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O CORRESPONDENTE

Os melhores textos dos jornalistas livres do Brasil. As melhores charges. Compartilhe

Os melhores textos dos jornalistas livres do Brasil. As melhores charges. Compartilhe

O CORRESPONDENTE

25
Mar23

Mais de 50 jeitos de chamar os ‘manifestantes’ bolsonaristas em Brasília

Talis Andrade
 
 
 
Imagem
 
 

por Cristina Moreno de Castro

 

Não são manifestantes.

São baderneiros.

Vândalos.

Autoritários.

Bárbaros.

Selvagens.

Arruaceiros.

Fanáticos.

Extremistas.

Despóticos.

Usurpadores.

Tirânicos.

Radicais.

“Patriotários”.

Energúmenos.

Ridículos.

Idiotas.

Ignorantes.

Desinformados.

Xucros.

Broncos.

Boçais.

Estúpidos.

Arrogantes.

Inflexíveis.

Retrógrados.

Atrasados.

Conservadores.

Reacionários.

Xiitas.

Ultrapassados.

Raivosos.

Cheios de ódio.

Anticristãos.

Antidemocráticos.

Surtados.

Desequilibrados.

Aloprados.

Ensandecidos.

Alienados.

Dementes.

Desvairados.

Insanos.

Lunáticos.

Maus perdedores.

Delinquentes.

Transgressores.

Perversos.

Marginais.

Bandidos.

Bandoleiros.

Facínoras.

Malfeitores.

Criminosos.

Violentos.

Golpistas.

Fascistas.

Terroristas.

Bolsonaristas.

São muitas coisas, mas não apenas “manifestantes”.

 

 

Alguns portais de notícias deram os nomes certos aos bois. Terroristas, golpistas etc. Outros ficaram no “manifestantes” (Estadão, nós vimos, tá?). 

Leia também:

 
 
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23
Jan23

100 charges sobre os bolsonaristas golpistas em Brasília

Talis Andrade
 
 
 
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por Cristina Moreno Castro

Depois de trazer aqui, ainda no domingo (8), uma amostra de como os portais de notícias brasileiros estavam cobrindo o terrorismo em Brasília, e de trazer, na segunda-feira (9), as capas de jornais do Brasil e de vários outros países do mundo, associando os crimes com seu mentor, Jair Bolsonaro, hoje trago 100* charges sobre a tentativa de golpe, publicadas nos últimos dias.

Eu amo charges políticas, porque elas dizem muuuuita coisa, mesmo usando pouquíssimas palavras, às vezes só ilustrações. Com muita crítica e às vezes algum humor, os chargistas esfregam obviedades na nossa cara – literalmente “desenham” o que está acontecendo pra gente entender o quadro geral.

Entre as 100 charges que selecionei a dedo, temos grandes mestres nessa arte, como Laerte, Duke, Aroeira, Leandro Assis, Benett, Gilmar, Latuff, Allan Sieber, Guto Respi, Arnaldo Branco, Miguel Paiva, Clayton, Quinho e o norte-americano Pat Bagley, além de uma moçada que eu não conhecia, mas que tem muito talento e está ganhando reconhecimento nas redes sociais.

Nestas charges, sobram críticas para a atuação policial na (não) contenção dos golpistas, para a atuação do governador do DF (já afastado) e do ministro da Defesa (com a corda no pescoço), para a “coincidência” (que nada tem de coincidência) com a invasão do Capitólio há dois anos, e há ainda muita crítica à truculência dos autodeclarados “cidadãos de bem” e à mentoria de Jair Bolsonaro, mesmo à distância.

* Clique aqui sobre qualquer imagem da galeria para ver em tamanho maior

Leia também: 

 

20
Set22

Sem surpresa no ataque à Serra do Curral

Talis Andrade

Parque da Serra do Curral: um respiro de natureza com uma vista  deslumbrante em BH – blog da kikacastroEstrada para o mirante 3 – Foto de Parque Da Serra Do Curral, Belo  Horizonte - Tripadvisor

Estrada para o Mirante 3 e Parque da Serra do Curral, fotos de Cristina Moreno de Castro (Blog da KICACASTRO)

 

Texto escrito por José de Souza Castro:

 

Às três horas da madrugada do último sábado, o Conselho Estadual de Política Ambiental (Copam), ao fim de mais de 18 horas de reunião virtual, aprovou por oito votos a quatro, o licenciamento total para o Complexo Mineral Serra do Taquaril.

