Eu amo charges políticas, porque elas dizem muuuuita coisa, mesmo usando pouquíssimas palavras, às vezes só ilustrações. Com muita crítica e às vezes algum humor, os chargistas esfregam obviedades na nossa cara – literalmente “desenham” o que está acontecendo pra gente entender o quadro geral.
Entre as 100 charges que selecionei a dedo, temos grandes mestres nessa arte, como Laerte, Duke, Aroeira, Leandro Assis, Benett, Gilmar, Latuff, Allan Sieber, Guto Respi, Arnaldo Branco, Miguel Paiva,Clayton, Quinho e o norte-americano Pat Bagley, além de uma moçada que eu não conhecia, mas que tem muito talento e está ganhando reconhecimento nas redes sociais.
Nestas charges, sobram críticas para a atuação policial na (não) contenção dos golpistas, para a atuação do governador do DF (já afastado) e do ministro da Defesa (com a corda no pescoço), para a “coincidência” (que nada tem de coincidência) com a invasão do Capitólio há dois anos, e há ainda muita crítica à truculência dos autodeclarados “cidadãos de bem” e à mentoria de Jair Bolsonaro, mesmo à distância.
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Pouca surpresa para alguém, como eu, que já escreveu tanto sobre esses ataques a essa serra rica em minério de ferro.
Talvez eu pudesse me surpreender pela hora (três da madrugada, quando boa parte das aves que moram ali estão dormindo) em que os esforçados burocratas do governo de Minas encerraram o processo de votação. Num sábado!
Não faço ideia de quem os esporeou – ou de quanto ganharam de bônus pelo trabalho extra. Há empresários que sabem recompensar bem seus subordinados, quando o lucro possibilitado pela dedicação e empenho de um grupo de oito pessoas é previsivelmente muito grande.
Mas tem gente que trabalha até de graça…
Também não me surpreendi, nem um pouco, ao ler que o representante da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg) votou a favor da Taquaril Mineração S.A. (Tamisa).
Por outro lado, ando descrente da possibilidade de que a Justiça impeça que esse novo ataque que se fez sob as bênçãos do governador Romeu Zema – um empresário bem sucedido – se concretize.
Enfim, boa sorte aos ambientalistas e políticos que vão tentar a empreitada de reverter a decisão do Copam em ano eleitoral.
Quando eu ainda estava na faculdade, lá para os idos de 2003, lembro da turma de amigos chamando para ir fazer uma trilha na Serra do Curral com eles. Não pude ir, talvez porque eu já estivesse trabalhando no Banco do Brasil na época. Anos depois, o Parque da Serra do Curral foi oficialmente criado. Não sei se em 2009, como informa a placa logo na entrada, ou se em 2012, como diz o site da Prefeitura de Belo Horizonte.
Seja como for, levei 17 anos para finalmente conhecer a Serra do Curral de pertinho, e não só na paisagem que circunda a praça do Papa e várias outras vistas de Beagá. Foi preciso uma pandemia fechar todos os 75 parques da cidade e depois reabri-los, aos pouquinhos, para eu finalmente ir passear e conhecer esta área verde de 400 mil metros quadrados nas margens da capital mineira.
E hoje lá fui eu, neste domingo de sol forte, depois de garantir meus ingressos com dois dias de antecedência. Logo que chegamos, já fomos recepcionados por uma família de miquinhos. Também vimos muitos pássaros e borboletas coloridas pelo caminho.
Li no site da prefeitura que os biólogos já identificaram mais de 125 espécies de aves no parque, que é principalmente formado pela vegetação de cerrado: entre elas, a campainha-azul, a águia-chilena, o carrapateiro, a coruja-da-igreja, o chorozinho-de-chapéu-preto e a choca-da-mata. Em janeiro de 2012, o falcão-cauré (Falco rufigularis), nunca antes registrado em Belo Horizonte, foi identificado no parque por um grupo de observadores de aves durante uma visita técnica.
Eu não identifiquei nada disso, apenas muita beleza numa trilha de terra avermelhada, bastante íngreme. Sobre isso, vale um parêntesis: se você estiver com criança muito pequena ou com alguém que não esteja em condições de caminhar em subidas, talvez o parque não seja a melhor pedida. Meu Luiz, de 4 anos, ficou com a vovó lá na portaria, enquanto eu, meu marido e meu pai fizemos a trilha livre, sem guias, até o mirante 3 – a única liberada para os visitantes, embora o parque tenha outras trilhas e um total de 10 mirantes.
Lá do mirante 3, a mais de 1.300 metros de altitude, é possível ver Nova Lima, Contagem, a Mata do Jambreiro, a Serra do Rola-Moça, a praça JK, a Pampulha etc. Hoje o céu estava bem esfumaçado por causa de todas as queimadas que estão ocorrendo nos últimos dias, mas ainda assim foi possível ter uma vista bem ampla da nossa Grande BH. Que belo horizonte!
