, nem mesmo obras sobre os filósofos pré-socráticos. Com uma ginga malandra digna de Garrincha, Iramaya um dia convenceu os carcereiros do filho a entregarem a ele uma obra de Althusser que fazia a análise crítica do marxismo. Aí passou…

Iramaya, no filme, é alçada a um status de heroína cívica brasileira, em um processo através do qual Carol Benjamin age de maneira Górkiana, revelando o devir de uma mulher que antes era pacata, casada com um oficial do Exército, mas que politizou-se diante das injustiças sofridas por sua prole.

Iramaya foi se engajando até tornar-se uma das lideranças mais importantes do país ao fundar o Comitê Brasileiro pela Anistia. Denunciou bravamente a tortura como crime hediondo e gritou em alto e bom som que torturadores não podem e não devem ser anistiados!

De algum modo, Iramaya Benjamin também evoca outras mães lationo-americanas que sofreram com a desaparição ou o assassinato, pelos Estados ditatoriais, como as célebres Madres de La Plaza de Mayo na Argentina

 

César, Iramaya e Cid Benjamin (1998)

 

Ousando também começar a decifrar a esfinge do presente e compreender porquê o Brasil está atravessando esta distopia grotesca que é o empoderamento do Bolsonarismo, Carol resolve dar voz a Brilhante Ustra, chefe do Departamento de Repressão da ditadura entre 1970 e 1974. O ídolo dos bolsonaristas foi o único mililtar brasileiro oficialmente reconhecido como um criminoso, violador sistemático dos direitos humanos fundamentais do cidadão brasileiro, e seu “A Verdade Sufocada” é um dos livros de cabeceira de Jair Messias Bolsonaro, seu admirador confesso. 

Quando Dilma Rousseff inaugurou a Comissão Nacional da Verdade, apontando sua importância para a “consolidação da democracia”, falou do “direito à verdade” e do “direito de prantear e sepultar” entes queridos.

César Benjamin, “sobrevivente de mim mesmo como um fósforo frio” (como ele gosta de dizer, com versos de Fernando Pessoa), veio a público para esquentar seu fósforo em fala pública para a CNV em 2021. Qualquer cidadão brasileiro deveria prestar atenção ao que ele revela nestas cenas que provam que o filme pode ser veículo para um testemunho histórico que deveríamos valorizar por todo o ensinamento que pode comunicar. 

Contra a cultura do silenciamento, Carol afirma que “os silêncios são as borrachas da História” – e a cineasta quer escrever uma história nova ao invés de trabalhar para o apagamento sistemático das biografias que Ustras e Bolsonaros gostariam de ver sepultadas no esquecimento. 

No Brasil da barbárie bolsofascista, desgovernado pelo monstro moral que faz apologia da tortura e diz que “quem procura osso é cachorro” para se referir aos pais e mães que demandam saber a verdade sobre seus entes queridos trucidados pela ditadura, Carol Benjamin abre caixas pretas e realiza a tarefa indispensável de resgate da memória com um fim prático: que nunca se esqueça, e “que aquele Brasil que houve nunca mais aconteça”, como diz Eric Nepomuceno:

 

“Há mães que até hoje, a cada vez que soa o telefone, a cada vez que alguém toca a campainha da porta, pensam: ‘É ele, é meu filho’. São mães que esperam por filhos que estão desaparecidos, que estão mortos; mas elas não se convencem, não querem se convencer. Querem ver ao menos o que restou de seus filhos. E pelo menos esse direitos essas mães têm. As famílias têm. O direito de não só ter a memória resgatada: de resgatar os restos dessas pessoas desaparecidas. Do que sobrou da sua dignidade. Esse é um ponto de honra da nossa geração. Que alguma vez poderá dizer: nunca mais. Um ponto de honra: resgatar a memória. Para que ninguém esqueça, para que nunca mais aconteça.” (NEPOMUCENO, Eric. A Memória de Todos Nós, 2015, pg 59)

Outro ingrediente importantíssimo do filme de Carol está em lembrar a todo cidadão brasileiro de uma das características mais sórdidas do processo repressivo no Brasil: as atrocidades cometidas pelo regime burguês-militar contra menores de idade e jovens universitários. A verdade intragável que Bolsonaristas e Ustristas querem esconder foi revelada em livros como Cativeiro Sem Fim, de Eduardo Reina, e é tema de reportagens assinadas por alguns dos melhores jornalistas brasileiros.

Os militares “mataram garotos”, como apontado pela reportagem de Cynara Menezes, do blog Socialista Morena, que “fez um levantamento por idade entre os mortos e desaparecidos e descobriu que 56% deles eram jovens como Edson Luis [assassinado em 1968 no Calabouço]: tinham menos de 30 anos de idade. 29%, ou quase um terço dos mortos e desaparecidos da ditadura, tinham menos de 25 anos. São esses meninos que os defensores do coronel Brilhante Ustra falam que pretendiam implantar a ‘ditadura do proletariado’ no País e por isso foram barbaramente torturados e executados.” (MENEZES, Cynara. Maio de 2016)

 

ASSISTA EM JORNALISTAS LIVRES: LIVE CONTRA A CENSURA (31/03/21) - #Ditaduranuncamais

Assista no Facebook ou no Youtube do Jornalistas Livres
 

SAIBA MAIS:

O filme foi realizado pela produtora audiovisual Daza que Carol fundou em parceria com a atriz Leandra Leal e a roteirista Rita Toledo. Fazem parte do catálogo da Daza outros documentários como “As Mil Mulheres”, “Divinas Divas”, “Capoeira – Um Passo a Dois” e “Aquele Abraço”, além de alguns filmes de ficção.

 

OUTROS CONTEÚDOS PERTINENTES:

 
 

Podcast da 02 Filmes (In Jornalistas Livres, 29/03/2021)

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