É mais um ataque à Serra do Curral, na Região Metropolitana de Belo Horizonte.

Pouca surpresa para alguém, como eu, que já escreveu tanto sobre esses ataques a essa serra rica em minério de ferro.

Talvez eu pudesse me surpreender pela hora (três da madrugada, quando boa parte das aves que moram ali estão dormindo) em que os esforçados burocratas do governo de Minas encerraram o processo de votação. Num sábado!

Não faço ideia de quem os esporeou – ou de quanto ganharam de bônus pelo trabalho extra. Há empresários que sabem recompensar bem seus subordinados, quando o lucro possibilitado pela dedicação e empenho de um grupo de oito pessoas é previsivelmente muito grande.

Mas tem gente que trabalha até de graça…

Também não me surpreendi, nem um pouco, ao ler que o representante da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg) votou a favor da Taquaril Mineração S.A. (Tamisa).

Se a Fiemg me surpreendeu alguma vez, foi na época em que seu presidente era o esloveno Stefan Bogdan Salej. Me surpreendeu tanto, que me animei a contar a história dele num livro disponível para baixar de graça na biblioteca deste blog. Ecologia e meio ambiente eram conceitos corriqueiros naquele tempo em que havia “Um estranho no ninho do peleguismo empresarial brasileiro”.

 

Charge O TEMPO 02-05-2022 | O TEMPO

 

Estou curioso para ler no blog de Salej a reação dele a mais um ataque à Serra do Curral.

Por outro lado, ando descrente da possibilidade de que a Justiça impeça que esse novo ataque que se fez sob as bênçãos do governador Romeu Zema – um empresário bem sucedido – se concretize.

Enfim, boa sorte aos ambientalistas e políticos que vão tentar a empreitada de reverter a decisão do Copam em ano eleitoral.

 

Charge de Genin - Vila de Utopia

20
Set22

Parque da Serra do Curral: um respiro de natureza com uma vista deslumbrante em BH

Talis Andrade

Parque da Serra do Curral: um respiro de natureza com uma vista  deslumbrante em BH – blog da kikacastro

 

por Kica Castro

- - -

Quando eu ainda estava na faculdade, lá para os idos de 2003, lembro da turma de amigos chamando para ir fazer uma trilha na Serra do Curral com eles. Não pude ir, talvez porque eu já estivesse trabalhando no Banco do Brasil na época. Anos depois, o Parque da Serra do Curral foi oficialmente criado. Não sei se em 2009, como informa a placa logo na entrada, ou se em 2012, como diz o site da Prefeitura de Belo Horizonte.

Seja como for, levei 17 anos para finalmente conhecer a Serra do Curral de pertinho, e não só na paisagem que circunda a praça do Papa e várias outras vistas de Beagá. Foi preciso uma pandemia fechar todos os 75 parques da cidade e depois reabri-los, aos pouquinhos, para eu finalmente ir passear e conhecer esta área verde de 400 mil metros quadrados nas margens da capital mineira.

E hoje lá fui eu, neste domingo de sol forte, depois de garantir meus ingressos com dois dias de antecedência. Logo que chegamos, já fomos recepcionados por uma família de miquinhos. Também vimos muitos pássaros e borboletas coloridas pelo caminho.

Li no site da prefeitura que os biólogos já identificaram mais de 125 espécies de aves no parque, que é principalmente formado pela vegetação de cerrado: entre elas, a campainha-azul, a águia-chilena, o carrapateiro, a coruja-da-igreja, o chorozinho-de-chapéu-preto e a choca-da-mata. Em janeiro de 2012, o falcão-cauré (Falco rufigularis), nunca antes registrado em Belo Horizonte, foi identificado no parque por um grupo de observadores de aves durante uma visita técnica.

Eu não identifiquei nada disso, apenas muita beleza numa trilha de terra avermelhada, bastante íngreme. Sobre isso, vale um parêntesis: se você estiver com criança muito pequena ou com alguém que não esteja em condições de caminhar em subidas, talvez o parque não seja a melhor pedida. Meu Luiz, de 4 anos, ficou com a vovó lá na portaria, enquanto eu, meu marido e meu pai fizemos a trilha livre, sem guias, até o mirante 3 – a única liberada para os visitantes, embora o parque tenha outras trilhas e um total de 10 mirantes.