Gastamos cerca de uma hora para subir a trilha até o Mirante 3, com calma, parando para admirar a paisagem, e sofrendo só no finalzinho, que é bastante íngreme mesmo. Depois levamos só uns 20 minutos para voltar na descida. Em todo esse percurso, parecia que a gente tinha saído de Beagá, viajado para bem longe, em algum recanto do interior de Minas. Refrescamos a cuca e lavamos a alma, e sem sair da cidade!
Mais uma vez, a música, a poesia, viram arma contra a ignorância.
Neste sábado (17) foi lançado o clipe do ‘Hino’ ao Inominável, com letra de Carlos Rennó e música de Chico Brown e Pedro Luís.
Assista:
A canção relembra quatro anos de atrocidades vividas sob governo Bolsonaro (o inominável) e de descalabros ditos por ele.
Crimes cometidos, frases e ações que teriam rendido impeachment em qualquer país sério.
Charge do Duke que entrou pra história,
assim como a frase disparada por Bolsonaro
quando perguntado sobre os mortos por Covid-19 no Brasil.
O clipe tem participação de vários artistas, como já tinha acontecido, em agosto, com a carta pela democracia no Brasil, que também reuniu gente do calibre de Fernanda Montenegro, Milton Nascimento, Chico e Caetano.
Desta vez, temos Wagner Moura, Bruno Gagliasso, Lenine, José Miguel Wisnik, Chico César, Zélia Duncan, Marina Lima e Professor Pasquale, dentre vários outros. A lista é grande.
Dá raiva assistir a esses 13 minutos de clipe, mas é importante relembrar, ainda mais agora, que estamos às vésperas das eleições.
“Sem a memória dos crimes de hoje, não teremos justiça amanhã. Esquecer, jamais. ‘Hino’ ao Inominável foi feito pra isso: pra lembrar pra sempre o que vivemos nesses anos sob a gestão do mais tosco dos toscos, o mais perverso dos perversos, o mais baixo dos baixos, o pior dos piores mandatários da nossa história. E, no presente, colaborar pra que o inominável não seja reeleito.”
Dá para checar na internet todas as frases ditas por Bolsonaro e relembradas nesta música. Ele não tem vergonha de dizer atrocidades, muitas vezes diz em vídeo, repete depois em áudio, não está nem aí, literalmente, para o decoro.
Até as 21h40 deste sábado, o clipe completo já tinha mais de 100 mil visualizações, 25 mil curtidas e mais de 1.800 comentários. Mais explicações sobre ele na página do YouTube:
“Com letra de Carlos Rennó e música de Chico Brown e Pedro Luís, a canção – autoironicamente intitulada de “hino” – é apresentada por trinta intérpretes num vídeo do Coletivo Bijari com 13:40 na versão integral (…) Na íntegra, são 202 versos, mais o refrão, contra o ódio e a ignorância no poder no Brasil. Porém, apesar dele – e do que, e de quem e quantos ele representa – a mensagem final é de luz, a luz que resiste”.
Essa mensagem final, com um quê de otimista, está no refrão:
Já que é inescapável participar do processo eleitoral também no campo virtual, abracemos as campanhas que estão sendo feitas com objetivos importantes: como, por exemplo, combater o fascismo e esse ovo de serpente dos que querem a volta de uma ditadura militar, que vem sendo chocado desde 2013.
Nos últimos dias, milhares de pessoas aderiram à hashtag #EleNão, para se posicionarem contra o fortalecimento do único candidato que não pode ganhar de jeito nenhum, pelo bem da já frágil democracia brasileira (para não falar da economia, da saúde, da segurança pública, dos direitos trabalhistas, dos direitos humanos etc). Essa campanha une pessoas de todos os matizes ideológicos: de direita, de centro, de esquerda, eleitores de Ciro, de Haddad, de Alckmin, de Marina, de João Amoedo, de Boulos, de Henrique Meirelles, de quem for: a ideia geral é “vote em quem quiser, menos naquele candidato militar completamente boçal do PSL”.
Vale lembrar o que eu disse ontem: nesta altura do campeonato, quem cala consente. Não dá para ficar em cima do muro, não dá para não se posicionar. Porque o que está em jogo é muito sério.
Por isso, escolha sua arte favorita aqui e abrace também esta campanha!
Vivo no silêncio ensurdecedor Daqueles que gritam aflitos Sons abafados de dor Na tentativa de serem ouvidos.
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Na incerteza do existir, sinto. Ainda que sob a forma de uma Miragem que me atormenta, Sinto, A absoluta incerteza do sentido.
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Enjoada de observar toda a Hipocrisia que emerge do teu Infinito ego, tento tirar-te a Máscara e descobrir quem és afinal. No extremo da minha ilusão, Sinto a falsidade tocar-me Suavemente a pele adormecida E envolver-me nos seus delicados braços.
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Que deveríamos nós sentir Quando tudo cai como Penas de pássaros, como Pétalas de flores que há Muito deixaram de viver?