Lá do mirante 3, a mais de 1.300 metros de altitude, é possível ver Nova Lima, Contagem, a Mata do Jambreiro, a Serra do Rola-Moça, a praça JK, a Pampulha etc. Hoje o céu estava bem esfumaçado por causa de todas as queimadas que estão ocorrendo nos últimos dias, mas ainda assim foi possível ter uma vista bem ampla da nossa Grande BH. Que belo horizonte!

Gastamos cerca de uma hora para subir a trilha até o Mirante 3, com calma, parando para admirar a paisagem, e sofrendo só no finalzinho, que é bastante íngreme mesmo. Depois levamos só uns 20 minutos para voltar na descida. Em todo esse percurso, parecia que a gente tinha saído de Beagá, viajado para bem longe, em algum recanto do interior de Minas. Refrescamos a cuca e lavamos a alma, e sem sair da cidade!

Veja mais fotos de Cristina Moreno de Castro

20
Set22

‘Hino’ ao inominável: artistas lançam música de protesto contra Bolsonaro

Talis Andrade

Hino' ao inominável: artistas lançam música de protesto contra Bolsonaro –  blog da kikacastro

Thaline Karajá, Bruno Gagliasso, Caio Prado e Zélia Duncan estão entre os 30 intérpretes da música-protesto.

 

 

BLOG DA KIKACASTRO

Para leitores pensantes

 

Mais uma vez, a música, a poesia, viram arma contra a ignorância.

Neste sábado (17) foi lançado o clipe do ‘Hino’ ao Inominável, com letra de Carlos Rennó e música de Chico Brown e Pedro Luís.

Assista:

A canção relembra quatro anos de atrocidades vividas sob governo Bolsonaro (o inominável) e de descalabros ditos por ele.

Crimes cometidos, frases e ações que teriam rendido impeachment em qualquer país sério.

20200429-charge-duke-e-dai-coronavirus-sindicato-bancarios-bauru -  Sindicato dos Bancários e Financiários de Bauru e Região

Charge do Duke que entrou pra história,

assim como a frase disparada por Bolsonaro

quando perguntado sobre os mortos por Covid-19 no Brasil.

 

O clipe tem participação de vários artistas, como já tinha acontecido, em agosto, com a carta pela democracia no Brasil, que também reuniu gente do calibre de Fernanda Montenegro, Milton Nascimento, Chico e Caetano.

Desta vez, temos Wagner Moura, Bruno Gagliasso, Lenine, José Miguel Wisnik, Chico César, Zélia Duncan, Marina Lima e Professor Pasquale, dentre vários outros. A lista é grande.

Dá raiva assistir a esses 13 minutos de clipe, mas é importante relembrar, ainda mais agora, que estamos às vésperas das eleições.

Como diz a mensagem na página oficial do clipe:

“Sem a memória dos crimes de hoje, não teremos justiça amanhã. Esquecer, jamais. ‘Hino’ ao Inominável foi feito pra isso: pra lembrar pra sempre o que vivemos nesses anos sob a gestão do mais tosco dos toscos, o mais perverso dos perversos, o mais baixo dos baixos, o pior dos piores mandatários da nossa história. E, no presente, colaborar pra que o inominável não seja reeleito.” 

Dá para checar na internet todas as frases ditas por Bolsonaro e relembradas nesta música. Ele não tem vergonha de dizer atrocidades, muitas vezes diz em vídeo, repete depois em áudio, não está nem aí, literalmente, para o decoro.

Até as 21h40 deste sábado, o clipe completo já tinha mais de 100 mil visualizações, 25 mil curtidas e mais de 1.800 comentários. Mais explicações sobre ele na página do YouTube:

“Com letra de Carlos Rennó e música de Chico Brown e Pedro Luís, a canção – autoironicamente intitulada de “hino” – é apresentada por trinta intérpretes num vídeo do Coletivo Bijari com 13:40 na versão integral (…) Na íntegra, são 202 versos, mais o refrão, contra o ódio e a ignorância no poder no Brasil. Porém, apesar dele – e do que, e de quem e quantos ele representa – a mensagem final é de luz, a luz que resiste”.

Essa mensagem final, com um quê de otimista, está no refrão:

“Mas quem dirá que não é mais imaginável

Erguer de novo das ruínas o país?”

Existe um governo ou é mito? - Blog da Cidadania

 

Leia a seguir a letra de Carlos Rennó na íntegra:

“Sou a favor da ditadura”, disse ele,

“Do pau de arara e da tortura”, concluiu.

“Mas o regime, mais do que ter torturado,

Tinha que ter matado trinta mil”.

E em contradita ao que afirmou, na caradura

Disse: “Não houve ditadura no país”.

E no real o incrível, o inacreditável

Entrou que nem um pesadelo, infeliz,

Ao som raivoso de uma voz inconfiável

Que diz e mente e se desmente e se desdiz.

Disse que num quilombo “os afrodescendentes

Pesavam sete arrobas” – e daí pra mais:

Que “não serviam nem pra procriar”,

Como se fôssemos, nós negros, animais.

E ainda insiste que não é racista

E que racismo não existe no país.

Como é possível, como é aceitável

Que tal se diga e fique impune quem o diz?

Tamanha injúria não inocentável,

Quem a julgou, que júri, que juiz?

Disse que agora “o índio está evoluindo,

Cada vez mais é um ser humano igual a nós.

Mas isolado é como um bicho no zoológico”,

E decretou e declarou de viva voz:

“Nem um centímetro a mais de terra indígena!,

Que nela jaz muita riqueza pro país”.

Se pronuncia assim o impronunciável

Tal qual o nome que tal “hino” nunca diz,

Do inumano ser, o ser inominável,

Do qual emanam mil pronunciamentos vis.

Disse que se tivesse um filho homossexual,

Preferiria que o progênito “morresse”.

Pruma mulher disse que não a estupraria,

Porque “você é feia, não merece”.

E ainda disse que a mulher, “porque engravida”,

“Deve ganhar menos que o homem” no país.

Por tal conduta e atitude deplorável,

Sempre o comparam com alguns quadrúpedes.

Uma maldade, uma injustiça inaceitável!

Tais animais são mais afáveis e gentis.

Mas quem dirá que não é mais imaginável

Erguer de novo das ruínas o país?

 

Chamou o tema ambiental de “importante

Só pra vegano que só come vegetal”;

Chamou de “mentirosos” dados científicos

Do aumento do desmatamento florestal.

Disse que “a Amazônia segue intocada,

Praticamente preservada no país”.

E assim negou e renegou o inegável,

As evidências que a Ciência vê e diz,

Da derrubada e da queimada comprovável

Pelas imagens de satélites.

E proclamou : “Policial tem que matar,

Tem que matar, senão não é policial.

Matar com dez ou trinta tiros o bandido,

Pois criminoso é um ser humano anormal.

Matar uns quinze ou vinte e ser condecorado,

Não processado” e condenado no país.

Por essa fala inflexível, inflamável,

Que só a morte, a violência e o mal bendiz,

Por tal discurso de ódio, odiável,

O que resolve são canhões, revólveres.

“A minha especialidade é matar,

Sou capitão do exército”, assim grunhiu.

E induziu o brasileiro a se armar,

Que “todo mundo, pô, tem que comprar fuzil”,

Pois “povo armado não será escravizado”,

Numa cruzada pela morte no país

E num desprezo pela vida inolvidável,

Que nem quando lotavam UTIs

E o número de mortos era inumerável,

Disse “E daí? Não sou coveiro”. “E daí?”

“Os livros são hoje ‘um montão de amontoado’

De muita coisa escrita”, veio a declarar.

Tentou dizer “conclamo” e disse “eu canclomo”;

Não sabe conjugar o verbo “concl…amar”.

Clamou que “no Brasil tem professor demais”,

Tal qual um imbecil pra imbecis.

Vigora agora o que não é ignorável:

Os ignorantes ora imperam no país

(O que era antes, ó pensantes, impensável)…

Quem é essa gente que não sabe o que diz?

Mas quem dirá que não é mais imaginável

Erguer de novo das ruínas o país?

Chamou de “herói” um coronel torturador

E um capitão miliciano e assassino.

Chamou de “escória” bolivianos, haitianos…

De “paraíba” e “pau de arara” o nordestino.

E diz que “ser patrão aqui é uma desgraça”,

E diz que “fome ninguém passa no país”.

Tal qual num filme de terror, inenarrável,

Em que a verdade não importa nem se diz,

Desenrolou-se, incontível, incontável,

Um rol idiota de chacotas e pitis.

Disse que mera “fantasia” era o vírus

E “histeria” a reação à pandemia;

Que brasileiro “pula e nada no esgoto,

Não pega nada”, então também não pegaria

O que chamou de “gripezinha” e receitou (sim!),

Sim, cloroquina, e não vacina, pro país.

E assim sem ter que pôr à prova o improvável,

Um ditador tampouco põe pingo nos is,

E nem responde, falador irresponsável,

Por todo ato ou toda fala pros Brasis.

E repetiu o mote “Deus, pátria e família”

Do integralismo e da Itália do fascismo,

Colando ao lema uma suspeita “liberdade”…

Tal qual tinha parodiado do nazismo

O slogan “Alemanha acima de tudo”,

Pondo ao invés “Brasil” no nome do país.

E qual num sonho horroroso, detestável,

A gente viu sem crer o que não quer nem quis:

Comemorarem o que não é memorável,

Como sinistras, tristes efemérides…

Já declarou: “Quem queira vir para o Brasil

Pra fazer sexo com mulher, fique à vontade.

Nós não podemos promover turismo gay,

Temos famílias”, disse com moralidade.

E já gritou um dia: “Toda minoria

Tem de curvar-se à maioria!” no país.

E assim o incrível, o inacreditável,

Se torna natural, quanto mais se rediz,

E a intolerância, essa sim intolerável,

Nessa figura dá chiliques mis.

Mas quem dirá que não é mais imaginável

Erguer de novo das ruínas o país?

Por vezes saem, caem, soam como fezes

Da sua boca cada som, cada sentença…

É um nonsense, é um caô, umas fake-news,

É um libelo leviano ou uma ofensa.

Porque mal pensa no que diz, porque mal pensa,

“Não falo mais com a imprensa”, um dia diz.

Mas de fanáticos a horda lamentável,

Que louva a volta à ditadura no país,

A turba cega-surda surta, insuportável,

E grita “mito!”, “eu autorizo!”, e pede “bis!”

E disse “merda, bosta, porra, putaria,

Filho da puta, puta que pariu, caguei!”

E a cada internação tratando do intestino

E a cada termo grosso e um “Talquei?”,

O cheiro podre da sua retórica

Escatológica se espalha no país.

“Sou imorrível, incomível e imbrochável”,

Já se gabou em sua tão caracterís-

Tica linguagem baixo nível, reprovável,

Esse boçal ignaro, rei de mimimis.

Mas nada disse de Moise Kabagambe,

O jovem congolês que foi aqui linchado.

Do caso Evaldo Rosa, preto, musicista,

Com a família no automóvel baleado,

Disse que a tropa “não matou ninguém”, somente

“Foi um incidente” oitenta tiros de fuzis…

“O exército é do povo e não foi responsável”,

Falou o homem da gravata de fuzis,

Que é bem provável ser-lhe a vida descartável,

Sendo de negro ou de imigrante no país.

Bradou que “o presidente já não cumprirá

Mais decisão” do magistrado do Supremo,

Ao qual se dirigiu xingando: “Seu canalha!”

Mas acuado recuou do tom extremo,

E em nota disse: “Nunca tive intenção

(Não!) De agredir quaisquer Poderes” do país.

Falhou o golpe mas safou-se o impeachável,

Machão cagão de atos pusilânimes,

O que talvez se ache algum herói da Marvel

Mas que tá mais pra algum bandido de gibis.

Mas quem dirá que não é mais imaginável

Erguer de novo das ruínas o país?

E sugeriu pra poluição ambiental:

“É só fazer cocô, dia sim, dia não”.

E pra quem sugeriu feijão e não fuzil:

“Querem comida? Então, dá tiro de feijão”.

É sem preparo, sem noção, sem compostura.

Sua postura com o posto não condiz.

No entanto “chega! […] vai agora [inominável]”,

Cravou o maior poeta vivo, no país,

E ecoou o coro “fora, [inominável]!”

E o panelaço das janelas nas metrópoles!

E numa live de golpista prometeu:

“Sem voto impresso não haverá eleição!”

E praguejou pra jornalistas: “Cala a boca!

Vocês são uma raça em extinção!”

E no seu tosco português ele não pára:

Dispara sempre um disparate o que maldiz.

Hoje um mal-dito dito dele é deletável

Pelo Insta, Face, YouTube e Twitter no país.

Mas para nós, mais do que um post, é enquadrável

O impostor que com o posto não condiz.

Disse que não aceitará o resultado

Se derrotado na eleição da nossa história,

E: “Eu tenho três alternativas pro futuro:

Ou estar preso, ou ser morto ou a vitória”,

Porque “somente Deus me tira da cadeira

De presidente” (Oh Deus proteja esse país!”).

Tivéssemos um parlamento confiável,

Sem x comparsas seus cupinchas, cúmplices,

E seu impeachment seria inescapável,

Com n inquéritos, pedidos, CPIs.

 

Leitores criticam inação do governo na pandemia - 15/12/2020 - Painel do  Leitor - Folha

Não há cortina de fumaça indevassÁvel

Que encubra o crime desses tempos inci-vis

E tampe o sol que vem com o dia inadiÁvel

E brilha agora qual farol na noite gris.

É a esperança que renasce onde HÁ véu,

De um horizonte menos cinza e mais feliz.

É a passagem muito além do instagramÁvel

Do pesadelo à utopia por um triz,

No instante crucial de liberdade instÁvel

Pros democráticos de fato, equânimes,

Com a missão difícil mas realizável

De erguer das cinzas como fênix o país.

E quem dirá que não é mais imaginável

Erguer de novo das ruínas o país?

Mas quem dirá que não é mais imaginável

Erguer de novo das ruínas o país?

 

26
Set18

25 artes para a campanha #EleNão: escolha a sua!

Talis Andrade

elenao kika castro.jpg

por Kika Castro

___ 

 

Já que é inescapável participar do processo eleitoral também no campo virtual, abracemos as campanhas que estão sendo feitas com objetivos importantes: como, por exemplo, combater o fascismo e esse ovo de serpente dos que querem a volta de uma ditadura militar, que vem sendo chocado desde 2013.

 

Nos últimos dias, milhares de pessoas aderiram à hashtag #EleNão, para se posicionarem contra o fortalecimento do único candidato que não pode ganhar de jeito nenhum, pelo bem da já frágil democracia brasileira (para não falar da economia, da saúde, da segurança pública, dos direitos trabalhistas, dos direitos humanos etc). Essa campanha une pessoas de todos os matizes ideológicos: de direita, de centro, de esquerda, eleitores de Ciro, de Haddad, de Alckmin, de Marina, de João Amoedo, de Boulos, de Henrique Meirelles, de quem for: a ideia geral é “vote em quem quiser, menos naquele candidato militar completamente boçal do PSL”.

 

Vale lembrar o que eu disse ontem: nesta altura do campeonato, quem cala consente. Não dá para ficar em cima do muro, não dá para não se posicionar. Porque o que está em jogo é muito sério.

 

Por isso, escolha sua arte favorita aqui e abrace também esta campanha!

30
Abr18

Versos de Maria João Rodrigues

Talis Andrade

maria-joao-rodrigues.jpg

 

 

Vivo no silêncio ensurdecedor
Daqueles que gritam aflitos
Sons abafados de dor
Na tentativa de serem ouvidos.

***

Na incerteza do existir, sinto.
Ainda que sob a forma de uma
Miragem que me atormenta,
Sinto,
A absoluta incerteza do sentido.

***

Enjoada de observar toda a
Hipocrisia que emerge do teu
Infinito ego, tento tirar-te a
Máscara e descobrir quem és afinal.
No extremo da minha ilusão,
Sinto a falsidade tocar-me
Suavemente a pele adormecida
E envolver-me nos seus delicados braços.

***

Que deveríamos nós sentir
Quando tudo cai como
Penas de pássaros, como
Pétalas de flores que há
Muito deixaram de viver?

 

 

 

---

Seleta de Cristina Moreno de Castro

 

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